POV: Harry

                Fazia duas semanas desde que tínhamos voltado do acampamento e não posso dizer que foram semanas rápidas. Tanta coisas tinham inventado de acontecer ao mesmo tempo que acho que nem o Flash seria capaz de acompanhar.

                Tudo começou com a minha primeira noite com Louis. Tinha sido a melhor noite da minha vida, embora eu tenha notado que a mente dele ainda estava cheia de dúvidas, ainda mais por causa da minha estúpida pergunta no final: O que nós somos?

                Pelo amor de Deus, Harry Styles... que pergunta foi aquela?!

                Graças a isso, Louis tinha ficado ainda mais introspectivo e pensativo. Mesmo com esse distanciamento mental, ele estava cada vez mais carinhoso comigo. Eu sabia que ele estava se entregando aos poucos, pois agora ele era quem me acordava com beijos ou atrapalhava meus estudos só pra dizer o quanto eu estava bonito.

                Bom, fora o fato de Louis estar pensativo, Josh tinha se tornado um grande problema. Desde o último dia de acampamento, em que eu voltei no ônibus com Louis ele não falava mais comigo. Não era impressão minha ou uma distancia saudável, nosso relacionamento tinha mudado completamente. Josh, que tinha sido meu melhor amigo durante minha vida inteira, virava o rosto ao passar por mim.

                Eu tinha a confirmação de que essa situação toda era graças ao meu relacionamento com Louis por causa de Niall. Ele e Niall ainda estavam muito próximos, por isso que eu percebi que não era nada ligado ao homossexualismo, visto que Niall, assim como Louis, eu e Liam, tinha deixado bem claro sua preferencia.

                Niall tinha falado com ele sobre nossa situação atual, a reposta tinha sido um simples “Acho que ele sabe muito bem o porquê de eu estar assim...”. Não tinha nenhuma chance de Josh ser gay e estar apaixonado por mim, mas eu sabia que o que ele sentia por mim era muito maior que atração física e sabia o quanto eu devia tê-lo machucado ao “substitui-lo” por Louis. Ele ainda não entendia que eram formas diferentes de gostar.

                Formas BEM diferentes.

                Falando em Niall, ele tinha gerado a grande surpresa dessas semanas, além do maior barraco. Eu e Louis ainda estávamos no quarto quando um Liam de olhos vermelhos e um Niall com o maior sorriso do mundo entraram de mãos dadas.  Após um ataque de histeria de Louis, perguntando se Liam estava bem, se não tinha nada errado ou algo do tipo, Niall nos tranquilizou dizendo que tinha um anuncio a fazer, mas preferia esperar por Zayn.

                Aquele irlandês teve seu momento sádico. Claro que eu estava feliz por Niall, mas não sei se por ter me aproximado bem mais de Zayn nesses últimos tempos, além do fato dele ter ficado comigo quando briguei com Louis, não gostei nenhum pouco da notícia que veio. Liam estava vermelho feito um pimentão e não parecia muito confortável, enquanto Niall anunciava seu namoro para nós três.

                Zayn já estava com o cheio característico de cigarro, o que significava que já tinha acontecido algo estressante antes, mas seu rosto se deformou ao ouvir a notícia e, após uma breve conversa do lado de fora com Liam, ele saiu novamente para o terraço. Tentei segui-lo para reconforta-lo, mas Louis mandou eu dar tempo a ele e depois ir falar com ele.

                Eu não estava entendendo muito a situação, mas pelo menos parecia um peso a menos para o nosso dormitório. Liam finalmente tinha escolhido com quem ele ia ficar e parecia feliz ao lado de Niall. Embora algo nele ainda me trouxesse uma sensação de desconforto, eles passaram essas duas semanas muito bem.

                Com o recente namoro de Liam e Niall, o dormitório parecia ainda mais desunido. Eu podia sentir que algo estava errado, afinal, todos nós éramos como irmãos e aquilo deveria nos aproximar mais, porém não foi isso que aconteceu. Eu passava grande parte do meu tempo com Louis, pois não queria deixa-lo muito tempo sozinho e Liam e Niall também passavam grande parte do tempo juntos, deixando Zayn completamente de lado e sem ter com quem conversar.

                Zayn passou a dormir todas as noites comigo e com Louis.

                Ele definitivamente era quem estava sofrendo mais durante tudo aquilo. Claro que não podíamos deixar de ficar felizes por Niall, mas ao mesmo tempo tínhamos que evitar demonstrar nossa felicidade sobre o casal “Niam” quando Zayn estivesse por perto. Até mesmo Louis, que era a segunda pessoa mais próxima de Niall naquele dormitório, evitava demonstrar muito afinidade ao casal quando Zayn estava por perto, além de chama-lo para uma conversa séria sobre os acontecimentos recentes.

                Confesso que esperava menos de Zayn, ele estava sendo maduro e se escondendo atrás da máscara de Bad boy muito melhor do que o esperado. Ele parecia não dar a mínima para a escolha de Liam e, se eu não reparasse no seu olhar triste, teria enganado todos com isso. Ele estava sendo forte.

                Tudo bem que era triste, mas agora fazia parte do passado. Aparentemente, ele entendia bem isso.

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POV: Zayn

                Faltava pouco tempo para que eu saísse daquele inferno. Eu não aguentava mais. Tudo que eu tinha vivido de bom naquele dormitório estava sendo deixado no passado. Eu sabia que era tudo culpa minha e isso era o que mais me doía.

                Eu não sabia o que sentir em relação a Niall, afinal ele não estava fazendo nada de errado. Ele tinha ganhado a nossa “competição” e agora tinha todo o prêmio para ele. O problema maior era que eu não era capaz de deixar que o prêmio fosse todo dele. O pior era ver o quanto Liam estava feliz com aquilo.

                Para o garoto que tinha me escrito uma música, ele tinha superado tudo muito rápido.

                Os dois agora estavam sempre juntos, de mãos dadas ou aos beijos no dormitório. Tinha se tornado difícil imaginar Liam sem Niall ou vice versa. O pior é que a música que ele fez pra mim não saia mais da minha cabeça. Eu não conseguia evitar que uma lágrima ou duas descessem quando me vinha os versos dela na minha memória. Era algo que parecia tão distante, mas ao mesmo tempo parecia um tipo de amor real e que não acabaria tão fácil.

                Mas tinha acabado, por minha, e exclusivamente minha, culpa. Liam agora estava feliz com outra pessoa e eu tinha que entender aquilo sem reclamar. Era difícil, mas Liam agora não fazia mais parte da minha vida.

                Eu contava os dias para sair daquele inferno e tentava de todas as formas manter meu foco no que realmente importava. Eu precisava me formar naquela escola com ótimas notas e ir embora da Inglaterra. Talvez conseguisse uma bolsa em uma universidade americana e nunca mais precisaria ver nenhuma dessas pessoa na minha vida.

                Tão rapidamente esse pensamento passou pela minha cabeça foi a velocidade com que ele me pareceu ridículo. Quem eu iria abandonar? Meus pais? Meus melhores amigos? Minha vida? Isso era no mínimo egoísta. Ainda mais porque tudo aquilo vinha por causa de um draminha amoroso adolescente.

                Na minha vida heterossexual, eu nunca tinha levado um fora de nenhuma garota, até porque eu sempre fui rico e bonito. Essa era a primeira vez que eu estava sendo realmente rejeitado e talvez fosse a falta de experiência que fizesse doer tanto. Eu só precisava esfriar minha cabeça e começar a entender que momentos como aquele seriam necessários na minha vida e não era por causa de um garoto que eu deixaria minha vida inteira para trás.

                Enquanto eu pensava longe sobre Liam, eu sentia meu peito apertar. Era sempre assim. Meus sentimentos estavam confusos e parecia uma realidade tão distante que eu ainda nem conseguia acreditar realmente que aquilo estivesse acontecendo.

                Harry e Louis eram meus maiores apoios nesse momento, pois eu sabia que com eles eu podia contar pra tudo. Claro que Niall e Liam não tinham deixado de ser grandes amigos, mas, no momento, eu preferia ficar o mais longe possível para evitar uma recaída emocional maior do que a que eu já estava sentindo vinte e quatro horas por dia.

                Eu precisava de outro cigarro.

                Meu vício estava muito maior do que o normal. Eu sempre precisava fumar um pouco em situações de estresse, mas essa tinha despertado um espirito fumante dentro de mim que nem mesmo eu sabia que existia. Eu tinha extrapolado e muito o número de cigarros que eu me permitia fumar por dia. Eu sabia que era um vício horrível e sabia que deveria parar, mas naquele momento ele me reconfortava.

                Algo no sabor do cigarro me lembrava o beijo de Liam mesmo que a boca de Liam tivesse um gosto extremamente agradável ao contrário do cigarro. Minha mente voava até o nosso primeiro beijo e, enquanto fumava, eu podia sentir todos aqueles sentimentos novamente. Era algo tão bom e tão inesperado que eu não conseguia me segurar. Eu passava todo e qualquer tempo livre que eu pudesse correr para o terraço com um cigarro na boca.

                Minha mente não conseguia clarear bem. Tudo que acontecia na minha vida estava intimamente ligado a aquele garoto e isso era errado. Pela primeira vez na vida, uma pessoa conseguia fazer com que eu me sentisse daquele jeito.

                Tudo agora era passado. Tudo agora era passado.

                O maior problema era me convencer disso quando meu corpo insistia em sentir o dele, meu coração não parava de bater acelerado ao se aproximar dele e minha alma insistia que nós poderíamos ainda ficar juntos.

                Talvez estivesse apenas na hora de eu encontrar um novo amor.