Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 129
A Caçadora


Notas iniciais do capítulo

Fiquei uma semana sem postar porque finalmente consegui trocar de provedor e toda a correria me deixou bastante cansado. O próximo capítulo será o final de Warbloom, estamos quase lá!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/260301/chapter/129

Vinte anos atrás, os habitantes de Siral levavam uma vida pacata, acordando e indo dormir sob a constante vigilância silenciosa do pilar que se erguia sobre os outros edifícios perto da praça central. A grande maioria dos visitantes aproveitava a passagem para observar de perto aquela maravilha resultante do poderoso ritual mágico que sacrificou a vida de magos heroicos no passado. Dentre tais visitantes, num dia de verão, estavam dois irmãos mercenários.
Gêmeos univitelinos, fisicamente não possuíam nenhuma característica que pudesse diferenciá-los. Eram altos, de olhos negros e cabelos num tom médio de castanho, num estilo levemente desalinhado e descendo até metade das costas na parte de trás. Contudo, a indumentária permitia que se separasse um do outro. Agas vestia trajes elegantes: um sobretudo azul marinho, a mesma cor de sua calça, adornado nas orlas com saliência de metal cujas formas lembravam vagamente labaredas. Sua camisa de gola dobrada era de um cinza claro e como único enfeite tinha uma faixa verde escura amarrada ao redor do pescoço com um laço. Completando as vestes, o mais velho dos dois Pyrath usava sapatos pretos e um cinto da mesma cor que mantinha presa a bainha de sua espada.
Kenoh não poderia ser mais diferente do irmão nesse sentido, pois trajava uma armadura de metal bastante simples, desprovida de enfeites. As ombreiras possuíam contornos quadrados, enquanto que braceletes e perneiras terminavam em formas arredondadas. O detalhe que mais chamava a atenção era definitivamente as manoplas, que cobriam a mão inteira e terminavam em dedos pontiagudos como garras. Ele não levava consigo nenhum outro tipo de arma.
Logo após deixarem o local onde se encontrava o pilar, eles notaram que havia um cartaz de procurado pendurado na parede externa de um edifício. Embora não tivesse nenhuma imagem, ele descrevia as características de um perigoso assassino chamado Rec que teria se ocultado na Floresta Everdread.
–O que você acha, irmão? – Propôs Kenoh.
–Eu achei que não faziam mais cartazes assim. Para desejarem a captura desse homem a ponto de colarem avisos, imaginei que a Ordem da Rosa Branca seria acionada.
–Então imagine a fama que ganharíamos capturando o desgraçado antes deles!
–A última coisa de que precisamos agora é notoriedade, esqueceu? Por outro lado, estamos mesmo precisando de dinheiro, então acho que vale a pena tentar.
–Mas ele tinha que se esconder justo naquela floresta isolada e cheia de bichos? Tem que ser muito retardado para pensar em viver num lugar desses, você não acha?
–Talvez, Kenoh, mas com certeza parece ser um bom para se esconder. Seja como for, se vamos pegar esse serviço teremos que encontrar um guia.
Assim, os dois passaram as horas seguintes levantado informações junto à população. A maioria das pessoas não era capaz de dar informações muito precisas sobre o criminoso, limitando-se a dizer que os assassinatos ocorreram na Cidade dos Mineradores. Porém, como foram crimes brutais, autoridades de lá pediram permissão para espalhar alguns cartazes em outros lugares para ajudar a levar Rec à justiça.
Quanto a encontrar alguém que conhecesse o caminho até a Floresta Everdread, a busca se mostrou ainda mais difícil, mas eventualmente um pequeno raio de esperança surgiu quando ouviram que uma experiente caçadora estava no mercado da cidade. Sem perder tempo, os irmãos foram até lá, seguindo seu rastro.
A busca eventualmente os levou até a loja de um comerciante de peles, onde encontraram uma figura feminina trajando vestes resistentes de couro marrom, com um arco e um coldre de flechas presos às costas, assim como uma faca presa no cinto. Sua negociação com o vendedor se arrastava, pois não conseguiam chegar a um acordo quanto ao preço do artigo que a mulher tentava vender.
–O que você acha, Kenoh?
–Bonita, acho até que eu casaria com ela.
–Não, seu imbecil! Quero saber se você acha que ela é quem estamos procurando.
–É a única pessoa que eu vi vestida assim na cidade inteira. Ou é ela ou a caçadora já foi embora.
Alguns dez minutos depois a negociação terminou e a jovem saiu contando as moedas que recebera. Seus cabelos negros e soltos eram compridos, ao passo que sua expressão se mostrava tão feroz quanto a de qualquer animal selvagem. Ela não mostrou qualquer receio ao ser abordada pelos gêmeos, dirigindo a elas uma única e firme pergunta.
–Querem alguma coisa?
–Pele de tigre albino dos penhascos, uma raça rara e perigosa que vive no extremo norte do reino. Você leva jeito de ser uma caçadora experiente, apesar de parecer jovem. – Começou Agas.
–É assim que eu ganho a vida. Em que isso lhes diz respeito?
–Temos um serviço a fazer na Floresta Everdread, mas para chegar lá precisamos de um guia. No caso, gostaríamos de contratar seus serviços, se achar que pode nos ajudar. – Respondeu Kenoh.
–Vi alguns cartazes espalhados na cidade a respeito de um criminoso escondido lá. Esse é o serviço que vocês vão fazer em Everdread?
–Exatamente. – Disse Agas.
–Bem, é verdade que eu sei bem o caminho até lá, mas não tenho planos de seguir viagem em tal direção. Além do mais, as criaturas que vivem naquela floresta são perigosas até para mim.
–Talvez exista alguma coisa além de ouro que possamos lhe oferecer para que aceite nos ajudar? – Insistiu o irmão mais velho, ao que a caçadora direcionou o olhar para o objeto preso ao seu cinto.
–Não pude deixar de notar que essa espada que você traz consigo parece ser de excelente qualidade. Que tal me oferecer isso?
–Sinto muito, mas essa é uma herança da minha família. Se é a única coisa que pode convencê-la então acho que nossa conversa termina aqui.
–Família, você diz? – A caçadora fitou atentamente o rosto do Pyrath primogênito com visível curiosidade, ao que os dois irmãos ficaram em silêncio. Por fim, ela fechou os olhos por um breve instante e prosseguiu. – Ok, vamos negociar um preço em moedas de ouro, mas só vou levá-los até a entrada da floresta. Estamos entendidos?
–Melhor assim, senão íamos ter que acabar dividindo a recompensa em três. – Concordou Kenoh.
–Bom, então melhor nos apresentarmos. Eu sou Iris Hart, de Releav.

Os três concordaram em iniciar a viagem ao raiar do dia seguinte, encontrando-se cedo pela manhã num dos portões da cidade. De lá, iniciaram a jornada para a Floresta Everdread de acordo com as orientações de Iris, que de fato sabia bem o caminho. Assim, na segunda noite depois da partida, Kenoh foi dormir cedo, enquanto seu irmão resolveu passar mais um tempo acordado, polindo sua espada.
–Realmente é uma lâmina bela essa que você tem.
O susto quase resultou em um corte no dedo, mas Agas se recompôs rapidamente enquanto Iris deixou escapar um breve riso.
–Eu acredito que já deixei bem claro que não pretendo me livrar dela. – Retrucou o Pyrath, num tom misto de crítica e brincadeira.
–Você é mesmo possessivo, Sayd. – Agas mentira a respeito de seu nome ao se apresentar, para não ser identificado. – Mas não se preocupe, eu não pretendo tomar algo tão importante de você. Agora, já que decidi ser prestativa e aceitei guiá-los, por que não me conta os levou a virarem mercenários?
–Todos precisam ganhar a vida de alguma forma.
–Verdade, mas eu me tornei caçadora porque cresci nos bosques e aprendi a profissão com meu pai. Já você não parece que vem levando essa vida por um tempo longo.
–Tudo bem, você é perspicaz. Eu e meu irmão só temos um ao outro hoje em dia, perdemos nossa família numa tragédia. Estamos apenas tentando encontrar uma forma de sobreviver.
–Entendi, mas apenas sobreviver me parece meio lamentável. Se ainda não está pensando no que fará no futuro, talvez seja a hora.
Iris virou as costas e começou a se afastar, mas antes que fosse embora Agas lançou uma última pergunta.
–E você, por que mudou de ideia e resolveu nos ajudar?
–Talvez eu tenha pensado que vocês dois realmente precisavam de um guia.

Como combinado, Iris levou os gêmeos até a orla da Floresta Everdread e lá eles se despediram, agradecendo a eficiência da caçadora e entregando a ela o pagamento prometido em ouro. Então se separaram, Agas e Kenoh embrenhando-se na mata selvagem e enfrentando toda sorte de fera logo no primeiro dia. Mas logo a noite veio e eles buscaram um lugar seguro para descansar. Dormiram, finalmente, mas ao despertar perceberam que estavam num lugar completamente diferente: um extenso fosso circular cavado na terra, rodeado por barrancos de cerca de quatro metros de altura, impossíveis de escalar.
Do outro lado do buraco, grunhia uma figura tão grande que sua cabeça poderia ser vista acima da depressão caso pudesse se equilibrar apenas nas patas traseiras. A massa corporal parecia um misto de besta e humanoide, com pele de uma coloração vermelha escura. A única coisa que a impedia de atacar os dois irmãos era uma enorme coleira ao redor de seu pescoço, presa por uma corrente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No fim das contas, tudo não passava de uma armadilha!

Capítulo 230: Pare de Agir Como um Covarde

Em breve.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Roses And Demons: Warbloom" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.