Um Conto De Natal 01 escrita por Camila Dornelles


Capítulo 6
Capítulo Unico, parte 06.




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- Minha... Minha escola. – disse Forth.

- A escola ainda não esta totalmente deserta. – disse o espirito com um olhar de tristeza – Um menino solitário, esquecido pelos amigos, ficou lá dentro.

- Eu sei. – respondeu ele com amargura.

            Os dois atravessaram a parede e entraram na escola, indo diretamente para uma grande sala. Lá dentro, todas, exceto uma cadeira estavam vazias. Um garotinho, com cabelos castanhos e olhos azuis estava sentado ali, olhando para a neve que caia do outro lado da janela. Sozinho. Seu olhar estava vidrado e triste.

- Pobre menino. – disse Forth.

- Vamos ver outros Natais. – a menina estalou os dedos.

            Eles se viram no mesmo lugar, na mesma sala, só que com algumas rachaduras de velha nas paredes. O menino sentado, agora estava bem mais velho. Sentado no mesmo lugar, com o mesmo olhar.

A porta se abriu e uma garotinha entrou na sala. Tinha os mesmos cabelos e olhos do garoto.

 -Forth! – exclamou ela – Forth! Meu irmão querido! Vim levar você pra casa.

            E correu para os braços dele, que a abraçou com carinho.”

- AH! – exclamou Scorpius – Eu sabia que era o Forth só que mais jovem!

            Draco e Ciça riram.

“- Me levar para casa? – perguntou o jovem.

- É! Para casa! O papai esta muito mais gentil do que antes. Ele falou carinhosamente comigo e não tive medo de pedir para que você pudesse voltar para casa. E ele deixou! Vim busca-lo.

- Você já esta uma mocinha Ana. – disse o jovem Forth com ternura.

- O coração dela era enorme. – disse o velho Forh.

- Ela morreu já adulta. – disse o espirito – Teve filhos?

- Sim, um. Gabriel. – respondeu franzindo a testa – Quero ir embora! Me leve para casa!

- Por quê? – perguntou ela calmamente.

- Me leve! AGORA!

            Forth levou as mãos aos olhos, cerrando-os com força, sentiu um vento em suas canelas, e ao abri-los, estava em seu quarto, porem não estava sozinho. Sentado em uma das poltronas em frente à lareira, estava um homem. Ele era bem grande. Usava um gorro vermelho na cabeça, impossibilitando de ver seus cabelos. E um roupão azul.

- Quem... – começou Forth, mas parou – Já sei. Você é o outro espirito.

- Acertou. – ele riu – Sou o Espirito do Natal Presente. Paz na terra! – saldou – Aos espíritos de boa vontade...

- Espirito... – disse Forth – Pode me levar a onde você quiser.

            O espirito riu estrondosamente.

- Tudo bem então... Toque no meu roupão.

            Forth caminhou até ele meio hesitante e tocou seu roupão fechando os olhos. Nada aconteceu. Abriu os olhos e deu um salto. Estava na casa de seu sobrinho, Gabriel. Ele estava sentado no sofá. Ao seu lado, uma mulher. Ela parecia zangada.

- Então você convidou seu tio Forth para a ceia? – indagou ela prendendo uma meia vermelha a cima da lareira.

- Sim. Oras, eu quis ser educado.

- Ele disse não eu imagino.

- Exato. Ele disse não. Provavelmente vai passar o Natal sozinho, como sempre. – ele revirou os olhos.

- Bom querido. – disse ela depositando uma mão no ombro de Gabriel – Pelo menos... Rodrigo estará aqui neste Natal, já no próximo...

            Gabriel olhou para a escada de sua casa. Um garotinho de aproximadamente cinco anos desceu as escadas correndo e pulou no colo do homem.

- Olá papai!

- Olá campeão. Como andam as coisas?

- Tudo bem! – o garoto sorriu.

- Espera. – disse Forth – Como assim? O que acontecerá no outro natal?

- Bom... – disse o Espirito – Ele garoto tem um doença mortal e muito rara... O tratamento é muito caro, e seu sobrinho não possui todo o dinheiro. Ele morrera logo, creio que tem menos de 15 dias de vida.

            Foth encarou o menino que brincava com o pai.

- Mas ele parece tão bem...

- Assim que começa. – disse ele coçando a cabeça – Feliz e alegre a saltitar, para morrer, é só um piscar”.

- Credo! – exclamou Gaby acariciando sua barriga por instinto.

- Credo nada! – disse Rony – Até rimou.

            Alberforth revirou os olhos e voltou a historia.

“- Não podemos deixar que ele morra! – exclamou Forth.

- Não posso fazer nada. – disse o Espirito e pôs a mão no ombro dele.

            Em um segundo, Forth estava em seu quarto, sozinho.

            Ele olhou para a parede e viu sua sombra, ao lado dela, a sombra negra de uma figura estranha. Virou-se rapidamente.

            Uma garota de aparentemente dezesseis anos o encarava. Era branca, e tinha longos cabelos cacheados vermelhos como sangue. Usava uma capa preta com mangas abertas que cobria até seus pés e arrastava no chão, com um capuz que estava sobre sua cabeça. Ela sorriu desdenhosa e maleficamente. As pernas de Forth tremeram. Ele se ajoelhou frente a garota.

- Estou diante do Espirito do Natal Futuro?

- Sim, esta. – sua voz era calma e passiva, diferente do que ele imaginara.

- Vai me mostrar à sombra das cosias que ainda não aconteceram, mas vão acontecer? É isso espirito? – ela assentiu e Forth se contorceu – Oh, fantasma do futuro, eu tenho mais medo de você do que dos outros que já vi. Mas, eu sei que você pretende me fazer ver e... acho que estou preparado para suportar sua companhia. – ele se levantou – Pode... Pode me levar.

            A garota não se moveu por um momento. Mas depois, levantou sua palma da mão esquerda, era branca como sua pele fantasmagórica e tinha grandes unhas. Ela balançou a mão no ar e tudo ficou embaçado. Os pés de Forth saíram do chão e ao pousarem entraram em contato com uma camada de algo fino e escorregadio, o que o fez cair. Logo se deu conta que estava em uma escada, e rolou-a até chegar ao final, onde dois homens barbudos conversavam.

- Quando ele morreu? – perguntou um que usava roupas azuis.

- Acho que ontem à noite, ou no Natal. – respondeu o de roupas pretas e chapéu alto.

- Achei que ele nunca morreria! – disse o de azul e os dois riram – Sempre emburrado e carrancudo, sem família ou amigos...

- Pra quem deixou o dinheiro? – perguntou o de preto.

- Para mim é que não foi! – eles voltaram a rir.

            A imagem sumiu e Forth se viu em um quarto todo branco. No centro, uma cama de mogno, bem escura. Sobre ele um lençol branco cobrindo o que lhe parecia ser a silhueta de um homem. Não quis descobri-lo. Então, a cena mudou, e Forth se viu na casa de seu sobrinho Gabriel. Todo estava calmo, sem barulho nenhum. Os brinquedos de Rodrigo estavam dentro de varias caixas na sala e todos os seus outros pertences também. Uma delas dizia: DOAÇÃO.

- Não! – exclamou Forth – Ele morreu?

- Sim. – disse o Espirito ao seu lado.

- Pobre Gabriel. – sussurrou Forth desolado. – Espirito? Algo me diz que nossa separação esta chegando perto. Diga-me, quem era o homem naquela cama?

            O Espirito segurou seu ombro e tudo rodou. Forth se viu em um cemitério. Nevava e era noite, parado em frente a uma lapide. Ao seu lado, a garota, o Espirito, sorrindo perversamente e apontando para a lapide coberta de neve.

- Espirito? – chamou ele – Antes de me aproximas dessa pedra que você aponta... Responda minha pergunta. Essas coisas que vi, são cosias que vão acontecer, ou que podem acontecer?

            O sorriso da garota se abriu mais ainda e ela fez um gesto com a mão. A neve que cobria parte da lapide sumiu revelando um nome. Forth soltou um grito.

                                   “FORTH DUMBLYNGST”

- NÃO! NÃO! Eu sou aquele homem que estava na cama! – seus olhos se encheram de lagrimas.

            Ela fez outro gesto e mais uma parte da neve sumiu.

                                   “Nascido 07 de Fevereiro de 1867”

- Me escute! – gritou ele – Não sou mais o homem que eu era!

            O resto da neve sumiu revelando a data de sua morte.

                                   “Morto 25 de Dezembro de 1946”

- NÃÃO! Eu posso mudar! Diga-me que posso mudar o que aconteceu! Por favor!

            Ele tentou se levantar e correr mais sem pés estava presos.

- ESPIRITO! AJUDE-ME! EU POSSO MUDAR!

            A tempestade de neve que caia ficou mais forte, cada vez mais forte. E ele parado ali, indefeso.

- ESPIRITO! – ele fechou os olhos – Eu vou honrar o natal no meu coração todos os anos! Esquecerei de tudo o que aconteceu no passado! Por favor espirito... Diga-me que posso passar mais Natais vivo.

            Ele foi afundando na neve e fechou os olhos, sabendo que era seu fim, esperando pelo impacto. Mas... Nada aconteceu.

            Abriu os olhos estava deitado na sua cama, no seu quarto como estava antes do primeiro espirito aparecer.

            Em um pulo ele se levantou e olhou em volta. Era de manhã, e tudo estava como antes. Começou a gargalhar.

- Eu estou aqui! – cantarolou – ESTOU AQUI! Nem sei o que fazer! Me sinto leve como uma pluma!

            Correu para a janela e a abriu, sentindo a brisa gélida em seu rosto. Um garoto passava por ali.

- EI GAROTO! – chamou Forth – Que dia é hoje?

- Ora, é dia de Natal! – disse o garoto feliz. – Esta quase na hora do almoço!

            Ele arregalou os olhos. Vestiu-se rapidamente e saiu de casa. Pegou sua carruagem sem cocheiro e rumou para a casa de seu sobrinho Gabriel.

- Feliz N... Tio! – disse Gabriel ao abrir a porta.

- Eu... Vim almoçar. Se o convite ainda estiver de pé. – Forth sorriu sem graça.

- Mais é claro! Entre vamos!

            Ele entrou e pela primeira vez em muito tempo ficou feliz. ”

            Alberfoth respirou fundo.

- Forth fez mais do que tinha prometido, ele fez tudo o que prometeu e muito mais. E para o nosso pequeno Rodrigo, que foi totalmente curado? Forth foi como um segundo pai para ele. Ele se tornou o melhor amigo, melhor patrão, e melhor homem que a boa cidade já havia visto. E passaram a dizer sempre que ele sabia como festejar um Natal.

- Que historia linda! – exclamou Meel sorrindo.

- Obrigada Alberforth. – disse Draco – Por esse encerramento maravilhoso da noite de Natal.

- Que nada. – disse o velho se levantando – Obrigada a todos vocês... Por simplesmente existirem.

- OHHH! – exclamou Fred – Que bonitinho! ABRAÇO COLETIVO!

            Todos os adultos se levantaram e correram para abraçar Alberfoth que foi literalmente massacrado.

- Saiam de mim seus pirralhos remelentos! – ofegou ele.

            Todos riram e se afastaram.

- Olhem! – disse Leh apontando para o lado da sala.

            A parede havia sumido, dando lugar a uma enorme janela de vidro. Todos se aproximaram quando um barulho ecoou forte do lado de fora, alguém estava soltando fogos de artificio.

- Obrigada senhor... – sussurrou Camila no ouvido de Alberfoth -... Forth Dumbyngst. E a menininha, sua irmã, Ana. É Ariana, não?

- Como... Como você sabe que era eu? – indagou ele baixinho – Como sabe que essa historia aconteceu comigo?

            Ela deu os ombros.

- Simplesmente sei. – e foi se juntar a seu marido e a seus filhos.

            AlberForth sorriu e foi se juntar a todos para olhar o grande show de fogos que iluminava o céu junto com as estrelas.

            É, os espíritos de Natal salvam vidas, como salvaram a de Forth, e é claro, as une também, como fez com esses jovens, que cresceram, aprenderam, viveram e morreram juntos. Porque uma forte amizade que nasce nos terrenos de Hogwarts, nada nem ninguém destrói. Porque é eterna.


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Notas finais do capítulo

Fim.



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