Cinco anos depois...

Bella tinha feito cinquenta anos e Edward cinquenta e cinco. E agora eram trinta anos de casado.

Suas aparências não se alteraram tanto quanto o cérebro de Bella. Perdas de memórias constantes lhe atingiam com mais freqüências do que o esperado. Várias vezes ela se via parada em um canto da casa sem saber o que iria fazer, sem se lembrar de coisas básicas e importantes, parando no meio de alguma frase sem saber o que estava falando ou repetindo coisas que já tinha falado... Isso preocupava a todos.

Ela concordou em consultar um médico, que já tinha uma suspeita sobre o que era, mas preferiu fazer uma série de testes cognitivos para ter certeza.

— E se eu estiver doente? — perguntou a Edward depois de todos os testes. Seus olhos estavam marejados e o medo lhe dominava, assim como fazia com o seu marido, mas ele era melhor para contê-lo. — E se...

— Ei, para com isso. — ele mandou suavemente e tomou seu rosto entre as mãos. — Independente do resultado, vamos dar um jeito. Independente de tudo, eu estou com você. Sempre.

Bella assentiu e respirou fundo, então o beijou. Edward... Oh Deus, ele sempre sabia como fazê-la se sentir melhor mesmo com tudo desabando ao seu redor.

E no dia do marcado, eles foram juntos buscar os resultados do exame e escutar o diagnóstico do médico.

Edward e Bella esperavam ansiosos dentro do consultório. Sentados lado a lado, Bella estava com uma mão fechada em punho e a outra no colo de Edward, com os dedos entrelaçados aos dele. Sua mão estava fria, suando de nervosismo e medo do resultado.

Quando médico entrou na sala com os papéis ambos ficaram tensos.

O médico sentou-se em frente a eles. Edward se enrijeceu no lugar, Bella respirou fundo.

— E então doutor — e foi o mais direita possível —, o que eu tenho?

— Senhor e Senhora Cullen, eu serei curto e breve. Quando a senhora chegou ao meu consultório, me passou os sintomas e pude fazer os exames básicos, eu tive quase certeza do que era, mas queria me certificar de que era isso. Os resultados confirmaram o esperando, as esses resultados apenas deixaram claro o que era esperado, a senhora tem Alzheimer.

— Que... Eu... — seus olhos lacrimejaram em segundos com a notícia, não sabia o que dizer. Edward apertou sua mão. — Não.

Claro que ambos sabiam o que era a doença, principalmente Edward por ser médico, mas ela precisava entender os detalhes do que tinha então o médico lhe explicou a complexidade da doença que causaria perda de memória, problemas motores e outros problemas até lhe deixar completamente incapaz de se virar sozinha.

Bella não parou de chorar silenciosamente enquanto escutava tudo. Eu sinto muito, o médico disse antes que eles saíssem de mãos dadas do consultório em silêncio.

No carro, tudo que ele escutava dentro do carro durante o percurso foram os barulhos do veículo, os da estrada e o choro sofrido dela. Choro que lhe cortava o coração. Queria tirar sua dor, trocar de lugar com ela, fazer qualquer coisa que a deixasse melhor. Mas apenas dirigiu em silêncio.

Quando chegou em casa, Bella foi direto para o quarto silenciosamente. Edward permaneceu à margem dela, ao redor, apenas esperando pra ver qual seria seu próximo passo. Bella apenas trocou de roupa e caminhou lentamente pra cama.

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O Teatro Mágico - Cuida de Mim

Tão silencioso quanto ela, Edward foi ao seu encontro e sentou na cama. Não tentou falar, tocar no assuntou ou consolá-la, tudo que ele lhe ofereceu foi o abraço mais confortável que ela conhecia e o colo para que ela chorasse e chorasse por horas.

Mas definitivamente, o momento mais difícil para ela foi contar aos filhos.

Edward lhes ligou na manhã anterior e pediu que voltasse em casa urgentemente sozinhos. E assim contou. Anthony não falou nada, parecia chocado e surpreso, esperando que fosse apenas uma brincadeira totalmente fodida e sem graça. Enquanto Nessie parecia horrorizada e ferida, se debulhando em lágrimas com dor e medo.

— Eu vou ficar bem, meus amores, eu vou ficar bem. — Bella disse com um sorriso, mas sem acreditar nas próprias palavras.

Ela podia estar aceitando a situação, mas não estava pronta para ela. Ninguém está realmente pronto para a morte. Muito menos morrer aos poucos.

Mas não queria pensar em toda a situação naquele momento, queria apenas seus filhos. Foi para a cama com os dois, um de cada lado, e ficou abraçada a eles por um longo tempo, era o que precisava para conseguir sorrir novamente.

Depois que os filhos foram embora e eles tinham jantado em total silêncio, foram para a cama juntos.

Bella deitou com a cabeça no peito de Edward. Escutando-o respirar, sentindo seu peito subir e descer suavemente no ritmo de sua respiração, escutando o som de seu coração. Apenas os sons do lado de fora casa, da natureza, seus corações e respirações.

Cuida de mim enquanto não me esqueço de você.

Bella ficou pensando em toda sua vida. Perguntando-se porque aquilo estava acontecendo. Não era jovem, a morte viria uma hora ou outra, mas por que assim? E quando percebeu, estava chorando.

Edward percebeu a mudança na respiração da esposa e então viu suas lágrimas, seu coração se apertou. Queria tanto poder trocar de lugar com ela. Apertou os braços ao redor dela e beijou seus cabelos.

— Estou com medo, Ed. — Bella confessou quebrando o silêncio.

— Do que, amor?

— De tudo. De mim mesma. Eu não quero esquecer as coisas, minha vida, meu passado, meus filhos... — suspirou. — Eu não quero esquecer você!

— Não pensa nisso agora, minha vida, ainda é cedo. Você vai ficar bem e eu estarei do seu lado até o fim, sempre! — lhe beijou a cabeça, ela se aconchegou ainda mais em seu peito. — Eternamente.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Suas lembranças... Suas melhores lembranças. Céus, ela não queria esquecê-las. Então voltou a falar:

— Se lembra de como nos conhecemos? — perguntou zombeteira. Edward parou e então riu acariciando seus cabelos.

— Como não? Você correndo atrasada para uma aula na faculdade e trombou comigo derrubando café na minha camisa, sabia que você não pagou aquela camisa até hoje? — Edward riu e ela bateu em seu peito brincando. — Você sorriu totalmente vermelha, aquele sorriso que iluminou todo o meu mundo, e me pediu desculpas pela camisa, enquanto tentava me limpar com um lencinho. Sabe o quê? Eu acho que você estava apenas se aproveitando da situação pra me esfregar.

— Você é um idiota. — Bella gargalhou. — Ai você segurou minhas mãos para que eu parasse, provavelmente porque eu só estava estragando ainda mais a sua camisa, e sorriu de lado, me deixando completamente sem ar, ai disse: “Sem problemas, com a sua beleza você pode trombar e derrubar café em mim quantas vezes quiser!” — Bella riu.

— Oh Deus, jura que eu falei isso? Como você acabou ficando comigo depois dessa? Que horrível. — Edward disse envergonhado, ela gargalhou.

— Foi horrível mesmo. Foi a cantada mais idiota que eu já havia recebido em toda a minha vida. Foi estúpida... — sorriu. — Mas foi a única que teve sucesso, naquele momento eu fiquei completamente encantada contigo e soube que estava perdida.

— Depois conversamos, fizemos amizade...

— Você me apresentou aos seus irmãos, Alice e o Emmett, depois ao Jasper e a Rosalie, que acabaram virando meus melhores amigos...

— E eu fiquei torcendo para que você estivesse solteira, pra que você gostasse de mim como eu gostava de você. Alice e Rosalie tiveram que me ajudar em vários momentos com alguns empurrõezinhos. — riram juntos. — Como eu perturbei os quatro falando de você, Deus.

—Eu era mais envergonhada, preferia manter pra mim, mas ainda assim pensava em você o tempo inteiro. Eu nunca pensei que você se tornaria meu marido e que ficaríamos casados por tanto tempo. Isso é tão estranho... E incrível. Já são 30 anos de casamento.

— É muito tempo. E eu amei cada dia desses 30 anos e faria tudo novamente, tudo exatamente igual. — Edward beijou a cabeça dela novamente. — Todos os segundos com você valeram a pena.

— Mas... E quando esses momentos acabarem? — ela perguntou hesitante, ergueu-se e sentou na cama, olhando para o marido. — E quando eu não me lembrar de você? Nem de mim? De nada!

— Vou estar do seu lado quando esse dia chegar, Bells. Segurando sua mão, lembrando que você é Isabella Marie Cullen, minha esposa e mãe dos meus filhos, a mulher da minha vida.

— Você ainda vai me amar? — perguntou com medo e sentindo os olhos se encherem de lágrimas, piscou deixando-as escorrerem.

— Por todos os dias de nossa vida. Vou amar por nos dois se for preciso. Sempre. E mesmo que você se esqueça de mim, eu não me esquecerei de você e será um prazer cuidar de você e te conquistar todos os dias novamente. — Edward sorriu e a beijou. — Eu sempre vou te amar, porque você é minha vida. Eternamente.

Você, pra mim, mostrou que eu não sou sozinho nesse mundo.