~ GREYSON ON ~

Nós entramos no meu quarto e ligamos a TV. A Alexa tinha ido dormir na casa de uma amiga e minha mãe estava no quarto dela com meu pai, talvez estivessem dormindo.
“ Terror primeiro e comédia depois?” - Eu ouvi a Valerie perguntar enquanto eu trocava de roupa no banheiro.
“ Como você quiser” – Eu respondi sabendo que nós íamos acabar vendo o de terror primeiro. Geralmente era assim, primeiro terror e depois comédia, para dar umas risadas.
Eu sai do banheiro e a Valerie estava acabando de botar a blusa do pijama, se ela soubesse que eu estava vendo, ela provavelmente ia ter um ataque. Não sei por que ela tem tanta vergonha de mim, nós somos melhores amigos.
“ Cozinha?” – Eu perguntei sorrindo e ela riu.
“ Agora” – Ela respondeu e abriu a porta do quarto. Sempre que inventávamos de ver filme nós íamos até a cozinha, pegávamos chocolate, pipoca, bala, refrigerante, pizza e essas coisas que nós nem conseguíamos comer sozinhos, mas era divertido.
Eu botei a cabeça pra fora do quarto para ver se tinha alguém acordado, nem um sinal.
“ Vamos!” - Eu disse e logo sai correndo enquanto a Valerie vinha atrás de mim rindo.
Eu abri o armário da cozinha e fui atirando o que eu encontrava em cima da mesa enquanto a Valerie checava o que tinha na geladeira.
 “Ok, é isso.” – Eu disse me aproximando da mesa onde tinha chocolate, pipoca, bala, refrigerante e pasta de amendoim.
“ Ta, eu levo uma metade e você leva a outra” – Valerie disse puxando as balas, e a pipoca enquanto eu ficava com o chocolate, o refrigerante e a pasta de amendoim.
Nós chegamos no quarto, jogamos tudo em cima da cama e fomos procurar os filmes que tínhamos para ver.
“ Que tal “Atividade Paranormal 3” ? “ – Eu perguntei olhando para a TV.
“Pode ser” – Ela respondeu com a cabeça enterrada no travesseiro.
“ O que mais?” – Eu perguntei dessa vez jogando um pacote de bala nela.
“ A gente escolhe depois o de comédia” – Ela disse virando para me olhar e sentando na cama.

                                                       ~ VALERIE ON ~

O filme começou e ele sentou do meu lado, logo pegou as balas e começou a espalhar pela cama como de costume.
“ Tive uma idéia” – Eu disse com um grande sorriso no rosto.
“ Qual?” – Greyson respondeu enfiando um punhado de jujubas na boca.
“ E se a gente jogar um jogo?” – Eu falei animada e ele fez uma cara pensativa que logo mudou para um sorriso.
“ Boa Idéia! Qual jogo?” – Enfim ele respondeu e eu dei de ombros.
 “Verdade ou conseqüência?” – Eu sugeri e ele balançou a cabeça fazendo um sinal de sim.
“ Mas você não vai agüentar as conseqüências” – Ele disse implicando comigo e eu ri.
“ Você não agüenta nem a verdade!” – Eu disse jogando pipoca na cara dele.
“ A gente vai descobrir a verdade então” – Ele falou sentando na minha frente.
“Então ta” – Eu disse cruzando os braços.
Eu levantei, peguei o desodorante dele e sentei no chão.
“Ta bom, esse lado é verdade e o outro conseqüência.” – Eu mostrei pra ele os dois lado e ele concordou sentando na minha frente.
Eu girei o desodorante e caiu verdade pra ele e conseqüência pra mim.
“Droga!” – Eu falei baixinho, mas ele ouviu e começou a rir.
“Prometo que vou ser gentil” – Ele disse implicando comigo e eu mostrei a língua.
“ Qual vai ser a conseqüência?” – Eu disse revirando os olhos e cruzando os braços.
“ Te desafio a comer alguma coisa que eu faça.” – Greyson falou e eu o encarei confusa. “Ta bom, eu te mostro, mas nós temos que ir à cozinha.” – Ele falou vendo que eu não tinha entendido e eu finalmente saquei qual era a dele.
“Não vale ser tão nojento.” – Eu disse me levantando e botando minhas pantufas que sempre ficavam na casa dele. Ele não respondeu nada, só foi indo em direção as escadas e eu fui atrás.
Ele entrou na cozinha e botou em cima da mesa as jujubas que ele tinha trazido, pasta de amendoim, refrigerante, leite e pimenta. Eu olhei pra tudo aquilo e fiz uma careta, mais por causa da pimenta do que pelos outros ingredientes.
Ele pegou um copo grande e começou a jogar um pouco de leite, um pouco de refrigerante, jujubas a pasta de amendoim e por final ele completou o que faltava no copo com a pimenta. “Ta bom, pode tomar.” – Ele disse misturando tudo com uma colher e empurrando o copo pra mim. Eu tinha que beber aquilo, se não ele ia dizer que estava certo e que eu não agüentava jogar verdade ou conseqüência com ele.
Sem pensar eu agarrei o copo e comecei a tomar aquilo de uma vez. A minha boca estava ardendo muito e o gosto da pimenta com todas aquelas coisas doces me fazia ter vontade de vomitar, mas eu consegui tomar tudo.
“Tava bom?” – Ele perguntou me entregando um copo d’água.
“ Você não tem nem idéia do que perdeu.” – Eu disse rindo e pegando o copo da mão dele.
 “Prefiro continuar na curiosidade.” – Ele disse rindo também e sentando no balcão.
Eu sentei ao lado dele e comecei a pensar em alguma pergunta que ele ficasse com vergonha de responder.
“ É verdade que você gosta da Annie?” – Eu perguntei pensando no que as meninas da escola falavam. A maioria das meninas da nossa turma achavam o Greyson um dos meninos mais bonitos do colégio, não só elas mas as outras também, e segundo a elas “ Um menino que tinha tal beleza e doçura só podia gostar da Annie, a menina de olhos azuis e cabelos louros corridos.”
Ele ficou parado encarando o chão por um tempo e isso foi começando a me deixar frustrada, o que ele tinha em mente a final? Era só falar a verdade.
“ Por que você acha isso?” – Ele finalmente respondeu e eu voltei a olhar em seus olhos.
“ Você sabe o que as meninas falam de você e da Annie.” – Eu falei e ele assentiu.
 “É, eu sei” – Ele disse parecendo estar meio sem jeito com a pergunta. Era exatamente como eu queria deixar ele, mas eu não tinha pensado que se ele falasse “sim”, no fundo eu iria me importar.
 “Então responde.” – Eu falei começando a ficar nervosa com a resposta que estava por vir.
 “Não gosto dela.” – Ele disse abrindo um sorriso de lado e eu soltei um suspiro.
“Então vamos subir” – Eu disse balançando a cabeça e descendo do balcão. De repente eu não queria jogar mais, eu só queria escovar meus dentes, tentar ficar menos enjoada e continuar conversando com o Greyson até tarde.
Eu entrei no quarto e fui logo para o banheiro escovar meus dentes, aquele gosto que estava na minha boca era horrível.  Joguei água no meu rosto e fiquei encarando o espelho por alguns minutos, só pensando em como seria minha reação se ao invés do “não” ele respondesse “sim” e o enjôo voltou.
 “Droga, se pelo menos ele gostasse de mim...” – Eu disse pra mim mesma secando meu rosto na toalha.
Logo eu abri a porta do banheiro e dei de cara com o Greyson sentado no chão olhando o filme que já havia começado há uma meia hora atrás.
“ Quer que eu bote desde o começo?” – Ele perguntou e eu fiz um sinal negativo com a cabeça.
 “Não precisa.” – Eu respondi percebendo o quão fofo ele ficava com o cabelo bagunçado e logo abri um sorriso.
“ Por que ta me olhando assim?” – Greyson perguntou sorrindo também e eu balanceia a cabeça.
 “Nada não” – Eu disse e sentei ao seu lado.
A pergunta que eu tinha feito na cozinha não parava de passar pela minha cabeça, assim como a resposta. Por que ele não gostava dela? Talvez as meninas do colégio tivessem razão afinal.
A possibilidade de ele estar mentido começou a me incomodar cada vez mais, eu não conseguia ficar quieta sobre aquilo, era um assunto que eu já vinha querendo falar com ele há um tempo.
 “Hã... Greyson?” – Eu o chamei tentando pensar se eu devia mesmo fazer aquela pergunta ou se eu apenas devesse mudar o assunto de ultima hora.
 “Sim?” – Ele disse se virando para me olhar.
 “Aquela pergunta lá que eu te fiz na cozinha...”
“ O que, que tem?” - Ele respondeu parecendo estar meio confuso.
“Por que você não gosta dela?” – Eu perguntei sem jeito e virando meu rosto para encarar o chão.
“Você queria que eu gostasse?”
“ Hã... Nã.. quer dizer, si... não sei. Eu só quero o melhor pro meu melhor amigo.” – Eu respondi me atrapalhando nas palavras e ele riu baixinho.
“Apesar de beleza não ser tudo, não acho que ela seja a menina mais bonita do colégio e nem a mais legal.” – Greyson falou e eu voltei a olhar pra ele.
“Não?” – Eu perguntei meio confusa.
“Não. Por que o espanto?” – Ele respondeu naturalmente como se não fosse nada de mais.
“Por que... sei lá, bastante gente acha.” – Eu disse e logo comecei a pensar em alguma coisa para  mudar de assunto.
“Eu to com sono, já vou dormir ta bom?” – Eu falei me levantando e indo em direção a cama.
“Também to com sono.” – Ele respondeu deitando do meu lado e se tapando. Eu esperei um tempo e me virei, dando de cara com o rosto de Greyson.
 “Boa noite” – Eu disse abrindo um sorrisinho discreto.
 “Boa noite” – Ele respondeu sorrindo também e então me deu um beijo na bochecha.
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Eu acordei, olhei pro lado e vi que Greyson continuava dormindo, então me sentei na cama e fiquei alguns minutos ali o encarando. Ele estava com o cabelo todo bagunçado e quase destapado, eu o cobri e fui indo em direção ao banheiro tomar um banho.
Eu liguei o chuveiro e deixei a água correndo sobre mim por um tempo antes de começar a passar o shampoo e o condicionador.
 “Droga!!! De novo não!!!” – Eu falei irritada percebendo que tinha esquecido a minha roupa, de novo.
Eu me cobri com uma toalha e abri a porta devagar, logo percebi que Greyson continuava dormindo que nem um anjo, então comecei a ir devagar até o armário.
Eu abri a porta e comecei a vasculhar tudo para ver se achava alguma coisa descente pra vestir, até que achei uma mochila minha e comecei a ver o que tinha dentro.
“Bom Dia.” – Eu ouvi uma voz sonolenta dizer então olhei rápido para a cama onde vi Greyson sentado. “Ta procurando alguma coisa?” – Ele perguntou calmo e eu senti meu rosto corar.
 “É, to. Esqueci minha roupa de novo.” – Eu falei sem jeito.
 “To vendo, nessa mochila tem algumas roupas suas.” – Greyson disse rindo e eu assenti indo para o banheiro.
                                                   ~ GREYSON ON~

“Ela ficou vermelha, eu não acredito que ela não teve um ataque! Já é um progresso...” – Eu falei para mim mesmo levantando da cama indo olhar pela janela. O dia estava lindo, um dia perfeito pra sair. Eu fiquei ali pensando por um tempo até que o barulho da porta do banheiro abrindo me fez virar para olhar.
Lá estava ela, cabelo já seco, com uma saia, uma blusa justa e sapatilha. “Nossa eu fiquei tão perdido nos meus pensamentos que nem percebi que ela tinha usado o secador de cabelo.” – Eu pensei e logo sorri.
 “Nós vamos sair hoje?” – Eu perguntei e ela deu de ombros.
 “A Brittany e o Blake estão viajando, eles nem foram pegar os boletins ontem.” – Ela respondeu e eu me sentei na cama.
 “Nós podíamos ir ao parque.” – Eu sugeri e ela pareceu gostar da idéia.
 “Ótima idéia” – Ela disse sorrindo.
 “Então é melhor eu me arrumar.” – Eu falei me dirigindo ao armário para escolher minha roupa.
Peguei uma camiseta preta de manga curta, uma calça jeans, um tênis, meu Ray-Ban preto e logo entrei no banheiro.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Nós chegamos no parque e por ser um sábado de manhã não havia muita gente, só algumas pessoas que estavam passando por perto ou jogando basquete na quadra.
Eu sentei em um banco que dava para o lago e a Valerie sentou do meu lado. Nós ficamos conversando, falando sobre a noite passada e como iriam ser as férias.
“Você não ficou enjoada ontem quando eu fiz você tomar aquela coisa nojenta?” – Eu perguntei sorrindo e olhando para o lago.
“O que você acha?” – Ela respondeu também com os olhos fixos ao horizonte. Os raios de sol iluminavam parte de seu rosto, assim como seu cabelo, o que fazia o sorriso dela ficar mais lindo do que já era.
“ Desculpa” – Eu falei meio sem jeito, mas ela não pareceu se importar tanto.
 “Ta tudo bem” – Ela disse com os olhos ainda fechados por causa do sol. “Falando de ontem... vai me contar quem é a menina mais bonita da escola?” – Ela falou brincando e eu ri.
 “Você” – Eu disse sem pensar duas vezes e ela virou o rosto para me encarar.
“Oi?” – Ela falou como se tivesse entendido errado e eu respirei fundo buscando tirar o enjôo de nervosismo que estava crescendo na minha barriga para poder falar de novo.
“...Você” – Eu disse sem jeito e a expressão séria dela se tornou aos poucos em um sorriso.
“Obrigada” – Ela falou se inclinando para frente em direção a minha bochecha, e então me deu um beijo de leve. Por um minuto eu não sabia mais o que estava acontecendo e nem o que eu ia fazer.
Eu continuava sentindo os lábios dela na minha bochecha, então virei meu rosto de leve e pude sentir a respiração dela junto da minha. Eu não conseguia pensar em nada só em o quanto eu queria aquilo, então em um impulso eu juntei meus lábios com o dela.
Era como se mais nada existisse, como se o que faltava todos esses anos estivesse acontecendo e isso era incrivelmente maravilhoso. De repente todo o nervosismo havia desaparecido e tudo o que eu conseguia pensar era no quão macio seus lábios eram. Ela se afastou e ficou me encarando com uma expressão confusa por um tempo, eu estava prestes a pedir desculpas quando ela botou sua mão no meu pescoço e me puxou para perto dela de novo.
O beijo era calmo, nossa línguas se encontravam devagar, ninguém tinha pressa e muito menos preocupação com o que estava acontecendo ao redor. Eu agarrei sua cintura e a puxei para mais perto de mim enquanto ela acariciava meu pescoço.
 “Meu jovem, vocês tem horas?” – Eu ouvi a voz de uma velhinha perguntar e logo a Valerie se afastou.
 “Hã... Tenho, são dez e meia.” – Eu respondi olhando no relógio meio confuso e ela agradeceu.
Eu me virei pro lado para falar com a Valerie, mas ela não estava ali, não mais. Eu me virei para o lago e vi que ela estava sentada mais a frente na grama, então eu me levantei e fui sentar ao seu lado.
Ela não disse nenhuma palavra, nem me olhou nos olhos, eu só queria saber o que ela estava pensando naquele momento e se aquele beijo ia afetar nossa amizade.

                  ~ VALERIE ON ~

Foi perfeito, mas eu não podia se quer olhar em seus olhos, o medo de que a nossa amizade ficasse totalmente estranha depois daquilo começou a me deixar enjoada e eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse naquele beijo.
Eu olhei para o lado e ele estava olhando para o chão com os óculos na grama logo ao seu lado, eu não ia deixar aquilo estragar nossa amizade, a pesar de ter certeza que ele não gostava de mim como eu gostava dele e que aquele beijo tinha sido só... um beijo.
Peguei os óculos dele, botei e olhei pra ele com um sorrisinho torto que o fez rir.
“Eai?” – Eu disse fazendo pose e ele balançou a cabeça rindo.
“Linda.” – Ele falou e eu senti meu rosto corar.
“Que tal tomar banho de piscina na minha casa hoje?” – Eu falei olhando para o lago.
“Boa idéia, mas a gente tem que passar na minha casa antes.” – Ele respondeu e eu concordei.
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“Oi crianças, de divertiram ontem?” – A minha mãe falou assim que nós entramos em casa e eu sai correndo para abraçar ela.
“Sim” – Eu falei sorrindo e ela me deu um beijo na testa.
“Eu preciso conversar com você” – Ela disse sentando no sofá, então eu sentei ao seu lado. “Eu preciso ir pro Brasil e ficar lá por pelo menos duas semanas.” – Ela falou me encarando e eu não disse nada, só esperei que ela falasse mais alguma coisa.
 “Seus avós estão se sentindo muito sozinhos e eu acho melhor ir.”
Eu olhei para porta onde estava o Greyson e ele estava distraído brincando com meu gato.
 “Eu vou ter que ir?” – Perguntei pensando em como eu tinha me acostumado a passar as férias com o Greyson, geralmente quando eu viajava com a minha mãe ele vinha junto, mas dessa vez era muito longe.
 “Não se você não quiser, eu confio em você aqui sozinha.” – Ela disse e eu assenti.
Me levantei e atirei uma almofada no Greyson para que ele me olhasse.
 “O que?” – Ele perguntou assustado e eu ri.
 “É legal jogar coisas em você.” – Eu falei e comecei a ir em direção a piscina.
 “Vai ir pro Brasil?” – Greyson perguntou tirando a camiseta e a botando junto da toalha em cima da mesa que ficava perto da piscina.
 “Minha mãe sim.” – Eu respondi parada na porta e ele sentou.
 “Você não?”- Ele perguntou de novo e eu dei de ombros.
 “Vou botar um biquíni e já volto” – Eu falei fechando a porta que dava para a piscina e subi as escadas correndo. Entrei no meu quarto, fechei a porta e deslizei nela até o chão.
 “Ai meu Deus, mais um minuto lá e eu não ia conseguir! Como é que ele vai tirando a camiseta assim?” – Eu falei para mim mesma me abanando com as mãos. Ele costumava fazer isso, e eu já estava acostumada, ou deveria estar.
Peguei o biquíni que estava no meu armário, me vesti logo e sai correndo para a piscina de novo. Quando eu cheguei lá, vi que Greyson estava já dentro da água, com o cabelo todo molhado e bagunçado.
 “Vai entrar?” - Ele perguntou sorrindo e eu ri.
 “Vai ficar dentro da piscina com os óculos?” – Eu perguntei e ele deu de ombros.
 “Muito sol”
 “Verdade” – Falei botando minha toalha na mesma e indo sentar na beira da piscina.
Eu fiquei por ali um tempinho, até que Greyson parou na minha frente e começou a puxar minhas pernas querendo que eu entrasse de uma vez.
 “Para” – Eu falei me segurando, mas ele começou a puxar mais forte ainda. “PAAARA GREYSON!” – Eu gritei, mas não adiantou, ele continuou me puxando com aquele sorriso maléfico no rosto. “EU VOU TE BATER!” – Eu gritei e ouvi uma voz de dentro da casa gritando também.
 “NÃO VAI NÃO VALERIE, DEIXA O MENINO!” – Minha mãe falou e o Greyson começou a rir.
 “Vem me bater” – Ele disse e logo me puxou pra baixo de uma vez me fazendo mergulhar na água fria.
Eu sai pra fora da água devagar e fiquei o encarando.
 “Não ia me bater?” – Ele falou e mostrou a língua pra mim.
“Vem cá então” – Eu disse e ele começou a chegar mais perto. Quando ele parou na minha frente eu agarrei o cabelo dele e o enfiei de baixo d’ água, deixando ele lá por alguns segundos.
 “Valeu.” – Ele disse tossindo assim que voltou para a superfície.
 “Disponha.” – Eu respondi rindo e ele mergulhou para pegar seus óculos.
Eu me sentei de novo na beirada de piscina e fiquei brincando com meus pés na água.
 “Você vai ir com a sua mãe?” – Greyson perguntou sentando ao meu lado.
 “Não sei, se eu não for vou ter que ficar duas semanas aqui sozinha.”
“Tem eu.” – Ele disse sorrindo mas não consegui esconder a cara de preocupação com isso.
“É... tem.” – Eu falei olhando para a água e ele ficou mudo por um tempo.
“O que foi?” – Ele perguntou finalmente quebrando o silencio e eu dei de ombros.
“O que foi, o que?” – Eu perguntei sem olhar em seus olhos e ele soltou um suspiro.
“Você não queria que eu estivesse aqui?” – Ele perguntou e eu senti uma pontada no meu coração.
“Não, não é isso.” – Eu respondi pensando em  o que eu deveria falar.
“ O que é então?” – Ele perguntou preocupado, então eu respirei fundo procurando palavras.
“Lá na praça... Você é meu melhor amigo e eu sei que você não... gosta de mim e que pra você aquilo foi só um beijo. Mas é que eu realmente gosto de você. Só to com medo que algumas coisas mudem.” – Eu falei e ele ficou me encarando por um tempo.
“Só um beijo?” – Ele finalmente disse e eu assenti.
“Sim, sabe eu nunca pensei... sei La. Eu só decidi a muito tempo que ia ficar escondendo o que eu sentia por você e que alguma hora isso ia passar, mas não passou. Eu sei que eu sou só sua melhor amiga e por isso eu tenho mais medo ainda que tudo mude.” – Eu disse e comecei a encarar a água da piscina de novo. Eu senti que ia chorar, mas eu não podia, eu só tinha que esquecer, talvez fosse melhor eu ir com a minha mãe.
Ele ficou quieto, provavelmente estava tentando entender tudo o que eu tinha falado, era estranho depois de tantos anos eu finalmente ter dito aquilo.
 “Como assim eu não gosto de você?” – Eu o ouvi dizer, então virei pro lado para encará-lo.
Eu fui abrir a boca para falar, mas não deu tempo, antes que eu pudesse dizer alguma palavra ele se inclinou para frente e mais uma vez juntou meus lábios com os dele.
 “Eu não gosto de você.” – Ele disse desgrudando nossos lábios, mas sem sair de perto. “Eu te amo” – Ele falou e logo me beijou de novo.
 “Crianças, o que vocês vão querer co... eu volto outra hora.” – Eu ouvi minha mãe dizer e logo me afastei do Greyson.
 “O que será que ela pensou?” – Ele perguntou me olhando e eu olhei para a porta.
 “Bom, provavelmente não foi“ Olha minha filha esta beijando o melhor amigo dela desde os 11 anos, super normal. ”“ – Eu disse e ele começou a rir.