_Ai minha cabeça, eu não agüento... não agüento tanta... dor. –Só consegui falar isso antes de apagar completamente.

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P.O.V Vênus.

Quem ela pensa que é pra falar assim dessa forma comigo? Ta que ela estava feliz porque está apaixonada e blábláblá mas qual é? Ela praticamente cuspiu na minha cara que eu tenho a fama de puta, não era pra menos eu ter lhe dado um belo de um tapa na cara e falar aquilo tudo.

Depois que sai da sala fui em direção ao banheiro, não estava me sentido bem, meu estômago se revirou e eu acabei vomitando. Limpei a boca e me olhei no espelho.

_O que você fez Vênus? –Disse olhando meu reflexo, peguei minha mochila e sai. De repente passando pela sala de matemática escutei um choro, olhei dentro da sala e encontrei a Rafa com as mãos na cabeça, ela parecia está sentindo muito mal. _Rafa? –Perguntei para atraí a sua atenção pra mim, mas nada ela respondeu continuou com a cabeça abaixada chorando. _Rafa tudo bem? –Me aproximei e ela nem se mexeu continuava com as mãos na cabeça apertando-as.

_Ai minha cabeça, eu não agüento... não agüento tanta... dor. –Se pronunciou e ela desmaiou, a segurei antes de cair no chão.

_RAFA. –Gritei tentando acordá-la, mas nada aconteceu. _RAFA ACORDA, ACORDA PORFAVOR, ai não, o que eu faço? O que eu faço? –Me perguntei desesperada, eu não sabia o que pensar, nem o que fazer, Rafa estava ali, desmaiada na minha frente, ou melhor, no meu colo e eu sem saber fazer nada, nenhum aluno por perto, ninguém.

Me levantei aconchegando a cabeça dela na minha mochila e corri pra fora da sala a procura de alguém. Corri até a enfermaria e graças a Deus encontrei a enfermeira ainda lá.

_LUCY AINDA BEM QUE EU TE ACHEI, VEM, EU PRECISO QUE VOCÊ ME AJUDE. –Gritei puxando-a.

_Calma Vê, onde vamos? O que aconteceu? –Ela perguntava enquanto corríamos pelo pátio.

_É a Rafa, ela ta desmaiada e eu não sei o que fazer. –Lucy não falou mais nada, assim que chegamos ela avaliou a Rafa e eu já não tinha unha de tanta preocupação. _O que ela tem Lucy?

_Deve ser por causa do tumor. –Falou, esbugalhei meus olhos, que tumor? Como assim?

_Q-que tumor? –Perguntei com dificuldades.

_Você não sabia? –Neguei, Lucy abaixou a cabeça e suspirou.

_A Rafa está com câncer cerebral. –Falou tudo de uma vez, de repente meu coração se acelerou e minha visão ficou embaçada, logo veio as lágrimas.

_C-câncer? –Repeti não acreditando. Minhas pernas estavam bambas, eu me sentia culpada de ela ter desmaiado de dor, o que eu fiz?

_Sinto muito por sua amiga Vê. –Eu já estava em prantos, nunca me senti tão culpada antes.

_E ela vai morrer Lucy? –Lucy me olhou sem expressão alguma.

_Não se sabe, os médicos ligaram pra cá na primeira vez que ela passou mal, e eles nos avisaram para ter um cuidado enorme, pois qualquer coisa que ela tiver emocionalmente, age no tumor, aí por isso que ela desmaia. –Assenti limpando as lágrimas. Lucy se levantou e ligou pra alguém que eu não sabia quem era, eu me sentei ao lado da Rafa e fiquei acariciando-a.

_Me desculpa Rafa, eu não sabia, me perdoa. –Deixei uma lágrima escorrer e a mesma pingou em sua testa, eu a limpei rapidamente.

_Já liguei pra ambulância, Vê, eles já estão vindo, calma. –Lucy me ajudou a levantar do chão. Minutos depois a ambulância chegou e a colocou em uma maca.

_Eu vou junto. –Falei me soltando dos braços de Lucy.

_Você tem certeza Vê? Me parece que não está em...-Eu a interrompi.

_Tenho certeza. –Falei firme. Lucy assentiu e eu acompanhei os médicos. Entrei na ambulância e assim fomos. Durante o caminho eu observava Rafa dormindo, e aquela sensação de culpa não queria me deixar.

Assim que chegamos no hospital eu fui barrada de acompanhá-la, então fiquei na sala de espera.

_Onde está minha neta, onde está ela? Eu quero vê-la. –Uma senhora gritava do lado de fora da sala.

_Calma senhora, a senhora não pode ultrapassar este local, acalme-se, ela irá ficar bem. –Uma enfermeira tentava a convencer, deduzi que esta senhora poderia ser a avó da Rafa. Me levantei da cadeira e sai da sala.

_A senhora é a avó da Rafa? –Falei.

_Sim, sim, sim sou eu? E você é...?

_Eu sou uma amiga dela... –Disse já começando a chorar, limpei as lágrimas olhando-a chorando. _Não se preocupe, eu sei que irá ficar bem. –A senhora assentiu. _Sente-se ali comigo. –A indiquei e fui seguindo-a de volta pra sala de espera.

...

_A quanto tempo se conhecem? –Perguntei encarando o chão.

_Tem alguns meses já. –Respondi baixo. Ela assentiu.

_Rafaela Althoff . -E logo uma enfermeira apareceu anunciando o nome da Rafa, Senhora Wilson e eu nos levantamos ao mesmo instante.

_Como ela está? –Senhora Wilson perguntou angustiada.

_Bom, agora ela está bem, ela acordou e está tomando alguns soros. –Falou e sorriu.

_Soros? –Senhora Wilson protestou. _Por quê?

_Ela estava muito fraca, e os soros é pra ajudá-la a melhorar.

_E o tumor? –Perguntei.

_Ele cresceu, mas foi pouco agora. –Senhora Wilson assentiu suspirando aliviada.

_Podem vê-la se quiser, mas... uma de cada vez. –A enfermeira falou. Achei melhor não ir agora, Sra. Wilson estava muito aflita.

_Pode ir primeiro senhora Wilson, depois eu vou vê-la. –Ela assentiu e me deu um beijo na testa.

_Obrigada. –Ela sorriu e retribui, logo ela acompanhou a enfermeira. Me sentei novamente na cadeira de espera e resolvi ligar pra minha mãe, ela poderia está preocupada.

*Cell*

_Onde você está Vê? Estou preocupada, por que não me ligou? Aconteceu alguma coisa filha? –Ela atendeu o telefone tagarelando. É, ela estava preocupada.

_Mãe... mãe... calma, não aconteceu nada comigo, eu estou bem. Só que... uma amiga minha passou mal e eu trouxe ela pro hospital, acabei esquecendo de te ligar, perdão. –Falei calma.

_Hm, é a tal Rafa? –Ela perguntou.

_Sim mãe, mas não se preocupe ela já está bem, daqui a pouco eu chego aí. –Falei.

_Tudo bem filha, fale a ela que mando melhoras, e você... tome cuidado, já está chegando a hora de você tomar suas vitaminas.

_Tá mãe, tchau. –Falei e desliguei.

*Cell*

Mamãe estava me apoiando com a gravidez, até mais do que eu esperaria, ela também engravidou cedo demais e me entende nessa situação.

Não demorou muito e a Senhora Wilson apareceu na porta falando que a Rafa queria me ver, assenti e segui as orientações que ela me deu até o quarto da Rafa. Assim que cheguei na porta, suspirei e girei a maçaneta abrindo a porta com cuidado. Rafa estava cheia de fios enfiado em seus braços e estava com um aparelho pra ajudar a respirar melhor.

_Oi. –Falei fraca sorrindo. Rafa retribuiu o sorriso também. _Me desculpa amiga, eu não queria....-Ela me interrompeu.

_Não se preocupe, passou, e não é culpa sua. –Meus olhos marejaram e logo eu já estava chorando. Escutei ela suspirar.

_Você já sabe né? –Abaixei a cabeça me apoiando no seu leito. Assenti em resposta.

_Por que não me contou? –Pronunciei com um pouco de dificuldades por causa das lágrimas.

_Não sei... talvez por medo, ou porque não queria que sentisse pena de mim. –Levantei minha cabeça para olhá-la. Rafa  sorriu limpando meu rosto molhado.

_Me perdoa, se não fosse por minha causa você não estaria aqui agora, me perdoa. –Abaixei a cabeça mais uma vez e senti ela acariciando meus cabelos.

_Não se culpa Vê, eu sei que você só queria o melhor pra mim, me perdoa por aquilo que eu te falei, eu tinha a intenção... –Eu a interrompi.

_Não, não pensa nisso, passou amiga, agora eu quero que você se esforce pra melhorar ok? –Acariciei sua bochecha e ela riu assentindo.

_E... Por que não me contou antes sobre a sua gravidez? –Ela perguntou, eu enxuguei as minhas lágrimas e me sentei direito.

_Pelo mesmo motivo que o seu, medo, pena e também porque eu tava envergonhada, não queria que ficassem sabendo. –Rafa assentiu.

_Eu entendo, acho que eu na sua situação manteria sigilo também. –Falou e pegou na minha mão, eu sorri fraca. _Agora... Vê, quem é o pai dessa criança? –Perguntou, e na mesma hora eu gelei. E agora? O que eu falo?