Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 74
Caça às Bruxas


Notas iniciais do capítulo

Pássaro Arcano é uma magia popular em Chesord. Ela é utilizada para enviar mensagens, gerando uma ave feita de pura magia que segue a um destino mentalizado no momento da conjuração. A versão Airalos cria uma ave parecida com um pombo, enquanto que a versão Airanul é mais próxima de um corvo.



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Durante dois dias uma nevasca assolou Chesord. A fúria da natureza reduziu as ações de ambos os lados da guerra ao mínimo necessário, enquanto seus integrantes conduziam preparativos para os confrontos que não tardariam a ocorrer. Na manhã do terceiro dia o sol brilhava timidamente no céu e uma bruxa subiu até o topo do monte dentro do qual se ocultavam as irmãs. Lá ela vasculhou uma pequena casinha de pássaro sobre um cabo de madeira. Dentro havia um rolo de papel.
Trinta minutos depois, Madame Papillon recebeu a discípula em seu laboratório particular. A garota fez uma rápida reverência antes de erguer a mão esquerda revelando o bilhete que havia recolhido.
–Recebemos notícias das nossas irmãs infiltradas.
A voz estava carregada de preocupação, e Anya imagina o motivo disto. De fato, nem sequer precisava perguntar qual era o teor da nota, mas ainda assim o fez.
–O que elas informaram?
–Embora o rei esteja tentando manter essa operação o mais secreta possível, uma movimentação da guarda deste nível não passaria despercebida.
–Então eles estão a caminho?
–Ainda não, mas tudo indica que amanhã seremos atacadas.
Papillon suspirou. Não seria a primeira vez que ela presenciaria um ataque das forças reais a um refúgio. Suas memórias do dia em que, aos catorze anos, seu antigo lar foi destroçado e suas amigas assassinadas ainda a assombravam de vez em quando. Um pequeno grupo de sobreviventes, do qual ela fazia parte, estabeleceu-se no lugar onde viveu até hoje, e desde então ela manteve uma obsessão incansável por encontrar formas de proteger suas irmãs, que, com a morte da mestra anterior há dez anos, tornaram-se também suas pupilas.
Até hoje tal busca não encontrou um resultado satisfatório, mas Papillon descobriu algo que ao menos poderia ser usado para ganhar tempo naquela situação. Algo cuja verdadeira natureza foi mantida em segredo até mesmo para as bruxas que lá viviam. Elas conheciam apenas o nome daquela magia: Walkürenritt.

O grupo dos manipuladores, do qual agora Elbio também fazia parte, estava reunido, na parte externa do esconderijo, em meio a algumas árvores. Logo depois de espirrar, Luna fez uma pergunta.
–Por que estamos aqui fora mesmo?
–Karin e Fernand queriam montar um boneco de neve.
Como Yasmin explicou, de fato os manipuladores da terra e da luz já estavam usando a neve acumulada para dar forma a um boneco.
–Minhas irmãs iniciaram os preparativos para ativar Walkürenritt. Amanhã teremos de defender este lugar, então se você tem algum plano, acho que esta é a hora de revelar.
Samantha fitava William enquanto dizia isto, pressionando-o com o tom da voz e o olhar. Já o rapaz mantinha uma expressão serena e respondeu calmamente.
–No ponto em que estamos só existe uma coisa que podemos fazer para proteger as bruxas. Temos que colocar o reino em desarranjo, e a melhor forma de fazê-lo é matando o rei, David Follet.
–Espere um pouco, nosso alvo não é Vladmir Banemare? – Protestou a sacerdotisa.
–Banemare é um homem precavido. Creio que nem a própria Ordem da Rosa Branca sabe de sua existência. Além disso, David é provavelmente apenas um fantoche, mas se tirarmos ele do tabuleiro conseguiremos não só evitar que este local seja tomado, como também facilitaremos o trabalho de Lince Walters.
–Uma vida em troca de muitas outras... – Disse Yasmin, hesitante.
–Como assim?
A pergunta de Luna foi respondida por Fernand, que sequer deixou de ajudar Karin a montar o boneco enquanto falava.
–Sem a figura do rei, dificilmente o reino manterá a integridade. Podem até surgir dissidentes que se aliem a Empericia. Se isso acontecer, em pouco tempo o exército chesordiano terá que se render, e assim pouparemos as vidas de muitos soldados.
Nisto, a manipuladora da luz se levantou e, com um olhar vacilante, revelou sua preocupação.
–Eu entendo que às vezes temos que fazer sacrifícios, mas não acho que conseguiria matar alguém a sangue frio...
Numa demonstração surpreendente de carinho, Storde colocou a mão sobre a cabeça da menina como se quisesse confortá-la.
–Eu sei disso. Apenas eu e Samantha vamos ao castelo, o resto de vocês deve ficar aqui e ajudar a defender o esconderijo.
Com a surpresa, o soldado da terra quase arruinou o boneco antes de se colocar em pé também.
–Você não pode estar falando sério! E quanto à ordem da Rosa Branca?!
–Já sabemos que há apenas três deles na capital, e provavelmente ao menos um deve participar do ataque amanhã. – Explicou a manipuladora das trevas.
–Sem contar que eu já lhe disse que o plano é invadir furtivamente o castelo. Não tenho a intenção de enfrentar os guerreiros da ordem. – Reiterou o do vento.
–Não concordo com um detalhe deste plano. – A ex-capitã falou com firmeza na voz, e William imaginou que não gostaria nem um pouco do que ouviria a seguir. – Eu vou com vocês dois ao castelo.
De certa forma Storde estava aliviado. Se esta era o único problema de Yasmin com o plano então certamente seria fácil chegar a um consenso. Samantha, por outro lado, não pensava da mesma forma e tratou de demonstrar.
–E o que você sabe de sutileza e furtividade, sua imbecil? Só vai nos atrasar.
–Eu conheço o castelo melhor que os dois! Vocês precisam da minha ajuda se querem chegar até o rei!
Enquanto separava as duas, William colocou um fim ao dilema com a voz de quem não ficaria nada contente caso a confusão continuasse.
–Está definido então, Yasmin virá conosco com a condição de que, se for necessário, ela mesma arrancará a cabeça do rei.
–Está bem. – Ela respondeu, satisfeita.

No dia seguinte, Kate e Elbio conseguiam ver, do topo do monte, as forças inimigas se aproximando. E eles não eram os únicos, pois todas as bruxas estavam reunidas do lado de fora do refúgio, aguardando ansiosas e temerosas.
–Então chegou a hora de mostrar do que somos feitas. – Comentou a discípula de Madame Ancara.
–Se esse feitiço é tão poderoso, por que não o usaram para ajudar a derrubar o último pilar? – Elbio perguntou à sua amiga.
–Porque é algo que só poderá ser usado uma vez, e o tipo de recurso que somente se usa numa situação realmente desesperadora.
–Como esta, pelo visto.
Papillon ergueu o cabo de uma espada partida e enferrujada ao alto e uma minúscula coluna de luz azulada começou a se elevar em direção ao céu.
–Chegou a hora. Quase todas as bruxas daqui ajudaram a mestra a preparar Walkürenritt. Eu não sei qual é o poder desta magia, mas certamente será algo gravado na história da caça às bruxas neste reino.
As energias espirituais de todas as bruxas convergiram, manifestando-se em correntes de energia azulada e se juntando à coluna criada por Papillon. Ela aumentou de tamanho e se elevou cada vez mais rápido, até que finalmente penetrou o firmamento. Um enorme relâmpago azul desceu sobre o monte e cegou Elbio por um momento. Quando seus olhos se abriram novamente ele se viu cercado por uma legião de guerreiras protegidas por reluzentes armaduras prateadas.


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Notas finais do capítulo

O espírito de Walküren, uma antiga guerreira abençoada por Argenta, agora protege as bruxas sob a tutela de Papillon. Para defender seu lar, elas vão ao encontro do exército inimigo com armas em punho.

Capítulo 175: Walkürenritt

Em breve.



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