Fui acordando aos poucos e ouvia alguém chorando ali do meu lado, segurando minha mão. Abri os olhos e era a Pamela, ela estava desesperada, segurando minha mão como si nunca mais fosse segura-la. Fiquei olhando para ela ali aos prantos, eu estava paralisada, não conseguia falar com ela e percebi que ela não tinha visto que eu estava acordada.

- Ei, Pam... - eu falo e dou um sorriso de lado.

- AI MEU DEUS JESSICA, VOCÊ TA BEM? EU TE ODEIO PORRA, EU TE ODEIO MUITO! - Ela fala aos soluços.

- Calma, eu to bem Pam, to bem. Pra que tudo isso?

- PORQUE VOCÊ ACABOU DE SER ATROPELADA PORRA.

- Mas eu to bem, não estou? To viva, não estou? Então, calma. - eu falo tentando acalma-la e ela continua chorando.

- Eu te odeio Jessica, com todas as minhas forças. Você me deu um susto, por horas eu fiquei aqui pensando que iria perder minha melhor amiga, porra. - nesse momento eu quase comecei a chorar e apertei a mão dela tão forte quanto ela estava apertando a minha, e a puxei para um abraço. Naquele momento eu me senti tão culpada por tudo que tinha acontecido comigo e com o Guilherme. Ela estava tão preocupada comigo, e eu não estava nem ai para ela quando eu estava com o Guilherme.

- Você não vai me perder - eu sussuro no ouvido dela - eu prometo. Eu te amo muito, você significa o mundo para mim. - eu começo a chorar e ficamos ali abraçadas, por uns 5 minutos. - Você sabe onde está o Mateus e o Guilherme?

- É... - ela abaixa a cabeça e entorta a boca -  eles estão lá fora conversando com o médico. Eles falaram para mim ficar aqui, caso você acordasse.

- E minha mãe? Vocês a avisaram?

- Ainda não, eu sei que ela não poderá sair do serviço assim, então não vamos deixa-la preocupada, não é?

- É melhor mesmo, obrigada. Você pode chamar o Mateus aqui? Quero conversar com ele.

- Claro, só um minuto.

Ela sai do quarto e me deixa sozinha. Eu fico lá dentro, deitada quase chorando, me sentindo um monstro por ter feito tudo aquilo com a Pamela. Eu era a pior melhor amiga do mundo. Estava tão concentrada nos meus pensamentos que não ouvi o Mateus entrar no quarto, só me dei conta quando ele me abraçou.

- Você ta bem Je? - ele fala desesperado e me abraçando - você me deixou desesperado garota! Eu te odeio, só pra você saber.

- Eu te amo - eu o abraço e começo a chorar, pedindo perdão.

- Perdão porque? Por ter quase feito eu virar teu colega de quarto com um infarto do coração? Ah, desculpas aceitas. - ele ri e eu começo a rir com ele.

- Não seu idiota, por ter feito aquela cena com o Guilherme lá... Por ter ficado cara a cara com ele... Na sua frente. 

- Você acaba de ser atropelada, bate a cabeça com tanta força que passou mais 7 horas desacordada, e você está preocupada com isso? Isso é sério Jessica? - ele levanta uma sobrancelha.

- É sério. Si não fosse por aquilo, isso nunca teria acontecido. Me perdoa, não foi minha intenção. Eu tropecei e ele me segurou, foi só isso, eu juro. - meus olhos enchem de lágrimas.

- Você não existe. Você quase morreu, e ta preocupada com isso, nossa. 

- Mas eu tinha que estar preocupada mesmo, afinal você é... - eu me interrompo quando olho para a porta, que tinha uma janelinha que dava para ver o outro lado. Eu vi a Pamela chorando conversando com o Guilherme, e o abraçando - é, porque a Pamela está chorando ali com o Guilherme? - o Mateus olha para trás e olha com uma cara de... Tristeza.

- Eu já volto - ele fala e sai do quarto.

Ele sai para fora e abraça a Pamela e seus olhos enchem de lágrimas também. Fico observando os três ali. O Mateus e o Guilherme estavam se segurando ao máximo para não chorar, enquanto a Pamela morria de chorar. Eles ficaram bem uns 15 minutos lá fora, chorando e conversando. Eu nunca fui boa com leitura de lábios, mas deu para entender uma coisa que o Guilherme falou. "Nós vamos cuidar dela" E eu só entendi isso, mas ele falou uma frase enorme. O Guilherme abraçou a Pamela e saiu com ela, o Mateus entrou no quarto novamente.

- Oque ta acontecendo? Porque a Pamela ta chorando? - eu pergunto desesperada - e porque VOCÊ ta chorando? Alguém pode me explicar alguma coisa?

- Não aconteceu nada meu anjo, nada... - ele me da um beijo na testa - eu vou chamar a enfermeira para avisar que você já acordou.

- Não Mateus! Você vai me explicar tudo agora! - ele sai do quarto antes mesmo que eu terminasse a frase. 

Uma enfermeira entrou no quarto e começou a fazer uma série de perguntas, do tipo "você está sentindo alguma dor?" ou "você ultimamente tem sentido algum desconforto, um mal estar ou vomitado e etc?" Eu não respondia nenhuma, somente ficava perguntando sobre o Mateus, o Guilherme ou a Pamela.

Pamela POV

Ainda não tinha conseguido acreditar naquilo que o Guilherme havia me falado. Eu nunca tinha nem cogitado esse hipótese. Eu não podia perder a Jessica por nada nessa vida, ela era a minha melhor amiga. Eu a amava mais que tudo na minha vida. Ela era tudo para mim. Agora eu estava sentada na mesa da cantina de um hospital, no qual minha melhor amiga estava internada, com o meu namorado que eu não amo como pensei que amava, querendo morrer. Apenas.

- O que nós vamos fazer? - perguntei para o Guilherme, de cabeça baixa, passando os dedos na parte superior da xícara.

- Eu não sei... Temos que falar com a mãe dela primeiro, não é?

- Acho que sim... - começo a chorar e levanto e sento no colo do Guilherme, o abraço e fico ali chorando, quando o Mateus nos interrompe.

- Ela quer saber oque ta acontecendo, porque estavamos chorando. Ela quer saber... - ele fala com um tom de cansaço.

- Melhor tu ir para casa, você esta aqui desde que ela foi atropelada. Pode ir, eu fico aqui com ela. - o Guilherme diz.

- Com você? Hahaha, nunca. Com a minha namorada não. Vamos fazer assim, você cuida da sua namorada, e eu cuido da minha, ta legal? - não entendi oque ele quis dizer com aquilo, mas deixei passar. Só sei que o Guilherme olhou para ele com cara de "sai daqui agora ou eu te mato" - Vou ver a minha - ele coloca enfase no minha - namorada, qualquer coisa to no quarto com ela. - ele levanta e sai.

- O que ele quis dizer com isso tudo Gui? - eu pergunto para ele.

- Não sei também - ele fala e logo em seguida desvia o olhar. 

Nós voltamos para o quarto, e encontramos Jessica dormindo.

- Ela estava com dor no braço - a enfermeira diz. - eu só dei um remedio para dor, e ele dava um pouco de sono, e ela logo dormiu. Talvez ela não acorde mais hoje - ela sai do quarto.

- Ta legal, já ta ficando tarde. Quem vai dormir aqui com ela? - o Guilherme fala.

- Eu vou dormir aqui com ela! - a mãe ela entra no quarto - porque vocês não me avisaram? Qual é o problema de vocês?

- Nós... Não queriamos preocupa-la, iriamos te falar quando saisse do trabalho, desculpa - eu falo.

- Tudo bem, melhor vocês irem para casa, já está anoitecendo.

- Eu vou ficar com ela - o Mateus diz. - não vou deixa-la sozinha.

- Nem eu - eu e o Guilherme falamos juntos, nos olhamos e damos as mãos.

- Vocês tem que ir para casa, não vou deixar vocês passarem a noite aqui. 

- Mas eu irei passar a noite aqui - nós três falamos juntos.

- Ta legal, ta legal... Vocês podem ficar aqui, mas só esta noite.

No quarto, tinha três sofás, tirando a cama da Jessica. Eu e o Guilherme deitamos no maior, que não era tão grande assim, então tivemos que dormir bem agarradinhos, de conchinha mesmo. O Mateus dormiu no sofá do lado da cama da Jessica, sentado olhando para ela a noite toda. E a mãe dela, ficou no sofá perto da janela, ela dormiu rápido, devia estar muito cansada, claro, passou o dia todo trabalhando.