Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 75
Walkürenritt


Notas iniciais do capítulo

Leve em consideração que parte da descrição das bruxas neste capítulo é baseada na visão dos chesordianos sobre elas.



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No dia em que descobriram que as freiras do convento de Ferretsbane na verdade eram bruxas, a antiga mestra, Madame Scorpia me entregou um objeto enrolado num pano velho. Isto ocorreu no meio da confusão, enquanto os soldados atacavam indiscriminadamente mulheres e crianças. Eu consegui ouvir apenas que se tratava de um tesouro importante antes que o braço de outra irmã me puxasse para longe da cena em que Scorpia se sacrificava para permitir nossa fuga.
Naquela noite dormimos ao relento, mas com relativa segurança, pois aparentemente as autoridades estavam satisfeitas em apenas destruir um de nossos recantos. Somente à noite eu me preocupei em verificar o que exatamente havia sido incumbida de proteger, e, para a minha surpresa, descobri se tratar de um cabo velho e enferrujado de espada. O metal de cor acinzentada era liso e simples, com apenas uma inscrição entalhada com símbolos que eu não conhecia, enquanto a parte em que se encaixava a lâmina tinha belos detalhes que a faziam parecer um par de asas. Já a lâmina propriamente dita era apenas quatro centímetros de ferro rachado.
Eu já havia visto aquela... relíquia, como passei a chamá-la na falta de um nome melhor, no convento. Estava exposta numa estante, junto com outros objetos antigos, mas na época eu imaginei que não tinha qualquer valor real. Em respeito à vontade de Madame Scorpia eu guardei com carinho a espada destruída, mas somente muitos anos depois eu comecei a me questionar a respeito de seu verdadeiro significado.
Com um conhecimento maior das artes arcanas eu descobri que a inscrição no cabo era uma palavra escrita num alfabeto muito antigo. Eu levei algum tempo, mas eventualmente a decifrei, embora não fizesse ideia do que significava “Walküren”. É evidente que continuei a pesquisar e, eventualmente, me dei conta de que tinha em mãos um artefato de valor inestimável. Walküren foi uma bruxa que viveu há milênios atrás, uma favorita da deusa Argenta com uma alma valorosa e uma habilidade com a espada inigualada em seu tempo.
Ah, se eu pudesse perguntar a Madame Scorpia como ela colocou as mãos em algo tão magnífico. Mas mais importante que isso era o que eu poderia fazer com a relíquia. Mais que guardá-la como um enfeite, eu tinha certeza de que poderia utilizá-la a meu favor. Todas essas pesquisas e buscas não foram em vão, pois culminaram numa magia com o poder de infundir parte da alma e habilidade de Walküren em outras bruxas. Uma magia que eu batizei de Walkürenritt.

Historicamente, ataques contra as bruxas se encerravam rapidamente e o resultado era sempre o mesmo: as profanadoras se viam obrigadas a fugir. Contudo, raríssimos foram os casos de esconderijos descobertos durante os trezentos anos em que Chesord permaneceu separada do resto do continente. O próprio Inferno nunca havia liderado uma expedição do gênero, mas não era sua primeira experiência com as adoradoras de demônios.
Uma situação mais comum era a descoberta de uma bruxa infiltrada em determinada comunidade, o que em geral significava sua captura ou morte. As autoridades sabiam que elas viviam escondidas no meio da população e ligavam isso aos desaparecimentos misteriosos que eventualmente ocorriam na calada da noite. O objetivo desses sequestros, contudo, ninguém sabia dizer.
O líder da ordem esperava pouca resistência, mas não pretendia subestimar as adversárias. Conseguiu reunir às pressas cento e setenta e seis guerreiros e ordenou que eles se espalhassem ao redor do monte. Sem uma rota de fuga segura, talvez algumas bruxas escapassem, mas a maioria certamente não teria tanta sorte. As ordens eram para capturar o mais número possível com vida, mas caso fosse necessário os soldados tinham permissão para usa força letal.
Quando um relâmpago azul desceu sobre o monte e, momentos depois, diversos pontos prateados começaram a reluzir no topo, Inferno teve um pressentimento ruim. Pelo visto ele teria mais trabalho do que o esperado.

Embora as lendas mencionem Walküren como uma guerreira invencível cuja perícia garantiu a ela até mesmo o favor divino, Madame Papillon sabia muito bem que era tolice imaginar que pudesse despertar tamanho poder em suas discípulas, mesmo que a magia fosse direcionada a apenas uma. Não, Walkürenritt entregava às bruxas apenas uma pequena fração das habilidades da heroína lendária, mas ainda assim o suficiente para combater os soldados inimigos em pé de igualdade.
Mesmo assim era um feito surpreendente, considerando-se a quantidade de mulheres afetadas, a maioria esmagadora sem qualquer conhecimento sobre combate. Infelizmente, o efeito da magia, incluindo as espadas e armaduras prateadas que permaneciam materializadas apenas graças à energia espiritual das próprias bruxas, se dissiparia em pouco mais de quatro horas. Não havia tempo a perder, e assim se iniciou o confronto derradeiro entre os guerreiros de Chesord e as servas de Argenta.

Depois de quase uma hora de batalha, o norte e o sul mantinham certo equilíbrio. Já no oeste, a vantagem era claramente dos defensores, pois era lá que combatiam os três manipuladores que permaneceram no esconderijo. Luna e Karin inclusive sentiam seus ataques fluindo com mais facilidade graças às armas que receberam de Jack Faith. Já Fernand lutava como sempre.
–Os inimigos estão recuando, vamos aproveitar esse momento para recuperar o fôlego. – Disse o soldado da terra.
–Então nós vencemos? – Perguntou a menina da luz, esperançosa.
–Sem chance, eles só estão reagrupando. Mas pelo menos ganhamos terreno, agora precisamos continuar pressionando.
Astrock mal teve tempo de terminar a frase antes de ouvir as bruxas gritando que os inimigos já estavam subindo novamente. Ansioso para retornar à frente da batalha, ele começou a descer rapidamente, mas sua armadura escorregou numa camada fina de gelo que cobria uma rocha e fez com que ele começasse a rolar morro abaixo.
–O que ele está fazendo?! – Gritou Luna.
Fernand reagiu rapidamente e criou uma mão rochosa para segurar seu próprio braço. Contudo, ao se colocar em pé, logo notou que estava sozinho diante de um grupo de vinte ou mais inimigos.
–Eu fiz isso de propósito! Posso acabar com vocês sozinho!

Ao leste a situação não era muito favorável às discípulas de Papillon. Era lá o local onde a mestra combatia ferozmente seus adversários, e também onde ela sucumbiu à fúria das chamas negras. Ainda estava viva, mas não tinha condições de continuar combatendo, e as poucas aliadas que ainda conseguiam se mover não tiveram escolha senão bater em retirada.
–Senhor, o que faremos com as inimigas vencidas? – Questionou um tenente.
–Infelizmente não temos tempo para elas agora. Nossos aliados devem estar enfrentando uma batalha difícil, temos que colocar um ponto final nisso o mais rápido possível.
Seguindo a ordem de Inferno, o oficial rapidamente reuniu os guerreiros, mas não tiveram a oportunidade de avançar. Um novo de grupo de bruxas vindo sul se aproximava rapidamente.
–Preparem-se! – Bradou o controlador das chamas negras, empunhando sua enorme espada com firmeza.
Com gritos de guerra, os chesordianos avançaram, mas quase todos foram derrubados por feixes prateados que dançavam pelo ar. O próprio Inferno lançou um ataque em resposta: três redemoinhos flamejantes que seguiram em espiral até certo ponto, para então se separar atacando por direções diferentes, a frente e os flancos. Contudo, antes que alcançassem as bruxas, as chamas foram detidas por grandes círculos cinzentos que surgiram subitamente.
–Que magia é essa? – Surpreendeu-se o líder da ordem.
–Elbio, era por aqui que a Madame Papillon devia estar! – Disse Kate, apontando horrorizada para as irmãs caídas.
–E eu já desconfio quem foi o responsável por isso.
Uma figura em particular chamou a atenção do controlador das chamas negras em meio às mulheres de armadura. Um único homem com vestes brancas um tanto familiares. Ele já havia visto aquele estilo antes, mas não conseguia se lembrar onde. Contudo, de uma coisa tinha certeza, aquela pessoa seria um inimigo problemático.


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Notas finais do capítulo

O destino coloca Inferno, devoto do deus Adriel, contra Elbio, servo da deusa Argenta. A primeira principal batalha dos membros da ordem está para começar.

Capítulo 176: Justiça em Nome dos Deuses

Em breve.



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