Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 112
Covarde


Notas iniciais do capítulo

A manipulação composta de Karin é, em muitos sentidos, parecida com o poder de telecinese, embora diferente em sua origem. Agora ela consegue controlar seus golpes com mais precisão e suas ondas de energia são invisíveis.



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Quando finalmente alcancei as proximidades do Forte Brokefront, o confronto já havia começado. Soldados chesordianos e empericianos se engalfinhavam numa confusão de gritos e metal retinindo. Como se isso não bastasse, os poderes elementais e mágicos se uniam à mistura, e o resultado não poderia ser outro senão caos.
Para mim era loucura alguém pensar que era possível colocar um fim nisso sem que um dos lados fosse completamente sobrepujado, mas lembro que Yasmin sempre foi teimosa. Evidente que ela sabia obedecer sua família e os oficiais do exército, mas fazê-la mudar de ideia era algo que eu considerava impossível. Até hoje não faço ideia de como aquele monstro manipulador de relâmpagos negros conseguiu.
De toda forma, eu sabia que ela estava lá, no meio da insanidade, tentando abrir caminho até seu pai. Mas para fazer isso ela não teria apenas de enfrentar soldados, mas também a Ordem da Rosa Branca. Yasmin precisava da minha ajuda para cumprir sua missão e eu colocaria no chão qualquer um que tentasse me impedir.

–Obrigada pela luta, Vulcano, foi muito melhor do que eu esperava. Agora eu deixo você se render, se quiser.
Eu lembro que Inferno uma vez me disse que manipuladores movimentam seus membros inconscientemente quando usam seus poderes. Movimentos físicos não são necessários, mas fazem com que o controle seja mais natural, já que o cérebro humano não está acostumado a influenciar o ambiente sem usar outras partes do corpo no processo.
Na minha situação atual, completamente imobilizado pela manipulação incomum de Karin, eu tinha de fazer uma escolha. Poderia muito bem aceitar a proposta dela e me render, mas apenas pensar nessa possibilidade me fazia sentir mal. Era como se eu tivesse finalmente conseguido dar um passo adiante, me livrando de alguns dos grilhões que me impediam de avançar. Tinha medo de que se desistisse voltaria a ser como antes, fraco e incapaz de mudar.
Não, eu não podia me render. Precisava continuar lutando até o final e ainda me restava uma alternativa, mas seria necessária muita concentração, pois não teria outra chance. Tudo que tinha de fazer era gerar alguma manipulação para distrair Karin, mas se fosse da minha forma tradicional, ela certamente teria tempo de se defender. Desta vez eu precisava de algo rápido, algo simples e eficiente.

–É muito gentil da sua parte, Karin, mas eu vou ter que recusar!
Subitamente, a manipuladora da luz sentiu o apoio de seus pés vacilar e perdeu o equilíbrio. Vulcano havia usado seu poder de manipulação sobre a terra para causar um colapso no solo imediatamente abaixo de sua oponente, fazendo-a cair sentada no chão. Com a concentração quebrada, ela permitiu que o guerreiro da ordem se libertasse e retornasse ao chão.
–“Só tem um jeito de vencer essa luta, e tem que ser agora!”
Enquanto caía, ele rapidamente cobriu a menina com uma camada de rochas e terra para mantê-la derrubada o máximo de tempo possível. Então, com um urro feroz que Karin jamais imaginou que pudesse vir de alguém que parecia tão frágil, Thomas Ashfield avançou com sua rapieira adiante, controlando magma numa espiral ao redor da arma. Contudo, sua oponente, agora uma manipuladora de energia, expulsou a terra que a cobria com seu poder e, enquanto se erguia, lançou uma rajada elemental forte o bastante para arremessar Vulcano a vários metros de distância.
De fato, o controlador do magma já esperava por isso e havia atacado daquela forma tão óbvia intencionalmente. Não apenas isto, seu plano dependia de Karin usar seu poder elemental para atacá-lo, pois assim estaria vulnerável a um golpe surpresa. Seu último movimento, um instante antes de ser varrido pelo impacto energético, foi erguer e puxar seu braço livre, o esquerdo. Completamente desguarnecida, a discípula de Jack nem sequer se deu conta, antes de perder a consciência, que uma rocha atingiu sua cabeça por trás.
Levantando-se no meio de uma pequena nuvem de poeira, Ashfield percebeu que seu plano havia funcionado. Lentamente, ele caminhou na direção da adversária derrotada, enquanto uma miríade de sentimentos envolvia sua alma. Mas o mais importante deles era a impressão de que finalmente, depois de anos integrando a Ordem da Rosa Branca, teria deixado Martin orgulhoso se ainda estivesse vivo.
–De alguma forma eu consegui...
Aos poucos, ele começou a se dar conta de que ser o manipulador a restar em pé depois daquela batalha era quase um milagre. Afinal, depois de experimentar em primeira mão o poder da Karin Annings, de uma coisa ele tinha certeza.
–Essa garota tem um potencial enorme, poderia facilmente se tornar um membro da ordem. Mas parece que não tem muita experiência em combate. Se não fosse por isso, acho que provavelmente eu teria levado a pior...

Ao sudeste do Forte Brokefront, Lince Walters liderava uma tropa de soldados empericianos. Com a maior parte dos manipuladores já fora de combate, as bruxas haviam permitido que a batalha se tornasse um pouco mais equilibrada. Porém, o desgaste dos que ainda combatiam já se tornava evidente e o fim iminente parecia cada vez mais próximo.
Pouco tempo depois de derrotar um pequeno grupo de guerreiros inimigos ele teve sua atenção tomada pela chegada de uma garota de longos cabelos castanhos, camisa branca, calças de tom cinza escuro e também um colete e luvas sem dedos de couro marrom. Era ninguém menos que Yasmin Pyrath.
–Meu Adriel! Yasmin, você está toda surrada! O que aconteceu?
–Tive uma conversa com meu irmão mais velho, apenas isto.
–Mas o que você está fazendo aqui? Pensei que você e seus amigos pretendiam atacar o rei diretamente.
–Aconteceu muita coisa, e infelizmente não temos tempo para conversar. Só o que posso adiantar é que nos aliamos a um dos membros da Rosa Branca e bolamos uma saída diplomática, mas para colocar em prática preciso achar meu pai, o general Agas Pyrath. –Não vi ninguém que parecesse ser tão importante, mas se esse homem não está dentro do forte, então desconfio que possa estar na região a sudoeste de lá. É onde a defesa chesordiano é mais forte, pelo menos.
–Entendi, vou tentar procurar nesse lugar.
–Tem certeza que é seguro fazer isso soz-
O capitão foi interrompido pelos gritos de seus soldados enquanto alguns deles caíam ao seu redor. Imediatamente ele viu que um homem de cabelos negros e curtos, trajando o uniforme da ordem, se aproximava. Era Carbon, junto com alguns soldados chesordianos que agora se engalfinhavam com os subordinados de Lince.
–Yasmin... – Disse o recém-chegado, jogando no chão o cigarro que tinha na boca até um momento atrás.
–Não tenho tempo para você agora, Vincent. – A garota deu as costas e começou a correr.
–Espere, Yasmin!
O controlador da fumaça fez menção de avançar, mas Lince rapidamente deu um passo para o lado, colocando-se em seu caminho, e gritou.
–Vá Yasmin, eu cuido dele!
–Saia da minha frente!
Furioso, Vincent Blacdow disparou duas bolas fumegantes de fogo no chão, uma de cada lado de Walters, e criou uma cortina de fumaça ao redor do militar. Para evitar ser surpreendido, Lince deu alguns para trás e saiu da massa escura, mas tão logo quanto fez isso, outro ataque flamejante atravessou a fumaça e quase o atingiu. Ele não teve tanta sorte quando veio o segundo e foi atingido em cheio no peito. Como se isso não bastasse, a bola de fogo que havia esquivado traçou uma curva no ar e retornou, acertando suas costas e o derrubando.
–Ugh... acho que não estou em forma para enfrentar outro membro da Rosa Branca...
Desta vez Carbon surgiu, atravessando a fumaça que se dissipava aos poucos, já com o dedo indicador da mão esquerda pronto para disparar uma seta de sua besta. Da mesma forma, a expressão em seu rosto deixava claro que ele não hesitaria por um instante sequer. Mirando a cabeça de Lince, Vincent atirou.
O capitão empericiano não fechou os olhos, determinado a encarar a morte, mas o que viu foi uma massa de água se chocar contra a seta, salvando sua vida. Imediatamente ele se apoiou no joelho direito e virou o rosto na direção de quem o havia salvado.
–A garota que manipula água! – Exclamou Carbon, descontente com a interferência.
–Eu tenho nome, e é Luna Watlear. – Disse a sacerdotisa, já com outra flecha em seu arco. – Mas você não precisa se apresentar, Carbon. Yasmin já me contou quem é você e o quanto é covarde.
–Isso não é verdade! Escute, eu preciso falar com a Yasmin, posso ajudá-la a convencer Agas Pyrath!
–Eu não vejo como posso confiar em alguém que quase matou uma das minhas amigas.
Vincent rapidamente se convenceu de que nada que dissesse poderia convencer a manipuladora da água, mas ele não podia se dar ao luxo de desistir agora que tinha encontrado Yasmin. Ele fazia questão de compensar a dívida que acreditava ter com ela.
–Saia da minha frente ou vai me obrigar a machucá-la, mocinha.
–Quero só ver você tentar!


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Notas finais do capítulo

Dentre os seis manipuladores, Luna sempre foi a que mais teve dúvidas a respeito de seu papel no confronto.

Capítulo 213: Flechas e Setas

Em breve.



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