Ladies's Brotherhood escrita por Aria S


Capítulo 14
Capítulo 12 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii leitores que continuam ai! o/
Eu sei que havia dito que iria postar a segunda parte o mais rápido possivel (Desculpa T.T), Mas tinha uma parte no capítulo que ainda não estava boa, e eu não iria posta-lo até arrumar essa parte.
Bem, acho que consegui dar um jeito. Espero que gostem :)
P.S.: Eu, sinceramente, não apreciei muito essa Parte II, achei que ficou um pouco bagunçado. Mas quero saber a opinião de vocês o/
Ah, e sim, esse capítulo vai ter uma terceira parte. E essa sim é a parte que eu realmente gostei.
Bem, chega de enrolar. Aproveitem o capítulo o/



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O dia da visita do Presidente na cidade de Adoriabelle havia chegado, e parecia que a cidade toda sabia de sua visita. Aquele dia fazia um calor insuportável, mas parecia que aquele dia valia a pena, afinal não era sempre acontece esse tipo de acontecimento numa pequena cidade afastada da capital.

Centenas de pessoas estavam nas calçadas das ruas onde o Presidente passaria até chegar a sua Casa de Verão.

A Casa de Verão era a mansão passada de presidente para presidente, onde eles ficavam para descansar de vida turbulenta. Pelo menos a ideia era essa.

Para garantir a segurança, tanto a do Presidente quando a dos cidadãos, os policiais se espalharam pela cidade e botaram em pratica seu plano de segurança.

Christofer, como detetive da cidade, não poderia ficar fora. Ele estava uma das ruas que ficava próxima à entrada principal para a cidade. Ele olhava constantemente seu relógio de pulso, pensando se o Presidente se atrasaria ou chegaria adiantado. Estava com tanto calor que ele optou por roupas simples, uma camisa branca, com alguns botões de cima aberto, e uma calça marrom clara.

De repente, Edgar surge e o tira de sua concentração.

– Christofer! Meu rapaz! – Edgar o cumprimentou, dando um grande tapa em suas costas que doeria em qualquer um.

Edgar parecia o mesmo de sempre, seu cabelo castanho escuro estava penteado para trás como de costume, porém estava mais oleoso que o normal devido ao calor. E mesmo com esse calor, ele optou por usar um colete cinza por cima da camisa branca e uma calça também cinza, mas um com leve tom mais escuro que o colete.

– Bom tarde pra você também, Edgar. – ele cumprimentou de volta, tanto recuperar o ar que saiu de seus pulmões durante o tapa.

– Está realmente um calor infernal hoje. – Edgar comentou, secando o suor de sua testa com as costas da mão.

– Está mesmo. – concordou Christofer, olhando para o céu sem nuvens, deixando sol sozinho naquela tarde ensolarada.

– Ah, onde está sua adorável acompanhante daquele dia? Victória, certo? Ela está no meio da multidão? – Edgar perguntou enquanto vasculhava com olhos a multidão, tentando achar a garota de qual falava.

– Não, ela não esta. Disse que teria que ficar o dia inteiro no orfanato hoje. – ele respondeu, olhando para a colina distante, fora da cidade, onde havia uma estrada de terra rodeada de árvores por onde o Presidente chegaria na cidade.

– Orfanato? Que orfanato? – Edgar perguntou intrigado.

– Ela disse que trabalha em um orfanato longe da cidade. Disse que cresceu sua vida inteira lá. – ele tirou os olhos da colina e voltou para Edgar.

Christofer não percebeu, mas algo incomodou Edgar por dentro e ele tentou não demonstrar isso.

– Ah, sim, o orfanato... – Edgar tentou sorrir, concordando com as informações de Christofer, e então voltou seus olhos para a colina e avistou algo. – Olhe, eles estão chegando. – avisou Christofer, que se virou no mesmo instante.

Ele apertou os olhos e avistou dois cavalos montados com homens vestindo fardas dos exercito e logo atrás vinha uma carruagem de luxo. Era o Presidente.

– Certo! A festa vai começar! – alertou Edgar, animado novamente, se afastando de Christofer. – Certo, homens! Todos aos seus postos! – ele ordenou.

***

Como a policia estava preparada, as Ladies com certeza estavam um passo adiante. A Madame armou um plano dias antes da vinda do Presidente e separou as garotas em vários grupos. Um deles estava Marietta, que estava totalmente diferente do que costumava ser diariamente.

Ela vestiu roupas masculinas largas, que disfarçavam suas curvas femininas, de tons marrons e farrapadas, dando a ideia “dele” ser um simples jovem que trabalhava nas ruas. Sua grande cabeleira ruiva estava escondida dentro de uma boina escura que estava usando.

Estar vestida daquele jeito e estar no meio daquela multidão à fez lembrar-se dos velhos tempos de quando era criança, se vestindo de menino e vagando pelas ruas movimentadas atrás de pequenos trocados.

– Hmm... Que nostálgico... – ela cochichou para si mesmo, respirando fundo o ar daquele lugar.

– Lembrando-se dos velhos tempos? – Collet surgiu ao seu lado e perguntou com um sorriso no rosto.

Collet se vestia de camponesa, com os cabelos presos em duas tranças caídas sobre os ombros.

– Ah, sim. – Marietta confessou. – Tempos antes de a Irmandade me encontrar.

Collet não disse nada. Apenas reparava na ruiva mexendo em sua boina constantemente, tentando ajeita-la para que o cabelo não se soltasse.

– Se você cortasse o cabelo seria mais fácil. – Collet sugeriu com um pequeno sorriso sádico de canto.

– Eu nunca vou cortar meu cabelo! – gritou Marietta, fazendo sua voz até sair fina.

– Ai está à garota feminina que eu queria ver. – riu Collet.

– Calada. – murmurou Marietta, abaixando sua boina mais para frente, tentando esconder o rosto vermelho de constrangimento.

Do nada, Collet soltou um sorriso bobo enquanto fitava Marietta, até que ela percebeu.

– Qual o problema? – perguntou Marietta, estranhando Collet.

– Nada... É que você estando aqui com a gente nem parece que a Madame havia lhe desclassificado. – Collet respondeu, voltando seu olhar para frente, mas sem tirar o sorriso do rosto.

– Tem razão... Às vezes a Madame Marie é inexplicável. – comentou Marietta, ajeitando novamente a boina em sua cabeça.

De repente, um pequeno pardal voou passando pelas duas. Collet estendeu ligeiramente sua mão e o pardal pousou delicadamente em seu dedo indicador.

– Alguma coisa fora do normal? – perguntou Marietta.

– Por enquanto ainda não. Mas se algo acontecer... – o pássaro saiu de sua mão e voou de volta para o céu. - ...eles irão me informar. – ela respondeu olhando para duas aves de porte grande que pairavam no céu acima delas, voando em círculos.

Repentinamente, as pessoas da rua ficaram agitadas e animadas. Collet e Marietta olharam para o lado e viram a carruagem do Presidente e seus guardas se aproximando, passando pelas ruas vagarosamente para que todos pudessem vê-los.

– Parece que começou. – comentou Marietta.

Certo, meninas. Mantenham o foco agora. – a voz da Madame ecoou em suas cabeças.

Isso foi possível graças a mais nova invenção do messiê Anthony, na qual ele dizia ser sua melhor criação até agora. Ele criou um objeto mágico capaz de fazer todos se comunicarem simultaneamente. Esse objeto era como um colar feito de uma única joia azul celeste cintilante, que fornecia comunicação para qualquer um que usasse. Cada Lady presente nessa missão usava um desses colares.

Enquanto Collet e Marietta se encontravam na rua, Brieta estavam bem abaixo delas, em um túnel secreto que passava por todas as ruas de Adoriabelle.

O túnel era completamente escuro, perfeito para Brieta. Seus poderes funcionavam muito bem a luz do dia, mas quando ela estava na escuridão eles ficavam ainda mais fortes.

Ela estava quieta, escorada na parede, enquanto ouvia a pessoas acima dela comemorando a vinda do Presidente. Seu único ponto de luz eram as grades de um bueiro, onde ela enxergava pessoas passarem várias vezes.

Pepita estava em uma situação semelhante à de Brieta. Ela estava em uma viela vazia, nem muito longe nem muito perto da rua principal. Na viela, onde o sol não batia por causa das sombras das casas e prédios, Pepita estava sentada de pernas cruzadas em cima de um barril, encostando suas costas na parede. Seus olhos estavam fechados, mas conseguia sentir e ouvir tudo que acontecia ao seu redor, principalmente as multidões alvoroçadas a alguns quarteirões distante dela.

Ao contrário de Brieta e Pepita, duas Ladies se encontravam em uma situação bem oposta a delas. Lolita e Victória se encontravam em um alto telhado de uma das casas de Adoriabelle.

Lolita enxergava perfeitamente de longe melhor do que ninguém, então aquela posição era perfeita para ela. Para Victória também era ótimo, assim ela poderia aproveitar a amplitude de seu poder caso necessário.

As duas observavam a rua atentamente. Lolita mantinha seu rifle preso em suas costas e colocava a mão estendida acima do olho para evitar que o sol a incomodasse, e Victória observava tudo com um binóculo que havia recebido, já que ela não tinha uma visão super apurada como Lolita.

– Queria estar lá em baixo pra ver mais de perto. – queixou Lolita, enquanto passava a mão em sua testa para tirar o suor.

Victória desejava totalmente ao contrario. Estava aliviada de estar lá em cima, assim não correria o risco de se esbarrar com Christofer por acidente.

– Ah! Ali está o Presidente! – alertou Victória apontando para a direção que o Presidente vinha.

Lolita retirou o rifle das costas, se agachou e apontou a arma para a carruagem, não para atirar, mas sim para ver mais detalhes de perto. Ela apontou bem para janela da carruagem, que ficava bem na porta, onde avistou a Primeira Dama acenando para as pessoas na rua.

Mesmo de longe, podia-se ver carruagem azul escura com detalhes douradas, completamente fechada, guiada por dois cavalos brancos, e cercada por seis guardas fardados montados a cavalo, nas posições em que dois guardas ficavam na frente e atrás da carruagem e os outros dois ficavam ao lado dela.

– Só seis guardas? Ou esses homens são muito bons ou quem planejou essa segurança é muito burro. – comentou Lolita incrédula, se levantando novamente e apoiando seu rifle no ombro.

Victória riu.

– Você falou como se fizesse parte do exercito. – ela comentou.

– Bem, meu pai era do exercito, então deve estar no sangue. – Lolita respondeu com um sorriso de orgulho.

– É mesmo. Mas de que patente ele era mesmo? – Victória perguntou curiosa.

– Ele era um general. Mas antes disso ele era o melhor atirador do seu esquadrão. – ela explicava enquanto verificava sua arma.

– Ah... Isso explica muita coisa.

***

Enquanto isso, em uma rua completamente vazia e silenciosa, como uma cidade fantasma, duas Ladies aguardavam em seus postos. Elas eram Harley e Valety.

Ambas estavam em uma carroça cheia de feno, no qual Harley estava deitada, colocando seu braço esquerdo sobre os olhos por causa do forte sol que pairava sobre elas.

– Que tédio... – ela reclamava com a voz molenga. – e que calor...

– Pare de reclamar. Eu também estou no calor e no tédio e não estou reclamando. – advertiu Valety, sem tirar os olhos no estava fazendo.

Valety estava sentada na parte da frente da carroça, e em suas mãos pairava uma espécie de bola mágica arroxeada, e cada fragmento da bola era formado por pequenos quadradinhos que mostravam imagens de cada canto de Adoriabelle.

As duas irmãs haviam espalhado por todas as paredes de cada casa e prédio da cidade uma carta de baralho, tão escondidas que nenhuma pessoa normal encontraria. Essas cartas forneciam, através da bola mágica, imagens do que acontecia em tempo real em todos os cantos da cidade.

Sem mais o que fazer, Harley se virou e engatinhou sobre o feno até mais perto de sua irmã.

– E então? Alguma coisa? – ela perguntou.

– Não, nada. – Valety respondeu.

– Não sei por que temos que fazer isso. Até parece qual algo vai acontecer com o presidente aqui nessa cidade. – reclamava Harley, apoiando seu queixo no ombro da irmã.

– Você devia ter recusado, se soubesse que ficaria reclamando o tempo todo.

– Exatamente. Se eu soubesse que seria tão entediante eu teria recusado.

– Como se isso fosse algo difícil de saber. Você reclama quase sempre.

– Quase sempre?! Você reclama muito mais que eu!

– Está vendo eu reclamando agora?!

– Espere mais um minuto que você já estaria reclamando como eu!

– É mesmo?!

– É mesmo!

CONCENTRAÇÃO!! - berrou Madame Marie em suas mentes através do colar mágico que usavam.

– Sim, Madame. – as duas lamentaram juntas e ao mesmo tempo.

***

Nesse mesmo tempo, Madame Marie preparava sua parte do plano em seu quarto na mansão.

– Por que eu classifiquei essas duas? – suspirava Marie, se referindo as irmãs Gringonneur.

– Porque elas são ótimas no que fazem quando não estão brigando. – respondeu Soulier logo em seguida.

Soulier estava bem atrás de Marie, ajudando-a a vestir um apertado espartilho. Cada vez que Soulier puxava uma fita dele, Marie sentia vontade de soltar os bofes para fora.

– Falando em dúvidas, por que eu tenho que vestir esse troço tão apertado? – perguntou Marie com falta de ar.

– Porque na sua parte do plano você tem que parecer o mais encantadora possível. – explicou Soulier puxando mais uma fita no expartilho.

– Não sabia que ficar sem respirar era encantador... – murmurou Marie quase não aguentando mais.

– Se você parasse de comer seus biscoitos de chocolate, ele não estaria tão apertado agora. – brincou Soulier.

– Calada!

De repente, a pedra do colar mágico começou a brilhar, mostrando que alguém queria falar com ela.

Madame, eu achei alguma coisa! – alertou Valety através do colar.

– O que é? – imediatamente, Marie segurou a pedra de seu pescoço para poder responder.

Valety via através de sua bola mágica, em um dos quadradinhos ampliado, a imagem de cinco homens juntos, eles andavam se esgueirando pelas ruas, olhando cada canto de cada lugar que passavam.

Valety explicou o que via para a Madame, que repassou o que ouviu para as outras Ladies espalhadas pela cidade.

– Eu vou atrás deles! – informou Marietta, que já saiu correndo para fora da multidão, indo atrás dos cinco suspeitos.

– Tem certeza?! – gritou Collet, sem certeza se Marietta havia escutado.

– Tenho! – gritou Marietta de volta, sumindo das vistas dela.

“Tenho que fazer algo também”, pensou Collet enquanto permanecia no lugar. Então ela tirou de seu bolso uma espécie de apito prateado, comprido e fino, e então o assoprou. Nenhum som audível se manifestou do apito, mas de repente todos os cães de rua que viviam em Adoriabelle ergueram suas cabeças e orelhas ao ouvirem o som que apenas caninos podiam ouvir.

Vão atrás deles. – sussurrou Collet, e então todos os cães das cidades saíram em disparada ao ouvirem seu comando.

Enquanto isso, Marietta corria em disparada pelas ruas e vielas vazias, em direção onde supostamente os cinco suspeitos passariam.

Marietta. – chamava Brieta pelo colar mágico. – Eu posso chegar primeiro lá, não precisa correr atrás deles. – propôs Brieta.

– Não tem problema. – ela respondia, segurando seu colar que estava dentro da camisa. – Eu também posso cuidar disso em um segundo. – ela disse confiante.

Nesse mesmo momento, os homens continuavam a passar pelas ruas vagarosamente, sem suspeitarem de que um grupo de assassinas profissionais estava atrás deles. De repente, quando passavam por um beco vazio, um cão feroz surgiu na frente deles, com um rosnado que mostrava todos os seus dentes.

– Deixe de medo! É só um cão! – exclamou um dos homens.

Porém, ao dizer isso, uma matilha surgiu atrás daquele cachorro, com a mesma atitude do cachorro da frente.

Sem opções, os homens deram meia-volta e fugiram dos cães, mas essa atitude fez o grupo se separar.

Droga, eles se separam! – alertou Valety para todas as outras garotas.

Tudo bem! – respondeu a Madame, também para todas as outras garotas. – Vão atrás deles! Não importa o que façam, mas mantenham-nos longe da rua principal! – ela ordenou.

Com essa ordem, todas se preparavam para abordar os cinco suspeitos, e Marietta continuava a correr atrás de pelo menos um deles.

***

Um dos homens, o mais gordinho e lento do grupo, corria ofegante por uma das ruas vazias, quando de repente uma pessoa ruiva surge, escorada de braços cruzados na parede a sua frente.

– Aonde você pensa que vai? – perguntou cinicamente, ninguém menos que Marietta.

O gordinho deu alguns passos para trás e então deu meia volta, mas sem que percebesse Marietta já estava na sua frente novamente. Ele se surpreendeu, sem saber como ela teria feito aquilo.

– Eu fiz uma pergunta. – disse Marietta, tirando um par de facas que estavam escondidas em suas costas. – E é melhor você responde-la.

Sem opções, o homem retirou um revolver que estava em sua cintura e o mirou na ruiva. Marietta poderia ter se livrado daquilo fácil, mas de repente, um círculo negro surge sob os pés do grandalhão e então ele sugado rapidamente pelo círculo, sumindo junto com seu grito.

Segundos depois, Brieta surge, saindo de uma das sombras mais escuras daquela rua.

– Eu disse que eu mesma poderia cuidar disso. – reclamou Marietta.

– E eu disse que poderia chegar aqui primeiro. – retrucou Brieta. – E também parecia que você precisava de ajuda.

– Não precisava!

Brieta não disse nada. Ela segurou seu colar de seu pescoço, parecendo estar recebendo informações de alguém, provavelmente das irmãs Gringonneur.

– Vamos, parece que tem mais um por perto. – sem mais nem menos, Brieta puxou Marietta pela camisa.

– E-Espera! – antes que percebesse, Marietta entrou junto com Brietta para uma de suas sombras.

***

As irmãs Gringonneur esperavam em seus postos. Harley estava em pé na frente de Valety, parecendo aguardar alguma coisa. De repente, um dos homens surgiu correndo do beco ao lado e avistou as duas irmãs.

– Harley! – alertou Valety.

– Eu sei!

Harley esticou um de seus braços para frente e então uma chuva de cartas de baralho voou para cima do homem. Com um movimento dos braços de Harley, as cartas levitaram o homem até o alto, acima da altura das casas. Com outro movimento, as cartas se dissiparam, fazendo o homem despencar do céu e cair no chão. Ele teria morrido se não tivesse aterrissado em cima de uma pilha grande de sacos de farinha logo a frente das garotas.

– Isso que dá mexer com as irmãs Gringonneur. – disse Harley, empinando o nariz.

– Convencida. – murmurou Valety.

– Calada!

***

Em uma viela vazia como todas as outras, uma sombra misteriosa surgia sobre uma parede. De repente, Marietta é literalmente jogada pra fora dela, caindo de cara no chão. Logo atrás dela saiu Brieta, não tão desengonçada como Marietta obviamente, pois ela fez isso em sua vida toda.

Marietta continuou no chão. Estar dentro de uma sombra era meio que traumatizante. Lá era frio, intensamente escuro e solitário, mesmo sabendo que Brieta estava lá com ela. Ela esteve lá por menos de cinco segundos, mas aquela sensação de vazio era realmente agonizante. Ela se perguntou como Brieta conseguia fazer isso todo o tempo.

– N-Nunca mais me faça fazer isso de novo! – reclamou Marietta para Brieta, enquanto se levantou.

– Desculpe. – pediu Brieta indiferente como sempre. Ela olhou de um lado para o outro, a procura de algo ou alguém. – Vamos, eles irão passar por aqui a qualquer momento.

Brieta puxou Marietta pelo braço e as duas correram em direção à saída daquela viela. Mas então elas escutam um grande estrondo vindo daquela mesma direção, seguido de um grande impacto. Segundos depois do inesperado, as duas continuaram a correr rumo a aquela direção, buscando saber o que aconteceu.

Ao chegarem à bifurcação, as duas olham para um lado e viram um dos homens que elas procuravam jogado inconsciente em uma pilha de destroços, seguido de um longo rastro de destroços e bagunça até ele. Do outro lado elas viram a pequena Pepita, com um dos punhos ainda esticado, deixando claro que havia dado um jeito nele apenas com um golpe, como o esperado.

– Eu peguei um. – ela apenas disse.

As três se reuniram com as irmãs Gringonneur no posto de vigia delas. Junto com elas estavam os capturados, inconscientes e bem amarrados.

– Ainda faltam dois. – Marietta afirmou o obvio.

– Victória e Lolita estão atrás deles. – informou Valety, sem tirar os olhos de sua bola mágica em suas mãos.

Todas se reuniram em volta de Valety e sua bola mágica. Queriam saber por que aquelas duas estavam demorando tanto. Com as habilidades de Victória, ela poderia ter dado um jeito neles em um segundo.

***

Victória e Lolita pulavam de telhado em telhado, seguindo discretamente aqueles dois que sobraram. Lolita havia percebido desde o começo que eles não estavam indo em direção à passeata, na verdade estavam indo para a direção oposta. Victória havia concordado, e depois de um longo percurso ela suspeitou para onde eles estavam indo.

Os dois chegaram ao local desejado, exatamente onde Victória imaginou: o banco da cidade.

– Eu sabia... – murmurou Victória, deitada ao lado de Lolita sobre o telhado de uma casa alta em frente ao banco.

– O que vamos fazer? – perguntou Lolita, também murmurando.

Victória pensou um pouco, e então disse:

– Eu tenho uma ideia.

Enquanto isso, aqueles dois tentavam abrir a porta principal do banco. Quero dizer, um deles tentava abrir a porta, enquanto o outro vigiava a rua completamente inquieto e impaciente.

– Que merda! O que será que aconteceu com aqueles três?! – ele perguntou agoniado, andando de um lado para o outro.

– Esqueça eles! O plano vai seguir adiante com ou sem eles! – afirmou irritado o que tentava abrir a porta com um instrumento improvisado.

– Eu sei disso! E anda logo com essa maldita porta! – reclamou o vigia.

– Estou tentando! Se quiser venha aqui e faça melhor! – protestou o outro, e antes que percebesse ele conseguiu abrir a porta. – Consegui! Vamos logo!

Os dois entraram sorrateiramente dentro do banco. O saguão principal era grandioso e elegante. O motivo de todo seu glamour era que aquele não era um banco normal, e sim um banco feito para os poucos burgueses que viviam na pequena cidade de Adoriabelle.

Os dois passaram rapidamente pelo saguão e depois por um balcão onde atrás havia um grande corredor trancado por grades. Eles tentaram abri-lo com o mesmo processo que usaram na porta principal, e conseguiram.

Eles correram até o final daquele corredor, chegando até a grande porta do cofre do banco. Um grande sorriso de satisfação surgiu no rosto dos dois ao perceberem que estavam tão perto dos seus objetivos.

Sem perderem mais tempo, os dois conseguiram destravar a porta. A porta estava finalmente aberta, faltava apenas um passo para eles finalmente entrarem, mas algo muito estranho aconteceu.

Algo os arremessou para trás e logo depois a porta se fechou sozinha. Os dois ficaram perplexos e completamente confusos.

– Mas que merda foi essa?! – perguntou um deles se levantando do chão.

– Eu sei lá! – respondeu o outro, também se levantando.

Ao se levantarem, os dois foram arremessados novamente, parando dessa vez no centro do saguão principal.

De repente a luzes do interior do banco, que antes estavam apagadas, começaram a piscar, e algumas até estouraram, espirrando faíscas. Para ficar melhor, as cortinas brancas das grandiosas janelas começaram a balançar freneticamente, mesmo com as janelas fechadas.

– Eu não to gostando disso! – disse um deles apavorado.

– E você acha que eu estou?! – respondeu o outro, do mesmo jeito que ele.

Sem que eles que soubessem, Victória continuava deitada sobre o telhado da grande casa em frente ao banco. Seus olhos estavam fechados, deixando-a concentrada no que estava fazendo.

– Uau! Como você ta fazendo isso?! – perguntou Lolita surpreendida, sem tirar os olhos de Victória.

– Bem, já estive dentro desse banco antes. Lembro como são as coisas lá dentro. – ela respondeu sem perder a concentração e sem abrir os olhos.

Enquanto isso, os dois homens continuavam apavorados lá dentro. Victória continuou a assusta-los ainda mais, fazendo os papeis e cadeiras dentro do banco serem arremessados para todos os cantos.

– Merda! Eu vou embora daqui! – disse um deles correndo destrambelhado até a saída.

– M-Me espera! – disse o outro fugindo logo atrás dele.

Ao saírem simultaneamente, dois tiros foram disparados no chão, fazendo o barulho das balas disparadas ecoarem por todo quarteirão.

– Lolita, não! Pode atrair a atenção de alguém! – advertiu Victória, afastando o rifle da direção dos ladrões.

– T-Tem razão! Desculpa! – pediu Lolita ao perceber o que tinha feito.

Tendo que agir rápido, Victória esticou um dos braços e usou seu poder para jogar aqueles dois contra a parede, deixando-os inconsciente.

As duas desceram do telhado rapidamente e foram até aquela rua, pensando no que deveriam fazer agora. Nesse mesmo instante, Brieta surge de uma suas sombras e conta um plano que ela e as outras garotas armaram. Ao terminarem de ouvir, Victória e Lolita concordam com ela.

Como parte do plano, as três se separaram. Brieta sumiu em uma de suas sombras, como sempre, enquanto Victória e Lolita correram por caminhos diferentes.

Victória passava por várias vielas diferentes, ela não corria, mas seus passos estavam rápidos. Em um momento de distração, ela tromba em alguém com força. Ela se desequilibra, mas conseguiu se manter em pé, enquanto a pessoa a sua frente continuou firme e em pé.

– P-Perdão! – ela pediu instantaneamente como de costume, sem ao menos ver quem era.

Ela ergueu seu rosto e viu alguém conhecia. Alguém que não queria correr o risco de ver neste dia: Christofer.

– Victória? O que você está fazendo aqui? - ele perguntou muito surpreso por vê-la ali.

Ele estava de uma maneira que ela não havia visto ainda. Sua camisa estava com os primeiros botões de cima abertos, a mangas estavam dobradas acima dos cotovelos, seu cabelo castanho claríssimo estava ligeiramente desarrumado, e seu rosto, além de suado, ressaltava como ele estava cansado, mostrando como ele havia trabalhado duro o dia inteiro.

– Bem... – ela teve que inventar uma desculpa, e rápido, mas isso não foi difícil, afinal ela havia sido treinada para isso. – Me dispensaram do meu serviço mais cedo no orfanato, então... Vim tentar assistir pelo menos o final da passeata do Presidente. – ela respondeu com sorriso adorável no rosto. – E o que você está fazendo aqui nesse beco?

– Eu pensei ter escutado um barulho estranho... Como um tiro... – ele respondia pensativo.

Ele com certeza se referia aos tiros que Lolita havia disparado. Victória precisava distraí-lo, ele não podia ir até aquele local agora.

– Tiros? Tem certeza? Eu não ouvi nada. – Victória tentava persuadi-lo, mas não parecia estar o convencendo.

De repente, duas crianças passam correndo da mesma rua que Christofer havia vindo. Elas brincavam correndo, tacando pequenas bombinhas inofensivas na calçada. Victória usou a oportunidade.

– Você parece cansado, talvez tenha se confundido...

Christofer olhou para trás, vendo aquelas crianças correndo. Talvez Victória estivesse certa.

– Acho que tem razão. Esse sol escaldante deve estar me dando alucinações... – ele concordou, passando a mão na cabeça, bagunçado ainda mais seu cabelo.

Victória odiava mentir para ele, mas era necessário. Agora que ela estava encurralada ali com ele, imaginava quanto tempo isso iria durar. As mentiras, os encontros escondidos, será que dariam certo? Se desse, sabia que não seria muito tempo.

– O que foi? Parece que seu humor mudou de repente. – comentou Christofer preocupado, tirando Victória de seus pensamentos.

– Ah, nada não. Eu só... Não gosto de ver você cansado desse jeito.

Ele esboçou um leve sorriso.

– Está tudo bem. – ele segurou as mãos da garota. – Vamos. A passeata já acabou mesmo, que tal darmos um volta?

Enquanto os dois saiam daquele lugar, sem que eles soubessem, uma garota escondida nas sombras observava os dois.

Isso não vai dar certo, Victória. Não vai dar...


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostarem? Deixem a escritora feliz e me digam o/