As Cronicas Da Terra Do Nunca escrita por GeAgatha


Capítulo 3
Capítulo 3 - A toca da bruxa -


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora :/



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Quando você vive em um orfanato você perde o medo do escuro, até porque apagões eram constantes, e no meu caso eu via o escuro como uma oportunidade para fugir, mas é claro que isso não se aplicava na minha situação atual.

Nos primeiros segundos a escuridão fui total, eu não conseguia enxergar nada a minha frente, mas depois de um tempo meus olhos foram se acostumando até eu poder distinguir onde eu estava. A porta pela qual eu havia entrado sumiu, como mágica, e a minha volta só havia pedras formando a estrutura circular da torre, nem mesmo uma escadaria.

Então pelo canto do olho eu vi uma luz sair do meu do breu, uma mulher apareceu do meio do nada, ela segurava um tipo de candelabro na mão, e sua aparência estava bem longe de uma bruxa, ela deveria ser uma das mulheres mais bonitas que eu já vi. Seu rosto era delicado e fino, seus cabelos longos e loiros, seus olhos azuis e convidativos, ela usava um simples vestido de linho com detalhes verdes e marrons.

- Desculpe minha demora – disse ela, sua voz me deixava mais calma, como mágica – eu estava... comendo meu jantar.

- Você – eu tentei sair do estado de choque – você é...

- Gothel – ela sorriu - sim sou eu.

- Mas eu pensei que você era...

- Uma bruxa? – ela deixou escapar uma risada – bem, eu prefiro o termo feiticeira.

- É você não se parece como uma.

- Vocês mortais tem que largar esses estereótipos.

Então ela fez um sinal com a mão me chamando, e minhas pernas imediatamente começaram a segui-la, eu tinha perdido o controle da parte inferior do meu corpo, minhas novas pernas independentes a seguiram, Gothel se virou para a escuridão e vez um gesto com a mão, uma escadaria começou a se formar a partir das pedras na parede, ambas subimos a longa escadaria até uma grande porta de madeira no topo da torre, e quando Gothel a abriu eu vi exatamente o contrário do que esperava. 

Era uma sala enorme aonde as cores vermelho, marrom e dourado brincavam em meio de paredes, moveis e decorações, as paredes cobertas de estantes de livros, no centro uma mesa cheia de doces coloridos, uma lareira enorme aonde havia um caldeirão por onde saia um delicioso cheiro de sopa e a enorme janela com suas cortinas que dançavam no vento, ali era possível ver a lua no topo do céu, aquilo me vez estremecer.

- Venha querida – disse Gothel se movendo em direção à mesa – deve estar com fome.

Minhas pernas se moveram até lá e me forçaram a sentar na única cadeira que havia então Gothel se virou e fui até o caldeirão, eu não conseguia ver um modo de escapar de lá, mas eu tinha que bolar um plano e rápido segundo o ruivo ela iria logo começar a me torturar com seus joguinhos mentais, embora ela parecesse uma mulher normal e amável eu sabia que havia algo perverso por trás de seu sorriso. Então eu peguei a faca que estava bem a minha frente na mesa e a coloquei no bolso, eu sabia que não conseguiria vencer uma bruxa com aquilo, mas pelo menos era uma opção.

Gothel veio novamente até mim com uma tigela nas mãos, quando ela colocou na mesa a sopa eu lembrei-me do garoto que ela havia acabado de matar, e isso significaria que havia uma boa chance de ele estar ali, aquele pensamento fez meu estomago revirar.

 - Não estou com fome – eu disse empurrando a tigela para longe.

- Vamos Brooke – ela disse colocando a tigela no lugar novamente – coma.

- Como sabe meu nome?

- Eu sei muitas coisas sobre você, principalmente sobre seu amiguinho Foster.

Ela estava tentando me derrubar, ela deveria ter lido minha mente ou algo assim e agora estava usando Foster contra mim. Foster, aonde será que ele estará agora? Não, não posso mais pensar nele desse jeito, sega de me iludir com coisas que não vão acontecer, não quero mais uma vida cheia de ilusões, eu tinha aprendido que tudo que quero e que sonho são ilusões há muito tempo atrás, e não vou passar por isso de novo.

Eu olhei para aquela coisa que Gothel insistia que eu comece, provavelmente tinha algo ali que ela usaria para me torturar, e eu tenho certeza de que ela não desistiria de me fazer engolir até a ultima gota, agora meu plano era ganhar tempo para pensar em um plano melhor.

- Isso não é justo – eu disse.

- O que não é justo?

- Você saber sobre mim, enquanto eu não sei nada sobre você.

Eu vi seus olhos brilharem, eu acho que ela gostava de contar histórias.

- Então vamos concertar isso.

Uma poltrona confortável se materializou atrás dela em uma nuvem de fumaça e logo se tornou sólida, Gothel respirou fundo, pronta para contar uma longa historia.

- Você se lembra de todas as historias que le contavam quando pequena Brooke?

- Bem, um pouco.

- São todas reais.

Eu não pude deixar de rir, até parece.

- Não ria da verdade garota, são todas reais.

- É mesmo, então por que monstros comedores de criancinhas e todas as outras criaturas não andam por ai como nas historias, até hoje nenhum lobo tentou me comer a caminho da casa da vovozinha.

- Por dois motivos bem claros querido, primeiro você não tem avó...

- Nossa essa doeu – eu disse a fazendo revirar os olhos.

- Segundo, porque todos eles se foram, para outro lugar, um lugar melhor.

- E como você sabe disso?

- Porque eu os mandei.

Ela esboçou um sorriso que arrepiou minha espinha.

- Por quê?

- Razões pessoais, mas isso é só uma introdução para a minha história, você por acaso não me reconhece.

Eu a olhei novamente, então eu pensei, a torre, os cabelos.

- Rapunzel.

- Surpresa?

- Sim – eu disse – muito, pensei que você fosse...

- A boazinha, bom o final da historia está errada, bem errada, você não acha ridículo que alguém caia de uma torre dessa altura e apenas fique cego?

- Bem, sim...

- Claro que o príncipe morreu, e eu tive que jogar aquela velha da torre também, mas o que aconteceu quando eu a matei...

Seus olhos ficaram sem foco, como se ela estivesse se lembrando de algo doloroso.

- O que aconteceu?

- Eu ganhei uma maldição, a que ela carregava.

Eu abaixei a cabeça, senti um pouco de pena pela história dela, se fosse rela é claro, até porque aquilo tudo era tão improvável quanto eu voltar a ver Foster um dia. Droga eu não conseguia tirar aquele idiota da cabeça.

- Agora – ela disse empurrando a tigela para mim – coma.

- Não.

Ela me olhou, a raiva começava a tomar seu rosto.

- Ah – disse ela agarrando meu braço – vai sim.

- Não vou não.

Eu empurrei seu braço a fazendo tropeçar, ela olhou novamente para mim, sua boca formou um sorriso de orelha a orelha, literalmente, mostrando dentes afiados perfeitamente enfileirados, seus olhos ficaram negros e seu cabelo começou a escurecer, tudo a minha volta ficou escuro, os moveis ficaram desgastados e rasgados do nada, as paredes ficaram negras com pequenos insetos rastejantes, o fogo mudou sua cor para algum tipo de verde musgo, eu senti o café da manhã na minha garganta quando os doces na mesa se transformarem em larvas e rastejarem pelo chão.

- Você acabou de cometer um erro querida.

Ela fez um movimento com o pulso fazendo com que tudo em cima da mesa voasse para o chão, então ela me pegou como se eu pesasse menos de 1 kg e me jogou em cima da mesa.

- Que pena – disse ela olhando fundo nos meus olhos – isso poderia ter sido tão mais fácil.

Então duas cordas apareceram por baixo da mesa, ela as pegou e tentou arramar minhas mãos bem no momento em que eu retirei a faca do meu bolso, ela definitivamente não esperava por isso, então eu cravei a faca em seu olho direito a fazendo recuar e se curvar.

- Garota idiota – ela gritou para mim – eu vou arrancar pedaço por pedaço do seu rosto!

Eu pulei para fora da mesa e corri e tentei correr em direção a porta, ela segurou meu punho me fazendo cair no chão, quando Gothel veio para cima de mim eu segurei seu pescoço e a joguei no chão novamente, eu me levantei preparada para correr, quando ela gritou desesperada.

- Pare!

Eu não parei por causa do grito, mas sim pela cara de desespero que Gothel fazia, ela olhava para um pingente que havia caído de seu pescoço quando eu a puxei, eu estava prestes a pisar nele.

- Não – disse ela tentando se aproximar de mim – faça isso.

Quase por instinto eu pisei com força em cima do pingente, que era uma bola de vidro de cor alaranjada que parecia brilhar, quando o vidro se quebrou eu pude ver Gothel correndo, não na minha direção, mas na da porta, então uma explosão enorme se formou a minha volta, eu fechei os olhos e esperei as chamas me tomarem. 


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Notas finais do capítulo

Espero que todos gostem :)



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