Eterno escrita por Candy_Rafatz


Capítulo 6
05.


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o capítulo de hoje, além do bônus. Se o bônus foi mais romance, esse tá mais dramático... E ainda bonitinho (eu acho) e ficou maior que a maioria. Espero que gostem.



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Bruno Mars - Again

Nunca acreditei que as coisas acontecessem por uma razão,

Mas como isso aconteceu você moveu todas as minhas dúvidas, eu acredito.

Os anos se passaram e com 70 anos Bella perdido totalmente a independência, voltando a ser quase uma criança que precisa da ajuda de alguém para fazer tudo. Edward estava sempre lá quando precisava, enquanto os filhos se revezavam para ajudá-lo e cuidar da mãe.

O que lembrava era pouco, quase nada... Nada realmente importante. E mesmo que lembrasse, não expressava sentimentos ou reações a tais lembranças. Era como se com a independência, memória e habilidades motoras também tivesse perdido também a vontade de viver. O que partia o coração de todos que lembravam a mulher animada e feliz que sempre tinha sido.

Agora seu rosto demonstrava que o tempo tinha passado com todas as rugas e cabelos grisalhos. Estava extremamente magra, cansada e debilitada. Ficava a maior parte do tempo na cama olhando para o nada, pra janela e às vezes a televisão. Ela existia e sobrevivia... Apenas isso.

Era realmente raro escutá-la falar. E quando o fazia eram poucas palavras, geralmente monossílabas, suspiros e leves gestos com a cabeça.

Os filhos e netos visitavam-na com frequência e conversavam com ela. Na verdade eram todos monólogos – sentavam na cama com ela, sempre tocando sua mão ou rosto, e começavam a falar sobre a própria vida, o que tinham feito ou que iriam fazer –, monólogos que Bella escutava sem nenhuma demonstração de emoção.

Edward fazia o mesmo, ficava horas falando com ela – falando do passado e do presente – cuidava dela com todo o amor que podia, não estava ficando mais jovem, tinha 75 anos e seu corpo também fora atingido pelo tempo (rugas, peso, cabelos brancos), mas mesmo assim se dedicava totalmente a esposa que tanto amava há anos.

E agora eram 50 anos de casamento.

E como a tradição de todos os anos, a família se reuniu na casa para comemorar o aniversário de casamento de Edward Cullen e Isabella Swan, agora Cullen. Mesmo que Bella não lembrasse ou comemorasse, passasse o dia inteiro na cama encarando o vazio, não podiam deixar de comemorar um dos dias mais importantes da vida deles e que decidiu todo o futuro.

Nessie e Anthony chegaram juntos naquela tarde com os parceiros e filhos, passaram por Edward, que estava abatido, mas mantendo um sorriso no rosto, e levaram toda a comida que tinham trazido para a cozinha. Ao deixarem todo o almoço na cozinha, voltaram para cumprimentá-lo.

As crianças foram as primeiras a abraçar o vovô Edward, depois Renesmee se aproximou do pai. Um abraço apertado e demorado, o melhor abraço, então beijou a bochecha dele.

— Como você está pai? E a mamãe? — Nessie perguntou. Óbvio que o pai não estaria bem, mas precisava deixar claro que estaria ali se seu pai precisasse de qualquer coisa.

— Bem. Sua mãe está no quarto descansando — respondeu com um sorriso cansado. —, hoje é um dos dias bons pra ela.

— Cinquenta anos hein, velho? — Anthony disse sorrindo ao voltar e abraçou o pai, batendo suavemente em suas costas. — Parabéns.

— Meio século com a Senhora C., isso é incrível. — Leah, sua nora, elogiou. Tinha pegado a, antes irritante e agora até divertida, mania de Senhor e Senhora C de Jacob. — Parabéns, Senhor C.

— Com certeza é, Senhor C., ainda mais quando hoje em dia os casamentos duram tão pouco. Espero ser como o senhor com a Ness. — Jacob disse sorrindo e Nessie lhe abraçou, beijando seu pescoço e ele sua cabeça.

— É que sou da época em que tentávamos até o fim, consertávamos algo quando quebrava ao invés de logo desistir e jogar fora. Mas não se preocupe porque a Nessie puxou a mãe dela, ela já tem suas bolas no bolso. E mesmo que ela não tenha os genes da Bella, as do Anthony estão com a Leah, meu filho nunca se envolveria com alguém fraco. Os casamentos de vocês vão durar. — Edward disse sinceramente. Dar conselhos aos mais novos seja aos filhos, genro e nora, até netos, tinha se tornado um de seus passatempos favoritos.

— E como a mamãe está?

Edward disse rapidamente aos filhos que a mãe estava em um momento bom, porque não tinha muitas reações ou qualquer pequeno surto de nervosismo devido à confusão, mas estava sempre perguntando 'quem é você?'. Os filhos assentiram chateados.

— Tudo bem, eu vou lá em cima ver a mamãe, depois o Anthony pode ir e as crianças. — Nessie disse.

— Vô, eu posso usar o computador rapidinho? E depois vou ver a vovó. — Baby B, a filha mais velha de Nessie e Jacob (chamada de Baby B por ter o nome de Isabella, em homenagem à avó), perguntou.

— Claro que...

— Não. — Jacob interrompeu Edward. — Pra cozinha, Baby B.

— Por quê? — fez beicinho. Edward sorriu, era igualzinha Nessie em sua idade.

— Jake, ela pode usar o computador do escritório, não tem problema.

— Viu pai? O vovô deixou e a casa é do vovô. Então... — sorriu vitoriosa.

— Ela tem um ponto. Essa é minha sobrinha. — Anthony disse sorrindo e gemeu quando Leah bateu em sua costela.

— Não se intrometa. — Leah disse sabendo exatamente o motivo de Jacob.

— Não se intrometa mesmo. — Jacob repetiu.

— Ele só não quer deixar a deixar o computador porque ela vai conversar com o namoradinho, pai. — Nessie disse sorrindo, parada no meio da escada.

— Mãe!

— Namoradinho?

— Baby e Alec de baixo de uma árvore se beijando sem parar. — Connor, o filho mais novo de Nessie e Jacob, cantarolou enquanto os outros riam.

— Argh. — Jacob revirou os olhos.

— Está namorando, querida? — Edward perguntou sorrindo e a neta corou. — Vejo que isso é um sim. Pobre Jacob. — e gargalhou.

— O que?

— Você pegou minha garotinha e agora estão pegando a sua. — Edward gargalhou. — O retorno é uma vadia, Jacob Black.

— Pai, olha a boca perto das crianças. — Nessie o repreendeu. — Mas ele está certo, Jake. Papai está totalmente certo.

E todos, menos Jacob, gargalharam.

Nessie foi rindo para o quarto, enquanto Anthony e os outros foram ajudar a montar a mesa do almoço.

O segundo andar da casa era mais calmo, silencioso. Por mais que Edward tentasse deixar tudo confortável e familiar, ainda era difícil não sentir o clima hospitalar do andar, mesmo sem toda a aparelhagem médica.

Entrou no quarto lenta e silenciosamente. Bella estava deitada na cama sob as cobertas, a luz estava apagada, mas a janela estava aberta e assim o quarto estava meio iluminado. Sua mãe estava acordada, encarando o vazio. Nessie se aproximou lentamente.

— Oi mamãe. — disse suavemente, se inclinou sobre ela e beijou sua bochecha. Sentou na beirada da cama e pegou a mão flácida da mãe entre as suas, acariciando-a. — Como à senhora está hoje? — sorriu. — Feliz aniversário de casamento, mãe. Cinquenta anos com o papai, ein? Isso é tão incrível. Estamos todos aqui pra comemorar isso, mãe. Leah, Anthony e Jacob prepararam todo o almoço, trouxemos de casa e eles estão arrumando lá em baixo. Aposto que eles devem estar comentando que eu não fiz nada, mas não é minha culpa se herdei as habilidades culinárias do vovô Charlie, né? Sorte que o Jake cozinha bem. — sorriu, ergueu a mão da mãe até os lábios e a beijou.

Bella virou a cabeça suavemente, encarando Nessie com um olhar confuso, quase vazio, mas permaneceu em silêncio.

— Ah mãe, sabe aquele contrato com a empresa de cosméticos que eu comentei semana passada? Então, eu consegui fechá-lo, vamos fazer toda a propaganda e marketing dele, não é incrível?! — sorriu empolgada. — E o Jake conseguiu comprar outra oficina mecânica, e já é a quinta dele, está fazendo uma grande franquia Black Motors. E as crianças também estão bem, mãe, e sentindo sua falta, como eu. — deu um sorriso tremulo com os olhos marejados. — Te contei que a Baby B tá namorando? — riu. — Pois é, e Jake está louco com isso. Acabei de contar para o papai sobre isso, e sabe o que o papai fez? Gargalhou, disse que ‘o retorno é uma vadia’, acho que ele nunca superou perder a filhinha para o moreno cover de índio, como ele dizia. — riu suavemente mesmo com as lágrimas empoçando em seus olhos. — Até o Anthony está se divertindo com essa situação, mas não é como se ele estivesse muito melhor, Nahla está saindo melhor do que a encomenda. Ele está pagando tudo que fez com a senhora na infância com a filha, acho que ela é até pior que o Anthony na idade dele, isso é bem divertido. — sorriu. Ia começar a falar de novo, mas então respirou fundo e piscou forte, deixando as lágrimas descer por seu rosto. — Sinto sua falta, mamãe, todos os dias. Muito. Você sabe disso, certo? — beijou sua mão novamente.

— Quem... É você? —Bella sussurrou confusa. Era tudo o que estava falando nos últimos dias.

Com lágrimas nos olhos, Nessie sorriu... E cumpriu sua promessa. Levantou-se lentamente e lhe abraçou com cuidado, meio desajeitada, mas com amor.

— Sou eu mamãe, a Nessie, sua garotinha. — beijou sua cabeça. — E eu te amo.

Nessie disse mais algumas coisas de seu dia antes que Anthony aparecesse. Ela beijou a cabeça da mãe e saiu do quarto enxugando as lágrimas, sem falar com o irmão.

Anthony se aproximou da cama lentamente com a mão no bolso, meio desconfortável e desajeitado. Sempre fazia aquilo, conversar em forma de monólogo com a mãe, mas sempre chegava daquela maneira também, meio sem saber como começar... Meio querendo que tudo voltasse ao normal.

— Oi mãe. — se aproximou da cama com um sorriso nos lábios e se inclinou sobre ela, beijou sua testa. Sentou na borda da cama e segurou sua mão. — Feliz ‘cinquenta anos de casamento’, mãe. Bodas de ouro, né? A Leah me disse, não tinha ideia que cada ano é uma boda e a Lee disse que eu sou um ogro sem coração, depois de bater na minha cabeça. Sabe que a Leah está cada vez mais parecida com a senhora, né? Muito agressiva, não perde uma oportunidade pra me dar um tapa ou uma cotovelada, lembro muito bem da senhora fazendo isso com o papai. Era divertido na época e com ele, mas agora, vivendo a experiência, entendo a situação e tenho pena. Mas é até bom que Leah seja parecido com a senhora, quer dizer que ela está cada vez mais incrível. — sorriu.

Bella piscou algumas vezes, seus olhos correram o quarto até voltar ao rosto do filho.

— Eu escutei o finalzinho da conversa da Nessie com a senhora. Bem que dizem que praga de mãe pega, ein? Porque a senhora vivia me dizendo que eu ia ter um filho igual ou pior do que eu, até comemorei quando nasceu uma menina, mas a Nahla está impossível mesmo. E eu não deveria rir com as coisas que ela faz, mas é impossível — riu. —, Leah não sabe com quem ficar irritada; Nahla que faz as coisas ou eu que acabo rindo. E isso não vai ficar mais fácil, apenas eu e a Leah sabemos ainda, vamos contar hoje, mas queria contar pra você primeiro... A Leah está grávida de novo. — sorriu. — Isso não é incrível? Acho que não consigo parar de sorrir com a ideia. Aguentar a Lee-lee grávida não é um paraíso, ela se torna um monstro cheio de hormônios, que ela não me escute dizer isso, mas ainda assim é demais. E já estamos pensando no nome. Se for menina vai ser Marie Isobel, em homenagem à senhora, mãe. — ergueu sua mão e beijou suavemente. — E se for menino será Edward Anthony III, continuar a sua tradição, você sempre gostou desse nome. — sorrindo, fez uma pausa.

O rosto de Bella permanecia sem emoção alguma, perdida no próprio mundo de confusão. Anthony lhe encarou por alguns segundos, quando percebeu, as lágrimas desciam lentamente por seu rosto.

— Eu também sinto sua falta, mamãe. O papai está lá em baixo com os outros, está sorrindo e conversando, mas sei que ele queria passar o dia inteiro com você aqui no quarto, apenas lhe abraçando ou conversando com a senhora. E eu também. Acho que queria apenas deitar a cabeça no seu colo e sentir suas mãos no meu cabelo como antigamente. Você é a melhor, mamãe, sempre vai ser. E eu te amo muito.

Bella não disse nada dessa vez, ele se levantou e beijou novamente sua testa.

O almoço de família foi mais tranquilo e leve, conversando sobre a vida dos casais jovens e dos netos, sobre o novo bebê esperado e relacionamento da neta mais velha. Edward agradeceu aquilo, era bom poder sorrir e rir novamente. Passava a semana inteira cuidando de Bella e conversando sozinho, não que estivesse reclamando era sua escolha e jamais faria outra coisa, mas era bom tê-los perto.

No fim do dia, após arrumarem tudo, se despedirem de Bella e Edward, todos foram embora.

Edward subiu para o quarto e se trocou, fechou as janelas e voltou para a cama, sentando na mesma borda que os filhos antes tinham sentado.

Quando Bella acordara já tinha a felicitado sobre o aniversário de casamento, mas se ia dormir e ainda era o dia deles, iria falar novamente.

— Oi, minha vida. — disse sorrindo e segurou a mão frágil da esposa. Bella lhe olhou erguendo sutilmente a sobrancelha, confusa. — Hoje fazemos 50 anos de casados, nossas bodas de ouro, amor. Nossos filhos pareceram surpresos com isso hoje, foi até divertido. Ao que parecem os casamentos de hoje em dia não duram tanto, dá pra acreditar nisso? As pessoas encontram alguém que amam, fazem promessas e casam então na primeira dificuldade, desistem. Ou não levam o compromisso a sério. Isso é tão... — agitou a cabeça. — Não sei, acho que estou sendo arrogante, só porque encontrei a mulher da minha vida na primeira tentativa, não significa que todos possam fazê-lo também, né? Eu que sou muito sortudo e abençoado por ter te encontrado, meu amor, e penso isso todos os dias. Obrigada, meu amor. Obrigada pelos melhores anos da minha vida. Obrigada por ter me amado e permitido te amar. — beijou a mão dela.

Edward sorriu e respirou fundo, engolindo o nó de sua garganta.

— Quero que você saiba que foram os melhores anos da minha vida, todos que passei ao seu lado, se eu pudesse voltar ao passado e escolher, faria tudo de novo. Absolutamente tudo. Eu não mudaria nada, porque tudo que passamos nos levou ao que temos hoje, mesmo com todas as dificuldades que passamos agora, nossa vida foi melhor do que as minhas melhores expectativas. Tudo que fiz me levou a você, te fez minha, e eu não poderia pedir nada mais do que isso. E eu quero que saiba que você foi e é uma companheira incrível e que eu não podia ter tido uma esposa melhor. Ninguém é melhor do que você, amor. E... Ah, só um minuto.

Beijou a mão dela novamente e a pousou na cama suavemente, levantou e caminhou até o closet do quarto. Em uma das prateleiras tinha uma grande caixa vermelha cheia de lembranças – inclusive as alianças de Bella e uma rosa branca de plástico. Edward a pegou sorrindo, devolveu a caixa ao lugar e voltou para Bella com a flor na mão. Sentou na borda novamente e a ergueu.

— Nossa rosa, Bella. E ela ainda está viva. Sabe o que isso significa? Eu ainda te amo. E que eu sempre vou te amar, minha Bella. Eternamente. — sorriu.

Quem... É você...? — foi tudo que Bella conseguiu falar. Sua voz saiu baixa e trêmula, quase um sussurro suspirado.

— Eu... — Edward respirou fundo e sorriu com os olhos ardendo pelas lágrimas, tentando contê-las. — Sou eu, amor, Edward. — segurando uma de suas mãos, com a livre afagou o resto dela. — Seu marido há cinquenta anos. Aquele que sempre vai te amar... Incondicionalmente... Sempre.

Com cuidado, ele a abraçou. Ela não retribuiu, mas não se opôs, apenas deixou que ele a envolvesse com seus braços e ficaram daquele jeito em silêncio.

Edward sentiu as lágrimas escorrerem pro seu rosto, não havia nada mais doloroso do que quando ela perguntava “quem é você?”, mas ainda a tinha em seus braços e isso o confortava de alguma maneira, quase egoísta e masoquista. Abaixou o rosto e beijou a cabeça dela.

Eram as suas Bodas de Ouro. Bodas que ele comemorou sozinho, já que ela não se lembrava de nada. Meio século juntos. E ele não se arrependia de nada.

Tudo pelo que passei me levou até você, então eu faria tudo de novo... Por você.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Está acabando, só mais três capítulos e epílogo. Adoraria saber o que estão achando fantasminhas também, poxa. Comentem e até o próximo, bjsbjs s22