As aulas passaram rápidas, e agora é intervalo, me levantei do meu lugar e sai devagar do laboratório de química agarrada ao meu livro.

Justin e sua turma esbarraram em mim me fazendo deixar cair meu livro. Eles apenas sorriram. Suspirei e me dirigir até o pátio da escola, sentei em uma mesa, abri o livro e comecei a estudar. 

 _E aí gatinha tudo de boa? -Nicca um dos amigos  de Justin se sentou ao meu lado e pegou no meu queixo.

_Me deixa em paz. -Me levantei fechando meu livro, ele segurou minha mão me impedindo de sair dali. _Me solta. -Ele sorriu abafado.

_Qual é gatinha, senta aí, vamo bater um papo. -Ele sorriu e picou o olho, apenas revirei os olhos saindo dali. Caminhei pelos corredores e alguém bateu nas minhas costas. Não liguei até começarem a me enxer de ponta pés. Lágrimas saíram de meus olhos vendo todos rirem de mim, entrei no banheiro correndo tentando evitar mais lágrimas que insistiam em cair, minhas pernas estavam doendo devido os chutes que recebi. Passei a mão nas costas e encontrei um papel, peguei-o e li o que estava escrito "Me chute" amassei aquele papel e chorei mais. Lavei o rosto e sair do banheiro ao ouvir o sinal soar para a próxima aula que seria matématica. Agarrada ao meu livro fui pra sala em passos rápidos. Chegando lá me sentei em meu devido lugar e fiquei quieta, mas para meu azar Justin fazia essa aula junto comigo. Arfei ao vê-lo passando pela porta, aquele cabelo, aquele sorriso que me deixava corada na mesma hora, nossa como um menino tão gato pode ser tão idiota e irritante assim? 

Suspirei baixo com esses pensamentos e abaixei a cabeça.

_E aí Ryan? Já pegou quantas vadias essa semana? -Justin perguntou alto, me chamando a atenção.

_Rapaz -Ele pôs a mão no queixo pensando. _Umas... 15 a 20 não sei, acho que perdi a conta. -Eles sorriram.

_Ei mas a Rafaela deve ser gostosa de quatro na cama. -Justin falou fazendo todos de sua turma rirem. Apertei meu olhos tentando evitar mais lágrimas, sim, sou muito fraca.

_Não, gemendo que nem louca dizendo, vai.. vai... vai... -Eles disseram e todos que já estavam na sala sorriram.

_Chega, agora quero todo mundo calado por que hoje vamos estudar o conteúdo para prova. -O professor entrou na sala salvando- me dessa tortura.

...

O resto das aulas passaram muito devagar, mas finalmente chegou a hora de voltar pra casa. Justin fez algumas brincadeiras de mal gosto comigo, mas como sempre eu aguentei. Peguei o ônibus e me sentei no fundão. 

Vinte minutos depois eu já estava em casa. Entrei e tudo estava em silêncio.

_Mãe? -A chamei e nada dela responder. _Mãe a senhora está em casa? -Coloquei minha mochila em cima do sofá e caminhei até a cozinha, não tinha ninguém, fui no seu quarto, abri a porta devagar e vi uma cena que eu jamais esquecerei, minha mãe cheirando um pó branco, estava se tremendo e mal conseguia se equilibrar sentada, parecia que ia cair no chão a qualquer momento.

_Mãe? -Sussurrei entrando em seu quarto. Ela me olhou chorando, o branco de seu olho estava mais vermelho que pimenta. 

_Rafa... -Ela se atrapalhou toda, deixou cair alguns pacotinhos de pó, e também tinha umas pedras brancas em cima de sua cama. Mamãe tentou se levantar mas caiu no chão.

_MÃE. -Gritei correndo em sua direção, ela estava desmaiada, bati fraco em seu rosto  e ela não acordou. _Mãe acorda por favor. -Eu chorava e batia em seu rosto tentando reanima-la. Vi que não ia adiantar o que estava fazendo então peguei um telefone e liguei pra uma ambulância, deliguei o telefone e logo a ambulância chegou, puzeram minha mãe na maca e a levaram pro hospital. Liguei pro meu pai mas ele não atendeu. Fui buscar Daniel na escolinha e fomos pro hospital em seguida.

...

Daniel estava cansado e estava apenas eu, vovó, vovô e papai. Eu estava morrendo de preocupação até o médico chegar.

_Bom, sua mãe está bem, mas ficará em observação, seu corpo não estava acostumados com drogas, mas amanhã ela já poderá ir pra casa. -Falou o médico. Vovô e vovó nos levaram pra casa deles, eu me acalmei mais, mas ainda continuava chorando um pouco.

Assim que chegamos na casa dos meus avós, vovó foi dar banho no Daniel e eu fui para meu quarto, tomei banho e peguei meu diário que sempre carrego comigo e comecei a escrever:

"Querido diário, hoje foi um dia pra lá de longo, primeiro que Justin não para de implicar comigo e eu não sei por qual motivo, sinto meu coração apertado quando ele me maltrata, é triste, mas vou sobreviver, hoje, um dos amigos dele pôs um papel em minhas costas dizendo: "Me chute" e como o comunicado, todos me chutaram e riram de mim. Imagina a humilhação que passei, e com todos esses problemas, chego em casa e encontro mais um, minha mãe cheirando drogas, meu coração se partiu, logo minha mãe? Uma pessoa em quem eu me espelhava, e que nos dizia tudo o que era certo e errado, estou me sentindo triste, raivosa, chateada, e traída. Não entendo o porque desses problemas está acontecendo logo comigo. O menino de quem sinto meu coração bater fortemente e doer ao mesmo tempo por causa das humilhações e brincadeiras de mal gosto e agora isso. Não sei o que fazer, não sei em que rumo guiar minha vida."

Guardei meu diário e me deitei dormindo logo em seguida.