As Cronicas Da Terra Do Nunca escrita por GeAgatha


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, eu vou tentar escrever mais rápido, é que eu não tenho tempo T-T



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Não sei quem falou a maldita frase “Se ama alguma coisa, deixe-a ir ou sei lá” e nunca vou saber, ela é realmente verdade, mas ninguém nunca fala da parte aonde temos que superar vê-la partir.

                As crianças não em impediram, eu era forte o suficiente para me soltar, mas não quis, eu sabia que se ficasse lá eu teria que encarar o dia que sempre temi, temi por ele dês dos 10 anos de idade, temi que algum dia alguém me tirasse, novamente, a pessoa mais importante da minha vida, então deixei os pequenos me levarem, como uma onda me afundando, enquanto eu pensava sobre o fato de nunca mais ver Brook, aquela onda me fazia girar, bater com a cabeça no chão e acordar, pelo menos era o que eu queria, talvez acordar sem lembrar-se de nada, perder a memória seria ótimo, já que eu não podia mais me meter na vida dela, eu era um problema, um grande problema, ela ainda tinha futuro, eu tinha que deixá-la ir.

                Assim que a contagem acabou eu resolvi que precisava de um tempo para mim, “Se Brook estivesse aqui, provavelmente estaria me chamando de gay.” Aqueles pensamentos me faziam sorrir, e a vontade de chorar que vinha junto confundia minha cabeça, eu tinha que parar “Pare Fooster” eu repetia para mim mesmo “Ela se foi”. Caminhei sem ser notado, eu não tinha muitos amigos, quase ninguém se importava comigo sem ter isso como trabalho, mas não ligava muito, eu não queria mais amigos, nãos ter amigos significava não ter motivos para chorar, pelo menos metade dos motivos.

                O navio era velho assim como os marinheiros, caminhei até a borda e fiquei ali, vendo o riu que Brook tanto falava, ela sempre quis visitar Londres, a cidade sempre esteve no nosso bloco de “Coisas para fazer quando tivermos 18 anos e estarmos livres de inferno” como era comprido chamávamos apenas de “Sonhos e Esperanças” tenho que admitir que era meio gay, mas Brook gostava, então eu não me importava com mais nada. Fiquei ali por um bom tempo, só quando observei pelo canto do olho uma escada  as coisas ficaram interessantes, me aproximei da entrada, parecia um caminho escuro e perigoso para os confins do navio “Simplesmente perfeito.”

                O cheiro lá dentro chegava a ser pior do que o de fora, vários marujos encardidos dormiam em redes, garrafas de bebidas rolavam pelo chão, em algum ponto uma veio até mim, ainda estava fechada, a recolhi e botei na pequena mochila que levava. Caminhei até chegar a uma porta de ferro fundido e madeira, assim que entrei lá dentro reconheci um cheiro familiar, que me trazia boas lembranças, um estábulo.

                Todas as baias estavam fazias, menos a ultima, eu só conseguia ver uma calda negra balançando, o animal soltava relinchos enfurecidos, também como não poderia? Ele estava preso no que se podia chamar de subsolo, o lugar dele era em um pasto, correndo livre junto ao vento, novamente voltei a me lembrar das coisas boas e felizes de minha infância, eu estava esquecendo a dor da perda, pelo menos em partes.

                Cheguei mais perto do animal, ele era um majestoso cavalo negro, tão lindo e misterioso quanto à noite, mas sofria de mal cuidados, ale disso tinha seus olhos tapados, não era nenhuma surpresa sua revolta, ele relinchava furiosamente, quando  me ouviu se virou na minha direção, pelo jeito que relinchava para mim, parecia que estava me xingando.

                -Calma garoto – disse em tom de voz calmo.

                Ele pareceu me escutar, por um momento eu jurei que ele estava ofendido, bufou e apontou com a cabeça para baixo, eu li em uma pequena placa de madeira um nome, Philip.

                -Ér... me desculpa – falei sem jeito, tentando concertar a frase anterior – calma, Philip.

                Parecendo mais satisfeito ele se acalmou, depois apontou com a cabeça novamente, desta vez para um saco pendurado na parede do navio, fui até lá e botei a mão dentro, era um saco de maçãs, peguei duas, uma botei na boca, a outra levei na direção de Philip, cheguei perto do cavalo com a mão estendida, lhe deu a maçã e tirei a mão o mais rápido possível, ele comeu aquilo como se fosse a melhor coisa do mundo, depois voltou sua atenção para mim, balançando a cabeça violentamente eu entendi o que quis dizer.

                -Quer que eu tire isso? – perguntei, quase já tirando.

                No momento em que ele me fitou nos olhos, tenho que admitir, senti um pouco de medo, mas logo senti compreensão e pena, ele parecia infeliz. Aquilo me lembrou de meus próprios demônios, botei a mão na testa e levantei minha franja, cai sentado em um monte de feno, ao lado da cela.

                -O que a de errado comigo Philip? – perguntei, sem resposta – porque não consigo esquecê-la.

                Olhei para ele, ele me encarava como seu eu estivesse falando maluquices.

                -Ótimo! – joguei minhas mãos para cima - até o cavalo me acha maluco.

                Philip relinchou novamente, batendo a ferradura no chão com força, era uma forma de protesto e indignação.

                -Ok, desculpe – corrigi – até o Philip me acha maluco.

                Satisfeito, ele se virou para a parede novamente. Bufei, eu não consegui entender qual era o meu problema, indignado, peguei o saco de maçãs e coloquei em minha mochila, seria uma boa moeda de troca no orfanato, ou um lanche saudável. Assim que abri minha mochila eu vi aquele colar, aquele estúpido colar que eu sempre levava comigo.

                Quando cheguei ao orfanato, há sete anos, Brook foi minha única amiga, por muito tempo eu tive uma queda por ela, mas era um amor platônico, depois daquilo, nós vivemos como amigos, os melhores amigos de todos, aprontávamos e fugíamos o tempo todo juntos, foi uma das melhores épocas de minha vida, um dia nós dois fugimos, decidimos que íamos para a Irlanda, nosso plano era virar caçadores de gnomos, não deu muito certo, mas quando estávamos no meio da floresta a noite, eu achei uma pedra, em formato de coração, quebrada no meio, dei metade para Brook e a outra parte ficou comigo, eu prometi que sempre a protegeria e iria atrás dela enquanto  estivéssemos com eles, eu transformei os dois em colares, nunca os perdemos até hoje.

                Nunca.

                A palavra ecoou em minha cabeça, eu sabia agora o motivo de não esquecê-la, o motivo de não poder simplesmente deixar para lá, eu podia a deixar ter uma vida normal, isso eu faria, eu nunca mais atrapalharia sua vida, mas eu tinha feito uma promessa, eu tinha que protegê-la. Eu sabia o que fazer.

                -Eu preciso ir atrás dela – levantei em um pulo – e preciso ir rápido.

                Philip e eu cruzamos os olhares ao mesmo tempo, e então eu tive uma ideia.

                -Ok – disse já abrindo a cela – se você me ajudar a achá-la eu te ajudo a fugir.

                Primeiro ele pareceu relutante, mas depois concordou com a cabeça, rapidamente Philip se libertou, chegou ao meu lado e fez sinal com a cabeça para que eu subisse, subi devagar e com cuidado, ouvi seus relinchos de impaciência, então ele saiu como um raio, todos os marinheiros imundos acordaram e nos seguiram, mas já estávamos na superfície a certo tempo, tínhamos muita vantagem sobre todos, Philip era mais rápido que um gato, e tinha a força de um urso, mas o barco já tinha se distanciado demais do porto, não tínhamos para onde fugir, quando vi Philip estava se virando na direção da borda do navio, eu vi o que ele queria fazer, senti minha espinha arrepiar.

                -Não – falei agarrando as cordas com ainda mais força e puxando para o lado – não mesmo.

                Ele mal me ouviu, começou a correr ainda mais rápido.

                -Pare, cavalo idiota!

                Meu grito ecoou, bem no momento em que ele saiu por minha boca Philip pulou, eu podia ver tudo em câmera lenta, o rio lá embaixo parecia rir de mim, pronto para me engolir, então fechei os olhos e esperei pelo destino, de repete eu senti o cavalo aterrissando em terra firme, quando abri, estávamos no cais, próximo à estrada que Brook tinha pegado.

                -Mas que porra...? – eu estava confuso, um cavalo comum nunca conseguiria pular tudo aquilo, decidi não desconfiar mais de Philip.

                O cavalo que olhou, todo orgulhoso, como quem quer um pedido de desculpas.

                -Ok, ok – disse envergonhado – meu desculpe Phil.

                Ele se virou, agora satisfeito, esperando que eu o guiasse, virei às rédeas para a estrada de terra, aonde ele disparou novamente. Depois de um tempo ainda estávamos na estrada, ela parecia nunca ter fim, começamos a andar devagar para procurar Brook, mas também não a achamos, apenas avistei um homem ruivo, ele carregava um pesado saco, eu não sabia o que ele carregava, mas era a única pessoa que eu tinha avistado em horas.

                -Ei, você! – gritei para ele – espere.

                Fiz Phil para ao seu lado, desci do cavalo e fui ao encontro do ruivo.

                -Com licença – falei, tentado ser educado –por acaso o senhor viu alguma garota ruiva por aqui, um pouco mais baixa do que eu e com olhos verdes? Por favor tente se lembrar, é importante.

                O homem usava um capuz que me impedia de ver seu rosto, apenas os cabelos saindo pelos lados, além de um sorriso assustador.

                -Claro que eu vi – ele disse – mas não sou senhor algum – tirou a capa, por baixo dela tinha um rapaz que parecia ser poucos anos mais velho que eu, ele tinha um arco nas costas – posso te levar até ela, se quiser.

                A alegria e esperança apareceram no rosto dele, um sorriso enorme se apoderou do meu rosto, eu não conseguia parar de falar rápido, eu fazia isso quando estava esperançoso.

                -Ótimo! – quase gritei – se tiver qualquer coisa que eu possa fazer em troca, qualquer coisa, é só dizer.

                -Acho que alguém está apaixonado – ele disse ironicamente, me fazendo corar – está bem, será que seu cavalo pode carregar minha sacola, está pesada e eu tenho que ir pelo mesmo caminho dela.

                Concordei com a cabeça, peguei o saco e amarrei na cela de Phil, então começamos a seguir o ruivo pela floresta, ele ficou quieto quase todo o caminho, já era noite e a floresta estava assustadora, eu adorava aquilo, mas o rapaz ria maliciosamente o tempo todo, eu já estava desconfiando que algo estava errado, mas não tinha escola, ele poderia me levar até ela, ou me dar alguma pista, continuei quieto até ele falar comigo.

                -Então galã – ele falava sem olhar para trás – qual seu nome?

                -Seth – disse secamente – mas me chame de Foster, e você?

                Ambos paramos na frente de um paredão de espinhos, ele parecia demoníaco na luz da lua, comecei a pensar que tudo isso não tinha sido uma boa idéia, até Phil parecia apreensivo.

                -Robin – ele disse – meu nome é Robin.

                -O que você fez com ela? – perguntei de punhos cerrados.

                Ele riu ainda mais alto, fui para frente para dar-lhe um soco na cara, eu queria quebrar seu nariz, mas ele segurou minha mão, e olhou de uma maneira séria para mim.

                -Acho melhor não.

                -Aonde – eu repeti – ela – parando em cada palavra – está?

                -Calma Príncipe Encantado – ele riu da própria piada – já já você terá o mesmo destino que ela, minha...

                Antes que ele pudesse falar, um grito de mulher ecoou pela floresta, ele olhou para o paredão, parecia muito preocupado.

                -Mãe? – ele sussurrou – o que está acontecendo?

                Robin esticou sua mão, tocou no paredão bem na hora que ele começou a tremer, então tudo explodiu, fogo colorido começou a me cercar, eu podia sentir seu calor, mas não gritei, não me apavorei, apenas fechei os olhos e me preparei para o pior. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, não esqueçam de deixar um comentário u-u



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