Seria hipocrisia de minha parte dizer “como ele pode fazer isso comigo ?”, pois agora eu entendia, entendia o porque dele querer manter o nosso relacionamento em segredo, eu fui idiota demais para não perceber o que estava bem debaixo do meu nariz, logo eu a mais sensata do trio.

Ele só me usava, logo eu, sua melhor amiga, desde o primeiro ano se metendo em encrencas juntos, ganhando e perdendo pontos para nossa casa, passando todas as férias em baixo do mesmo teto, trocando presentes nos natais gelados, ajudando nas tarefas, sempre tentando colocar um pouco de juízo na cabeça daquela cenoura.

No início do ano ele disse que me amava já fazia um tempo, que queria ficar junto comigo, mas que por enquanto ninguém poderia saber, e eu a idiota acreditei e aceitei, me entreguei a ele, derretida por suas palavras falsamente apaixonadas, o amei  de volta com todas as minhas forças. E ele me traiu, na minha frente, no meio do salão comunal da Grifinória depois de mais um daqueles jogos chatos de quadribol.

Não suportei ficar olhando aquilo, era como se ele estivesse esfregando na minha cara um cartaz enorme escrito: “Hey, eu menti pra você todo esse tempo, não preciso mais de você já que agora tenho alguém melhor”, tudo que eu conseguir fazer foi chorar, eu sai correndo não deixaria ele ver daquele jeito.

Quando perguntei pra ele o por quê, ele me disse:

— O que eu iria querer com você ? Olhe para si mesma, você não é bonita, seus dentes são enormes, você nuca cala a boca, fazendo comentários nerds que ninguém se interessa, se eu te petrificasse de pé e com a postura ereta, aliás coisa que você nunca tem já que está sempre debruçada naquele monte de livros, eu poderia te usar como uma vassoura  de tão ruim que é o seu cabelo— meus olhos já estavam doendo do esforço que eu estava fazendo para não derramar nenhuma lágrima — você é magra demais, não sinto prazer nenhuma de passar a mão em você, sem contar o desastre que você é na cama, gritando que nem uma louc…

O som de um tapa foi ouvido naquela sala vazia de um corredor isolado do grande castelo de Hogwarts.

— Se um dia você ousar dirigir a palavra a mim novamente Ronald Weasley, você vai se arrepender de ter nascido — Eu disse a ele no tom mais frio que consegui, o que não foi muito assustador quanto eu pretendia, já que minha voz estava embargada pelas lagrimas que eu não consegui mais segurar.

Dito isso dei as costas e saí andando a passos firmes com o pouco de dignidade que ainda me restava, jurando silenciosamente que iria faze-lo engolir cada uma das palavras que ele disse, pois sou Hermione Granger e um idiota como o Weasel não vai me colocar para baixo.