A voz havia ecoado por toda a extensão do local. Em um movimento rápido e preciso, larguei-me dos braços de Tobi e pulei em sua frente, observando todas as pessoas que me olhavam fulminantemente.

- Quem é ela? – repetiu o homem de olhos verdes, que escondia a maior parte de sua face sob um pano.

- Ela é uma amiga de Tobi! – respondeu Tobi alegremente – Algum problema, Kakuzu-senpai? – indagou Tobi com uma mudança repentina na voz.

- Claro que tem! – bradou Kakuzu estressado, aparentando não ter percebido a mudança repentina na voz de Tobi – Quem você pensa que é para trazer uma desconhecida para a Akatsuki?! E ainda tem o fato de ela ser cega!

Assim que o ouvi, recuei um passo para trás e me pus atrás de Tobi. Sabia que ninguém me trataria do mesmo modo que Tobi havia me tratado, mas não esperava que deixassem isso tão claro, a ponto de jogar todos os meus “defeitos” em minha cara.

Senti a atmosfera ao meu redor mudar, os olhares agora, se focavam em Kakuzu que havia pego uma kunai e estava vindo em nossa direção.

- Kakuzu-senpai? O que você vai fazer com uma kunai? – Perguntou Tobi, voltando a falar normalmente.

- Nunca pensaram que ela poderia ser uma espiã disfarçada? - falou Kakuzu olhando em minha direção.

Tobi, ignorando Kakuzu, virou para mim e me puxou para seu colo. Eu corei.

- Tobi! – sussurrei.

Ele não me respondeu, mas senti que o mesmo estava se segurando para não fazer algo em relação ao modo em que Kakuzu havia se referido a mim.

Comigo ainda em seu colo, Tobi começou a andar em direção a uma escadaria, que provavelmente levava ao segundo andar da sede subterrânea.

- Onde pensa que está indo? – gritou Kakuzu.

Eu me virei para trás e observei Kakuzu tornando-se inquieto na medida em que Tobi subia os degraus.

- Não se preocupe, Kin! – sussurrou Tobi com seu sharingan focado em meu rosto – Tobi prometeu que não deixaria ninguém te machucar, lembra?

Assenti com a cabeça e continuamos nosso percurso até chegarmos em um longo corredor com várias portas, em cada uma havia um símbolo.

- O quarto de Tobi é o último do corredor! – afirmou Tobi, retirando minhas dúvidas sob qual quarto era o seu.

Chegamos em frente á porta e Tobi pressionou seu anel na fechadura, fazendo com que a porta se abrisse e nós adentrássemos no lugar.

- Uou...- exclamei quando vi claramente toda a extensão do quarto com um brilho em meus olhos.

O quarto era enorme (bota enorme nisso ai u.u), tinha as paredes pintadas de preto com alguns detalhes em laranja, tinha uma janela que possuía a vista para um lago e os móveis do quarto eram dos mais luxuosos materiais que jamais tinha visto antes. Havia uma estante com vários livros e pergaminhos ao lado de uma luxuosa cama de casal com as cobertas laranja e travesseiros brancos. Ao lado esquerdo da janela, havia uma mesa com uma cadeira ao lado e uma luminária em cima da mesma. No centro do quarto, havia uma mesa e algumas poltronas de couro rodeando-a, provavelmente para realizar as refeições.

Fiquei observando tudo o que havia naquele quarto, até esbarrar com meus olhos em duas portas, uma delas estava entreaberta, imaginei que a mesma fosse o banheiro, já a outra estava com um enorme selo na frente, impossibilitando qualquer um de adentrá-la somente por curiosidade.

- Surpresa? – perguntou Tobi enquanto observava minha cara de surpresa ao ver que até mesmo os mais famosos e cruéis assassinos se preocupavam com suas acomodações.

- Si... Sim! – falei ainda surpresa – Sempre imaginei...

- Que quartos de assassinos eram bagunçados e cheios de armas? – indagou ele, abrindo um sorrisinho por trás da máscara.

- Não! – dei uma pausa e soltei uma risadinha – Sempre imaginei que quartos de garotos eram bagunçados e fedidos – fiz uma careta, ganhando uma risada abafada de Tobi.

- Então... Você nunca entrou no quarto de um garoto antes? – perguntou sensualmente com os olhos totalmente voltados a mim, esperando que eu respondesse exatamente o que ele queria.

- Nã... Não! – falei corando imediatamente, porém dessa vez Tobi não se segurou e acabei arrancando uma risada dele. – Ei! Por que você está rindo? – indaguei, tentando imitar a cara que Kakuzu fez quando me viu.

- Nada... – ele deu uma pausa e fitou a porta que estava entreaberta- Kin?

- Sim? – respondi, porém toda minha atenção se voltava no fato de Tobi ainda não ter me colocado no chão.

- Quer tomar um banho? – perguntou.

- Hai! – respondi ingenuamente, enquanto ele me levava até a porta do banheiro.

Quando ele abriu a porta, não acreditei no que vi. Se o seu quarto não se comparava ao meu, vocês não imaginam o banheiro!

O banheiro também era enorme e dentro dele, possuía uma pia enorme, com um espelho. Logo em seguida havia uma privada e um armário ao lado da mesma, e mais a frente, havia a coisa que eu mais desejava em toda a minha vida. Uma banheira com hidromassagem e sais minerais, e vou logo dizendo... Ela era e-n-o-r-m-e.

- Não sei quando eu vou parar de me surpreender – murmurei para mim mesma, porém Tobi acabou ouvindo.

Tobi me pôs de pé e caminhou até a banheira, ligando-a.

Após me explicar os “controles” da banheira, ele parou em frente a porta e virou-se para mim e antes de sair disse.

- Tem certeza que Tobi não pode tomar um banho com você? – perguntou fingindo-se de inocente.

- Tobiiii – falei corando.

- Tobi só estava brincando – cantarolou – Mas... se você quiser...-!

Fechei a porta na cara de Tobi e logo tratei de tranca-la, virei para frente e pude sentir lágrimas caindo de meus olhos, lágrimas de felicidade.

Andei até a banheira e retirei todas as minhas peças de roupa e logo tratei de adentrar a banheira.

A água estava morna e a hidromassagem estava ligada, fazendo com que eu pensasse que estava no paraíso. Depois de um tempo somente nadando na banheira (sim, ela era realmente grande), nadei até uma prateleira de vidro e peguei o shampoo e passei-o em meus cabelos, lavando-os bem. Logo depois os enxaguei e peguei o condicionador, repetindo o mesmo processo.

Após já ter feito toda minha higiene corporal, decidi que ficaria um pouco mais naquela enorme banheira. Estendi minha mão para frente e comecei a mentalizar vários tipos de animais diferentes, logo meu chakra foi tomando a forma de um específico que logo tratou de voar por toda extensão do banheiro. 

Quando já estava cansada de ver a criatura brincando no banheiro de Tobi, chamei-a para perto de mim e fiz um símbolo na testa da criatura, para ser mais exata, um dragão, e a mesma desapareceu, deixando no ar um cheiro de rosas.

Levantei-me da banheira, desligando a torneira e abri o ralo, para que a água não continuasse ali. Soltei um suspiro de satisfação e fui em direção a pia, percebendo a presença de uma camisa negra. Coloque a camisa e olhei-me no espelho, percebendo que a camisa ia até o joelho e que a mesma deixava meu corpo bem delineado, mesmo não sendo justa.

Soltei um bocejo e abri a porta, percebendo que Tobi se encontrava deitado em sua cama, ainda com a máscara, lendo um livro. Porém o mesmo percebeu minha presença e foi até meu encontro, dando-me um abraço.

- Como foi o banho, Kin? – sussurrou em meu ouvido.

- Ótimo – falei dando um sorriso. – Agora vá tomar o seu! – empurrei-o em direção ao banheiro e o mesmo logo adentrou, mesmo não querendo.

Vendo-me sozinha no quarto, decidi espiar um pouco as coisas de Tobi. Fui em direção a estante de livros e comecei a observar cada livro, mas nenhum chamou minha atenção. Cansada de procurar alguma coisa interessante, decidi por fim ir deitar na cama de Tobi, que eu acho que não se importaria.

Já deitada, puxei a coberta, cobrindo-me e fechei meus olhos por debaixo das faixas, logo adormecendo.

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- Humm... –murmurei, aninhando-me mais em alguma coisa quente, deitada ao meu lado.

Abri meus olhos lentamente e abri um sorriso quando vi que a coisa quente ao meu lado, na verdade era Tobi sem camisa. Fiquei durante algum tempo o observando dormir e decidi por fim, frustrada me levantar e pegar algo para comer.

- Você não tira a máscara nunca? – murmurei frustrada, tentando me desvencilhar dos braços de Tobi que contornavam a minha cintura.

Depois de alguns intermináveis minutos, consegui finalmente me soltar dos braços de Tobi, dei um suspiro e olhei o relógio. 6:00 AM.

“Acho que ninguém vai estar acordado, portando não preciso me preocupar em estar usando isso” – pensei, apontando para a minha roupa.

Abri a porta do quarto lentamente para não causar nenhum ruído e sai do quarto. Fui andando pelo interminável corredor, até chegar à escadaria. Desci a escadaria pelo corrimão e logo na ponta dei um mortal para frente, caindo em pé.

- Sou foda! – cantarolei enquanto ia em direção da cozinha.

A cozinha ficava ao lado da sala e não possuía portas nem paredes, apenas um balcão separando os dois ambientes. Contornei o balcão e vi vários armários, abri cada um deles a procura de algum ingrediente específico que me fizesse lembrar de alguma receita. Sorri ao achar um saco de Motigomê (Arroz especializado para comida japonesa). Peguei uma panela e coloquei 300ml de água, levando-a ao forno. Abri o saco de Motigomê e pegando outra panela, separei 1/2kg.

Após ter lavado o arroz e colocado ele na outra panela que estava no forno, fui a procura de shoyu e açúcar.  Achei e esperei alguns minutos, antes de retirar o arroz do forno, depois eu o peguei e comecei a fazer médias bolinhas com o arroz. Depois de ter em torno de cinquenta bolinhas, peguei alguns palitos e espetei-as. Joguei o shoyu delicadamente por cima das bolinhas e logo depois o açúcar.

Coloquei os dangos recém-preparados de lado e peguei algumas frutas e uma faca para cortá-las e fazer uma salada de frutas. Antes de começar a cortá-las, separei algumas laranjas para preparar um suco de laranja.

Suspirei aliviada depois de ter conseguido preparar tudo e ainda ter tido forças para guardar tudo em seu devido lugar. Peguei um prato e coloquei os dangos.

Levei a mão em meu cabelo, tentando pensar em algum modo de acordar Tobi.

- O que é isso? – perguntou uma voz curiosa.

Virei-me para trás e tomei um susto ao ver que havia umas cinco pessoas me encarando. Engoli em seco.

- Etto... – falei tentando arrumar alguma desculpa para ter usado a cozinha deles sem permissão.

- Isso são dangos?! – falou Deidara, andando um passo a frente.

- Hai... – respondi encarando-os de volta, desconfiada dos olhares fulminantes que encaravam a mim e os dangos.