Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 115
Sem Arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Este foi um capítulo muito trabalhoso, como podem ver pela postagem atrasada.

Aproveitando uma conversa que tive com o Boneco de Neve, quero esclarecer que a magia, no mundo de Roses and Demons, pode ser comandada de diferentes formas, mas de uma forma geral isto exige rituais longos e trabalhosos.

O caso do clã de Anya é único, uma vez que normalmente usuários de magia não se especializam em combate. Se por um lado a especialização e o uso de armas encatadas torna tais bruxas mais perigosas, também faz que sejam muito mais limitadas em termos de variedade do que as outras.



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Os soldados de ambos os lados seguravam suas armas baixadas enquanto assistiam com curiosidade o desenrolar da conversa. Eles cessaram de combater por ordem de Lince Walters, cuja imponência de líder convenceu até mesmo os inimigos. Mas isto porque no fim das contas todos queriam saber como os dois manipuladores resolveriam suas diferenças.
–Escuta, Carbon, eu gostaria de pedir um favor a você.
Aquela afirmação veio como uma surpresa para absolutamente todos ali presentes, inclusive o próprio Vincent Blacdow. Com os olhares convergindo em si, o controlador da fumaça, sem saber ao certo que palavras usar, gaguejou uma resposta.
–Bem... vá em frente, qual é o favor?
–Pode continuar lutando contra mim?
–Do que está falando? Acabei de dizer que não tenho mais motivos para enfrentar você!
–Eu sei, por isso estou pedindo como um favor.
O guerreiro da ordem percebeu que o olhar da garota tinha algo de diferente, parecia mais afiado. Em sua opinião ela só podia ter tomado alguma decisão e espantado suas dúvidas, mas pensar que desejaria continuar com a batalha? Definitivamente era algo que ele nunca imaginaria.
–Qual sua intenção com tudo isso?
Watlear soltou um longo suspiro e reuniu toda a força de vontade que tinha para soar o mais convincente possível. Queria deixar absolutamente claro, inclusive para si mesma, que acreditava no que estava prestes a falar.
–Eu quero ver se sou capaz de lutar por mim mesma, de livre e espontânea vontade.
As surpresas pareciam não terminar. Lince olhava de um manipulador para outro, completamente envolvido no súbito desenrolar de acontecimentos. Ao redor, os soldados sussurravam entre si, ignorando completamente o fato de que estavam conversando tanto com aliados quanto inimigos. Por sua vez, Carbon abriu um meio sorriso e jogou fora seu cigarro. Já que a amiga de Yasmin insistia tanto, seria falta de educação se recusar a lhe dar outra surra.
–Tudo bem, se isso vai fazê-la se sentir melhor, então vamos dançar mais um pouco.
Imediatamente os soldados se afastaram, aumentando o círculo que formavam ao redor dos dois que estavam prestes a combater. Vincent também deu vários passos para trás disparando com sua besta enquanto se movimentava, usando sua clássica estratégia de distração com setas atacando por várias direções.
Luna reagiu valendo-se também de uma técnica repetida, a de alimentar sua flecha, tornando-a um pequeno turbilhão. Contudo, desta vez, assim que foi lançada, ela traçou uma curva fechada para cima e, com grande liberdade de movimento, viajou pelo ar interceptando os ataques de Carbon antes de seguir em sua direção.
Este se viu admirado, mas não perdeu tempo ao preparar tanto defesa quanto ataque. Criou uma cortina de fumaça ao seu redor e arremessou quatro bolas de fogo contra a adversária. O turbilhão traçou uma nova curva e apagou todos os tiros em alta velocidade para então se dividir em dezenas de filetes que atravessaram a massa escura. A quantidade era demais para que Blacdow pudesse se esconder ou esquivar e ele foi lançado para fora da fumaça.
–“Nada mal. Com a cabeça mais leve, ela consegue pensar em maneiras mais criativas de moldar seu elemento.”
–Pode vir com tudo, Carbon, senão isso não terá sentido nenhum!
–Mas que menina...! Ok, você que pediu por isso.
Assim que o controlador da fumaça se ergueu, repentinamente uma besta idêntica àquela que ele empunhava surgiu em sua mão direita. Levantando ambas ele disparou incessantemente suas setas até que a quantidade beirasse a centena. Tudo isto no que pareceu durar apenas um instante e então ele já estava comandando aquela chuva de dardos para cair sobre Luna.
–Desgraçado, então quer dizer que ele tinha mais de uma? – Comentou Lince.
Contra tantos projéteis, a garota sabia que sua única alternativa seria defesa rígida e, para tanto, se envolveu numa esfera de água. Porém, ao invés de tentar perfurá-la, o guerreiro da ordem usou seu controle para fazer os dardos girarem ao redor cada vez mais rápido.
As chamas que envolviam as setas se tornaram cada vez mais intensas, a ponto de tornar aquela espiral num furacão de fogo, lentamente evaporando a proteção de Luna de fora para dentro. O calor a alcançava, fazendo com que derramasse gotas de suor por sua face preocupada.
Do lado de fora, Vincent apenas observava enquanto lentamente diminuía a amplitude do furacão. Tinha medo de ferir a adversária gravemente, mas não pretendia aliviar. Se ela desejava uma luta para valer, era isso que teria. Mesmo quando ouviu um grito feminino ele não cessou o ataque, mas ele se enganou ao pensar que fosse um urro de dor. Era de fúria.
Do meio das labaredas surgiram galhos viçosos e largos, expandindo-se num movimento circular, desfazendo o furacão. As setas fumegantes caíram no chão com pequenos estalos e então a própria árvore definhou até se desfazer.
–Ent?! – Exclamou Carbon, mas mesmo olhando para todos os lados não encontrou o velho. – Não me diga que foi... – Ele então cravou seu foco na garota que se apoiava no joelho para não cair. – Você manipula terra também, Luna?
–Eu manipulo? – Ela rebateu, tão confusa quanto o guerreiro da ordem, enquanto olhava para as próprias mãos.
–Para gerar uma manifestação elemental como essa, não vejo outra explicação. – Teorizou Blacdow.
A arqueira também não conseguia encontrar outra justificativa para o que havia acabado de ocorrer. Era difícil acreditar que era a responsável por aquela proeza, mas se realmente era capaz de misturar dois elementos, talvez se concentrando e tentando trazer aquele poder à tona fosse capaz de repetir o feito.
Com os olhos fechados, ela ergueu seu arco e puxou a corda com sua mão direita. Seus ouvidos captaram um leve som de terra se remexendo e seus dedos puderam sentir que a flecha que se formava não estava úmida. Neste instante ela abriu os olhos de súbito e deixou o tiro cruzar os ares até ser carbonizado por um ataque do controlador da fumaça.
–Incrível! Então você consegue mesmo. – Ele disse, admirado.
Ansiosa para testar os limites de seu novo poder, Luna ergueu uma rígida raiz do solo e a fez assumir a forma de um arco tão comprido quanto ela era alta. Tensionando a corda feita de cipó, quatro ripas pontiagudas, grandes como lanças, brotaram do chão. Assim que foram disparadas, Vincent teve apenas tempo de lançar bolas de fogo para incinerar duas e se jogar no chão para evitar as restantes.
–Nada mal... para uma sacerdotisa.
–Não, Carbon, não quero mais seguir o caminho do sacerdócio. Tudo que eu fizer a partir de agora será como Luna Watlear.
–Heh. – O homem deixou escapar um sorriso de canto. – Como preferir.
Em seguida, a ex-sacerdotisa usou seus novos poderes para fazer crescer pequenos caules, cada um carregando uma estaca redonda com a parte de trás chata. Num disparo de seu arco, Luna desfez a flecha em múltiplos filetes da água, atingindo e impulsionando cada uma das estacas em direção ao oponente. Então repetiu o feito e depois o fez mais uma vez ainda.
A despeito de estar novamente na linha de fogo de mais tiros do que seria capaz de bloquear ou esquivar, Carbon não parecia nem mesmo um pouco preocupado. Fora pego despreparado antes, mas desta vez mostraria à menina que sua habilidade recém-descoberta não seria sua salvação. Assim sendo, ele lançou uma rajada ampla de labaredas à frente, incapaz de incinerar as estacas, mas cobrindo-as de fogo e fumaça.
–Deixe eu te mostrar um truque, Luna.
Uma vez envolvidos pelas chamas, os espinhos de madeira mudavam a tragetória, dando a volta e avançando contra a manipuladora da água, conforme a vontade de Vincent. Diante dessa tática, ela cerrou os olhos e enviou mais uma saraivada de estacas, sem fazer qualquer esforço para deter as que vinham em sua direção.
–“A melhor chance que tenho de vencer é com um golpe que ele não esteja esperando. Mas para isso tenho que atacar na hora certa, ou coloco tudo a perder.”
Pela última vez ela puxou a corda do arco, dessa vez formando três flechas de água, e esperou por um breve instante até que o momento adequado chegasse. Assim que as deixou escapar as de cima e de baixo se juntaram à frente da central, os feixes das duas girando, e Watlear finalmente ergueu uma proteção de madeira à sua frente.
–“É tudo ou nada!”
Os pensamentos de Luna então se perderam quando os disparos comandados por Carbon a alcançaram e explodiram. Mas ao mesmo tempo as flechas que haviam se mesclado atravessaram a rajada de fogo, se desfazendo em instantes, mas abrindo caminho para a terceira, que atingiu o alvo em cheio. Estacas foram ao chão, desprovidas de controle, e queimaram devagar. Os soldados e Lince observavam apreensivos, sem saber qual dos dois manipuladores levantaria primeiro.
O rosto se contorceu e os olhos recuperaram o foco devagar. Um braço se ergueu e os dedos se mexeram. Aparentemente ainda estava viva e lentamente, a ex-sacerdotisa se colocou em pé. Ex? Era estranho pensar assim, afinal não precisava necessariamente deixar de lado seu sacerdócio. Mesmo assim, ela sentia que continuar seguindo aquela velha filosofia de vida a impediria de crescer como indivíduo. Era o único caminho que Luna Watlear conhecia, mas isso apenas reforçava sua decisão. Queria descobrir seu próprio, um caminho que a permitisse viver sem arrependimentos.


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Notas finais do capítulo

Dois conhecidos se encontram em combate.

Capítulo 216: A Mais Bela Revanche

Em breve.



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