Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 33
Resgate


Notas iniciais do capítulo

Revelação bombástica neste capítulo: o nome da capital de Chesord.



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A lua cheia reluzia no céu da noite enquanto pequenos flocos de neve caíam tal como fragmentos de prata. Elbio se recordava de um fenômeno parecido, ocorrido quando a barreira que isolava Chesord se espatifou em incontáveis fragmentos. Uma cena gravada para sempre na mente do jovem que trazia à tona angústia e lamento. Naquela vez ele somente pôde observar enquanto outros arriscavam suas vidas, mas agora ele tinha poder para agir. Mesmo que ainda não tivesse controle sobre as energias que se agitavam no âmago do ser, mesmo sem qualquer tipo de treinamento ou prática ele tinha que arriscar.
O forte erigido sobre um platô diante de si seria seu primeiro desafio. Ele e Kate observavam a construção, escondidos atrás de um pequeno conjunto de árvores e compartilhando um mesmo pensamento: não seria fácil.
-Desta distância eu não tenho dúvidas, há uma bruxa naquele lugar.
-Como você pode ter tanta certeza, Elbio? – Questionou sua amiga, ainda descrente.
-A energia espiritual nessa adaga é estática, um encantamento que, ao invés de fluir, foi preso nela para torná-la mágica. Mas a que eu sinto emanar de dentro do forte é uma energia pulsante, que circula no mesmo lugar e se renova. É o mesmo que eu sinto em você.
-Está bem, creio que entendi o que você quer dizer. Mas como pretende resgatá-la de um lugar que com certeza está cheio de inimigos?
Essa era a mesma pergunta que Elbio mantinha em sua mente desde o momento em que sentiu pela primeira vez a presença mágica. A verdade era que ele não tinha a menor ideia do que fazer, mas isso não o impediria de avançar agora que não restavam mais dúvidas.
-Eu vou improvisar no caminho.
-Você vai é morrer ou ser preso junto com ela, isso sim! – Protestou Kate. – Agora preste atenção, porque eu tenho um plano que pode até funcionar, a menos que você seja um jumento e estrague tudo.
O rapaz pensou em rebater o comentário, mas preferiu deixar para lá. Aquele não era o momento de brigar com a bruxa, mas ele não esqueceria o que ela disse tão cedo.
-Qual o seu plano brilhante?
-Eu conheço um feitiço de invisibilidade temporária que é aplicada em objetos. Exige muito tempo e esforço, mas com a sua ajuda talvez eu consiga completá-lo mais rápido.
-Está bem, eu admito, isso é brilhante! – Exclamou Elbio, genuinamente aliviado.
-Eu vou usar uma destas adagas como foco e então bastará segurá-la para ficar invisível. O problema é que ficarei exausta demais para utilizar a magia uma segunda vez.
-Tudo bem, eu deixo a adaga com a bruxa e dou um jeito de fugir.
-De preferência sem chamar muita atenção. Agora segure a minha mão, pois eu vou precisar da sua energia espiritual para acelerar o encantamento.

O ritual durou pouco mais de uma hora e, ao final, Elbio se sentiu um tanto fatigado. Havia sido necessária muita energia para realizar uma magia tão poderosa num tempo tão curto, mas ele logo percebeu que funcionava perfeitamente. Assim que largou a mão de Kate, que estava de joelhos no chão e respirando pesadamente enquanto ainda mantinha a adaga em mãos, ela sumiu por completo juntamente com a arma.
-Funcionou, agora pegue isto e vá.
A lâmina apareceu no ar, lançada por Kate na direção de seu aliado, e caiu no chão. Logo em seguida a bruxa se tornou visível novamente.
-Certo. Fique escondida aqui, Kate, eu prometo que não vou demorar.
O rapaz recolheu a adaga do chão e então se virou na direção do Forte Brokefront com determinação redobrada.
-“Sinto um nó na garganta só de pensar na loucura que estou prestes a fazer. Como é que aqueles seis tiveram coragem de invadir Capital e encarar a Ordem da Rosa Branca?” – Pensou Elbio. – “Bem, algo me diz que se continuar assim logo eu vou descobrir.”
Ele correu sem olhar para trás.

Encontrar a entrada não foi difícil, mas a situação não era favorável ao invasor. Dois soldados montavam guarda no portão, atentos ao que acontecia ao seu redor.
-“Parece que finalmente decidiram levar o trabalho militar a sério, azar o meu.”
Elbio caminhava devagar, evitando causar ruídos a todo custo. Havia espaço suficiente entre os dois vigias, mas ainda assim ele suou frio enquanto passava, temendo a todo o momento que um deles mexesse o braço e o atingisse. Felizmente isto não aconteceu e o rapaz prosseguiu fortaleza adentro.
Após alguns minutos andando sem rumo pelo lugar, Elbio encontrou um depósito de suprimentos e armas. Uma ideia se formou em sua mente enquanto ele observava tudo o que havia à disposição ali. Fechou a porta atrás de si e, quando saiu, estava completamente visível e equipado com uma armadura.  A adaga estava dentro um pequeno saco, agora invisível, que o rapaz prendeu ao cinto.
-“Ok, agora é tudo ou nada.”
Ele sabia que logo encontraria algum soldado, pois enquanto estava oculto teve de evitar vários que passavam pelos corredores. Assim que viu alguém, correu em sua direção e prestou continência.
-Senhor, peço desculpas pelo incômodo, mas gostaria de uma informação.
-Não precisa ser tão formal, rapaz. Eu sou apenas um soldado. – Respondeu o homem.
-Eu ainda não me acostumei muito bem com este lugar e às vezes me perco. Pode me indicar onde fica o calabouço? Tenho uma mensagem importante para o carcereiro.
-Claro. Basta seguir este corredor e pegar a segunda entrada à direita. Depois continuar em frente até encontrar uma escada que desce. Não tem como errar. – Disse o chesordiano em tom amistoso.
-Muito obrigado mesmo. O capitão arrancaria meu escalpe se soubesse que ainda não me acostumei com o forte.
-Ah, eu sei como você se sente. Ontem mesmo levei um sermão porque deixei uma mancha em uma das setenta armaduras que tive de polir. Os graduados estão todos explodindo de estresse com tudo que tem acontecido ultimamente.
Elbio prestou continência novamente e seguiu pelo caminho indicado pelo soldado. Com coração batendo em disparada, ele evitou correr para não chamar a atenção. Ainda assim, a preocupação cedeu espaço para um pensamento mais descontraído em sua mente.
-“Que sujeito simpático.”

O rapaz encontrou outros militares pelo caminho, mas ninguém deu atenção a ele. Todos estavam muito ocupados com seus próprios afazeres e embora percebessem que se tratava de um rosto novo, não viam isso como motivo de alarde. Contudo, o que vinha a seguir seria realmente desafiador.
Elbio não se surpreendeu ao notar que havia um soldado vigiando o calabouço. Embora todas as celas, com exceção de uma, estivessem vazias, a prisioneira era temida demais para ser deixada a sós. Assim como na abordagem anterior, Lumarc tomou a iniciativa.
-Boa noite! Meu nome é William e sou um dos novos recrutas. Prazer em conhecê-lo!
O vigia apertou a mão estendida e retribuiu o sorriso.
-Eu sou Emidio. Não sabia que estavam mandando mais gente para cá.
-Estão recrutando jovens para ajudar o exército nesse momento de crise. Mais pessoas devem vir nos próximos dias.
-Não estou surpreso, esse lugar realmente precisa de mais pessoas para ajudar. Mas por que você veio aqui embaixo?
-O capitão já quer me colocar pra trabalhar e como sempre o novato tem que fazer o serviço mais chato. Ele alterou os turnos de vigia do calabouço e pediu para te avisar que você está dispensado pelo resto da noite e pode descansar.
-Graças a Adriel! Eu não aguentava mais ficar aqui preocupado com o risco dessa bruxa tentar fugir. Enfim, basta ficar de olho e avisar os outros se ela tentar alguma coisa.
-Pode contar comigo. Foi um prazer conhecê-lo, Emidio!
Elbio estava sozinho no calabouço e nem sequer conseguia acreditar nisso. Evidentemente, a parte mais difícil – fugir de lá sem usar invisibilidade – ainda estava por vir, mas agora ele precisava se concentrar em localizar a chave e libertar a bruxa cativa. Contudo, bastou um olhar rápido na direção da cela para que sua felicidade se convertesse em ira. Erika Secrett estava amordaçada e amarrada com correntes, caída no chão da cela. Seu cabelo desarrumado e suas vestes surradas eram testemunho dos maus tratos que ela sofria.


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Notas finais do capítulo

Diante da pessoa que veio resgatar, Elbio percebe que as chaves não estão em lugar algum.

Capítulo 134: Liberdade?

Em breve.



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