You Got A Hold Of Me escrita por leanaticmont


Capítulo 58
Capítulo 058 - Em casa.


Notas iniciais do capítulo

Se eu demorar a postar, estou consertando uns erros leves (mortais) nos capítulos anteriores.



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Certo, já está indo para a escola? - Rachel perguntou entrando na cozinha de sua casa com um sorriso, ela acenou com a cabeça para sua mãe e o senhor Schuester, ambos soltaram um catálogo que tinham em mãos e lhe ofereceram um sorriso.

O fim de semana passou depressa e o senhor Schuester dormiu na mansão Berry para ver com Shelby os últimos e pequenos detalhes do casamento que aconteceria em pouco mais de uma semana. Para Rachel essa foi sua distração, finalmente participar daquilo trazia tranquilidade a sua mãe e a deixava relaxada, a terapia e estar lidando com tudo havia lhe feito dar um importante e enorme passo, que apesar de difícil era libertador.

Então, vou me apressar aqui e já te pego. Beijo, Mercedes. - a morena desligou o celular e jogou na bolsa que tinha no ombro, mas logo a deixou no balcão e foi até a mesa, observando a mesa do café da manhã - Bom dia! - saudou levantando rapidamente o olhar para encarar a mãe e seu futuro padrasto.

Bom dia, Rachel. - o senhor Schuester foi o primeiro a saudar enquanto a garota se colocava a mesa e se servia com uma xícara de café.

Bom dia, querida. - Shelby sorriu com força e Rachel soltou o bule, ela suspirou em antecipação. Seus músculos relaxaram diante a suave careta de sua mãe.

Mamãe, esse é aquele sorriso. - Rachel explicou calmamente provocando o sorriso contido do professor e a risada de sua mãe em compreensão.

Por que tenho que estar com aquele sorriso? - a mulher tentou aliviar a situação.

Certo, quem me dará as notícias? - a garota olhou do professor para a mãe e vice-versa.

Querida... - Shelby repreendeu suavemente.

Shelby... - a mulher olhou surpresa para o noivo que agarrou sua mão - Será que eu posso contar?

Certo, conte, querido. - Shelby permitiu em um tom sério, o homem suspirou tenso, pois ele sabia que os hormônios da noiva estavam agitados devido a proximidade da cerimônia. William teria algum desentendimento mais tarde. Rachel queria sorrir, mas se conteve.

Rachel é que sua mãe e eu andamos pensando sobre como será após o casamento. - o professor virou para a garota - E bom, com meu salário de professor e a pensão que sua mãe recebe será impossível manter este lugar por muito tempo.

Não pagamos energia, isso nos levaria a falência, mas não pagamos. - disparou a garota imaginando o que ouviria.

Sim, certo. Mas sabe quanto custa a manutenção de um único gerador? - Will perguntou para Rachel e ela negou com a cabeça, mantendo contato visual, ele sorriu - É mesmo muito caro, sem contar a conta de água e impostos.

O papai pode continuar pagando, foi o trato do divórcio dele com a mamãe... - Shelby começou a negar com a cabeça, mas Rachel insistiu em explicar - Ela desistia da pensão se ele se responsabilizasse pelos custos da casa.
    Rachel, você se ouve? - Shelby tomou a palavra em um tom surpreso e enojado, mas ainda assim seu tom era tranquilo - Quer que Will e eu sejamos praticamente sustentados pelo seu pai? Que te lembro agora, ele já está casado e tem uma vida em New York.

Mamãe não podemos nos livrar dessa casa. - Rachel disse encarando a mãe.

Não vamos nos livrar dela. - Shelby explicou encarando Will e logo voltou a encarar a filha - Só sairemos dela, é do seu pai, ele quem deve decidir o que fazer com ela.

Não, mamãe, por favor. - insistiu a garota.

Rachel, nós vamos pensar em algo. Mas se não tiver jeito... - o professor tentou e a garota o encarou, ela suspirou angustiada.

Obrigada, senhor Schuester. - a morena pegou sua xícara e tomou um gole do café.

É muito diferente não te ver de uniforme e rabo de cavalo. - Shelby comentou observando o vestido preto da filha e as madeixas escovadas. A morena forçou um sorriso.

Obrigada. - murmurou a garota.

Tem alguma coisa? - Kurt perguntou do banco do carona, Rachel suspirou parando em um sinal vermelho.

Minha mãe disse no café que provavelmente estaremos deixando a mansão Berry. - disse Rachel observando o sinal.

Como? - Mercedes se fez presente no carro, se inclinando para frente e apoiando-se nos bancos.

Ela e o senhor Schuester não tem como manter a casa por conta própria. - a animadora informou voltando a colocar o carro em movimento quando o sinal abriu.

Seu pai não paga tudo? Não é pesado pra ele. - Mercedes lembrou.

Mercedes isso é horrível, quer que o senhor Schuester e a senhora Corcoran tirem proveito do senhor Berry? - Rachel e Mercedes fizeram uma careta engraçada antes de rirem junto com Kurt.

Eu os compreendo, Mercedes. - Rachel suspirou - Só me soa complicado deixar o meu lar, pois aquela casa guarda todas minhas lembranças, algumas nem tão boas. - a morena se concentrou no percurso e em não deixar transparecer sua dor, pois Mercedes e Kurt ainda não tinham noção do que havia lhe passado - Sei que meu pai não a venderia, se tenho apego sentimental as coisas é graças a ele. Mas não estarei mais nela diariamente.

Tem toda razão. - a garota negra concordou, Kurt virou para a amiga com um olhar triste enquanto Rachel encarou a melhor amiga rapidamente pelo espelho do teto - Eu estou deixando o McKinley, minha casa, meus pais e meus amigos, Ohio, em duas semanas. Eu entendo mesmo o que é isso. - Mercedes tocou o ombro da amiga e o apertou confortavelmente. Rachel sorriu observando o caminho.

Mas vão para um lugar bom, não? - Kurt perguntou interessado.

Talvez uma casa pequena, no pior dos casos estaremos em um apartamento. - Rachel brincou e todos focaram no enorme colégio surgindo a sua frente.

E Quinn? Chegou? - Mercedes perguntou acomodando-se em seu lugar.

Ela ligou ontem, seu vôo atrasou e ela chegou tarde. - Rachel explicou procurando sua vaga no estacionamento reservado aos alunos - Não tive autorização para ir buscá-la.

Ela resolveu tudo? - Kurt perguntou apressado.

A morena sorriu contente com esse detalhe. Isso ela fez questão de saber antes da namorada voar até New York.

Sim, cancelou sua matrícula na velha escola e conseguiu liberar o testamento do pai. - a morena estacionou e logo estava retirando o cinto como os amigos - Agora namoro uma garota rica.

Os três riram enquanto deixavam o carro. Rachel havia ido dormir um pouco frustrada, Quinn ainda havia chegado bastante cansada devido o esgotamento físico e mental dos problemas com o voo, sem ter tempo para conversarem no telefone e aquilo fez a morena dormir com uma única mensagem com duas únicas palavras: Te Amo.

A morena agarrou o braço de Kurt e se envolveu em uma conversa com os amigos enquanto se dirigia para o interior do McKinley, mas então Mercedes passaria com a treinadora Sylvester para entregar seu uniforme e Kurt resolveu acompanhá-la, Rachel queria aproveitar e já estar na sala do coral, o troféu seria trazido por Blaine e Sam, os dois agora estavam se dando bem. Rachel só queria um momento a sós, pois tudo estava tão bem e ela só queria um momento para ver que realmente tudo ficava bem quando ela ficava só.

Rachel? - Santana chamou no corredor de acesso a sala do coral, no outro lado a morena levantou a cabeça e encarou a latina.

Santana. - Rachel murmurou.

A passos lentos as garotas foram se aproximando e quando estavam em frente a porta, apenas alguns passos de distância elas murmuraram "oi" juntas, elas riram e se encararam. Mas logo a tensão tomava conta, até aquele momento não haviam tido um momento a sós, para uma conversa madura.

Como você está? - Santana perguntou cruzando os braços, a jaqueta de tecido liso azul claro sobre a camiseta preta e usava uma calça jeans.

Estou bem animada com o dia de hoje. E você? - Rachel ofereceu um sorriso a latina, brincando com seus próprios dedos, mas encarando a velha amiga. O vestido preto com um cinto branco na cintura e um cardigã de lã branco.

Também, esfregar aquele troféu Nacional na cara de Sue Sylvester será incrível. - a latina sorriu vitoriosa.

Depois de me derrubar, Sue é seu principal alvo. Não? - Rachel brincou e ambas riram, logo os sorrisos sumiram e a tensão ficou ainda mais aparente.

Me perdoa... - a latina disse cortando a distância e tomando a velha amiga em um abraço, Rachel quase desabou, mas retribuiu o abraço com força e fechou os olhos emocionada - Eu podia ter percebido. Me sinto tão culpada.

Você não tem culpa, como a Quinn disse, ninguém tem culpa. - Rachel esfregou as costas da latina.

Eu era sua melhor amiga. - Santana sussurrou no ombro da morena, Rachel queria chorar agora e elas saíram do abraço para se encararem.

Eu te devo tantas desculpas. - a animadora disse fixando seu olhar aos da outra garota.

Mesmo que não possamos consertar o que passou, nem recuperar o que se perdeu. Eu quero conviver em paz com você, sem ressentimentos. - disse a latina tocando a bochecha da morena, Rachel sorriu com os olhos brilhando.

Acho que depois de tudo é o máximo que podemos nos permitir. - concordou Rachel.

As duas garotas voltaram a se abraçar com força.

Não faça mais nenhuma estupidez. - sussurrou a latina no pescoço da morena, essa riu.

Nunca mais. - garantiu a animadora.

Elas saíram do abraço com algumas lágrimas escorrendo e logo receberam a mensagem lhes mandando saírem porque o troféu chegaria em minutos, para que pudessem fazer todo aquele desfile triunfal, ao estilo Cheerios de Sue Sylvester. Tudo acabaria na sala da treinadora.

Todos estavam do lado de fora, conversando, se cumprimentando e tirando fotos com o troféu, finalmente poderiam postá-las nas redes sociais. E todos olharam para o lado quando uma loira de calça preta, blusa vermelha e jaqueta jeans apareceu caminhando firmemente até os amigos.

Rachel sorriu emocionada, mas deixou o queixo cair. Quinn tinha as madeixas loiras curtas agora, na altura do pescoço e tinha uma franja, seu sorriso era enorme e a morena tinha certeza que era em sua direção que ela sorria.

O que significa isso? - Rachel não suportou e correu até a namorada, Quinn a segurou pela cintura e a morena mexia impressionada nas madeixas loiras.

Que eu passei em frente a um salão e vi o quanto parte do ano foi difícil, o quanto isso me fez amadurecer em meio a decisões estúpidas. - Quinn sorriu para Rachel - Então, eu cortei o cabelo. Porém, o mais importante.

A loira passou a mão no bolso de trás e a morena já estava curiosa buscando o que era com o olhar. Seus olhos se emocionaram ao verem uma pequena caixinha preta.

Mas quando Quinn abriu a caixinha Rachel quase lhe deu um tapa, pois se tratava de uma chave de carro.

Comprei um carro. Na verdade, a Frannie comprou. - a loira riu e logo os amigos se aproximaram afastando o casal, Quinn levou todos para conhecerem seu carro.

Em nenhum momento mais Quinn largou a mão de Rachel, dedos entrelaçados e uma vez ou outra o polegar da loira acariciava a mão da namorada, lembrando que estava ali e estava lhe dando atenção. Rachel se agarrou ao braço da loira e observava atentamente a garota interagindo com os amigos, com os cabelos curtos, ao lado do carro novo e com um ar tão... radiante. Ela não sabia o que houve nos últimos dois dias, Rachel só tinha noção que havia feito bem a sua namorada ter voltado para casa.

Os corredores do McKinley eram somente de parabenização aos colegas do coral, brincadeiras e conversas eram trocadas até todos decidirem que era hora de invadir a sala da treinadora. Rachel estava tensa, mas ela devia decidir o que queria, não importava um uniforme, não importava um troféu, muito menos as desavenças da treinadora com o coral. Quinn estava segurando sua mão e lhe dando sorrisos amorosos, além de olhares surreais.

Não havia mais mal-estar.

You can't stop an avalanche as it races down the hill

You can try to stop the seasons, but you know you never will

And you can try to stop my dancing feet, but I just cannot stand still

Rachel cantou suavemente, trocando olhares com os colegas do coral, a treinadora lhe encarava com um olhar estreito, mas ela sorria. Ela não tinha muito o que fazer, apenas sentia o aperto firme e encorajador da namorada.

'Cause the world keeps spinnin' round and round

And my heart's keepin' time to the speed of the sound

I was lost 'til I heard the drums, then I found my way

'Cause you can't stop the beat

Sue retirou os óculos do rosto e piscou preguiçosamente algumas vezes observando os garotos a sua frente. Logo todos se entrolhavam prontos para tomarem a voz.

Ever since this whole world began

A woman found out if she shook it, she could shake up a man

And so I'm gonna shake and shimmy it the best that I can today

'Cause you can't stop the motion of the ocean or the sun in the sky

You can wonder, if you wanna, but I never ask why

And you can try to hold me down, but I'm gonna spit in your eye and say

That you can't stop the beat

Os garotos começaram a comemorar entre si, Quinn apenas sentiu a namorada encostar-se em seu braço e descansar, sem encará-la a loira apertou sua mão carinhosamente.

Parabéns, William. Eu terei que suportar seu clube idiota por mais um ano. - a treinadora disse com a voz cansada e suspirou voltando ao seu diário.

Só isso? - o professor perguntou desconfiado.

William, meu caro, eu te alerto que logo teremos elfos mágicos saindo do seu cabelo. - disse Sue causando o rolar de olhos do homem - Quem levou seu time a vitória mesmo? Ah, sim, minha capitã de ouro! - a treinadora apontou para Rachel, essa se encolheu em seu lugar - Ela é boa William, vai longe. Tão ambiciosa.

Não tem ambição alguma treinadora. - Rachel se pronunciou causando o olhar surpreso de todos, ela suspirou e apertou a mão de Quinn - Eu estou no coral porque gosto de cantar, gosto de estar com esse pessoal... - a morena deu um olhar emocionado a cada um, eles sorriram e voltaram a encarar a treinadora, até Rachel - É uma família e agora faço parte dela.

Gostou, Sue? - provocou o senhor Schuester com um sorriso e de braços cruzados.

Ela é uma ótima atriz. - Sue insistiu com seu sorriso sarcástico - Julliard terá muito interesse nela, se já não tem. - comentou a mulher e todos se surpreenderam com o comentário, mas ninguém se surpreendeu mais que a própria morena.

O que a senhora disse? - Rachel questionou surpresa.

Me aguarde no ano que vem querida, no ano que vem. - Sue disse sorrindo - Agora saiam todos da minha sala antes que solte gás venenoso.

Você não tem isso aqui. - o senhor Schuester disse desafiador.

Senhor Schuester... - chamou Rachel e todos a olharam - Não é venenoso, mas é um gás do riso e se quer certeza é só lembrar do diretor Figgins no baile do ano passado. Acredite em mim, o senhor não quer pagar para ser o próximo.

Todos arregalaram os olhos antes de saírem em disparada da sala.

Ela tem realmente gás do riso naquela sala? - Quinn perguntou em frente a namorada.

Rachel riu um pouco e inclinou-se para a frente, capturando os lábios de Quinn em um doce e rápido beijo. Elas estavam na sala do coral durante o almoço. Ela sorriu ao se separarem.

Eu ajudei o pessoal do coral, tinha que ajudar a treinadora também. - sussurrou a morena próxima aos lábios da loira - Não conte a ninguém.

É mais um segredo nosso. - Quinn sorriu e logo seus lábios voltaram a se unir aos da morena.

Rachel apoiou-se com as mãos nas coxas de Quinn e essa segurava o rosto da morena enquanto seus lábios se moviam no mesmo ritmo. Um beijo intenso e longo, provocante.

Essa viagem te fez bem, voltar para casa. - Rachel comentou e lambeu os lábios, eles estavam vermelhos agora e ardiam um pouco.

O que você quer dizer? - a loira perguntou com um sorriso confuso.

Você está sorrindo. - a morena disse com diversão e logo tocou o queixo da loira com o polegar, contornando o lábio inferior da mesma, mantendo seus olhos fixos aos dela - Como em muito tempo não te via sorrir.

Isso não é pelo corte de cabelo, ou muito menos por ter passado um tempo com meus velhos amigos. - disse Quinn com um sorriso radiante, Rachel sorriu confusa - É por finalmente estar em casa. Rachel Berry, você é o meu lar. Passamos por coisas horríveis, temos coisas que vamos ter que superar, mas agora estamos bem e não existe uma parede imaginária em volta de você que eu não consiga ultrapassar.

A morena sorria emocionada.

Só falta um detalhe para voltarmos a estar bem como no começo, você lembra? - a loira pegou a mão da namorada no seu rosto e beijou a palma dela, logo voltando a criar contato visual, ela suspirou - Precisa conversar com a Frannie, porque tudo isso que vamos viver agora não é entre mim e você, eu estou do seu lado e dos meus sobrinhos que poderão ser prejudicados emocioalmente.

Quinn, eu não quero falar com a Frannie sem que ela se sinta pronta pra isso. - disse a animadora e piscou algumas vezes - É o marido dela afinal de contas.

Ela está pronta e você não pode adiar isso, porque é a conversa mais difícil que você vai ter. - a loira aproximou-se do rosto da namorada - Mas vou entender se eu estiver te pressionando.

Não. - Rachel negou provocando a surpresa da namorada, ela sorriu - Não está me pressionando. Na verdade, tudo ter acontecido, ter denunciado e estar levando isso adiante me fez bem. Não me sinto como a criança feliz que deixei de ser anos atrás... - a morena sentiu os olhos se encherem de lágrimas e engoliu saliva nervosa, Quinn segurou suas mãos com uma força delicada, encarando os olhos marrons - Mas sinto como se nos últimos anos eu não estivesse totalmente consciente da minha própria vida, tudo estava no piloto automático. Não me sentia eu.

Rachel soluçou sem deixar as lágrimas caírem, mas elas estavam lutando furiosamente, a morena se forçava a encarar os olhos da namorada.

Até que você apareceu. - a loira sorriu emocionada e apertou mais aos mão de Rachel, essa prosseguiu - Não fui puxada totalmente de volta, mas fui voltando aos poucos e arrumando tudo devagar. Então, obrigada.

Vem cá. - a loira puxou a morena para os seus braços e lhe abraçou com força, Quinn estava emocionada, mas sorriu abraçando a namorada com força - Pode chorar, pode chorar porque isso é libertador no fim.

A morena não disse mais nada, apenas se apertou naquele abraço e deixou as lágrimas despencarem. Quinn tinha razão afinal, Rachel voltava a sentir o calor da vida, lidando com todos os seus problemas, sendo ela, quase a velha ela. Aquele choro era o último de anos sombrios, em que ela suportava tudo debatendo-se internamente.

Havia acabado.

E Quinn estava ao seu lado. Isso fez Rachel sorrir entre lágrimas.

Após o dia de aula, que foi o melhor possível, todos estavam indo embora após uma última conferida no troféu Nacional na sala do coral. Estavam todos orgulhosos e confiantes agora, eles haviam conseguido, chegado onde queriam e conquistado algum respeito, também motivação para estarem seguindo em frente nos seus objetivos e sonhos.

Rachel não comentava, mas aquilo trazia de volta um antigo sonho seu. Ela estava contente por finalmente deixar de medo, ou canalizar todas as suas forças em suportar os dias difíceis e amargos, ela podia concentra-los em outra coisa afinal. Por que não em um sonho?

Mas antes ela tinha que finalizar todo aquele assunto.

Frannie... - Quinn chamou e sua irmã levantou o olhar, ela arrumava sua bolsa no sofá da sala. A mais velha Fabray mostrou surpresa ao ver Rachel com uma expressão nervosa no rosto e segurava a mão da namorada, então ela sorriu um pouco.

Olá, Quinn. Rachel... - Frannie murmurou o nome da garota.

Olá, Frannie. - Rachel disse orgulhosa pela voz firme.

Vocês vão querer... sabe, que eu as deixe sozinhas? - Quinn encarou a irmã e logo virou o rosto para a namorada.

Por favor, Quinnie. - Frannie disse largando a bolsa no sofá.

A morena lambeu os lábios e apertou a mão de Quinn antes de acenar com a cabeça uma última vez. A loira preferiu oferecer um sorriso a cada uma e se dirigiu para a cozinha, ela queria estar perto para qualquer imprevisto.

Eu te devo desculpas, arruinei sua família. - Rachel disse segurando as próprias mãos, brincando nervosamente com os dedos, mas seus olhos estavam conectados aos de Frannie, essa sorriu dolorosamente.

Rachel, por favor. Você não tem culpa, agora sente-se aqui. - Frannie apontou para o sofá, Rachel levou alguns segundos para ter suas pernas indo em direção ao sofá e sentou-se, para logo depois a cunhada sentar-se ao seu lado, encarando a tv a frente delas.

As duas permaneceram em silêncio, pois era evidente que a única preocupação seria como tudo aquilo atingiria duas crianças inocentes.

Todos estão me pressionando para submeter as crianças a exames. - Frannie disse e fechou os olhos - Eu não estou dizendo a todos que preciso pensar com medo que saia algo posivito e complique ainda mais as coisas para o Josh, só estou dizendo que como mãe nunca poderei me perdoar. Como esposa, na época namorada, eu já me sinto humilhada o suficiente.

Eu entendo. Mas é algo que tem que fazer. - a morena engoliu saliva encarando os próprios dedos - Eu passei muito tempo me culpando, demorei anos para sair disso e só depois que eu me apaixonei e passei a sentir necessidade de ser clara comigo, com a minha relação. Tem que fazer algo para tirar qualquer dúvida e que seus filhos não passem pelo o que passei, seja honesta com o Jaden, ele tem sete anos. - Rachel suspirou com os olhos emocionados antes de virar-se para Frannie, essa já lhe encarava com algumas lágrimas caindo - Eu só tinha um ano a mais que ele e passei por tudo, ele é inteligente, esperto e forte... - uma lágrima rolou pela bochecha da garota e ela tratou de interceptá-la com a ponta dos dedos e sorriu - Seu filho é um bom garoto, não vai destruir ele contando a verdade, vai torná-lo um garoto mais forte. Eu passei anos protegendo pessoas que eu amava não contando a verdade, depois você, Quinn e seus filhos passaram a ser pessoas que eu protegia. Mas não vale protegermos alguém carregando um monstro interno.

Eu não sei como lidar. Por que e se ele fez algo com os meus filhos? Como eles viverão com isso? - a médica perguntou e mais lágrimas caíram de seus olhos, Rachel pegou a mão da mulher e apertou confortavelmente.

Eu já estive no seu lugar, de um modo diferente. - Rachel sorriu - Também odeio pensar em como isso vai atingir seus filhos, porque já tenho tanto carinho e já os vejo como meus próprios sobrinhos. Sinceramente? Espere mais algum tempo para contar sobre o que me aconteceu, mas claro, deve submeter ambos aos exames. É o melhor para que Josh pague tudo de uma única vez, se tiver o que pagar a mais.

De alguma forma me sinto culpada por você. Pois estive casada com esse monstro e o julgava um bom homem. - disse Frannie apertando a mão da morena.

Você não tem culpa. - Rachel garantiu com um doloroso sorriso - Veja o meu exemplo e o da Quinn, se culpar ou querer suportar sozinha o peso do mundo não te ajudará, não vai aliviar para os seus filhos quando achar ser o momento certo. E quanto a mim, esteja tranquila, o único que culpo é o Josh e mais ninguém.

Me dê um abraço. - sussurrou Frannie e as duas se envolveram em um abraço - Estou me divorciando do Josh. Por favor, me perdoe. - sussurrou a mulher sobre o ombro da garota.

Não se desculpe. - a morena apertou os olhos e deixou as próprias lágrimas cairem - Não tem culpa, não temos culpa. Não diga nada, está tudo bem.

Rachel apertou Frannie em seus braços, ela ainda não entendia de onde vinha aquela força sobre humana que a fazia amparar todos. Mas de alguma forma ela estava de pé, ela iria amparar quem fosse, pois o seu próprio sentimento de culpa já lhe dava bastante trabalho para jogar pro lado, ela não aceitaria que mais alguém lidasse com aquele fardo. Quando a única pessoa que devia sentir-se culpado estava de todas as formas tentando se matar em um penitenciária para não encarar a justiça.

Sua irmã já está indo. - Rachel apareceu na porta da cozinha, Quinn, que bebia um copo de leite gelado, levantou a cabeça para observar a namorada na porta.

Eu ouvi a porta. Como foram? - a loira perguntou preocupada, mas mantendo uma calmaria em sua voz.

Ajude-a, Quinn. - suspirou a animadora encostando a cabeça no arco da porta - Diga que não tem culpa, o pior de tudo é ter que lidar com pessoas se culpando por algo que somente uma pessoa teve controle.

Deixe comigo. Mas e você, quem ajuda? - Quinn questionou mordendo o lábio inferior.

Você é minha cura, minha salvação, meu calmante... - a loira deixou as lágrimas despencarem enquanto ouvia a namorada, Rachel se afastou um pouco da porta - Eu vou atravessar isso tudo se você conseguir ficar firme, Quinn. Porque se você estiver firme, eu automaticamente estarei firme. Por você. - a morena abriu os braços para a loira que se dirigia a ela e lhe agarrou em um forte abraço.

Eu já prometi isso antes, mas eu vou repetir. Eu não vou deixar nada de ruim te acontecer mais, eu prometo! - disse a loira de modo firme apertando Rachel em seus braços, a morena sorriu.

Eu sei disso, meu amor. - Rachel beijou o ombro da loira e suspirou - Eu sei disso.

O final de tarde foi o mais tranquilo possível, com Rachel e Quinn na varanda dos fundos da casa, sentadas sobre o sofá que havia ali observando o nada, somente os brinquedos das crianças abandonados ali há dias, a brisa batendo nos arbustos. A morena descansava tranquilamente sobre o peito da loira, ambas deitadas com a mão de Quinn acariciando a cabeça da namorada.

Agora tudo estaria entrando em ordem, peça por peça se encaixariam.

E tudo ficaria bem novamente.


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Notas finais do capítulo

Para o próximo capítulo:
Capítulo pequeno, se resume em Faberry e uma música para Rachel. How To Love.
É isso, voltando para Os Sofrimentos do Jovem Werther, quero entender o que levou tantas pessoas ao suicídio após lerem essa obra. Até a próxima!



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