Distrito 11 escrita por esa


Capítulo 17
De Volta Para Casa - Parte II


Notas iniciais do capítulo

passou um mês e eu não ganhei reviews, mas mesmo assim eu estou postando, pois não vou desistir dessa fic, assim como vocês, leitores, fizeram
boa leitura



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Corri até minha casa. As pessoas na rua olhavam, apontavam, murmuravam, sussurravam e gritavam. Muitos parabenizavam-me, alguns criticavam minha pressa. Acabei esbarrando em um barril cheio de frutas, que por muito pouco não tombou. Envolvi-o com meus braços e coloquei-o novamente no lugar. Continuei a correr. O coração acelerado, os dedos formigando. Eu ainda vestia saia e sapatilhas, roupas que eram de longe muito melhores que as de qualquer pessoa ali. Não me importava, na realidade. Apertei o passo, então a vi. A pequena casinha de um cinza pálido. As luzes apagadas, janelas fechadas.

Uma dor aguda tomou conta de meu peito arfante. Cai na terra, sentando-me torta sobre a saia, certa de que esta ficaria muito suja. Não ligava. Minha família. O que acontecera à eles? Estava prestes à gritar por ajuda quando a mão de Dawn repousou sobre meu ombro, um olhar brincalhão e um sorriso doce em sua face.

-- Elas estão na Aldeia dos Vitoriosos, afinal, você venceu os Jogos. – a realidade me atingiu e eu sorri involuntariamente.

Estavam bem, à salvo e seguros. Abracei Dawn com força, esmagando-o. Um gemido saiu de seus lábios, mas eu tentei tomar aquilo como um “obrigado”. Corri, ignorando suas reprovações. A Aldeia dos Vitoriosos era longe, muito longe, porque morávamos na parte mais pobre do Distrito, mas mesmo assim corri até mesmo quando minhas pernas pareciam feitas de chumbo, aguentando a dor em troca da certeza de que poderia vê-los.

Lá estava ela. A maior das casas, azul clarinha, com janelas e portas de madeira branca. Um doce jardim ladeando-a, um caminho de pedra levando até as escadas da porta. Janelas escancaradas deixavam à mostra o que acontecia lá dentro. Minha mãe ao fogão, um sorriso nos lábios, cozinhando alguma coisa. Mark e Ellie sentados em cadeiras altas, Lish e Tennence fora de vista. Andei devagar até a porta, abrindo-a vacilante.

Antes mesmo que pudesse me dar conta, Tennence e Lish estavam agarradas à minha cintura, sufocando-me em um abraço. Palavras saiam de seus lábios mais rápido que as lágrimas que escorriam por suas faces. Não compreendia nada, apenas sorria em meio à soluços. De repente, eu estava cercada por um abraço esmagador. Minha mãe, Mark e Ellie estavam juntos à comemoração de minha volta.

-- Você voltou! – foram as únicas palavras que eu conseguira distinguir, e vieram da boca de minha mãe, que estava com o rosto enterrado em meus cabelos.

Depois de bons abraços, conversas, carinhos, afagos, gritinhos de entusiasmos e tudo o mais, minha mãe chamou-nos para comer. Sentei-me à ponta da mesa, de frente para minha mãe. Tennence e Lish de um lado, conversando entusiasmadas sobre as roupas boas e as camas confortáveis, e até mesmo sobre como a televisão era enorme e o sofá aconchegante. Mark e Ellie apenas gritavam felizes, soltando gargalhadas em meio à berros. Terminamos de comer, e a comida estava fantástica, minha mãe era uma excelente cozinheira.

-- Descanse um pouco, durma. – minha mãe sugeriu e uma dor de cabeça me atingiu.

-- Não, obrigada, estou com medo de dormir e não acordar mais, afinal eu tenho dormido por muito tempo ultimamente. Vou dar uma olhada na cidade, no pomar. Volto logo. – sai fechando a porta com cuidado.

Eu não estava mais com as mesmas roupas. Vestia uma calça jeans, botas, uma camiseta de mangas compridas e um casaco. Ventava bastante, e o tempo estava frio, mesmo com o Sol à pino. Comecei à andar devagar, vagando à procura de rostos amigos. Todos que passavam por mim cumprimentavam-me, esticavam mãos, movimentavam as cabeças.

-- Parabéns Jonery. – falou azeda Jane, uma garota de pele morena, olhos verdes e cabelos compridos e ondulados. Seu nariz se contorcendo. Ela não era minha amiga, nem alguém que ao menos se importasse com minha existência, pelo contrário, achava até que ela não gostasse de mim.

Ela seguiu seu caminho, nariz empinado, gingando com os quadris. Seus cabelos sumiram, então continuei andando. Todos sorriam. Lá estavam os pais de Jose, que pareciam muito abalados. Quando passei por eles, eles encolheram-se, lançando-me olhares terríveis. Tentei entender o motivo daquilo, então lembrei. Eu havia matado seu filho. Não de verdade, mas era o que eles achavam, o que todos achavam. Passei correndo, entrei no pomar e me sentei ali mesmo no chão.

Chorei, deixando as lágrimas rolarem por minha face sem nem ao menos tentar controla-las. Eu sentia falta de Jose, estava preocupada com ele. Todos achavam que eu era a culpada por sua morte, que eu era sua assassina. Será que, algum dia, as coisas voltariam à ser como antes? Jose poderia andar pelas ruas sem que um de nós fosse morto? Eu não havia pensado nisso, na verdade. Se descobrissem que ele ainda estava vivo, provavelmente o matariam. Ou à mim.

-- Isso tudo é saudade de mim, pequena? – sua voz atingiu meus ouvidos, fazendo-me levantar a cabeça. Ele estava ali, exatamente como estivera antes, com exceção de uma comprida cicatriz em meu braço, bem onde o chip da Capital fora implantado.

Corri e me joguei em seus braços, que me envolveram de forma protetora. Senti-me segura e protegida imediatamente. Jose, bem, vivo, no Distrito 11. Aquilo parecia mais com um sonho do que com realidade. Abracei de volta, apertando-o com força, não querendo nunca mais larga-lo. Estava tudo tão bom, eu mal conseguia acreditar que aquilo era real, mas ele estava ali, em meus braços, e era assim que deveria permanecer.

¹FIM


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Notas finais do capítulo

¹ - galera, eu acho que esse é o último capítulo da fic
bem, me digam o que acham, se gostaram, se está bom para ser o fim, se querem mais
beijos e obrigada aqueles que acompanharam a história



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