Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 65
Bruxa do Destino


Notas iniciais do capítulo

Sim, no fim das contas eu mudei o nome do capítulo, já que acabou saindo um pouco diferente do planejado.



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Aproximadamente oito anos atrás, numa noite quente de verão em Empericia. Às dez horas um grupo de sete bruxas se reuniu na frente do monastério, dentre elas Anya Wald. As demais conversavam entre si, algumas com animação, outras com desgosto, até que as vozes se calaram a pedido da mestra.
-Espero que estejam todas prontas, pois vamos partir em breve. Contudo, antes vou lhes dar uma pequena revisão do motivo dessa caminhada noturna, caso alguma de vocês não tenha prestado atenção direito nas aulas. – Satisfeita em ver que a atenção era toda sua, ela prosseguiu. – Sabem me dizer o que é um Amanita phasmatis?
Três bruxas ergueram os braços e a líder rapidamente indicou uma para que respondesse a pergunta.
-É um tipo de cogumelo.
-Uma descrição generalizada, eu diria, mas não deixa de estar correta. Conhecido popularmente como cogumelo lunar, ele tem aplicações medicinais no tratamento desde algo simples como dores de cabeça até problemas bem mais sérios. – Anya agora guiava suas pupilas em direção a uma trilha no bosque, prosseguindo com sua explicação. – E existe um motivo para sair tão tarde da noite para procurar esse tipo de cogumelo.
Dessa vez outra bruxa respondeu imediatamente, sem esperar por permissão para falar.
-Amanita phasmatis é quase impossível de distinguir do Amanita verna, um cogumelo que causa a morte quando ingerido. Só é possível diferenciá-los durante certas horas da noite.
-Isso mesmo. Para ser mais exata, somente em dois ou três dias de cada mês, durante o período da lua cheia e entre as dez horas da noite e as quatro da madrugada. Nestas condições os cogumelos lunares emitem um pequeno brilho prateado que os diferencia. Aqui perto existe uma área onde esses fungos crescem, lá vou dividi-las em duplas para que colham o maior número possível.
Isso não veio a ocorrer naquela noite, pois assim que dois minutos se passaram enquanto as bruxas caminhavam pela trilha, a mestra viu uma pessoa caída no chão.

Na manhã do dia seguinte, uma bruxa foi convocada ao escritório de Anya. Era uma mulher com quase quarenta anos e uma das poucas pessoas que estavam aptas a lidar com a responsabilidade que seria repassada naquele dia.
-Agradeço por ter vindo tão rápido, Madalena. Preciso que você acompanhe de perto uma das novatas. – Disse a superior.
-Ouvi dizer que uma garota foi encontrada inconsciente no bosque. Por acaso é essa a novata?
-Sim, ela é bastante peculiar. Seu nome é Jenipher Chaneel e... bem... basta dizer que ela precisa de muita ajuda e acompanhamento.
-O que torna essa menina tão diferente? – Madalena estava começando a se preocupar.
-Ela afirma ter a habilidade de prever o futuro próximo e às vezes até um ou outro acontecimento distante. Claro que eu ainda não tive a chance de colocar isso à prova, mas ela disse que sabia que um grupo de bruxas passaria pelo local onde a encontramos naquela noite.
-Então ela queria ser encontrada por nós?
-Sim. Jenipher acredita que aqui conseguirá entender melhor suas habilidades. Peço que seja bastante cuidadosa, já que ela está apavorada, embora tente não demonstrar.
-Pode confiar em mim, Anya, vou acompanhá-la e descobrir se o que ela fala é verdade ou se a pobre garota enlouqueceu.
Assim que a subordinada saiu, Wald se perguntou se deveria ter contado tudo que Jenipher lhe dissera. Porém, chegou à conclusão de que era melhor guardar segredo sobre certos detalhes.

O dom de enxergar o futuro só parece desejável para quem não o possui. Cada previsão concretizada aumenta a desconfiança de que tudo já está definido, de que as escolhas feitas no decorrer da vida não passam de ilusão. Assim, uma pequena parte de Jenipher torcia para que Spectra estivesse certa, que ao menos uma vez suas visões estivessem erradas. Por algum motivo, aquela mulher inflexível de cabelos cinzentos parecia capaz de dobrar até mesmo o destino a seu favor.
Aquela talvez fosse a maior ironia na vida da bruxa, pois quando finalmente encontrou alguém que a fez crer, mesmo que apenas um pouco, que o futuro não está entalhado na pedra, se obrigava a trabalhar ativamente para impedi-la. E não se tratava apenas de sua lealdade para com Anya e, por consequência, o exército de Lince Walters, mas sim de preservar sua própria vida. Para garantir ao menos uma chance de vitória para Chesord, Camilla estava certa de que teria de matar Jenipher.
Devido a tudo isso, a canalizadora da Ordem Natural não permitia que sentimentos de soberba guiassem suas ações naquela luta. Se baixasse a guarda por um momento sequer poderia ser atingida por um golpe fatal, e embora isso significasse sabotar a própria visão, a ruiva não desejava morrer.
O confronto se prorrogou por vários minutos, tempo no qual ambas infligiram ferimentos uma à outra, mas nenhum realmente perigoso. A controladora da névoa, porém, já estava à beira da exaustão. Um sentimento de urgência a invadia e ela chegou à conclusão de que teria de colocar um ponto final na batalha mesmo que isso a levasse à morte no processo.
Dando um passo adiante com a guarda completamente aberta, Spectra induziu a oponente a atacar com uma estocada, mas antes que arma fizesse contato, a guerreira da ordem segurou com firmeza o cabo e uma das lâminas laterais. Com o que lhe restava de força, ela puxou o tridente para o lado, arrancando-o das mãos de Jenipher, e chutou o abdômen da bruxa ao mesmo tempo.
A força do impacto fez com que a discípula de Anya dobrasse o corpo e levasse os braços à área atingida. Nesse momento Camilla desferiu seu ataque derradeiro, seus braços estendidos rapidamente se juntando como duas tenazes, as adagas prestes a atingir o pescoço do alvo.
O sangue de Jenipher jorrou e ela gritou de dor, mas quem realmente se surpreendeu foi Spectra. A bruxa havia percebido as intenções dela a tempo e, num momento de desespero, ergueu os próprios braços para que servissem de escudo. Num breve instante as duas mulheres, a centímetros de distância uma da outra, cruzaram olhares e reconheceram que a adversária era digna de respeito. Mas o instante passou e a canalizadora da Ordem Natural atingiu a testa de Camilla com sua cabeça, derrubando-a.
-Se vai me matar... ao menos seja rápida... – Arfou a controladora da névoa, incapaz de encontrar energias para se erguer.
-Uma pessoa como você não merece morrer. Foi uma honra conhecê-la, Spectra, e outra maior ainda enfrentá-la. É uma pena que sejamos inimigas...
Jenipher estava grata, pois apesar de acreditar que, no fim das contas, sua previsão realmente se concretizaria com a vitória de Empericia, seu encontro com Camilla Ellure a fez renovar a fé de que a visão terrível que a assombrava desde os quinze anos poderia ser evitada.

A controladora da névoa acordou numa cama dentro de uma tenda que ela logo reconheceu como sendo uma enfermaria improvisada. Ao seu redor haviam outros pacientes e pessoas correndo de um lado para o outro, atendendo os feridos. Somente depois de uns segundos ela notou que Ent estava ao seu lado, sorrindo.
-Ent... eu... eu sinto muito. – Embora fosse forte, ela só conseguia conter as lágrimas com muita dificuldade.
-Sei que você fez o melhor que pôde. – Disse o velho para confortá-la.
-O que aconteceu? Por que estou aqui?
-Quando nossos poderes foram anulados novamente Electron ficou tão preocupado que abandonou a batalha para procurá-la.
Camilla esfregou os olhos com sua manga direita e então ergueu a cabeça, encarando o controlador das plantas. Podia ver nos olhos dele a verdade, o exército de Chesord tinha sido derrotado e o peso da culpa agora estava sobre seus ombros. Mas se ainda estava viva, então ainda poderia fazer a diferença naquela guerra.


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Notas finais do capítulo

Com o final desta batalha, Warbloom entra em sua última etapa. Detalhes do momento derradeiro são revelados, assim como os planos para o futuro.

Capítulo 166: Segundas Chances

Em breve.



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