Pov Hermione

Como eu posso dizer o que eu estou sentindo agora?

Uma confusão? Claro, e depois vou vestir uma capa e me chamar capitã obvio. 

Saudade. Magoa. Amor. Alivio. Raiva. Ódio. Dor...

Que dor era essa? Não era dor mental, e nem no coração. Então a dor só podia ser física.

- Ahhhhhhhhhhh! - Gritei já dentro de uma cabine vazia enquanto eu sentia que arrancavam a minha pele e depois costuravam uma nova por cima. Sentia meus ossos mudando de lugar causando uma dor excruciante que me impedia de pensar o que estava acontecendo. Meus cabelos pesaram mais e senti eles roçarem na base da minha coluna. 

Comecei a chorar baixinho de dor e em algum ponto da minha consciência ouvi alguém sussurrar um feitiço em direção a porta, e braços me envolvendo, dizendo palavras de conforto.

Lenta e gradativamente a dor foi diminuindo até sumir totalmente. Admito que fiquei com medo de me mover e a dor voltar.

- Acalme-se cobrinha, eu estou aqui. - Ouvi a voz do meu irmão - É, a mamãe devia ter lhe explicado tudo a respeito da poção. Mas nós éramos muito novos, acho que é justificável. 

Eu não estava entendendo o que ele estava falando, acho que a dor afetou o meu cérebro, eu só saquei que tinha a ver com a poção da aparência.

Espera, então a dor poderia significar que eu tinha voltado a minha verdadeira forma. Isso seria ótimo. Eu só teria que mentir a todos que quando pequena já demonstrava traços de magia e um Comensal da Morte tentou me matar, mas o feitiço saiu errado e mudou a minha aparecia...

Cara antigamente eu inventava historias melhores. 

- Se a mamãe não pode explicar você pode? - perguntei me enchendo de esperança.

- Humm - senti a esperança em mim se esvair - Claro que sim tampinha.

- Hey eu não sou tampinha e só sou alguns minutos mais nova que você.

Ele somente riu e bagunçou o meu cabelo. 

- Mesmo assim é mais nova. Vem eu quero lhe mostrar a sua verdadeira aparência. Mesmo que eu ache que vai ser muito difícil de proteger dos outros com você estando tão linda assim. - ele murmurou a ultima parte na esperança de que eu não ouvisse.

Soltei um risinho curto e baixo, estava ainda muito cansada.

- Bom minha cara irmã, como eu posso lhe explicar... A simples, se você tivesse emoções muito fortes em um curto espaço de tempo, a transformação ocorreria mais rapidamente, então vejamos, os momentos em que você possa sentir essas "fortes emoções" - já disse que o meu irmão poderia ser piadista? Seriam piadas tipo, faça a vida da sua irmã um inferno. - quando você me encontrou, quando eu contei sobre... Ela. E por ultimo, mas não menos importante: quando você reencontro o seu Romeo.

Ele olhou para mim, mas eu evitei os seus olhos. Sabia que ele poderia saber exatamente o que se passava na minha mente assim como eu poderia saber o que passava na dele com apenas um olhar. Isso era ótimo em muitas ocasiões, nessa em si... Não.

Chegamos ao banheiro sem encontrar ninguém no caminho. O que foi ótimo, afinal, seria difícil dizer o que uma garota que ninguém nunca tinha visto em Hogwarts estava fazendo no trem com um uniforme da grifinória.

Liam não me deixou olhar no espelho até que ele tivesse aumentado-o para ficar de corpo inteiro. 

- Tudo bem cobrinha pode olhar.

E eu olhei e acho que aquele espelho estava com defeito. Por que sem duvida aquela garota refletida ali não era eu. Ela tinha cabelo negro como os do meu irmão, mas ao contrario dos dele os da garota eram lisos na parte de cima mas mais tarde faziam cachos, os olhos eram de um grafite frio que dava medo em quem olhava pois apesar de serem bonitos quem prestasse mais atenção veria que eles não demonstravam nenhuma emoção, pelo menos não verdadeira. A garota tinha uma altura mediana, e um corpo escultural, o que muitos chamariam de perfeito. Então essa era a aparência verdadeira dela... Interessante. Mais fácil de tirar informações dos garotos sem sombra de duvida.

- Então o que acho maninha? - perguntou Liam se pondo atrás de mim. Era incrível o quanto nós éramos parecidos, ele era eu no masculino e eu era ele no feminino. Era estranho e de certa forma para quem olhasse de fora perturbador, mas nós já estávamos acostumados.

- Acho que sou igual a você... Espera, não. Eu não sou igual a você... Eu sou pior. - ambos abrimos sorrisos cruéis e fomos em direção a saída já que o trem tinha parado enquanto nós conversávamos.

É o tempo passa rápido quando estamos com a família.

Andamos pelo velho caminho até as carruagens que eram puxadas por Trestralios, só podiam ver eles as pessoas que já viram a morte.

- Droga! - exclamei - Perdi a cara do Potter quando visse os Trestralios. Ia ser hilário.

O meu irmão só riu. Tudo bem que ele só pode rir abertamente assim comigo, mas... Cara a felicidade dele está me enjoando.

Hogwarts surgiu na nossa frente, como sempre mostrando a sua grandeza e esplendor enquanto ao mesmo tempo dava uma sensação de conforto.

É estava na hora da grande entrada dele, e eu daria uma de acompanhante querendo mostrar o lugar.

Sim, a dor parou de afetar o meu cérebro.