– Desisto! Isso nunca vai entrar na minha cabeça, é complicado demais para mim.

– Me assustaria si alguma coisa entrasse na sua cabeça. Você é a pessoa mais burra que eu conheço Rafaela.

– Como si você fosse muito inteligente, não é?

– Eu SOU muito inteligente. - ele coloca enfase no SOU - e você, deveria aprender comigo. Sou um ótimo exemplo para você.

– Nossa... E você ainda se diz inteligente!

– Eu sou inteligente, ao contrario de você.

– Ok, vai sonhando vai Breno...

– Bom.... acho que já está na hora de ir embora, né? Já anoiteceu e minha mãe deve estar louca atrás de mim, e o meu celular acabou a bateria.

– Isso, vai embora, não aguento mais olhar pra essa sua cara feia.

– Ei Rafa... Me ame menos, por favor.

– Nada convencido você né, seu viado!

– Sua gorda!

– Cara de rato! - eu insistia em chamar ele assim, mesmo ele sendo um garoto lindo.

– Nojenta!

– Você me dá nojo, por isso sou assim.

– Tudo bem, tudo bem... Você vai para a escola amanhã não é? Nada de chegar atrasada, não quero ficar lá sozinho até você chegar.

– Me acorda 06:00 então, assim eu não perco a hora.

– Ta, agora vou indo. Beijo, sua gorda.

– Tomara que quando você for atravessar a rua, passe um caminhão e te atropele.

– Claro, ai eu morro e volto de noite para puxar seu pé.

– Você não ia embora?

– Ia, tchau Rafa, até mais.

– Até.

Ele saiu do meu quarto, e logo já estava na rua. Fiquei na janela observando ele atravessar a rua - e eu torcia que passase mesmo um caminhão, e ele levasse um belo susto - e vi ele entrando em casa do outro lado da rua. Olhei para o relógio, e vi que já era 01:33. Era tarde! Precisava ir dormir si eu não quisesse perder a prova do dia seguinte. Deitei na cama, e logo peguei no sono.

Acordei no outro dia com o Breno me ligando... Sabia que era ele antes mesmo de pegar o celular. Ele era o unico que me ligava logo de manhãzinha. Atendi o celular, e me assustei. Ele estava ouvindo um rock muito pesado e muito alto. Comecei a xingar ele, mas duvido que ele tenha ouvido, o som estava tão alto. Desliguei o celular, fui tomar banho e depois tomar café da manhã. Minha mãe já tinha saido para trabalhar. Ela saía de casa bem antes do sol nascer e só voltava 22:00 da noite. Eu quase não via ela. Meu pai não morava conosco. Então, eu quase não via ele. Tomei meu café e fui para a escola com o Breno, e como sempre, ele fico me perturbando o caminho todo.