Dupla de Três escrita por MrsDaddario


Capítulo 14
Momento de descontrole


Notas iniciais do capítulo

Favor não xingar no twitter depois desse capítulo, grata



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Eu fico no chão, com Tom jogado em cima de mim, até o susto passar. Quando finalmente consigo tirar a cabeça das mãos e levantá-la, tremendo.

– Você está bem? – pergunto baixinho, quase sem conseguir falar, em total estado de choque. – O que...

– Espera um segundo – diz Tom, levantando e indo pegar seu arco. Ele pega uma flecha no chão, posiciona e dá um tiro certeiro que finalmente mata o ciclope desgraçado. – Agora sim. Estou bem, e você?

– Acho que sim – digo, me levantando, com dor em várias partes do corpo graças a dois tombos seguidos. Considerando os dois de hoje e o da parede de escalada, estou começando a achar que nasci com o objetivo de ser jogada no chão.

De repente, ouço o barulho de uma pequena explosão, vinda do carro. Só então eu me lembro dele. Quando eu olho, ele começa a vazar gasolina pela portinha de abastecer.

– Vamos pegar as coisas no carro antes que... – Tom interrompe a si mesmo e me fita. – O que houve?

– O carro – digo, chocada e cheia de preocupação.

– É, eu vi – diz Tom, tranquilo como se nada tivesse acontecido. – Relaxa, a gente vai dar um jeito...

– Dar um jeito?! – pergunto. – O carro está destruído! Prestes a explodir!

– Na verdade, quem está prestes a explodir é você – diz Tom, cautelosamente.

– Não tem graça – respondo, seca. – O que a gente vai fazer?!

– Não sei ainda – diz ele, impaciente. – Podemos resolver isso depois? Eu--

– Não podemos resolver isso – digo. – Eu falei que era arriscado alugar um carro!

– O que?! – ele diz, quase gritando. – Eu sei que você falou, mas o que você pretendia fazer?

– Não sei! – grito. – Só sei que agora o carro está arruinado e a culpa é nossa!

– Espera aí – diz Tom. Agora parece que ele perdeu a paciência de vez. – Eu acabei de te salvar do carro que ia nos matar e você está preocupada porque o carro está destruído? Qual é seu problema, Emma?

– Meu problema?! – pergunto, indignada. – Olha só, eu tenho um monte, mas--

– Não, não fala mais nada – diz Tom, voltando ao volume normal da voz. – Por favor.

Ele vira de costas para mim e vai até o carro, que está de cabeça para baixo e a mala está aberta (eles tinham deixado aberta quando pegaram os arcos). Ele dá um jeito e consegue puxar as barracas. Ele joga uma das duas no chão, pendura a outra nas costas e pega sua mochila no banco da frente do ex-carro.

Dustin, que estava assistindo tudo de longe, se aproxima de Tom. Eles trocam algumas palavras que eu não ouço, então Tom vai na direção do mato além da estrada até eu perdê-lo de vista. Dustin vira para mim, fala algo que eu acho ser "vou acalmá-lo", e vai atrás de Tom.

Melhor assim. Não vou brigar com ele também.


Eu acabo fazendo o mesmo que Tom e Dustin. Pego a barraca que Tom deixou no chão, perto do carro, depois pego minha mochila e vou para o outro lado da estrada. Mas no meio da pista, paro e cato as flechas de Tom. Não quero deixar rastros nossos.

Mentira, é para entregar para ele depois mesmo.

Eu entro no mato do outro lado e dou uma de rebelde revoltada cortando todos os galhos e folhas na minha frente com a faca. Quando finalmente acho um espaço entre as árvores, monto a barraca de qualquer jeito e entro.

Vou ignorar o quão ridículo é o fato de que tanto eu quanto Tom e Dustin estamos em barracas sendo que são aproximadamente três horas da tarde. Parecemos até crianças de 5 anos. Não importa, eu entro na barraca assim mesmo.

Pego na minha mochila o pouco que eu tenho de material de primeiros socorros e vou dar um jeito nos meus machucados. A maioria deles é interna então eu só como um pouquinho de ambrosia, e vou limpar os arranhões.

Enquanto me concentro nessa tarefa, começo a pensar no que eu fiz, e aos poucos a raiva vai passando. Não só a raiva, até porque eu não sou um monstro rancoroso sem coração, mas também o choque do ataque dos ciclopes, o medo (eu não sou de ferro), e o desespero. Tudo isso é substituído por puro arrependimento.

Leia-se: vontade de dar um soco em mim mesma.

Sinceramente, não sei porque eu fiz isso. Tudo misturado com o susto, quando eu vi o carro... sei lá. Só sei que eu não devia ter feito isso.

Quando dou por mim, já estou chorando um pouquinho. Não vejo nenhum problema nisso, eu até gosto de chorar, acho bom para limpar a alma. Às vezes as coisas mais idiotas me fazem chorar, mas na maioria das vezes, é arrependimento, porque eu não costumo me arrepender do que eu faço. A não ser quando é uma besteira dessas, claro.

Quando termino de limpar meus ferimentos, deito um pouco na barraca e fico olhando para o "teto", pensando. Bebo um pouco da água que eu trouxe na mochila, mas já está quente.

Eu acabo ficando bastante tempo assim. Não sei mais o que fazer, na verdade. Tenho que ir para Columbus salvar Tamsin... Quer dizer, temos. Eu só espero que Dustin e Tom não estejam planejando um jeito de fugir de mim ou sei lá. Porque, se eu fosse Tom, eu fugiria de Emma.


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Notas finais do capítulo

Eu tenho plena consciência de que esse capítulo não ficou legal e não foi a melhor coisa que eu já escrevi na vida mas em compensação o próximo ficou bom pra quem gosta de romance. Enfim, pelo menos o 3º capítulo da minha outra fic, Os Quatro Grandes, tá ficando legal.