Palladia escrita por Cara Sem Nome


Capítulo 1
Capítulo Um.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Helena ( P.O.V )

A luz do sol tocou meu rosto, e quando abri os olhos, percebi que havia acontecido de novo. Um lápis pendia em minha mão, e eu estava deitada no chão, o chão velho de madeira do casarão agora estava com um texto cravado na madeira. As letras cravavam fundo no chão, eu não conseguia imaginar como consegui fazer aquilo. Minhas mãos estavam vermelhas, amortecidas pelo esforço feito. 
Isso se repetia à várias semanas, eu chegava a dormir dez horas por noite, dez horas escrevendo. Escrevia onde fosse possível, e o pior, era em outra língua. Parecia latim, ou quem sabe árabe. Eu tentei apagar das paredes, mas foi em vão. Minha mãe pensa que estou pirada, e entendo ela. Não é normal acordar com metade de seu quarto cheio de rabiscos e desenhos. Recentemente tenho tido pequenos colapsos durante o dia, o que vem sido ainda pior. Logo teria que me arrumar e ir para a escola.
A porta se abriu, e minha mãe entrou sem delicadeza alguma. Usava suas roupas de grife combinantes e seu precioso colar de dez quilates, era tão raro que poderia alimentar todos os necessitados da cidade.
- Querida, como você sabe, hoje eu vou viajar para meu retiro de relaxamento. - Ela pausou, observando o que a garota fazia. - Helena, não acredito que rabiscou o chão de seu quarto! Minha filha, você não tem mais quatro anos, amanhã vai fazer quatorze aninhos!
- Quinze anos, mãe. - Murmurei, indiferente.
- Tanto faz, queridinha. Só não quero que rabisque de novo, se não... - Ela observou o quarto, pensativa. Pousou a mão na cômoda, onde havia meu precioso caderno. - Eu tiro isso aqui de você. Entendido?
- Você não ousaria... - Eu disse, me levantando e ajeitando minha camisola, mais amassada impossível.
Minha mãe deu uma risada sínica, se retirando do quarto e batendo a porta. Ela nunca me deu muita atenção, e se deu foi para dar ordens do tipo " Pegue meus esmalte em cima da penteadeira " ou " Vá pro seu quarto e me deixe fazer Ioga. ".  Se eu tenho pai? Não, na verdade nunca o conheci, mas deve ser melhor que ela. Qualquer um é melhor que ela.
Após uma hora tomando café da manhã sozinha e depois me arrumando, lá estava eu na escola. O dia estava nublado, como quase todos em Twimbrook. 
Todos riam, conversavam, jogavam bolinhas de papel no professor, e ele nem se dava o trabalho de passar algum dever. Uma garota, talvez uma das mais populares, gritou:
- Helena, vem cá! A gente tá falando daquela vez que sua irmã foi até o shopping pra comprar bebida pra gente, tá lembrada? - Disse ela, um grupo de pessoas a rodeava, falando alto e rindo.
- Eu não apoiei aquilo, e nem estava com vocês. - Eu disse, irritada, mas as pessoas não olhavam para mim. Todos diminuíram o volume da conversa, agora olhando para minha carteira. Olhei para baixo e  percebi o que fazia. Minha mão desenhava por si só na carteira, um desenho de um triângulo e um olho no centro. Uma frase abaixo do desenho, cravada na carteira. O som do lápis se enterrando na madeira de repente se tornou o único barulho na sala, até o professor me observava. Murmúrios aumentavam, e minha mão pausou. 
Todo o grafite da ponta do lápis foi gasta, sujando minha mão inteira. Algumas pessoas riam baixo, outras murmuravam, me olhando como se eu fosse um extraterrestre. Por que aquilo tinha que acontecer, por quê?
- Tão bonita, mas tão estranha. É um desperdício. - Disse alguma das vozes que sussurrava, e mais risos baixos. Eu não aguentava aquilo, era quase todo dia.
Eu saí da sala, batendo a porta, sentia uma lágrima quente escorrendo em uma bochecha.
Alguém segurou meu pulso, e percebi que era Iorran. Iorran é meu único amigo de verdade, o único que não era interesseiro. Seus olhos de cor caramelo reluziam aquele dia, e seu cabelo caía em cachos perfeitos. 
- Espera, Helena. O que houve? - Perguntou, seu rosto estava preocupado.
- Aconteceu de novo. - Me limitei a dizer. O abracei apertado, soluçando em seu ombro.
- Vamos resolver isso, você vai ver. - Ele disse, limpando minhas lágrimas. Sua voz me acalmava, era o único que conseguia apaziguar meu nervosismo.
Eu retornei com ele para a sala, e o resto do dia foi como todos os outros. As pessoas me olhando torto, falando pelas minhas costas.
Chegando em casa, percebi que minha mãe já tinha ido. Meu avô chegaria amanhã, e eu tinha uma noite inteira sozinha. Encontrei minha irmã se maquiando no lavabo.
- Onde você vai? - Perguntei, colocando a mochila no sofá. Ela não respondeu, e quando saía do banheiro, se limitou a dizer :
- Vou dar uma festa em casa. Não venha para o primeiro andar hoje, se vier você vai ver. - Deu as costas, saindo do recinto.
Eu não estava preocupada.Afinal, o que de tão ruim poderia acontecer naquela noite? Na verdade, muita coisa aconteceria naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Reviews ajudam muito, obrigado por ler. :)



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