Roses And Demons: Warbloom escrita por JulianVK


Capítulo 111
Promessa


Notas iniciais do capítulo

Confesso que esperava que essa luta durasse no máximo três capítulos, mas no fim das contas, talvez tenha até sido melhor assim. Karin e Vulcano são dois personagens que ficaram pouco tempo nos holofotes, então merecem um pouquinho de atenção.



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A última vez que vi Martin foi há dois anos, numa noite de verão em que eu havia retornado de uma missão com Aurora. Estava cansado e pretendia dormir cedo, mas ele bateu na porta do meu quarto e insistiu para conversarmos, pois partiria para resolver uma tarefa logo pela manhã. Pude ver em seu rosto que parecia um tanto preocupado, melancólico até.
–Eu conversei com Vortex hoje mais cedo e parece que me escolheram para cumprir uma missão bem perigosa na fronteira sul. Terei de ir sozinho já que todos estão bastante ocupados e é algo urgente.
–Martin, está tudo bem com você?
Ele não chegou a responder a pergunta, apenas sorriu. Um sorriso que não servia de nada para esconder a angústia que eu via claramente em seus olhos. Eu não poderia crer numa coisas dessas, mas parecia até que ele sabia que estava prestes a morrer.
–Olha, Thomas. Se eu não voltar dessa, se por acaso alguma coisa acontecer comigo, eu gostaria que você me fizesse uma promessa.
–Do que está falando, Martin? O que pode acontecer com você?
–Por favor me prometa que não vai fraquejar. Que vai continuar firme e vivendo corajosamente.
Eu prometi, é verdade, mas infelizmente foi uma promessa que eu jamais consegui cumprir.

Karin Annings bateu as costas no chão e ergueu devagar o torso, mantendo os olhos fechados numa expressão de dor até que levou a mão esquerda à cabeça. Ela não imaginava que Vulcano pudesse ser um adversário tão ardiloso quando realmente se esforçava para vencer.
–De onde ele tira tanta força? Eu mal consigo defender...
Antes mesmo de ter a oportunidade de levantar, ela se viu forçada a criar um escudo redondo à sua frente para deter mais um golpe explosivo. A luz manipulada pela garota conseguia resistir aos impactos iniciais, mas conforme Thomas Ashfield continuava lançando suas esferas de magma, eventualmente a proteção cedia.
–Hora de ser criativa...
Enquanto seu escudo se fragmentava, a discípula de Jack Faith usou seus poderes para se elevar numa pilastra de luz e, em seguida, lançar uma rajada a partir de seu cajado. A técnica, contudo, atingiu apenas o chão, criando um buraco. O guerreiro da ordem, ao mesmo tempo que evadia, lançou uma enorme esfera de magma que explodiu a pilastra, derrubando Karin, que foi capaz apenas de cobrir parte do solo com uma camada de luminosidade sólida para não cair sobre os resquícios do líquido fumegante.
–Diferente de você eu lhe dou a possibilidade de se render. Eu não quero feri-la. – Disse Vulcano, tentando manter um semblante de calma, mas incapaz de ocultar completamente o leve tom de animação em sua voz.
–Você ficou bastante convencido depois que começou a lutar para valer, não é? Pode ficar tranquilo que eu ainda tenho muita energia pra sentar a porrada.
–Talvez, mas os seus ataques são evidentes demais. Basta ver a trajetória e eu já sei como bloquear ou esquivar.
–“Então é por isso que esse desgraçado está me dando uma surra! E ele tem toda a razão, eu não consigo controlar a trajetória dos meus golpes depois que foram lançados. Que porcaria, o que eu faço?”
Sentindo-se mais acuada do que nunca, uma ironia que não a escapava, já que tinha sido a responsável por instigar o adversário daquela forma, a menina colocou seus pés sobre uma parte intacta da grama enquanto pensava como deveria enfrentar esse inimigo. Sua mente simplista só via uma solução. Já que ataques normais não eram suficientes, então.
–“O jeito é descarregar um com toda a minha força. Isso com certeza vai mandar esse otário pelos ares!”
Segurando o cajado com ambas as mãos e direcionando toda a energia que tinha, ela estava confiante de que seus poderes não falhariam, de que seria capaz de desferir o ataque mais poderoso de sua vida, um que Vulcano jamais seria capaz de rechaçar. Ela, assim como o controlador do magma, estava envolvida demais no confronto para sentir medo.
–“Foi mal, você realmente mudou aquela atitude besta, mas eu quero muito vencer essa luta!”
Contudo, manipular tanto poder de uma única vez exigia tempo e concentração, oferecendo a Ashfield uma abertura que ele se via obrigado a aproveitar, pois sentia claramente que a energia sendo concentrada pela menina seria demais até mesmo para ele.
Com grande precisão, ele disparou uma única esfera ardente do chão, atingindo a ponta do cajado e causando uma explosão que forçou Annings a largar a arma, além de causar algumas queimaduras em suas mãos. Enquanto o objeto rodopiava acima da cabeça de sua dona, toda a força acumulada irrompeu de forma caótica, esmagando-a contra o chão.
Vulcano pretendia colocar um ponto final no confronto ali, mas havia desenvolvida uma certa empatia pela menina barulhenta e irritante que o fez lembrar da promessa que fizera com Martin. Sua vontade era encerrar sem continuar a feri-la daquela forma e assim avançou com os punhos erguidos para nocauteá-la com um golpe físico. Porém, o desejo de Karin de lutar ainda não estava extinto.
–“Nem a pau... que eu vou perder para um moleque... que estava chorando não faz nem dez minutos...!!”
Enquanto se levantava, ignorando a dor que percorria seus nervos, ela estendeu a mão direita e, sem qualquer prévio aviso, Thomas se viu sendo arremessado pelos ares e caindo desajeitadamente.
–O que foi isso...?
Estarrecido, ele observava enquanto Karin arfava ajoelhada, sentindo que uma energia diferente envolvia o corpo dela. Seu peito ainda formigava depois de ter sido atingido, uma sensação diferente de quando recebeu outros golpes. Não restava dúvida de que algo havia mudado na manipuladora da luz.
–“Será que ela usou algum golpe de combinação elemental? Não consigo pensar em nenhuma outra explicação...”
Mesmo sem compreender como funcionava, Annings sabia que tinha despertado algo novo em si mesma. Seguindo seus instintos ela balançou uma mão de cima para baixo e, como resultado, Vulcano sentiu um impacto em suas costas que o derrubou.
–“Esses ataques não são mais concussivos. Parece até que ela está me atacando com algum tipo de energia. É algo que nunca vi, mas por algum motivo me lembra Electron...”
Karin tentou atacar novamente, mas desta vez gerou um pulso tão insignificante que o adversário sequer tomou nota, imaginando que era apenas um efeito do golpe anterior. Com seu corpo ainda se adaptando ao poder misto, ela se levantou, tentando controlar a energia que circulava em si como seu próprio sangue.
–“Electron manipula tanto a luz como o vento e com essa junção consegue gerar energia na forma de descargas elétricas.” – Thomas continuava sua linha de pensamento, mais perto de desvendar a verdadeira força da manipuladora do que ela própria. – “Se de alguma forma ela também for capaz de manipular vento, não seria loucura concluir que tem condições de controlar algum tipo de energia.”
De súbito, era o guerreiro da ordem quem se sentia acuado, pois sua oponente não apenas havia despertado um poder ainda maior, miraculosamente era justo o que ela precisava para compensar sua desvantagem anterior.
Tomado pelo sentimento de urgência, Vulcano retomou sua tática de lançar esferas explosivas de magma, mas desta vez uma onda invisível seguiu em sua direção, devolvendo o impacto dos estouros na direção oposta. Cessando sua ofensiva, ele saltou para o lado a fim de evitar ser arrastado, mas apesar disso se viu à mercê da adversária, erguido no ar por uma força elemental.
–Ela é mesmo um monstro.
Falar era uma das poucas coisas que Ashfield tinha condições de fazer, pois ao tentar mover suas mãos para realizar alguma manipulação, percebeu que estava completamente paralisado. Karin, por sua vez, embora visivelmente cansada, exibia um sorriso triunfante.
–Obrigada pela luta, Vulcano, foi muito melhor do que eu esperava. Agora eu deixo você se render, se quiser.


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Notas finais do capítulo

Carbon encontra uma exausta Yasmin no campo de batalha, mas uma terceira pessoa surge para confrontá-lo.

Capítulo 212: Covarde

Em breve.



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