Capítulo 41 – Opção

Kol enrolou-a numa manta e acendeu a lareira, apesar de ainda ser de dia. Teresa permanecia estática, a tremer de frio e de medo e de pânico, no lugar onde Kol a tinha deixado.

Ele por sua vez, tinha despido as suas roupas, ficando apenas de roupa interior. Se fosse num outro dia, Teresa até podia ter arregalado os olhos, feito uma piada ou ter simplesmente admirado o corpo de Kol, mas naquele dia o pânico preenchia-a.

O Original aproximou uma grande cadeira de baloiço da lareira e pegou outra vez Teresa ao colo. Sentou-se com cuidado na cadeira, deixando-a balançar-se suavemente e percorreu as costas de Teresa para cima e para baixo, provocando fricção e encostando-a ao seu corpo.

–Já vais aquecer.

Teresa estava fria por dentro e especialmente por fora. Os seus lábios estavam de uma cor arroxeada, a parte branca dos seus olhos vermelha e as pálpebras doíam-lhe. As suas mãos tremiam, geladas, e Kol pegou nelas com delicadeza, fechando o seu punho nelas. O braço que Kol tinha atrás das costas de Teresa aconchegou-a mais para si, e como Teresa era magra, o braço deu quase a volta toda a ela. Teresa por sua vez encostou a cabeça ao peito de Kol, permanecendo lá e, por fim, adormecendo.

Kol fechou os olhos, deixando-se por fim relaxar e dormir um pouco.

***

–Kol – chamou Klaus, aparecendo na sala. – O que aconteceu?

A lareira já estava quase apagada e o sol já se punha no horizonte.

–Teresa teve um acidente na piscina – murmurou Kol, olhando para ela, que parecia um bebé indefeso. E era precisamente isso que ela era: um bebé, comparado com a idade que ambos os irmãos tinham.

–Onde está Liliana?

–O sol ainda não se pôs, por isso deve de estar ainda no seu quarto.

Klaus acenou a tocou nos cabelos pretos de Teresa, colocando algumas madeixas atrás da sua orelha.

–O que aconteceu exatamente?

–Ainda gostava de saber – disse Kol, suspirando. – Discutimos por causa de Liliana e quando ela me virou as costas algo lhe aconteceu. No segundo a seguir, ela estava a gritar “não” e caiu na piscina.

Klaus suspirou, cansado.

–Ela não está a usar o colar.

–O colar? – inquiriu Kol, confuso.

–O colar que ela usa sempre. Há dois dias que ela não o usava. Daí os pesadelos e… - não se permitiu acabar a frase porque não sabia o que tinha acontecido exatamente. – Esther está a ficar cada vez mais próxima. É como se quando eu e Teresa nos aproximamos mais, ela fica mais perto do seu objetivo.

–O que vamos fazer? – perguntou o irmão mais novo.

–Não sei. Mas não a consigo matar.

–Ainda só se passou um ano.

Klaus acenou.

–Mas eu nunca pensei que Esther pudesse estar tão próxima.

–O que estás a pensar, irmão?

–Desligar as emoções.

Kol remexeu-se na cadeira, desconfortável. Teresa gemeu e enrolou-se mais nele.

–Irmão, não faças isso.

–Porque não?

–Porque quando voltares a ligar, e sabemos que isso eventualmente acontece, toda a culpa virá e será destruidora.

Klaus encolheu os ombros.

–Nessa altura, ela já estará morta.

Kol apertou-a contra si.

–Eu não irei deixar que tu a mates.

O brilho perigoso nos olhos de Klaus foi um aviso para Kol.

–Estás a colocar-te contra mim, Kol?

–Não – o abraço á volta de Teresa tornou-se mais possessivo. – Estou apenas a proteger os seus interesses. Tu prometeste que lhe davas três anos de vida e é isso que vais fazer.

O híbrido semicerrou os olhos e cerrou o maxilar.

–Está bem. Mas eu não vou hesitar em destruir Esther. Nem mesmo se ela algum dia entrar no corpo de Teresa.

Kol suspirou. Era tudo o que Klaus podia garantir para ele, sabia disso. Melhor isso do que nada.

–Então vamos manter Teresa com o colar o máximo de vezes possível.

©AnaTheresaC