Distrito 11 escrita por esa


Capítulo 5
Sempre Sua Pequena


Notas iniciais do capítulo

ae ae, olha como sou lecal, tô postando capítulo grande procês, que são umas mal agradecidas que não me mandam reviews, mas amo ocês
mesmo assim me aguardem suas lindjas



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            -- Uau. – deixei escapar de meus lábios assim que as portas do elevador se abriram no décimo primeiro andar, o andar de nosso Distrito. Era enorme, mais que isto, era gigante. Maior até mesmo que o pátio sujo da escola.

            O elevador desembocava em uma sala ampla e clara, rodeada por janelas que iam do chão ao teto, todas de vidro, deixando o ambiente claro e agradável. Várias poltronas escuras e um majestoso sofá também escuro encontravam-se sobre o carpete creme, virados para a televisão de tela plana, com uma pequena mesinha de vidro à frente. Subindo algumas escadinhas abria-se um piso de vidro bem grosso, com uma mesa de jantar enorme sobre este. À esquerda havia um corredor com várias portas. A primeira era o banheiro, amplo e bem arrumado. A segunda eu julguei ser o quarto de Jose, pois era de um azul escuro, então Dawn o empurrou lá dentro. A primeira porta da esquerda era a de meu quarto, com plena certeza, e fiquei ainda mais certa quando Zen me empurrou lá.

            Era enorme, e o chuveiro tinha dez vezes mais botões que o do trem. A cama era maior, mais confortável e muito mais macia, cheia de travesseiros fofos e macios, os lençóis e a colcha dos melhores tecidos que podiam existir. Tudo muito confortável, tudo muito acolhedor. As coisas da Capital seriam ainda mais acolhedoras se não fizessem com que eu me lembrasse o grande motivo de estar ali. Eu estaria caminhando para minha morte, e eles estariam assistindo e dando vivas.

            Aquilo me proporcionava tamanho ódio que a minha vontade era de simplesmente negar tudo aquilo, negar dormir naquela cama, comer daquela comida, vestir daquelas roupas. Mas se eu o fizesse, em nada mudaria, eu continuaria caminhando para minha morte, afinal a Capital tinha um poder tão maior sobre mim quanto eu podia imaginar. Se eu me negasse à ser mais um peão nos Jogos deles, eles poderiam machucar não somente à mim mesma, como minha família. Imaginei-os torturando Lish e Tennence, maltratando minha mãe e os gêmeos. Sacudi a cabeça desesperada, tentando me livrar de tal pensamento.

            -- APRIL, VENHA ATÉ A SALA! – berrou Zen batendo na porta de meu quarto, então eu o obedeci.

            Dawn estava sentado no sofá, um copo de whisky na mão, um sorriso presunçoso nos lábios. Jose estava ao seu lado, rindo suavemente, provavelmente Dawn havia contado alguma piada.

            -- É o seguinte, vocês passaram por uma etapa não muito agradável hoje. Irão conhecer sua equipe de preparação, e terão de passar por alguns procedimentos, como a depilação, entre outras coisas. – Dawn falou balançando o copo, fazendo o gelo bater contra o vidro. – Vocês terão de aguentar tudo o que eles quiserem fazer, e em silêncio! Estamos combinados?

            Jose e eu nos entreolhamos, então balançamos a cabeça em afirmativa. Mas em uma hora me senti arrependida.

            -- Esse troço é muito quente! – exclamei quando Becky, uma das moças que seria parte de minha equipe de preparação, passou a cera em minha perna. Logo em seguida percebi que o calor da cera não era nada comparado à dor da puxada. – AH!

            -- Desculpe, mas se não estiver muito quente vai doer mais quando eu puxar. – ela falou meiga, passando a cera com mais cuidado em meu corpo.

            Ela tinha enormes olhos verdes, e um cabelo preto com pontas rosa. Sua pele tinha uma coloração rosa-clara que não a deixava parecendo um et, o que me agradou bastante, levando em consideração a cor de todos os outros seres da Capital.

            Após deixar meu corpo liso e quase sem nenhum pelo, exceto as sobrancelhas, eles me deram um banho, lavando meu cabelo e cortando suas pontas, deixando-o de um cumprimento agradável. Jake, outro dos preparadores falou que meus cabelos eram lindos demais para que a cor fosse natural. Penny achou-os muito bonitos, mas disse que preferia que minha pele fosse verde, o que não me agradou muito.

            -- Bem, agora vamos deixa-la nas mãos de Cally, sua estilista. – falou Jake sorrindo e entregando-me um roupão.

             Eu não me incomodava com a minha nudez, era estranho é claro, mas não me incomodava. Vesti o roupão e esperei por Cally, com medo de ter como estilista uma daquelas meio-mulheres meio-ets da Capital, com pele tingida, olhos opacos e unhas maiores que suas próprias cabeças, então me surpreendi quando ela entrou na sala.

            -- Olá... April. – ela consultou em sua mão. – Sou Cally, muito prazer! Serei sua estilista nos Jogos, e será uma grande honra poder arruma-la, não que você precise de muito.

            Ela era alto e tinha um lindo corpo, os cabelos vermelhos cor de fogo naturais, com apenas uma mecha bem fina de um verde vibrante. Sua pele era clara, branca natural. Alguém na Capital assim era muito difícil de se encontrar. Ela fora tão gentil e doce. Logo que começamos à conversar ela teve uma ideia para a roupa do desfile.

            -- Ah! Já sei! Tive uma ótima ideia! Mas é segredo, então nos vemos à noite. – ela saiu correndo, me deixando ali sozinha.

            Logo um pacificador entrou, conduzindo-me para fora, de volta ao meu andar. Lá estavam Dawn, Zen, e é claro os Avoxes, sempre portados nos cantos, silenciosos e vestidos da mesma forma.

            -- Como foi? – perguntou Dawn mal olhando para mim. – O que achou de sua estilista?

            -- Doloroso. – falei sentando-me ao lado deles, fazendo Zen gargalhar. – Cally é adorável, gostei dela. Onde está Jose?

            -- Ainda está lá embaixo. Não se preocupe, ele subirá em alguns minutos, afinal temos que estar prontos o mais rápido possível! – falou Zen acariciando meus cabelos. – Ficou bom.

            Sorri de lado, caminhando até a mesa e pegando um pãozinho. Não estava com fome, mas já que a comida estava ali bem na minha frente, por que negar? Tomei um tal de chocolate-quente que era delicioso, e então Jose chegou rindo e falando alto, com duas pessoas atrás de si mesmo. Uma delas era Cally, minha estilista, a outra era uma mulher muito atraente, com aparência jovem, provavelmente a estilista de Jose.

            -- Estava subindo e encontrei-as vindo também, então subimos juntos. Ah, April, essa é Valery, minha estilista. – ele falou e ela estendeu-me a mão, cumprimentando-me.

            Ela era ata e esbelta, com grandes olhos acinzentados e cabelos pertos ondulados na altura das costas. Ambas carregavam cabides cobertos com panos pretos, nossas roupas, sem a menor sombra de dúvida. Logo em seguida as equipes de preparação chegaram, rindo e falando rápido, me deixando tonta.

            Minha equipe de preparação começou com seus afazeres em mim, sentando-me em uma cadeira e mandando-me relaxar. Jake ficou encarregado de minhas unhas, Penny de minha maquiagem e Becky de meus cabelos. Fechei os olhos e relaxei, apenas ouvindo o falatório sem sentido deles. Quando terminaram avisaram que eu já poderia abrir meus olhos, mas em hipótese alguma olhar-me no espelho, então respeitei a vontade deles, mantendo-me sentada na cadeira. Então Cally entrou afobada, abrindo o zíper do cabide antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

            Era um vestido relativamente curto, provavelmente ficaria acima de meus joelhos. Sua saia era volumosa, e ele era sem alças, então reparei que as mangas eram de um tecido fino, brilhoso e transparente. O “corpete” do vestido era preto de pedrinhas brilhantes e sua saia era colorida com várias placas de metal brilhosas, todas coloridas.

            -- Eu as pintei para representar frutas. – explicou Cally. – Por exemplo, roxas são para uvas, vermelhas para morangos, laranjas para as laranjas, e por assim vai seguindo. E então, o que achou?

            Estava completamente sem palavras. Era o vestido mais bonito que já vira na vida! E era tão criativo. Balancei a cabeça debilmente, então ela me ajudou à vesti-lo. Do cabide também retirou os sapatos. Pretos com pedrinhas, assim como parte do vestido, mas seus saltos me davam medo. Ela me ajudou à andar com eles, e eram até confortáveis.

           -- Pode olhar-se no espelho. Estarei lá fora. – ela falou se retirando.

            Respirei fundo, tomando coragem para abrir os olhos. Então o fiz de uma vez, quase caindo para trás ao ver a transformação. Meus cabelos estavam presos em uma trança ajeitada para o lado, e misturado aos fios loiros alguns fios colorido bem fininhos, quase imperceptíveis. Minha maquiagem era prateada e suave, deixando meu rosto delicado. O vestido e os sapatos, combinados aos cabelos, maquiagem e unhas pretas deixavam-me estranhamente... bonita.

            Quando sai para a sala olhos se arregalaram principalmente os de Jose, que estava muito bonito, vestindo um terno preto com broches discretos de frutas coloridas. Era incrível como maquiagem, roupa e cabelo podem fazer de um esfomeado do Distrito 11 parecer um habitante da Capital.

            -- Você está linda. – ele sussurrou me abraçando apertado, tomando cuidado para não estragar a enorme produção.

            Seguimos para o Centro de Treinamento, onde encontramos todos os tributos já enfileirados e muito produzidos. As carruagens estavam logo à frente, com os tributos do 1 já em pé sobre ela. Cally e Valery nos deram adeus, acenando meigamente, assim como Dawn e Zen. Jose me ajudou à subir na carruagem, segurando minha cintura para que eu não caísse. E não podia negar estar morrendo de medo de cometer algum erro usando aqueles saltos enormes, tão grandes que quase me deixavam da altura dele.

            -- Não me solte. – implorei olhando em seus olhos.

            -- Nunca. – ele sussurrou de volta, puxando-me para mais perto, então as portas se abriram e as carruagens avançaram pela cidade circular.

            Muitas pessoas jogavam flores, mandavam beijos, acenavam, gritavam nossos nomes, todos afobados e impressionados com nossas roupas. A carruagem seguiu, parando suavemente perto das carruagens dos outros tributos, então a voz de um jovem presidente Snow fez calar todos os espectadores. Ele falou várias coisas para as quais eu nem ao menos tentei dar atenção, estava extasiada com a multidão. Então o hino de Panem começou à tocar, nos telões os rostos de todos os tributos começaram à ser mostrados, alguns sorriam presunçosos, outros continham medo nos olhos, mas todos estavam muito bonitos.

            As carruagens voltaram para o CT, onde Jose me ajudou à descer, erguendo-me em seus braços e girando-me discretamente. Ele colou nossas testas e então ambos sorrimos.

            -- Fomos muito bem, e você estava radiante. – ele falou, as palavras voando de seus lábios.

            Seus lábios. Eu estava colocando-me nas pontas dos pés já pronta para beijá-los quando Cally puxou-me para a realidade, fazendo-me agradece-la mentalmente, pois todos estavam agora olhando para nós.

            -- Vocês foram divinos! – ela exclamou com doçura.

            -- Graças à vocês. – comentei torcendo os dedos em figas para que minhas bochechas não estivessem tão vermelhas quanto eu achava que estariam.

            Subimos para nosso andar, já no elevador eu estava me desfazendo dos saltos. Percebi que após um tempo usando-os meus pés começaram à arder, e como já não era mais necessário usa-los logo os descalcei. Coloquei-os perto de minha cama, tranquei a porta e despi o vestido, estendendo-o sobre a cama. Rumei até o armário, que era gigantesco, em busca de alguma roupa da qual eu não odiasse, logo obtendo sucesso. Vesti calças jeans e uma camiseta lisa branca, calcei as sapatilhas prateadas e segui para o banheiro, soltando meus cabelos e prendendo-os novamente, agora em um coque apertado, para poder retirar a maquiagem.

            Quando finalmente consegui, caminhei até a sala, sentando-me à mesa, que agora estava cheia de pratos variados. Tomei uma sopa e um chocolate-quente. Quando terminei notei Jose sentado ao sofá assistindo a reprise do desfile. Todo o andar estava apagado, com exceção da mesa de jantar e a televisão. Estávamos sozinhos. Deixei o prato e o copo na mesa e pulei no sofá, acertando-o propositalmente.

            -- Ei! – ele exclamou rindo. – Eu não sou invisível.

            -- Mas neste escuro quase fica. – comentei risonha, então ele me abraçou, puxando-me para mais perto.

            -- Você estava incrível no desfile. – ele comentou, então soltou meus cabelos, que caíram em ondas por minhas costas. – Mas eu prefiro minha April, não aquela garota maquiada e arrumada.

            Ele inclinou-se e beijou a ponta de meu nariz, fazendo-me rir. Ele me lançou um olhar cuidadoso, provavelmente verificando se era seguro prosseguir, então tomei iniciativa antes dele, inclinando-me em direção aos seus lábios, beijando-o. Ele me abraçou mais forte, então assim ficamos por um bom tempo, em silêncio, apenas abraçados. Até que ele quebrou o silêncio.

            -- Você sempre será minha pequena. – e dito isto deu um beijo em minha testa e se levantou, seguindo para seu quarto, fechando a porta e desaparecendo completamente de minha vista.

            Olhei para o céu, lá fora, escuro e quase sem estrelas, afinal toda a luminosidade que se precisava já estava ali, na cidade, nos prédios e nas casas. Na rua a multidão ainda estava eufórica, gritando e dançando, como se aquilo fosse motivo para comemoração. E na verdade, para eles era, afinal não eram seus filhos que estavam sendo encaminhados para a morte. Com raiva joguei-me na cama, trancando a porta e fechando os olhos, tentando inutilmente dormir. Então a lembrança me atingiu. Todas elas, na realidade. Os bons momentos em casa, com Jose, que eu com certeza perderia... Meus olhos encheram-se de lágrimas, chorei em silêncio até finalmente adormecer, por sorte, em um sono sem sonhos. 


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Notas finais do capítulo

é isso ae, minha fic tá com exesso de fofura, mas não se preocupem que já já a porra fica séria
agora, falando sério, eu quero reviews poxa! eu postei uns três capítulos e só tive pouquíssimos reviews!
por favor genten, reviewa (eu criei isso tá, não me matem, por favor, tô indo viajar quinta, preciso estar viva!) bastante!
olha, é o seguinte, eu odeio, odeio mesmo fazer isso, mas se eu não tiver pelo menos três reviews eu vou demorar duas semanas pra postar!
hum, sou piutcha mesmo, mas quero saber a opinião de vocês poxa!
é isso ai, beijo :3



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