Cap. 4

     A formatura mal foi percebida pelas duas garotas. O que elas mais ansiavam era o primeiro contato com a família que as abrigariam nos próximos doze meses. Elas tinham conseguido um pacote para as duas ficarem na mesma casa.

Passavam as longas tardes de verão discutindo que roupas levariam, como seria a família, se tinham filhos, e o principal: como despedir-se de seus namorados. Pelo menos Ammy pensava nisso... Desde que Ivie e Tom quase se beijaram, a garota não conseguia parar de pensar nele. E a briga que tivera com o namorado no dia anterior ajudava:

 “(flashback) - Oi amor! – falara ela quando se encontraram no portão de sua casa.

- Oi minha linda. E ai, o que foi que queria falar?

- Bom, aproveitei que meus pais saíram hoje e queria conversar um assusto sério com você. Lembra que eu comentei sobre o intercambio? – Alex cerrou os dentes e encarou a namorada. – Ah, é melhor entrar. Seguindo pelo jardim que se estendia em volta de toda a mansão, eles foram até a área das mesinhas, próximas a piscina.

- Então, Ivie, fala. – ele falou, levemente estressado. A garota já não gostou disso, a raiva começava a despertar dentro dela.

- Então, meus pais enfim me deixaram viajar. Já escolhemos a família, eu e a Ammy vamos ficar na mesma. Além disso, já marcamos o dia também.

- O QUE? MAS NEM PENSAR! – o garoto levantara-se de repente, agora realmente com raiva. Encarou Ivie, que também se pusera de pé. – E QUEM DISSE QUE VOCÊ VAI? TENHA SANTA PACIENCIA NÉ AMOR! VOCÊ NÃO FALA COMIGO PARA DECIDIR, APENAS VEM E ME DÁ NOTICIA? –ele jogou as mãos para cima e encarou a menina, que o fuzilava com o olhar.

- ESCUTA AQUI, ALEX, VOCÊ PENSA QUE É QUEM PARA DECIDIR A MINHA VIDA E AINDA POR CIMA GRITAR COMIGO NA MINHA CASA! PERDEU A NOÇÃO FOI? ACONTECE QUE SE NEM MEUS PAIS GRITAM COMIGO, NÃO É UM GAROTO QUE VAI COMEÇAR A FAZÊ-LO. SAI AGORA DA MINHA CASA E NÃO ME PROCURA MAIS! – Ivie parou para respirar, agora com fogo nos olhos e recomeçou, quase sussurrando de tanta raiva:

- NOSSO NAMORO ACABOU NO DIA EM QUE TOMOU SUA DECISÃO, “QUERIDA”.

- Eu vou falar mais uma vez apenas.  Você sai já daqui ou vou ser obrigada a tomar medidas drásticas.

- E que medidas, posso saber? – ele ia aproximando-se dela cada vez mais, com um sorriso em seus lábios. A garota não se deixou intimidar e olhou firme para Alex.

- Não, não pode saber. A propósito, QUEIRA RETIRAR-SE DE MINHA HUMILDE RESIDENCIA AGORA!

- Acho que não... – ele deu o passo final e segurou Ivie por um braço. Começou a arrastá-la para o portão.

- O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

- PROTEGENDO O QUE É MEU. – a raiva tomava conta da menina, ainda mais porque aquele imprestável de seu “meio namorado” a chamara de “sua”. Agora por completo. Juntando toda sua força, grudou nos cabelos de Alex com a mão livre e deu-lhe um chute. Saiu correndo para dentro de casa, e fechou a porta lateral de acesso ao jardim, que por sorte era a única que permanecia aberta. O único problema: era de vidro. Porém, por ser uma casa luxuosa que atraia ladrões, apesar da segurança, a porta era levemente blindada. O garoto correu em direção a porta, mas ao perceber o sorriso sarcástico de Ivie parou, e refletiu: o que ele estava fazendo? Aquele com certeza não era ele. Olhou para a ex-namorada, fez uma cara de sofrimento, real, acenou e foi embora. Ivie estacou pasma, e focou olhando o Alex distanciar-se. Não entendeu nada. Abriu a porta cautelosamente, para certificar-se de que ele tinha mesmo ido embora. O rapaz estava andando de cabeça baixa, já na calçada do lado de fora da mansão. “

Dias depois, já no aeroporto, as duas amigas esperavam o avião com a família e Henry, o namorado de Ammy. Faltavam apenas 7 minutos para embarcarem. Fazendo força para não chorar nem roer as unhas, as duas foram despedindo-se de seus familiares. Ammy não agüentou, e uma lágrima escorreu por seu rosto ma hora de despedir-se de Henry. Por fim, chegou à hora. Dando um ultimo beijo em seu namorado, e Ivie dando um abraço em Tom, as duas pegaram suas “poucas” malas, e foram para a área de embarque. Entregaram suas passagens e com um suspiro, embarcaram. Aquela época fora prometia muitas surpresas.

Alemanha/ Los Angeles.

-Alô? Ah, oi mãe...

-Oi, querido....como vão as férias? E como vai seu irmão?

-O que? O Tom? Ele vai ótimo, acho que ele finalmente encontrou o lugar dele, aqui na praia, que tem garotas de biquíni e tal...

-Fale para ele não esquecer que tem que voltar ainda hoje para a Alemanha!

-Como poderia? Nossas “irmãzinhas” por um ano chegarão por aí! Ainda não acredito que você nos inscreveu nesse tal programa de intercâmbio! E se ambas forem doidas?!

-Deixe de bobagens, vocês mesmos disseram que adoraram o Brasil...

-Não é a mesma coisa....

-Ta bom... é melhor já irem arrumando as suas malas... elas chegarão no fim da tarde....