Ladies's Brotherhood escrita por Aria S


Capítulo 15
Capítulo 12 - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores. Eu sei que eu andei sumida e que demorei pra postar um novo capítulo, então peço desculpas duas vezes. -.-
Essa é a parte III e a parte final do capítulo 12. Na verdade, eu pretendia juntar esse capítulo com o capítulo 13 logo, mas se eu juntasse iria ficar muito extenso, então deixei como parte III como havia planejado antes. E também não queria demorar mais ainda para postar um capítulo novo.
Bem, espero que gostem do capítulo.



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Uma carruagem cor vinho e de ornamentos dourados percorria calmamente em uma estrada deserta dos arredores de Adoriabelle. Dentro dela, estava a Madame Marie, vestida de uma maneira tão elegante que estava quase irreconhecível. Seu cabelo estava trançado com fitas azuis claríssimas, combinando o vestido da mesma cor, repleto de laços brancos, e um pequenino chapéu de lado também azul, com uma bela fita branca brilhante longa caída para trás.

– Estamos quase chegando, Marie. – afirmou o cocheiro, que na verdade era madame Soulier disfarçada. Sua roupa escura e larga, junto com a cartola escondendo seu enorme cabelo, disfarçava perfeitamente que ela era uma mulher.

Em menos de cinco minutos, a carruagem para em frente a uma luxuosa mansão, de muros altíssimos e um portão dourado, que estava sendo vigiado por dois guardas, um em cada ponta. Soulier desceu da carruagem e se dirigiu até um deles, pedindo educadamente que fosse concedida a Marie uma pequena visita à Primeira Dama, que estava naquela casa.

– Sinto muito, mas a Primeira Dama ordenou que não receberá nenhuma visita esta tarde. – afirmou o guarda

– Por favor, eu insisto. – persuadia Soulier, mantendo a postura calma enquanto retirava um pequeno cartão de seu bolso. – Aqui, mostre isto para a Senhora. Se ela se recursar mesmo com esse cartão, nós voltaremos outro dia.

Ela entregou ao guarda um pequeno cartão vinho, de finas bordas douradas, e escrito ao centro com letras igualmente douradas “Madame Marie Van de Hout”. Atrás do belo cartão havia um emblema, também feito de traços dourados, com as siglas LB.

Mesmo hesitante, e se perguntando qual era daquele cartão tão belo e misterioso, o guarda aceitou o pedido do cocheiro.

***

Nos arredores da mansão, um mordomo levou o cartão até a Primeira Dama, que se abrigava sob um coreto no jardim junto a uma pequena mesa com sutis guloseimas e chás, enquanto observava de longe os dois filhos brincando ao sol. Seu cabelo castanho claro estava preso de uma forma que somente alguns cachos se mantinham soltos, e vestia um elegante e simples vestido claro, de cor creme.

O mordomo lhe entregou o cartão, e vendo o belo nome em dourado, a senhora apenas sorriu e aceitou a visita de Van de Hout.

Avisada de que a Primeira Dama aceitara sua visita, Marie adentrou na mansão, acompanhada do mesmo mordomo, até onde a senhora a aguardava.

– Seja bem vinda a minha humilde Casa de Verão, madame Van de Hout. – cumprimentou a Primeira dama, desviando a atenção de seus filhos para Marie.

– É uma honra poder visita-la no dia de sua chegada, Madame Auvray. – cumprimentou Marie se encurvando lentamente e erguendo as pontas do vestido.

– Por favor, sente-se. – pediu a senhora, lhe mostrando o lugar vazio a sua frente.

Marie se sentou, e logo em seguida a criada ao lado serviu a ambas um delicioso chá.

– Poderia dar uma olhada nas crianças enquanto isso? – pediu a senhora, logo após o chá ter sido servido.

– Claro, madame. – a criada obedeceu ao pedido e se afastou das duas.

Logo em seguidas, as duas mulheres beberam em um longo silêncio um gole do chá fresco antes de começarem uma conversa.

– O mundo é mesmo estranho. – começou Marie ao terminar seu gole de chá. – Quem diria que uma de nós se tornaria a Primeira Dama da França, não é mesmo Claudia?

A Primeira Dama sorriu, enquanto ainda segurava a xícara.

– Tem razão. Confesso que às vezes eu também não acredito. – brincou Claudia.

De repente, as duas começaram a rir, esquecendo-se de toda a etiqueta e compostura que estavam mantendo até agora.

– Como tem passado, Claudia? – perguntou Marie.

Claudia suspirou recuperando o fôlego, mas sem tirar o sorriso do rosto.

– Bem, devo dizer que vida de Primeira Dama não é fácil. Mas não posso reclamar, gosto da minha vida assim. – ela confessou ainda sorrindo, desviando sua atenção para os filhos se divertindo no jardim. – E como vai a Irmandade? – ela voltou seu olhar para Marie.

– Crescendo firme e forte, como deve ser. – respondeu Marie.

– Isso é ótimo. – Claudia disse aliviada. – Eu sinto por ter deixado a Irmandade e você justo naquela época... Eu deveria ter ficado.

– Não diga isso. – interrompeu Marie gentilmente. – Você sempre me dizia que queria ter uma vida fora da Irmandade. Eu me sentiria culpada se tivesse feito você ficar.

– Certo... – ela sorriu. – Bem, mudando de assunto, creio eu que você tenha algum motivo especial para me visitar bem no dia de minha chegada. – deduziu Claudia tomando mais um gole do agradável chá de antes.

– Sim, eu tenho. – Marie confirmou. Ela tinha que fazer certas perguntas para Claudia, mas tinha que fazer isso de uma forma que não revelasse o havia sido discutido na reunião entre as cinco Madames. – A Irmandade se envolveu em algo que pode ser muito maior que ela.

– “Maior” quanto? – perguntou Claudia intrigada.

Marie bebeu mais um gole de seu chá também, pensando em uma resposta.

– Digamos que envolva toda a França.

Claudia se silenciou por um instante, sem mudar de compostura.

– Entendo... – aceitou Claudia. – E como eu posso ajudar?

– De um jeito que somente você pode ajudar. - Marie sorriu.

Claudia não pode conter o pequeno sorriso de canto do seu orgulho que escapou. De repente, ela muda de assunto:

– Sabe, até mesmo uma cidade pequena e pacata como Adoriabelle... – Claudia dizia enquanto tirava algo escondido dentro do decote de seu vestido. - ...Esconde grandes segredos. – ela revelou uma chave velha e de cobre, presa em uma fina corrente de prata.

***

Sem mais nem menos, Marie e Claudia saíram escondidas dos guardas e dos criados, até uma trilha secreta que levava para fora da Casa de Verão e continuava nas profundezas da floresta ao redor.

– Pra onde estamos indo? – perguntou Marie sendo guiada por Claudia a sua frente.

– Logo você irá descobrir. – respondeu Claudia.

A trilha era tão apertada que as duas precisavam andar agachadas para não bater nos galhos acima delas. Seus vestidos elegantes e claros não apreciavam toda aquela lama e os orvalhos nos galhos que esbarravam.

Logo após dez minutos de caminhada, elas chegam a um grande muro de pedra coberto por trepadeiras. Antes mesmo de Marie poder perguntar o que elas estavam fazendo ali, Claudia simplesmente começou a vasculhar cada tijolo daquele longo muro a procura de algo que Marie não fazia ideia do que era.

Poucos minutos depois, Claudia achou que procurava: um tijolo com uma fechadura de cobre, que seria daquela mesma chave que ela havia mostrado antes. Claudia colocou a chave que estava pendurada em seu pescoço na fechadura e a girou.

De repente, os tijolos em frente à Marie começaram a de mexer, parecendo formar um tipo de passagem que levava além do que aquele muro escondia.

Claudia entrou primeiro, como o esperado, e Marie a seguiu logo em seguida. Alguns passos depois, a passagem por qual passaram se fechou, mas elas seguiram em frente. A cada passo, uma nova tocha se acendia no caminho escuro, de alguma maneira que Marie não sabia como elas acendiam sozinhas. Claudia continuou a andar em silêncio, deixando Marie cada vez em intrigada com tudo aquilo, sem saber o que Claudia queria lhe mostrar.

Ambas então chegaram ao fim daquele corredor, chegando a uma imensidão escura, mas não por muito tempo.

Segundos depois todas as luzes se ascenderam, revelando uma enorme biblioteca luxuosa de forma oval. As duas mulheres se encontravam sobre um extenso palanque de madeira, que ficava no andar de cima daquela biblioteca. Abaixo se via uma parte no centro fazia, apenas com duas poltronas e mesas de quanto, rodeado por várias fileiras de estantes. No andar que estavam não havia mais nenhuma passagem, apenas paredes cobertas por mais estantes. O teto era coberto por uma grande abóboda muito linda e feita com perfeição, mas seu exterior estava coberto por folhas e trepadeiras que dificultavam a passagem de luz. Isso explicava a escuridão de antes.

– Bem vida a sala de arquivos secretos da França. – anunciou Claudia.

Marie estava boquiaberta, ela nunca imaginaria que aquele lugar existia, muito menos que ele estaria escondido na cidade onde estava fixada a Irmandade por tanto séculos.

– Meu Deus, nem mesmo eu sabia que esse lugar existia mesmo. – confessou Marie ainda chocada.

– E nós nos esforçamos para que continue assim. – afirmou Claudia. – Venha, não podemos ficar muito tempo aqui.

As duas seguiram ao redor daquele palanque que rodeava todo o segundo andar, até uma escada caracol que lavava até o andar de baixo.

– Que tipo de informações vocês escondem aqui? – perguntou Marie, acompanhando Claudia, sem conseguir conter sua curiosidade.

– Muita coisa. – ela explicava. – Como por exemplo... A localização dos descendentes de Marie Antoinette, o verdadeiro destino Napoleão, a verdadeira causa da Queda da Bastilha... E muito mais informações que se eu revelasse provavelmente seria morta por traição. – ela continuou. – Bem, só o fato de te mostrar este lugar já um ato de traição, então não faz diferença. – ela disse despreocupada.

– Então deve haver um bom motivo para você me trazer aqui. – deduziu Marie.

– Sim. – confirmou Claudia. – Quando você disse que precisava de ajuda para algo que “que envolvia toda a França”, eu já adivinhei do que se tratava.

– Então... Já está acontecendo. – confirmou Marie, com uma tensão grande em seu peito.

– Sim, o clima entre as nações não está nada bem. – ela explicava. – Foi por isso que viemos para essa cidade. Achamos que seria uma boa ideia.

– Você ainda não explicou porque estamos aqui. – insistiu Marie, se referindo a aquela sala de arquivos.

As duas seguiram até um dos corredores de estantes do andar de baixo. Claudia não parecia nem um pouco perdida, ela sabia exatamente o que procurava e aonde procurar.

– Há algumas semanas, meu marido começou a ficar muito agitado. – ela dizia. – Ele não me dizia o que era, ele sempre me diz tudo. Ele até me pede conselhos para o trabalho dele. – ela soltou uma leve risada, mas logo voltou a ficar séria novamente. – Há certas cartas que ele recebe, mas não me deixa ver o que é, e sempre às queima, nem mesmo chega a abri-las. Toda vez que pergunto o que é ele diz que é um assunto grande de mais, até mesmo pra mim.

Marie continuou a escuta-la atentamente, se perguntando do que se tratava.

– Um dia ele se descuidou. – Claudia continuava. – E deixou um desses envelopes em seu escritório. Ele já estava vazio, e não havia nenhum remetente, mas o selo que ele continha era único, nunca tinha visto nenhum igual a aquele. Então, antes que ele percebesse, eu mandei guardarem esse envelope neste lugar.

As duas pararam diante de um estante, e Claudia pegou uma pasta tão fina que parecia vazia. Ela abriu a pasta e mostrou para Marie um envelope, o mesmo de que ela estava falando. Marie pegou o envelope e analisou o selo de que Claudia falava: ele era negro e com o desenho de uma árvore de vários ramos, mas sem nenhuma folha.

– Isso pode ajudar em alguma coisa? – perguntou Claudia.

– Bem, se não descobrirmos da onde veio este envelope, nem o que significa esse símbolo, não vamos conseguir chegar a lugar nenhum. – explicava Marie, enquanto continuava a analisar o peculiar envelope, sentindo que já havia visto aquele símbolo em algum lugar.

– Fique com ele. Será mais útil que fique com a Irmandade do que mofando nessa sala vazia. – pediu Claudia.

Marie aceitou o pedido e guardou o envelope em algum lugar de seu vestido.

As duas caminharam até o centro daquela grande “biblioteca”, onde ficava bem abaixo da abóboda.

– Obrigada pela a ajuda, Claudia. – agradeceu Marie. – Sinto muito por estar te envolvendo mesmo depois de ter saído da Irmandade.

– Não se preocupe com isso, mesmo depois de ter saído eu continuo sendo uma Lady. – ela sorriu. – Pelo menos na minha cabeça.

As duas riram. Mesmo depois do assunto sério anteriormente, as duas estavam felizes por terem se reencontrado e por saberem que a amizade não havia mudado.

De repente, Marie sente uma sensação estranha. Ela olhou para cima, e viu uma sombra se formando acima da abóboda, aumentando de tamanho cada vez mais rápido.

– Claudia, cuidado! – subitamente ela puxa Claudia pelo braço.

No mesmo instante, uma pedra enorme atravessou o vidro da abóboda, por sorte as duas haviam caído longe daquilo.

No meio da poeira e pequenos destroços espalhados, Marie se levantou e se aproximou sorrateiramente daquela pedra misteriosa. Maria sentia algo peculiar nela, e sabia que aquilo não era uma pedra comum. Nela havia centenas de escrituras, espelhadas de uma forma que não deixava nenhum canto vazio, numa língua que nem mesmo Marie conhecia.

– Marie, o que é isso? – perguntou Claudia, se levantando atrás dela.

– Claudia, se afaste. - ela alertou, estendendo um de seus braços para trás.

De repente, a pedra gigantesca se rachou em dezenas de partes, então começou a adquirir a forma de uma criatura quadrúpede grotesca e ameaçadora. Ao completar sua forma, Marie finalmente descobriu o que aquilo era.

– Um demônio... – ela murmurou trincando os dentes.

Isso mesmo, Madame Marie... – informou uma voz feminina que ecoou por todo o local.

Apesar de soar ameaçadora e sádica, Marie tinha certeza que havia certa infantilidade naquela voz.

Eu não esperava encontrar você neste trabalho, nem mesmo descobrir este lugar. – dizia a voz. – Mas agora isso vai ficar tão mais divertido...


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Notas finais do capítulo

Ficou meio parado, eu sei. A melhor parte ficou para o capítulo 13.
No começo eu planejava usar um personagem real para ser a Primeira Dama, mas decidi criar minha própria personagem.
Espero que tenham gostado mesmo assim.
E não esqueçam de me dizer se gostaram, amaram, odiaram, detestaram.
Eu quero saber o/ kk