Existe um guia que ensine a torturar meninas de 11 anos? Se não existe, as meninas de quem me aproximei – você se lembre, minha “amigas” – poderiam escrever um*. No inverno daquele ano, a cada dia surgia uma nova tática criativa da Operação Miley Muito Miserável. Elas me passavam bilhetes com palavras feias. Roubavam meus livros e faziam com que eu me atrasasse para a aula. Riam de minhas roupas e de meu cabelo. Disseram a Rachel – a amiga que havia me aproximado delas na mesma época que eu – para não se sentar comigo na hora do almoço, pois sobraria para ela também. Então, eu me sentava sozinha todos os dias, olhando para o pessoal gótico, pensando em como ficaria de cabelo preto e correntes. Decidi que não seria uma boa ideia.

A lista interminável:  Rachel parou de falar comigo. Quando tentei entrar para a equipe de lideres de torcida, minhas queridas amigas disseram ao diretor que eu havia trapaceado, aprendendo as coreografias com antecedência. Mentira da grande, mas o diretor acreditou nelas e não pude concorrer a uma vaga. Oh, nunca vou me esquecer que uma delas foi boazinha comigo durante alguns dias. Ela me disse que queria que a “briga” tivesse fim. Conseguiu me fazer contar exatamente o que eu pensava de “nossas amigas” – que não entendia por que não gostavam de mim; que achava que estavam sendo muito más -, e voltou para contar a elas que eu era fresca. Ela havia me enganado. Pensando bem, acredito que ela deveria ser atriz.

Se isso parece um grande drama, é porque foi mesmo. Eu tinha consciência de assuntos que afetavam o mundo, como fome e pandemias. Sabia que meus problemas não eram nada perto disso. Mas eram os meus problemas, E pensavam mais que o mundo nas minhas costas. Então, se quer saber se eu gostava da escola nessa época, a resposta sem duvida é não.