Acordei na manhã seguinte com o sol batendo em meu rosto. Olhei no meu celular e era 04:40 da manhã, então minha mãe ainda não tinha saido de casa. Levantei e fui até a cozinha ver si ela estava lá, mas ela não estava. Então dei um grito para ela e ela respondeu, ela estava lá em cima. Subi, e sentei na cama dela. Ela estava penteando o cabelo em frente o espelho do quarto dela.

- Oi mãe - falo desanimada.

- Oi Je, ta tudo bem? Parece que você andou chorando noite passada, teu rosto está inchado. - ela pergunta olhando direto nos meus olhos.

- É... Não aconteceu nada mãe, eu to bem. Só to com o rosto amassado de sono - tive que mentir para ela, aquilo foi uma das coisas mais dificeis para mim.

- Então ta filha, eu vou ir para o trabalho ja ta bom? Acho que depois do serviço eu vou sair com uma amiga minha, então não sei que horas eu chego. Você não se importa, ou importa? 

- Não mãe, pode ir. Você nunca sai, precisa se divertir também.

- Então ta, chama o Guilherme para ficar aqui com você até eu chegar, só pra você não ficar sozinha.

- Duvido que ele queira... - desvio o olhar e olho para baixo - mas eu chamo sim - levanto a cabeça - beijo mãe, bom serviço. Eu te amo muito - eu a abraço e meus olhos enchem de lágrimas.

- Eu também te amo Je. Vou lá, beijo e tenta dormir ta?

[...]

Fui para o meu quarto e tentei dormir. Mas eu não estava conseguindo. Era quase 06h da manhã e eu tinha que ir para a escola. Mas confesso que não estava com a minima vontade de ir para escola, de ter que enfrentar Guilherme e Mateus, juntos deibaixo do mesmo teto. O despertador tocou e eu levantei e fui tomar banho. Tomei um banho demorado, quase 20 minutos, fiquei ali em baixo da água pensando no Mateus e no Guilherme, pensando na bagunça que estava dentro de mim. Chegou uma mensagem no meu celular e eu sai do banho. Fui olhar e já era 6h48. Droga, eu demorava 15 minutos para chegar na escola e o portão fechava 7h e eu ainda tinha que tomar café e etc. Corri e coloquei a primeira roupa que vi na minha frente. Quando terminei de me arrumar eram 6h52, eu fui bem rápida, uhu! Fui ver a mensagem no meu celular, e na verdade, eram duas mensagens. Isso mesmo.... Guilherme e Mateus. 

Mateus: "Bom dia amor, já acordou? Me encontra na praça enfrente a escola para que possamos entrar juntos na escola. Espero resposta, te amo, xxxx." Guilherme: "Bom dia vaca, tu vai comigo para a escola? To te esperando aqui em frente o meu portão, xxx."  Desci, peguei uma maçã e sai de casa. Fui respondendo o Mateus antes que eu encontrasse com o Guilherme. O Guilherme estava me esperando em frente o portão, me olhando com uma cara de "acho que eu vou te matar".

- Desculpa...? - dou um sorrisinho esfarrapado.

- Vamos logo - ele começa a andar - porque está tão atrasada?

- Demorei muito no banho, sorry.

- Idiota, vamos logo. São 6h54 já. Temos que correr.

- Corrida até a praça enfrente a escola? - eu sujiro, para que eu chegue logo e não deixe o Mateus esperando.

- Bora - ele começa a correr, e eu vou logo atrás dele. Eram 6h57 e estavamos quase chegando na praça. O Guilherme estava bem na minha frente, e já tinha virado a esquina da praça. Eu viro a esquina e tropeço, e o Guilherme me segura. Agora imaginem a cena, eu tropeçando, empurrando o Guilherme pelo ombro e ele me segurando pelo braço, colando o corpo dele ao meu. Ficamos praticamente cara a cara, nossos rostos estavam a centimetros, nossas respirações poderiam ser confundidas. Eu senti que ele iria me beijar, e si nós não tivessemos em frente a escola, com todo mundo olhando, inclusive o Mateus eu iria beij... AI NÃO, O MATEUS! Olho para o lado e o Mateus esta encostado em uma árvore olhando para mim e o Guilherme. Eu me afasto do Guilherme e vou atravessando a rua. Eu não me preocupo em olhar para os lados, eu estava preocupada no que o Mateus estava pensando, isso sim. Eu estava naquele momento de transe, em que você não escuta nada, não vê nada, sabe? Então, eu fui despertada desse transe quando ouvi o Mateus e o Guilherme gritarem ao mesmo tempo, me virei para trás e senti um impulso me levar para o outro lado da rua, bem longe da onde eu estava. Eu bati em uma árvore, e fiquei desnorteada, estava enchergando tudo embaçado. Dava para ver que um roda de pessoas começava a me cercar. Eu não conseguia me mexer ou falar qualquer coisa, só ouvia os gritos.

Senti mãos em minha cabeça e ouvi a voz do Mateus, logo em seguida alguém pegou minha mão, o Guilherme. Eles gritavam mandando alguém chamar a ambulancia e dava para perceber que os dois estavam chorando e desesperados. O Mateus estava tremendo, ele não conseguia segurar minha cabeça direito, ele estava muito desesperado. O Guilherme estava até calmo, mas ele estava praticamente esmagando minhas mãos. Estava quase desmaiando, quando o Mateus chegou perto do meu ouvido e falou:

- Por favor Je, fica acordada. A ambulancia já esta chegando, aguenta firme.

Meus olhos já estavam fechados, quando eu ouvi a voz dele e eu os abri e minha visão não estava mais tão embaçada, olhei para ele e notei que as mãos dele estavam sujas de sangue. Eu estava sangrando, que tinha batido a cabeça muito forte. Depois disso, eu fechei os olhos, e depois só lembro de um enfermeiro me colocando na maca, depois disso, eu apaguei.