Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 114
A Última Luta da Sacerdotisa


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente minha agenda ficou muito apertada na semana passada e não sobrou tempo para escrever o capítulo, mas agora ei-lo aqui. Inclusive, quero agradecer meu grande amigo Snowpuppet, que além de colaborar com a história central, ainda se dedicou a escrever uma série própria estabelecida neste mundo: Roses and Demons EX Crimson Blast.

Vale a pena conferir.



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Carbon observava a figura desalinhada de Luna Watlear com severidade. Ajoelhada, a sacerdotisa mantinha o rosto abaixado, ocultando os olhos e sua expressão. O manipulador da fumaça via apenas seus lábios comprimidos que traíam a incerteza revolvendo na mente da garota.
–Luna... – Disse Lince Walters, que assistia a cena sem poder fazer nada para ajudar.
Os segundos se arrastaram e Vincent Blacdow chegou à conclusão de que a manipuladora da água já não lhe representava qualquer obstáculo, mas deteve o impulso de seguir adiante ao notar que subitamente a tensão quase palpável do corpo de Luna parecia relaxar.
–Carbon, se você realmente está do nosso lado, então deixe isso por conta de Yasmin. – Disse a jovem de cabelos negros sem se erguer. – Ajude-me a conter os seus aliados da Rosa Branca enquanto ela fala com o general.
–Não fale besteiras, ela não tem como conseguir isso sozinha. Se continuar tentando me impedir só vai conseguir arruinar o plano de Vortex.
–Deixe de ser tão cabeça-dura. É justamente por causa dessa sua atitude que ela não acredita mais em você. Como espera que alguém confie em você se não fizer o mesmo pelos outros?
Vincent sentiu seu olhar e sua vontade vacilando por um momento, mas tinha ido longe demais para ser dissuadido pelas palavras de uma menina com metade da sua idade. Também estava farto de desperdiçar tempo discutindo, estava na hora de dar as costas para aquela luta inútil e seguir em frente. Mas Luna não pretendia facilitar.
–“Eu não quero arrependimentos quando voltar para casa. Não quero viver com a culpa de não ter me esforçado quando minha melhor amiga precisou de minha ajuda.”
Num instante um jato de água se formou ao lado da sacerdotisa, enquanto Carbon passava, e ergueu o guerreiro da ordem no ar. Aproveitando-se que o adversário estava desnorteado e sem condições de se defender, ela preparou uma enorme flecha em seu arco.
–“Mesmo que tenha que me ferir, quero lutar para valer pelo menos uma última vez.”
Watlear disparou, esperançosa que pudesse causar algum dano decisivo, mas suas feições se dissolveram numa careta de espanto quando Vincent se deslocou para baixo em diagonal, escapando da trajetória de seu golpe. O controlador da fumaça caiu de forma desajeitada e rolou pela grama, mas conseguiu se colocar em pé rapidamente com um movimento acrobático.
–“Ugh, não estou acostumado a manipular apenas o vento, mas pelo menos consegui evitar o pior.”
Realmente irritado agora, Blacdow disparou suas setas inflamadas alinhadas em um quadrado com linhas de fogo formando uma rede, a mesma tática que havia usado contra Samantha. Luna, contudo, se defendeu de sua própria forma, liberando suas flechas com grande precisão contra os projéteis do oponente. Sem as setas, logo as linhas se dissiparam.
Contudo, ela ainda estava em perigo enquanto uma dúzia de outros dardos faziam trajetórias erráticas pelo ar para atingi-la por ângulos difíceis de defender. Com sua mão direita levantada, a garota criou uma bolha, da qual múltiplos filetes de água saltaram para interceptar os tiros. Ao mesmo tempo em que fazia isso, ela puxou a corda de seu arco com os dentes, preparando-se para lançar seu próprio ataque.
–Eu não acredito...! – Exclamou o controlador da fumaça.
–Nem eu. – Completou Lince.
A sacerdotisa soltou a corda e deixou sua flecha partir, ao que o guerreiro da ordem saltou para o lado, evitando o impacto. Mas Watlear não pretendia lhe dar a chance de se recompor e desfez a bolha acima de sua cabeça, pois já sabia que sem concentração, o inimigo não teria como usar as setas que escaparam dos filetes de água para atacá-la de surpresa. Com o braço direito livre novamente, ela lançou mais três disparos, acertando o alvo com os dois últimos.
Caído, mas não gravemente ferido, Carbon viu que Luna já estava prestes a liberar mais uma flecha, desta vez ainda maior do que todas as anteriores. Poucos segundos lhe restavam e neste breve tempo ele lançou adiante uma bola de fogo. No mesmo instante em que ela explodiu, no meio do caminho entre os dois combatentes, a jovem soltou a corda, alimentando seu tiro com mais poder elemental até torná-lo um pequeno turbilhão.
O instante que se seguiu pareceu durar uma eternidade, enquanto a incerteza da sacerdotisa quanto a ter acertado ou não aumentava exponencialmente. Lentamente ela começou a dar passos, circulando a cortina de fumaça, mas sempre alerta para reagir a qualquer tentativa de ataque.
Contudo, ela não avançou muito até ser obrigada a assumir uma postura defensiva enquanto diversas setas se erguiam sobre a massa escura e acumulavam, traçando uma curva para atingir a garota por trás.
Para se proteger, ela ergueu uma parede de água com a mão direita, mas manteve os olhos focados na fumaça que começava a se dissipar, mas lentamente. Tinha certeza de que o ataque anterior era apenas uma distração e que Carbon tentaria ocultar o verdadeiro golpe decisivo. Por um momento nada aconteceu e ela chegou a duvidar, mas subitamente suas suspeitas foram comprovadas quanto duas bolas de fogo atravessaram a fumaça.
Bastou um movimento semicircular do braço esquerdo, gerando uma torrente, para apagar as chamas, mas uma inesperada lufada de vento levantou os fumos ao alto e fez a manipuladora da água cobrir os olhos. Quando voltou a abri-los teve tempo apenas de notar que Vincent descia da pequena nuvem de fumaça que havia erguido junto com seu corpo.
Ao invés de atacar com sua besta ou sua manipulação, desta vez Blacdow atingiu a cabeça de Luna com um chute. Ela não esperava que aquele oponente fosse optar por uma luta corpo a corpo, mas justamente por fazê-lo a colocava em desvantagem. Enquanto o controlador da fumaça podia contar com seu treinamento de espião, que incluía conhecimento de combate corporal, a jovem dependia unicamente de seus poderes de manipuladora.
Para tentar abrir alguma distância, Watlear ergueu uma proteção diante de si, mas com movimentos fluidos seu oponente rapidamente avançou pelos flancos e acertou uma cotovelada em suas costas. Ainda assim ela suportou e, antes que pudesse ser atingida novamente, envolveu seu corpo num turbilhão.
Carbon abriu um pequeno sorriso de canto e juntou as mãos, liberando o estouro flamejante mais poderoso que conseguia criar. A defesa se desmanchou e a sacerdotisa deu vários passos para trás antes de cair, sentindo dor pelo corpo todo. Apesar de tudo não havia sofrido nenhum ferimento grave, embora não se visse em condições de continuar suportando toda a pressão que o guerreiro da ordem colocava na batalha.
Surpreendente, o homem não parecia interessado em atacar novamente. Ao invés disso, puxou uma pequena caixa de dentro de sua manga direita e de lá buscou um cigarro, que acendeu com a ponta do dedo para então fumá-lo. No fim das contas, o calor da batalha havia consumido a raiva que ele sentia.
–Hã... o que você está fazendo? – Ela perguntou, atônita.
–Você me segurou aqui tanto tempo que agora não adianta eu sequer tentar ir atrás de Yasmin. Vou lhe das os parabéns, menina, por me obrigar a fazer o que você queria.
–Quer dizer que...?
–Sim, já que não me sobram muitas escolhas, vou tentar acreditar que Yasmin pode dar conta disso sozinha. É a nossa melhor chance de deter Vladmir Banemare, mas não se engane, lutando desse jeito você jamais conseguiria me vencer.
–Como assim? – Luna se levantou devagar, receosa.
–Pensa que eu não reparei? Está na cara que você não queria estar aqui. Não importa se está se esforçando para ajudar ou proteger alguém, desse jeito só vai conseguir se machucar ou, pior ainda, morrer.
A sacerdotisa não conseguia acreditar que o inimigo tinha feito uma leitura tão precisa de si. Evidentemente tentar esconder a verdade seria inútil, mas se fosse honesta talvez conseguisse algumas respostas. Valia a pena tentar.
–Como você notou?
–Porque eu passei praticamente uma década vivendo dessa forma. Mas me cansei de ser o cachorrinho de Vladmir Banemare e agora quero tomar minhas próprias decisões para variar, mesmo que isso cause minha morte.
–Acho que entendo como você se sente. Eu me juntei a Yasmin porque achei que era a coisa certa a se fazer, mas agora não aguento mais essas lutas sem sentido.
–Não sei se seria correto dizer que foram sem sentido. Seus esforços encurralaram Banemare de uma forma que eu nunca pensei que seria possível. Mas só isso não é o bastante, ele é um homem perigoso, que lida com poderes demoníacos de verdade.
Aquelas palavras fizeram Luna lembrar de quando conheceu Yasmin, poucos meses atrás. Na ocasião havia decidido acompanhá-la acreditando que, como sacerdotisa, era nada menos que seu dever impedir qualquer um que estivesse em conluio com os espíritos de Pravus. Mas agora...
–Se bem que isso é mais motivo ainda para você não se meter na luta que está por vir. – Continuou Blacdow – Só conseguiria perder a própria vida. Inclusive, se não quer se envolver, talvez fosse melhor fugir de Chesord.
–O que quer dizer com isso? – Luna tinha medo da resposta.
–Não sou nem capaz de imaginar as coisas terríveis que podem acontecer se falharmos em capturar aquele homem. Mas não duvido que ele tenha poder para destruir este reino inteiro.
Luna afundou de vez em seus pensamentos. Vincent podia perceber com clareza o conflito interno pelo qual ela passava, mas não se atrevia a dizer mais nada. Era o direito dela tomar sua própria decisão. Infelizmente, não existem escolhas agradáveis num dilema e a jovem sabia que mesmo que voltasse para casa ou fugisse, enquanto fosse uma sacerdotisa, sempre se sentiria culpada por não ter usado sua força para deter a influência dos demônios.
Foi então que ela se deu conta de que ainda havia uma alternativa que não tinha considerado antes. Poderia ser finalmente a resposta que estava procurando, mas Luna precisava ter certeza.
–Escuta, Carbon. Eu gostaria de pedir um favor a você.


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Notas finais do capítulo

A forma como Luna Watlear escolheu viver,

Capítulo 215: Sem Arrependimentos

Em breve.



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