Há exatos dez anos Skyler Davies brincava alegremente com suas bonecas, até que ouviu um choro. Um choro alto e descontrolado. E este, vinha da cozinha. Junto com a choradeira havia berros, berros gritando Alec. Alec era o pai de Skyler, e a inocente menininha achou que o pai tinha finalmente chegado da guerra. Então saiu correndo para abraça-lo e dizer o quanto sentiu saudades, mas a cena foi outra. Seu pai não estava ali. Ali estava sua avó berrando, emitindo aquele choro altíssimo, e seu avô sentado em um canto chorando silenciosamente. A menina de quatro anos sem entender nada pergunta:

– Vô, vó, porque vocês tão chorando? É de alegria? O papai chegou?

Com isso Rose começou a chorar e a berrar mais e mais, ela não conseguiria explicar a neta o acontecido. Isso seria trabalho de Samuel, o velho e calmo escritor que nunca se desespera, este que teria que estragar o sonho da neta.

–Sky, meu anjo. Venha cá, vovô vai te contar o que aconteceu.

Apesar do sorriso estampado naquele delicado rosto, no fundo ela já sabia o que acontecera. Mesmo assim, se aproximou saltitante.

–Sky, como eu já disse nada dura para sempre...

–Tudo dura o tempo suficiente para se tornar inesquecível. - completou a menina- Já sei disso, vô.

–Exatamente. E sabe um bom exemplo para essa frase?-a criança fez que não- Seu pai. Ele durou o suficiente para nós nunca o esquecermos. Agora ele virou um anjo, e estará lá de cima cuidando de ti. Acredite meu amor, agora ele está mais perto do que nunca.

–Então... Então... Então o papai não vai mais voltar? – falou já chorando a pobre menina.

–ISSO SKYLER! O SEU PAI MORREU! NUNCA MAIS ELE VOLTARÁ!- falou ainda berrando e chorando sua avó que entre todos era a mais abalada. Alec era seu único filho e Skyler sua única neta. Em sua cabeça não conseguiria olhar para a criança sem se lembrar do falecido.

–ACALME-SE ROSE! Skyler não tem culpa!- falou Samuel e virando-se para a neta acrescentou - Vamos anjinho, vamos dormir.