O Breno continuava a mesma pessoa de sempre. É praticamente impossível que uma pessoa mude tanto em 1 mês. Ele continuava chato, colocando os pés em cima da mesa... Lindo, com aquele sorriso que só ele sabia dar, com aquele brilho no olhar que só se mostrava quando estava muito feliz. Por um momento, pensei que o sorriso dele estivesse malicioso, mas acho que me enganei.

Ele entrou, e como de costume colocou os pés em cima da mesa, soltei uma gargalhada involuntária quando ele fez isso.

- Tudo ficou tão mal resolvido com agente... Digo, a sua reação quando eu falei que estava namorando.

Por um momento pensei que ele já tinha sacado que eu estava completamente, perdidamente apaixonada por ele.

- Não é assim cara. Ela te fez sofrer muito. Tudo bem, ela é minha melhor amiga também, mas ela te fez sofrer demais, ainda não a perdoei por tudo oque ela te fez passar. E.... Quando você me falou aquilo, passou pela minha cabeça que você iria me trocar por ela. Que você iria amar ela mais do que você me ama. Que você passaria todo o seu tempo com ela, e nenhum pouco do teu tempo comigo. A ideia na hora me fez surtar.

O Breno sabia como ninguém me deixar paralisada. Ele se levantou e andou em minha direção, e ficou parado na minha frente. Ficamos em silêncio por um bom tempo. Então eu resolvi quebrar o silêncio.

-          Porquê estamos assim, de pé um olhando para o outro?

-          Porquê... Na verdade, eu não sei. – risos.

-          E você continua burro como sempre! – risos

-          Mas ainda sou mais inteligente que você.

-          Ok, vai sonhando vai Breno..

-          Tu fica linda quando faz essa carinha de irônica sabia – ele foi se aproximando de mim, segurando na minha cintura. Eu pudia sentir a respiração dele, ouvir os batimentos dele. Por um momento, senti como si eu fosse a pessoa mais importante na vida dele, somente pelo jeito que ele me tocava.

Eu sabia que aquilo era proibido. Sabia que iria trair a minha melhor amiga si acontecesse oque eu estava pensando. Sabia que eu iria me sentir culpada para sempre si aquilo acontecesse. Mas a paixão me tomou completamente, e eu fiquei fora de mim. Então foi ai, que o nosso grande primeiro beijo aconteceu.

Ele sentou na mesa e me colocou no colo dele, e me beijava tão apaixonadamente e eu o respondia da mesma maneira, e aquilo foi mágico. Eu não queria parar, não queria sair dali. Queria ficar daquele jeito, para sempre. Então, ele finalmente se levantou, e começou a me levar pro quarto. Ele abriu a porta do quarto como si estivesse com medo de fazer barulho, e me jogou na cama, fechou a porta com o mesmo medo de fazer barulho, como si alguém estivesse em casa.

Ele deitou na cama, do meu lado, como sempre fazíamos quando ele ia lá em casa e ficava até altas horas da madrugada... Ele não me beijou, e por um momento fiquei desapontada por ele não ter o feito, mas depois entendi que era o melhor. Ele olhava fixamente para o teto, e eu olhava fixamente para ele, estava encantada com a beleza dele. Ficamos mais ou menos, 1 hora ali, daquele jeito. Ok, foi bom, mas... Ok, vamos focar no que importa.

Ele finalmente, olhou para mim e quando olhei para dentro dos seus olhos, vi que ele estava quase chorando. Meus olhos começaram a encher de lágrimas também, e não consegui me conter, comecei a chorar desesperadamente. Ele ficou olhando, e depois de um tempo, ele me abraçou, e começou a chorar também. Então ficamos ali, os dois chorando, por uma coisa que não poderia ter acontecido, mas aconteceu. E o pior: nós dois tínhamos gostado.

Aquele silencio estava me matando, me consumindo por dentro. A culpa estava fazendo a mesma coisa, estava praticamente me matando. Eu tinha que falar alguma coisa, eu precisava quebrar o silencio.

- Me perdoa. Eu não deveria ter te beijado.

- Não foi você que me beijou, eu te beijei. Você não tem culpa. Nem eu.

- Nós traímos a Ana cara! Sua namorada! Minha melhor amiga!

Ele me abraçou, como si quisesse que eu ficasse quieta. Ficamos ali, abraçados, e ele caiu no sono, e logo depois, eu também. Quando acordei, ele estava no pé da cama, me observando. Olhei pela janela e já havia escurecido. Eu sentei na cama, bem na frente dele, e fiquei olhando para ele. Então ele disse:

- Está com fome? Me arrisquei a fazer omeletes, mas acho que não ficaram muito bons.

Nós descemos para comer, e é... Não estava nem um pouco bom. Caimos na gargalhada de novo, como si fossemos apenas melhores amigos, como si nada estivesse acontecido naquele dia. Então começamos a guerra de comida, oque no caso não é pecado, pois o omelete estava duro, horrível. Parecia pedra.

Ele jogava em mim, eu jogava nele, e nesse meio eu esqueci que estava apaixonada por ele. Quando estávamos bem sujos, e a cozinha estava repleta de ovo, ele me segurou pela cintura novamente. Senti que ele iria me beijar, e o empurrei para longe. Ele voltou, e me beijou. Não tive forças para o empurrar dessa vez, e nem queria. Ficamos ali, nos beijando por vários minutos. Foi tão magico quanto o beijo de mais cedo. Iria ser algo a mais, si minha mãe não tivesse chegado. Ela chegou e não deu tempo dela ver o beijo. Nós nos soltamos, e ela entrou na cozinha. Ela ficou aterrorizada quando viu a bagunça na cozinha.

- MAS OQUE É ISSO RAFAELA?

- Desculpe Sonia.. Não foi culpa dela, foi minha. Eu joguei omelete nela, e ela só revidou. Mas pode deixar que eu arrumo tudo isso. – ele falou, como si tivesse medo da minha mãe.

- Eu vou tomar banho, e quando voltar, quero tudo limpo, sinão.. Os dois estão ferrados!

Quando ela saiu da cozinha, nós dois começamos a rir. Ele me olhava, com aquele olhar de “eu não vou limpar nada, você que se vire” e eu o olhava com o olhar de “porra, porquê eu te amo tanto”.

Arrumamos a cozinha, juntos. Como si fossemos namorados, ou casados. Minha mãe desceu, e olhou para a cozinha, que estava arrumada já. Quando eu ia falar que já estava tarde, e para o Breno ir embora, ele abre a bendita boca e fala:

- Dona Sonia, você se importaria si eu dormisse aqui hoje? – riso irônico.

- Claro que não meu anjo! Pode ficar!

Eu o olhei com um olhar tipo “qual é o teu problema?!” e ele deu um sorriso irônico. Acho que minha mãe percebeu alguma coisa ali. Mas ela não comentou nada.

- Acho que já ta tarde, vamos subir Rafa?

- Vai se ferrar. – e sai andando, ele e minha mãe começaram a rir na cozinha, e eu fingi que não ouvi.

Fiquei uns 10 minutos lá, e o Breno entrou no quarto com uma sacola.

- Porque tu fez isso?

- Ué, você adorava quando eu vinha dormir aqui.

- Pois é, adorava.

- Agora não posso ir embora, e eu vou ter que dormir ai, do seu ladinho.

Eu não respondi, achei que ele não queria uma resposta, só dei um espaço para ele na cama, e virei. Ele deitou, e passou os braços dele por cima de mim. Eu logo peguei no sono.

Acordei com ele me balançando, pensei que já estava na hora da escola. Mas não estava. Assim que abri o olho, ele me beijou. Percebi que ele estava chorando, e me beijando com gosto. Ele subiu em cima de mim, e tirou minha blusa. Quando eu percebi, já estávamos sem roupa. Era minha primeira vez, eu não sabia oque fazer. Não sabia si ele já tinha feito isso uma vez ou não, mas enfim. Não conseguia segurar o gemido, e ele falava para mim ficar quieta, não queríamos que minha mãe acordasse, não é? Eu quase não consegui segurar, mas eu consegui. Quando terminamos, ele jogou minha roupa do meu lado, e foi vestir a dele, e depois deitou do meu lado. Eu fiquei quieta, mas ele não demorou para falar.

- Desculpa. Desculpa mesmo! Eu não resisti. Você é um anjo dormindo, você é tão linda. Eu te amo, eu te amo! Mas eu te amo.... Como amiga. Eu amo a Ana, é ela que eu amo, nesse sentido de amor. Mas eu senti que precisava fazer isso pra saber quem eu amava. Me perdoa, de verdade.

Eu fiquei quieta por um bom tempo, e só depois consegui falar.

- Tudo bem.

E virei para o lado, mas não consegui dormir. Comecei a chorar, mas acho que ele não percebeu que eu estava chorando. Não percebi o tempo passando e quando vi já era 06:00 da manha e ele falava para mim levantar e ir me arrumar. Eu me levantei e fui pro banho. Fiquei lá praticamente 20 minutos, mas ele batia na porta para mim sair, ele queria tomar banho também.