POV: Liam

O ônibus estava atrasado. Depois de tanto tempo de espera para ir ao tão comentado colégio “Right Direction”, eu estava aqui, parado em uma rua qualquer, com toda a minha bagagem esperando pelo ônibus que ia me levar até o colégio.

Minha vida estava mudando completamente. A primeira coisa que me passava pela cabeça era a música, afinal, tinha sido ela que me trouxera grande parte das coisas boas que aconteciam na minha vida. Ir para esse colégio era a prova de que eu poderia ter um grande futuro.

Após um exame criterioso de admissão, eu tinha sido rejeitado no programa de bolsas de estudo. Foi um grande choque de realidade. Eu não conseguira atingir meus objetivos; todos os sonhos em estudar na melhor escola do país de graça e conseguir um emprego que pudesse ajudar meus pais tinha sido retirado de mim tão facilmente quanto um doce de uma criança.

Foi aí que o mundo girou ao meu favor. Eu estava realmente triste e não tinha conseguido segurar as lágrimas, encostado na parede do prédio da filial de Londres. Não tinha tido coragem de voltar para casa e encarar meus pais. O envelope que estava nas minhas mãos mostrava que nem todos os meus esforços em estudar durante noites consecutivas tinham sido suficientes para conseguir me destacar entre os outros alunos.

Now you say you're lonely

(Agora você diz que está sozinha)

You cried the long night through

( e que você chorou a noite inteira)

Minha voz estava esganiçada pelo choro, mas eu precisava cantar. Era a única coisa que me trazia tranqüilidade nos momentos mais turbulentos.

Well, you can cry me a river

(bom, você pode chorar um rio por mim)

Cry me a river

(chore um rio por mim)

Aos poucos minha voz voltou a fluir naturalmente. Eu conseguia atingir todas as notas daquela música. Cantar sempre tinha sido fácil pra mim, afinal, era minha verdadeira paixão. Aquela música representava muito para mim naquele momento, pois era a favorita de meu pai e também era a que eu estava escutando no carro quando Danielle terminara comigo há dois dias.

Cry me a river
(chore um rio por mim)

Minha voz soava o mais alto que eu conseguia. Por um momento eu conseguia chegar a locais que nem mesmo podia imaginar em minha mente. Eu estava fugindo da realidade enquanto engasgava no choro. As lágrimas fluíam em meu rosto como se precisassem sair de mim com uma urgência assustadora. Eu não conseguia mais me segurar e curvava meu corpo.

E foi naquele momento que eu ouvi os aplausos. Algumas pessoas tinham se reunido em minha frente. Muitas estavam chorando de verdade, compartilhando minha dor. Mas alguém me chamou atenção: m homem alto com o uniforme da filial. Ele se aproximava de mim e tinha um sorriso fraternal no rosto. Suas palavras estavam marcadas na minha memória.

– Você sabe que nós também temos uma bolsa especial para bons músicos, não é? Acho que precisamos conversar.

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POV: Harry

Anotar pedidos, carregar bandejas cheias de porcarias, me fingir de equilibrista e tentar equilibrar copos de milkshake durante o dia inteiro. Aquela realidade estava prestes a acabar.

Enfim chegara minha carta da Right Direction. A bolsa era minha! Eu não conseguia evitar meu sorriso durante todo o resto do dia. Meu último dia de emprego.

Minha mãe tinha vindo comemorar comigo na lanchonete que eu costumava trabalhar. Eu conseguia ver que seus olhos brilhavam fantásticos. Ela estava feliz porque eu teria a oportunidade que ela nunca tivera. Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto; todos admiravam meu sorriso graças às covinhas que eu tinha desde bebê e me faziam ter um rosto infantil.

Eu tinha entrado no sistema de bolsas de estudo por causa da minha escola. Minha escola tinha sido escolhida como a melhor escola pública do país e graças a isso eles tinham a oportunidade de enviar dois alunos para a Right Direction. Como eu sempre tinha sido um grande destaque, fui enviado juntamente com alguns amigos para o sistema de escolha da Right Direction e, fui escolhido juntamente com Josh (meu melhor amigo). Eu nem precisei fazer o tão assustador teste da bolsa de estudo, mesmo que fazê-lo estivesse em meus planos passados.

Eu não estava completamente preparado para estudar numa escola interna masculina, afinal, era um dos maiores pegadores da minha cidade, mesmo que grande parte das garotas que eu “fiquei” de acordo com as pessoas tenha sido inventada. Muitas meninas até mesmo começavam a espalhar boatos de que tinham ficado comigo sem eu ao menos tê-las visto alguma vez. Porém, eu não tinha do que reclamar, toda essa fama de pegador trazia suas vantagens.

Como eu ia conseguir ser “Harry, o pegador” em uma escola de homens?

Eu estava preparado para algo novo e estava pronto para conhecer pessoas novas. Muitos dos garotos que eu conhecia e tinham ido estudar lá tinham várias histórias estranhas para contar. Alguns tinham tido dificuldade em se adaptar ao clima de riqueza e ostentação, conseguindo passar o ano inteiro sem fazer nenhum amigo. Outros tinham conseguido contatos importantes e agora trabalhavam em grandes empresas.

Eu não pretendia ficar para trás! Eu tinha uma grande facilidade em fazer amigos e tinha Josh para ir comigo, logo não ficaria completamente sozinho na cidade estranha. Além de ter certeza que conseguiria acompanhar todas as matérias complicadas nem que precisasse de muito estudo.

Eu estava preparado e tinha certeza que minha vida estava prestes a mudar.