Rosas Flamejantes escrita por Borboletas Azuis


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Ooooii pessoas! Eu to tão feliz! Por causa de vocês *-* de verdade. Primeiro porque eu descobri que não estou escrevendo para fantasmas *-* e segundo: Duas recomendações! Ai que felicidade *-*
Muito obrigada, meus amores.
Tá aí o novo capítulo *-*



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Melody Sparks

Ethan calou-se assim que Thomas entrou na sala, e eu soube que estava na hora. Não que admitir isso me agrade, mas o tempo passou mais rápido com Ethan aqui.

– Está pronta para ir? – perguntou Thomas, enquanto cruzava os braços. Ele perguntou para mim, mas encarava Ethan.

O moreno, por sua vez, só revirou os olhos e saiu da sala. Thomas virou o meu guarda-costas nessa semana. Não que eu ache ruim, porque a presença de Charles e Ethan me incomoda, mas eu não estou acostumada a parecer tão frágil.

– Melody? – chamou. Balancei a cabeça, abandonando os meus devaneios, e o olhei, assentindo com a cabeça. – Então vamos.

Ele saiu andando na minha frente, e assim que saímos da casa, senti o vento cortante batendo em meu rosto. Não saio de casa a tanto tempo que já esqueci como é.

– Bem, – começou Thomas. – Vou te ensinar a caçar. Você sabe caçar vampiros, Melody, mas isso não é a mesma coisa. Você não tem que se esquecer de tudo o que sabe, mas tem que estar disposta a aprender novamente.

– E o que exatamente eu tenho que aprender?

– Primeira coisa: os vampiros tem uma aura de encanto. Ou seja, eles atraem as pessoas naturalmente. Somos bonitos, hipnotizantes, encantadores. As pessoas vêm até nós por causa disso. E precisamos disso para viver. Então tenho que te ensinar a controlar isso em você. Porque apesar de parecer que as coisas vem fácil, você tem que saber como controlar.

– Como pretende me ensinar a controlar isso? – olhei para o garoto, erguendo levemente as sobrancelhas.

Ele ainda andava a minha frente, com as mãos nos bolsos da jaqueta, e o cabelo levemente bagunçado por causa do vento, e eu também vi um sorriso em seus lábios.

– Então, Melody... Você sabe seduzir?

O som da voz de Thomas chegou aos meus ouvidos e eu senti que me arrepiava por inteira. Engoli seco. Tinha alguma coisa em sua voz. Ela havia mudado; estava baixa, rouca, grave. E eu não queria parar de ouvir nunca mais. Eu queria caminhar até o garoto e pedir para que sussurrasse para mim. Então entendi o que ele estava falando sobre a aura de encanto.

Respirei fundo e recuperei a postura, e vi que agora o garoto estava virado para mim.

– Entendi como funciona. – assenti devagar.

– Ótimo. Acha que consegue fazer o mesmo? Ou só a demonstração não bastou?

– Eu entendi o efeito, mas não sei como eu vou fazer isso. Como vou conseguir fazer isso com a minha voz?

– Não é difícil. Tente não pensar muito no que está fazendo com sua voz. Cada um tem a sua própria maneira de fazer isso, é uma coisa que tem que ser natural. Só tente trazer uma pessoa até você usando a voz. Tente ser convincente.

Assenti e respirei fundo, segurando o ar por um momento e depois deixando com que escapasse lentamente por meus lábios.

Depois de alguns minutos de caminhada com Thomas, comecei a ouvir o som de música distante. Franzi o cenho e tentei me concentrar mais. Sei que se me concentrar, mesmo não sendo completamente vampira ainda, eu vou conseguir.

– Ali. – disse Thomas, e eu me virei para ele, confusa. – Aquele ali. – acenou com a cabeça na direção de um garoto que caminhava na direção das árvores. – Você tem que fazer isso sozinha. Eu posso te explicar como se fazem as coisas, mas só em teoria, porque a prática você realiza sozinha.

Olhei para o garoto que continuava a andar, cambaleante, vezes ou outras se apoiando nas árvores ao seu redor. Voltei a olhar para Thomas.

– Melody. Você não tem que matar. – cruzou os braços. – Quando o tiver perto o suficiente, ele já vai estar com os sentidos entorpecidos, então você irá pensar em sua garganta seca, na sede que você está sentindo, e em como vai ser bom aliviar isso.

Senti minhas gengivas latejarem conforme ele falava e coloquei a mão cobrindo a boca, e a apertando, porque doía.

– Não se preocupe, só dói no começo. – garantiu. – Assim que seus caninos se alongarem, você vai morder o pescoço, em cima da jugular. Não beba mais que alguns goles. Você não vai matar. E se você não parar, eu vou lá e ajudo. Vamos trabalhar nisso.

– Vou lá. – tirei a minha jaqueta e entreguei para o loiro. Fui caminhando lentamente até onde o garoto cambaleante estava e respirei fundo. Não deve ser tão difícil assim.

Parei perto de uma árvore que o garoto estava se aproximando e sorri do jeito mais sedutor que consegui. Encostei-me levemente na árvore e chamei pelo garoto, tentando fazer a minha voz ser hipnotizante como a de Thomas.

E parece que funcionou, porque o garoto começou a vir até mim e parou com um pouco de distância.

– Pois não? – perguntou. Ele tinha a voz meio arrastada, e acho que nem estava raciocinando direito.

– Chega mais perto. – sussurrei, e ele veio. Segurei o seu braço e o coloquei contra a árvore. E pensei na sede, na minha garganta seca; e as minhas gengivas latejaram novamente, mas dessa vez foi diferente, porque senti que os meus caninos tinham finalmente se alongado.

Mordi a lateral do pescoço do garoto e suguei, sentindo o sangue invadindo minha boca logo depois. Foi uma explosão de sensações que tomou conta de meu corpo. Eu me arrepiei, e me senti mais forte, mais viva. E por um momento pensei: Eu posso fazer tudo.

De todos os gostos que o sangue aparentava ter, o que chamava mais atenção era o gosto metálico, por mais que eu tenha sentido um gosto doce, amargo e até um pouquinho azedo, era o metálico que estava mais presente. E eu gostei, era tão bom... Suguei mais uma vez, com mais força, e senti o gosto do sangue mais forte.

E eu faria isso mais uma vez. De novo e de novo. Mas uma mão tocou o meu ombro e me afastou do garoto.

– Eu disse alguns goles. Se quiser mais, vai se alimentar de outra pessoa. É melhor se alimentar de várias pessoas, um pouco de cada vez, do que drenar o sangue de somente uma e a ver cair em seus braços. Morta. – Thomas disse, sério, e me levou para longe do garoto.

Respirei fundo e deixei que o garoto me levasse para longe. Paramos perto de uma árvore e ele me olhou.

– Você poderia ter tomado mais. Mas o que queremos é que você aprenda a se controlar. Como foi?

– É tão... Bom. – me surpreendi com minhas próprias palavras. Eu estava cedendo. Cedendo aos meus novos instintos.

– Você parece assustada.

– É porque estou... – deixei com que as palavras escapassem em um sussurro.

– Você não tem nada a temer. Estou aqui para te ajudar. E você não tem que se culpar por gostar. É realmente bom. Delicioso.

– Tudo bem... – suspirei levemente. – E agora?

– Vamos procurar outra pessoa. Vem comigo. – ele indicou uma direção com um aceno de cabeça e saiu andando na minha frente.

Segui Thomas, em silêncio, e às vezes olhando em volta, e vendo o brilho da lua passar pelas folhas das árvores, iluminando o caminho. Sorri levemente e olhei para cima.

Notei que não estávamos mais na floresta quando as árvores que tampavam minha visão do céu foram desaparecendo, permitindo assim que eu pudesse desfrutar da bela visão que a noite estava me dando. Um lindo céu estrelado.

Não sei ao certo por quando tempo andamos, mas deve ter sido muito, ou estávamos andando mais rápido do que pensava. Bem, isso não importa, o que quero dizer que é só notei mudanças quando Thomas agarrou minha cintura e me puxou para um beco escuro.

– O que? – sussurrei e ele pressionou o dedo indicador contra os lábios, em sinal de silêncio. Ele aproximou o rosto da lateral do meu, e depois senti seus lábios roçarem levemente no lóbulo de minha orelha.

– Vamos ver se consegue surpreender. Uma pessoa vai passar na entrada do beco. Chegue por trás, em silêncio. Acha que consegue?

– Tenho certeza.

– Então tá. Três... Dois... Um. – ele me soltou assim que viu a sombra da pessoa passar pelo beco. Eu saí de lá e apareci atrás da garota.

– Não grite. – disse antes de enfiar as presas em seu pescoço, sugando o sangue e sentindo meu corpo formigar com o ato.

Foram dois goles antes de Thomas me afastar novamente, e eu ainda conseguia sentir o sabor do sangue em minha boca. Passei o polegar no canto dos lábios para limpar a gota de sangue que jazia ali.

– Você ainda vai querer mais ou podemos voltar para casa e continuamos amanhã? – disse depois de mandar a garota e se virar para mim.

– Vai me deixar decidir? – ergui as sobrancelhas.

– Olhe Melody, eu acredito que você seja capaz de pensar no que vai ser melhor para você. – ele cruzou os braços. – E então? O que vai ser?

Ponderei as duas opções e respondi:

– Acho que já está bom de sangue por hoje. Mas eu não quero voltar para sua casa agora.

– Sendo assim, podemos andar por aí por um tempo. A noite está linda hoje. – ele sorriu levemente e se virou. A luz da lua batia em seus cabelos louros e ele tinha as mãos dentro dos bolsos da jaqueta.

Ele tinha uma postura relaxada e parecia que nada no mundo o preocupava. Será que eu já teria sido assim algum dia?

Balancei a cabeça, deixando as ideias de lado e segui Thomas pela rua.

Estávamos andando sem rumo mesmo, sem qualquer destino. Passamos por ruas movimentadas, e também por ruas desertas. A presença de Thomas é boa, confortável.

Estava me sentindo livre. Eu andava livremente e até pude tomar uma decisão. Ele parece confiar em mim. E isso me agradou bastante, porque estou começando a confiar no vampiro louro.

Algumas coisas ali me chamavam a atenção, coisas bobas até, que sempre vemos por ai. Um grupo de garotas passou por ali, e elas riam. Senti uma dor no peito e vi que aquilo era saudade. Estava com saudades das minhas amigas.

Provavelmente nunca mais as veria, então tentei me acostumar com a saudade. Sentir-me confortável com aquela dor no peito. Acho que poderia conseguir depois de um tempo. Acabamos sempre nos adaptando com coisas presentes no nosso dia-a-dia.

– Esquerda ou direita? – perguntou-me Thomas, quando chegamos na esquina.

– Hm... Esquerda. – segurei seu pulso e o puxei naquela direção comigo. Acho que vi um sorriso em seu rosto.

O soltei quando notei exatamente o que estava fazendo e comecei a andar na sua frente. Conforme eu ia andando, tentando ignorar o olhar de Thomas em minhas costas, fui notando que aquele caminho estava parecendo familiar.

Franzi o cenho e continuei. As casas me davam uma sensação inquietante, como se eu devesse saber para onde estava indo, mas não conseguia me lembrar de modo algum.

Apressei os passos, me afastando mais de Thomas, mas ainda sentia que ele me observava. Cravei minhas unhas nas palmas das mãos diante da inquietação e continuei seguindo meu caminho.

Virei à direita na próxima esquina, por instinto. Meu coração estava mais acelerado, e eu estava com a sensação de que estava chegando ao meu destino.

Estava passando pela entrada de ruas quando vi luzes vermelhas e azuis, e então entrei ali. O ar me faltou quando finalmente me dei conta de que estava na rua da casa de tia Anne. A rua da minha casa.

Senti-me estúpida por não ter me dado conta antes. E me recordei que aquele era o caminho que eu usava quando estava voltando da escola. Respirei fundo e avancei mais alguns passos, lentamente.

Eu estava ao lado oposto da rua onde ficava minha casa, que também é o lado mais escuro. Senti que Thomas estava bem mais perto agora, provavelmente notando o tanto que eu estava tensa.

Olhei para minha casa, onde o carro da polícia estava na frente, e vi que meu primo estava conversando com o policial.

Quis correr até lá, mas Thomas me agarrou e tampou minha boca. Ele andou para trás, até bater com as costas em uma das casas.

Eu me debatia e tentava me soltar, mas ele era bem mais forte, e me segurava com força.

– Melody, se acalme! Você não pode ir até lá, entendeu? – ele sussurrava. – Você não pode aparecer. Se acalme, e escute.

Minha respiração ficou mais calma, e eu tentei focar na conversa do Jeremy com o policial. Thomas também estava em silêncio.

– Achou ela? – perguntou Jeremy ao policial.

– Desculpe, ainda não tivemos sucesso na busca.

Vi Jeremy assentir lentamente, e seu cabelo caiu na frente dos olhos. Aqueles olhos castanhos que eu tanto adorava cheios de tristeza. Reprimi um soluço e fechei os olhos por um momento.

Como eu queria correr até lá e falar que estava bem, e que estava de volta... Mas eu não poderia.

Agora eu tenho uma vida nova, e eu tenho que superar e esquecer a minha antiga. Olhei para Jeremy somente mais uma vez, e depois dei as costas.

Encarei os olhos verdes de Thomas, em um pedido silencioso para que ele me levasse para longe dali.


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Notas finais do capítulo

Comentem, tá?? E se tiver algum errinho, avisem por favor.
B.A.



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