- Sim, mamãe ama mais Larry do que agente - Eu ria - Sinto mais falta de Sophia minha baby. Ficamos uns vinte minutos conversando até ela precisar voltar pra seu trabalho, guardei meu celular no bolso e me agachei tentando achar os cadarços de meu All Star naquela escuridão para amarrá-los, escutei passos vindo em direção a livraria, a luz de um poste ali perto falhava a cada cinco segundos fazendo ficar mais difícil a identificação de um casal que parou em baixo, a garota que parecia vestir um Trench Coat começou a falar.

- Ela é minha mãe, e quanto aquela desclassificada não posso fazer nada e se pudesse não faria, mas se você ainda quiser relembrar os velhos tempos estou a sua disposição. A garota tocou o rosto do garoto e ficou o fitando, sua boca com batom vermelho se aproximava da do garoto, ele olhou para a livraria e disse:

 - Tenho que ir. - Falou o garoto, uma onda de calor invadiu meu corpo fazendo me desequilibrar, aquela voz familiar, era de Dhovanni.

- Ela está ai não é? Posso sentir a presença de seu veneno. - Falou a garota

- Tchau, Lanny, agente se vê por ai. – Disse Dhovanni. O pingo de equilíbrio que ainda existia em mim que estava agachada se desfez me fazendo cair em cima de um latão que ali estava, morcegos voaram como um jato noite a fora me fazendo estremecer, Dhovanni começou a correr em minha direção e ao chegar me segurou fazendo me levantar.

- Bem que eu estava sentindo sua presença e seus pensamentos. - Ele olhou pra mim.

- Ela não, ela não – Com a manga da jaqueta sequei as lagrimas que já tomavam meus olhos.

- Nina meu amor, não... Dhovanni abaixou a cabeça. Dei uma ultima olhada para ele sai virando a viela em direção a livraria senti ele segurar um de meus braços, ele me virou para frente dele novamente.

- Me larga agora - pisquei e pensei em Dhovanni sendo empurrado com uma rajada de vento, dito e feito aconteceu, ele foi para trás em um impulso com uma rajada de vento, ele ficou parado e olhando assustado para mim, virei às costas e entrei na livraria para pegar as chaves de meu carro.

- Ei Nina já vai mais agente nem tomou nosso café... Falou Catherine assim que cheguei perto delas. Peguei as chaves que estavam na mesinha ao lado das poltronas e disse:

- Ligo pra vocês daqui a meia hora ok?- Falei e depois sai porta a fora.

Peguei meu carro e dirigi por alguns quarteirões até estacionar em frente a um restaurante-bar, entrei e já logo senti um pouco de náusea ao sentir aquele cheiro de lasanha misturado com o de cigarro e vodka, o lugar era confortável, a decoração era toda marrom, com detalhes de madeira falsa e com luzes amarelas baixas, o som das pessoas conversando misturava-se com o bater de talheres e taças, sentei-me em um banco na bancada do bar que ficava nos fundos, homens vestidos de calça social e jaqueta de couro batiam com força nas mesas a cada jogada de poker acompanhados de mulheres que mais pareciam covers de Marilyn Monroe fumavam formando nuvens de fumaça por cima das mesas, ninguém ali parecia ter gostado de minha presença mais ignorei, o barman um homem baixo e meio careca usava gravata borboleta e um avental preto e enxugava alguns copos ele olhou para mim e veio em minha direção.

- O que a moçinha ai vai querer? Sabe que é fora da lei crianças que nem você beber, mas vou abrir uma exceção só porque você é bonitinha, mas fica entre nós, certo? – O homem disse com uma voz rouca e deu algumas piscadas.

- Uma garrafa de Jack Daniel’s, por favor. Falei ignorando o barman.

Já estava ficando zonza depois de dois copos, até que vi um garoto se sentar no banco ao lado ele vestia camiseta do Nirvana e calça jeans seu cabelo tinha uma pequena quantidade de gel formando um pequeno moicano, logo o reconheci era Scott eu devia saber que esse era o lugar preferido dele.

- Hum... Parece que eu conheço esta moça, não devia estar aqui. Scott se virou pra mim, sem responder comecei a olhar as bebidas da prateleira á nossa frente.

- Você não acha que está bebendo demais não?- Scott falou apontando a garrafa de Uísque em minha mão.

- Cala a boca. – Falei engolindo um soluço.

- Sabia que aquele mentalista ordinário ia acabar deixando você assim, Nina eu deixei de te matar a pedido da minha mãe sabia? Claro que sabe já deve ter lido minha mente ou aquele lá te contou, sou seu amigo desde criança ai quando aparece um cara qualquer ai você logo se apaixona?- Scott tomou a garrafa de minha mão e olhou nos meus olhos.

- Se está arrependido, devia ter me matado então. Virei o rosto para olhar o movimento do restaurante.

- Porque eu te amo e só você não vê isso. Ele tocou meu queixo virando meu rosto para o dele.

- Você já disse isso, somos amigos também te amo. – Falei desconfiada.

- Não desta vez é um “eu te amo” neste significado – Scott se inclinou até mim e então fiquei com as pernas bambas quando ele me beijou, um beijo diferente e especial, um beijo que vinha de um amigo... Um amigo de infância,  me dei conta e empurrei Scott com força, foi a gota da água para cair aos prantos de vez, tudo que fiz foi sair dali o mais depressa possível Scott tentou me alcançar mais consegui ser mais rápida, sai cantando pneus fazendo todos que ali perto estavam despertarem. Dirigi com pressa até chegar perto da floresta negra, estava tonta então parei perto de algumas árvores sombrias foi quando escutei um estrondo na porta do passageiro, alguém já havia se sentado ao meu lado e era Scott novamente.

- Não foi por mal, juro. - Scott disse esticando o braço e trancando a porta do meu lado do motorista.

- Para um visionário você foi rápido de mais, que foi agora anda roubando poderes da minha linhagem? venho roubar os meus poderes também?, Faça bom proveito isso foi umas das piores coisas que já me aconteceu. – Falei desesperada, Scott me olhou e me calou colocando um de seus dedos nos meus lábios.

- Olha aqui pra mim, ta tudo bem calma eu to aqui, nunca vou me separar de você nunca.

- Porque as pessoas decidiram agir e contar tudo pra mim na ultima hora, por exemplo, você nunca deu sinal algum de que estava apaixonado por mim. – Falei me acalmando.

- Dei sim, foi você que não percebeu ainda mais agora que anda meio ocupada com o mentalista, se você me deixar ficar aqui com você e depois te levar pra casa prometo responder suas perguntas, vejo que anda curiosa.

- Até que enfim, mas se tentar me beijar saio te arrastando pelo asfalto preso por uma corda. - Falei olhando para o volante.

- Pergunta numero um madame? – Scott sorriu

- Porque eu nunca me dei conta de meus poderes? Porque só agora consigo pelo menos ter um pouco de controle sobre eles? – Falei confusa

- Tente se lembrar de alguma vez que fez algo fora do comum? Eu me lembro muito bem, a briga com seu irmão lembra?

- Ah quando uma jarra de vidro se espatifou em mil pedaçinhos e minha mãe foi correndo chamar o padre para benzer a casa, eu estava nervosa com Larry.

- Exatamente, a vez que fez a professora da primeira serie mudar sua nota só com sua influencia, a vez que um cão enorme veio nos atacar e você entendeu tudo o que ele pensava e fez com que ele fosse embora, são pequenas coisas, mas que já dizia tudo, mas teve uma vez que percebi o quanto você era poderosa e podia mover os quatro elementos, tínhamos dez anos e estávamos sentados na grama de seu jardim era outono e uma folha seca começou a cair da arvore você sem saber de nada girou o dedo no ar e fez com que a folha fosse longe com o vento. – Scott ficou sério.

- E porque nunca me contou? Deixa-me adivinhar seus pais controlavam você com a mente, mas e você como descobriu seus poderes? – falei olhando para ele.

- Meu pai sempre quis que eu assumisse o conselho de visões então desde pequeno venho sendo treinado, seu pai também sempre soube de mim mas sabia também que eu nunca faria mal a você apesar de ele não concordar muito com nossa amizade, nunca gostei de ser visionário até que um dia encurralei uma mentalista em uma floresta e arranquei seus poderes prometendo deixá-la viva mas sua mãe outra grande mentalista que vive a séculos chegou impedindo consegui metade de seus poderes então não tenho vida eterna, nada pessoal ok.

- Espera um pouco então foi por isso que Pablo morreu, meu pai entregou apenas metade dos poderes ou quase metade pois ele morreu esmagado, como se fosse fraco.

- Ele ainda tinha esperanças de continuar vivo para te proteger e te treinar, e falando em treinar tenho que te alertar de uma coisa eu não devia mas acho melhor contar, essa tal menina que retirei os poderes é filha de Samantha uma mentalista muito poderosa  ela vive a séculos sugando as almas de seres humanos para se manter viva mas agora decidiu não sugar mais almas de humanos e sim poderes de algum mentalista poderoso , ela veio em busca de seu pai mas já sabe que ele está morto e agora está atrás de você, mas não se preocupe Dhovanni eu e os amigos de seu pai já estão na cola dela a vimos pela ultima vez na região sul mas não conseguimos mas captar seus pensamentos ela anda bloqueando o que significa que já sabe que estamos a perseguindo. – Scott falou com pressa.

- Achei que ia ter paz depois de Jeremy, mas Scott se sou tão poderosa assim como dizem, porque esconderam isso de mim? – Falei inconformada.

- Ordens de Dhovanni Mathieu, ele não quer envolver você nisso, eu tentei convencê-lo, pois a um livro de sua família com todos os segredos possíveis de um mentalista que mostra desde sua arvore genealógica até cada tipo de poder da mente, por exemplo, Telepatia, Empatia, Telecinese e assim por diante, mas Dhovanni acha arriscado você achar esse livro, pois Samantha pode estar atrás dele também. – Continuou Scott.

- Agora ele anda mandando na minha vida, além de se encontrar com aquela... Lanny. Falei nervosa.

- É bom, melhor eu te levar pra casa – Scott tossiu e então já estava dirigindo o carro.

A gente cresce achando que tudo um dia será perfeito, que não teria problemas a enfrentar ou lagrimas para derrubar, mas toda aquela dor de saber que eu nunca seria como os outros é demais para mim.