POV: Louis.

                - Dormitório 1D – Aquela coisa tosca ainda estava lendo a lista de classe. Todos os meus amigos já tinham ido embora e o salão estava cheio de novatos.

                Bruxa velha!

                Ela só estava fazendo aquilo por minha causa, eu sabia disso. Na verdade, praticamente todos os veteranos sabiam disso e, por isso, eu provavelmente estava sendo odiado mortalmente por grande parte das pessoas que tinham feito o segundo ano comigo.

                Por ser um Tomlinson, eu nunca tinha respeitado muito as regras. Tanto eu quanto minhas irmãs tínhamos sido criados para sermos bons em tudo que fizéssemos e não poderíamos deixar que ninguém passasse por cima de nós. Claro que eu não conseguia ser mal, embora eu tentasse, para deixar meus pais orgulhosos.

                Infelizmente o filho deles tinha nascido com um coração.

                Nesse desespero por chamar a atenção deles, fiz uma pegadinha no último dia de aula. Eu precisava mostrar que era o rei da escola, assim, talvez, eles começassem a notar que o filho afeminado deles existia. Com a ajuda de alguns amigos que tinham permanecido no anonimato, eu tinha colocado câmeras no banheiro da sala dos professores e, na hora da cerimônia de encerramento letivo, foi transmitido um vídeo de 10 minutos no qual os professores mostraram suas “intimidades” para os alunos.

                O vídeo fez muito sucesso na escola, embora os professores não tenham gostado tanto. Porém, meu reinado de popularidade instantânea não durou muito. Todos os estudantes do dormitório B, no qual eu fazia parte, foram punidos por descobrirem que alguém com a farda do B tinha entrado na sala dos professores. Isso acabou por gerar altas quantias de ódio contra mim.

                Mesmo após a punição, não havia nenhuma prova que me colocasse como autor, então foi impossível me expulsar da escola, embora todos tivessem certeza que tinha sido eu. Pra piorar, eu recebi uma carta (telefones eram estritamente proibidos na escola) dos meus pais após anunciar que estava em detenção com meu dormitório dizendo que o “autor dessa baboseira é um tremendo vagabundo e com certeza não tinha pais que colocassem limites nele”. Eu tive uma vontade imensa de responder dizendo que tinha sido eu e que meus pais realmente eram uns desleixados, mas não tive coragem para tanto.

                E graças a essa minha gracinha, eu estava agora longe de todos os meus amigos. Cercado por um grupo de estranhos, tirando o irlandês, mas eu ainda não sabia muita coisa sobre ele. Eu podia sentir o veneno escorrendo na beirada da boca daquela bruxa velha.

                Ela estava sentindo prazer nisso e eu tinha certeza que ela tinha planos bem piores para acabar com a minha vida durante esse ano.

                - Louis Tomlinson – finalmente ela tinha chamado meu nome. Aparentemente, eu ficara no primeiro andar do dormitório D. A bruxa sabia até que eu preferia ficar no último andar. – ZaynMalik – Um garoto moreno e realmente bonito vinha me seguindo para receber a nossa chave, pelas suas roupas não parecia um bolsista e sim um riquinho norte americano. – Liam Payne – Dessa vez quem vinha era definitivamente um bolsista, não tinha a menor pinta de rico, mas parecia um nerd com aquele cabelinho liso descendo a testa. – Harry Styles – por último, um garoto de cabelos cacheados nos seguiu. Ele tinha um sorriso tímido no rosto e era possível ver suas covinhas.

                - Bom, gostaria que esperassem um momento antes que eu entregue suas chaves. – Ela tinha um sorriso grotesco no rosto e eu podia ver que ela tinha um plano terrível em mente. Nós tínhamos sido os primeiros que ela pedira para esperar.

                Enquanto ela virava as costas para a gente e se dirigia para o diretor para cochichar algo em sua orelha, olhei para os garotos. Todos eram bonitos e pareciam um pouco nervosos. Mesmo que eu não estivesse com meus amigos, não pretendia lamentar. Se eles iriam dividir o quarto comigo agora, eu precisava pelo menos me tornar colega deles.

                - Olá – falei com um sorriso no rosto e fiquei feliz que em ver que o tal Styles tinha um sorriso ainda maior no rosto e Payne tentava dar um sorriso nervoso.  – Sou Louis Tomlinson, mas podem me chamar de Louis.

                Os outros dois repetiram seus nomes e também disseram que eu os podia chamar pelo primeiro nome. O único que não falara uma palavra até agora era o tal Malik. Ele apenas olhava para a gente com uma cara de tédio, não parecia o tipo de pessoa que era de fácil aproximação.

                - E você é? – Por mais surpreendente que isso pudesse parecer, foi Liam quem puxou assunto com o garoto estranho.

              - Zayn Malik, mas vocês já ouviram meu nome quando a mulher me chamou. – Pelo sotaque dele, eu estava errado. Ele era realmente inglês. – Também é um prazer conhecer vocês e eu espero que nenhum de nós arranje briga.

                Aquilo me pareceu mais uma ameaça do que uma apresentação amistosa, tanto que não consegui manter o sorriso intacto no rosto. Meu rosto adquiriu uma expressão de confusão e, talvez, um certo medo.

                Por favor Deus, que ele não seja filho de mafiosos e odeie o mundo!

                Ao olhar para nossa cara de confusão o garoto cedeu um sorriso envergonhado. Ao sorrir, ele me pareceu uma pessoa completamente diferente e pude notar que os outros dois também ficaram surpresos. O momento foi tão estranho que os quatro começaram instantaneamente a gargalhar. Pelo menos estamos nisso juntos.

                Belo começo Tomlinson, belo começo!

                Nossa risada foi interrompida quando a inspetora voltou sorrindo e se dirigiu até a gente. Ela parecia muito satisfeita e eu tive a impressão que a satisfação dela poderia se tornar nossa desgraça facilmente.

                - Bom garotos, tenho boas e más notícia. – Sua voz parecia ainda pior quando não estava falando no microfone. – Mas antes disso, preciso chamar alguém especial.

                Ela simplesmente se dirigiu até o microfone e chamou: Niall Horan. Era o garoto irlandês fofo e simpático, isso eu já sabia, mas por que ela o chamaria?

                Quando Niall chegou, parecia não entender muito bem o porquê de ter sido chamado. O pobre garoto era novato e nem estava acostumado com esse clima estranho da escola ainda e já tinha se tornado alvo do “sistema”. Fechei os olhos e pedi a Deus que nada acontecesse com o pobre garoto, ele não tinha culpa nenhuma de eu ter feito aquela piada. Ele nem sequer pensava em estudar aqui.

                - Bom, garotos, vamos as notícias rapidamente, pois ainda tenho os outros andares do prédio D para ocupar. – Ela parecia ríspida, mas pude notar um certo divertimento na sua voz. – Como vocês já devem saber, os dormitórios estão bem mais lotados que o normal graças a grande procura que nossa escola está recebendo. – Claro que ela tinha que ter um momento para se vangloriar. - Então, esse garoto é irlandês – Sério que eu tinha notado uma aversão na voz dela, isso é xenofobia querida! – e não tinha nos enviado sua transferência no prazo correto... – Niall corou violentamente.

                - Acho que todos sabemos em que ponto você quer chegar – Era a voz de Zayn que cortava a da bruxa velha. Ela parecia atônita. Como era possível que alguém tivesse coragem para interrompê-la. Nesse momento, comecei a admirar aquele tal de Zayn Malik. – Não há nenhuma necessidade de falar com o garoto desse jeito. Acho que nenhum de nós terá problemas em colocar mais um em nosso dormitório, certo?

                Enquanto a inspetora olhava ainda atônita para Zayn, Payne e Styles assentiram positivamente. Eu, acompanhando o choque da inspetora, não consegui reagir até que vi o olhar mortífero que Zayn estava lançando em minha direção. Apressei-me em concordar. Talvez ele tivesse pensado errado sobre mim, eu não tinha ficado calado porque não queria o irlandês em nosso quarto, mas sim pelo modo como ele tinha agido. Em outro momento eu me explicaria para ele.

                - Pois bem – Sarah Duvall recuperou a fala e olhava fixamente para Zayn, que nem sequer piscou. Permaneceu imóvel com os braços cruzados encarando-a. Esse garoto era o filho que meus pais queriam ter. – Horan, você ficará no quarto com deles. Esses são Tomlinson, Payne, Styles e Malik – pude sentir a intensidade com que ela falou o nome do último.

                Será que a coisa tinha um novo alvo?