Uma hora depois eu já estava bem – tirando a parte de que eu ainda estava encharcada e com manchas de tinta por todo corpo. Justin havia ficado comigo o tempo todo, até a enfermeira me liberar.

Quando chegamos na frente do meu dormitório, Justin se encostou na parede e ficou me olhando..

– Pronto, você está entregue. – Ele sorriu, dando de ombros. – Acho que já vou in...

– Justin. – Eu o interrompi. – Eu nem sei como agradecer por tudo que você fez por mim hoje, sério.

– Não precisa agradecer. – Ele continuou sorrindo. – Eu vou estar aqui sempre, você sabe.

– Sei. – Sorri. – Bem... Eu estou seriamente precisando de um banho, então vou indo... Mas sério, muito obrigada.

– De nada! Até amanhã. – Ele disse e saiu.

Entrei no quarto e Demi deu um berro assim que me ouviu.

– Olá para você também! – Sorri. – Sei que meu rosto costuma assustar, mas seja mais discreta, Demetria.

– Selena. Marie. Gomez. – Demi levantou da cama e tocou o livro que ela estava lendo longe. – O que você fez?

– Eu e Justin fizemos uma guerra de tinta, a professora nos expulsou da peça e de qualquer coisa envolvida com a mesma e eu fui lindamente me limpar na piscina mas eu me afoguei. E então Justin apareceu para me salvar, me levou na enfermaria e agora aqui estou eu. – Resumi tudo.

– Ai que tudo! Sua vida é muito movimentada, que demais. E você é super sortuda. Qualquer garota dessa escola ia amar ser salva por Justin Bieber, sabia? E... Espera. Você está bem? – Demi tagarelou.

– Estou. Bem suja. E preciso de um banho urgentemente. – Bufei. – Depois do banho te conto tudo com mais detalhes.

– Ok, vai lá sua baranga suja. – Demi gritou.

– Demi? Qual é o seu problema? – Comecei a rir e entrei no banheiro.

No dia seguinte apesar de Demi mandar eu ficar descansando na cama eu resolvi ir para a aula (sim, eu, Selena Gomez, decidi ir para a aula. Alguém me mata?) porque minhas notas estavam deprimentes e eu não poderia perder aulas no momento.

O primeiro período era de filosofia e eu milagrosamente estava acordada. Acho que os eventos da noite anterior me deixaram elétricas, porque era uma das primeiras vezes que eu ficava acordada naquela aula.

– E então turma... – O professor começou. – Vocês já sabem o que farão no fim de semana? – Perguntou. Ele já havia feito algumas atividades com a gente, então provavelmente estava conversando conosco por não ter mais nada para fazer.

– Eu acho que vou sair com meu pai. Coisa que uma pessoa aqui não pode fazer... – Heather disse olhando diretamente para mim. Sim, ela já estava meio recuperada. Tava cheia de curativos pelo corpo, mas podia vir para a aula. Infelizmente. Eu não sei como ela sabe da morte do meu pai, mas ela sabia que isso iria me atingir.

– Mas sabe, Heather, tem algo que eu posso fazer com você, flor. Aliás, já fiz, e o resultado está nesse seu rosto horrível. No fim de semana não estaremos nas dependências da escola, então... – Eu sorri.

Toda turma gritou e aplaudiu minha última fala, menos as cadelas no cio, digo, amigas de Heather.

– Ok meninas, ok. – O professor interrompeu a turma.

Quanto todas aulas da manhã haviam acabado fui até meu armário para guardar meus cadernos e livros ali. Quando abri o armário, me deparei com um envelope branco em cima de um caderno meu que já estava ali. Estranhei, mas obviamente peguei o tal envelope. Eu estava tão curiosa que nem fui almoçar depois de guardar as minhas coisas, e fui direto para o quarto ler a carta.

A carta dizia o seguinte:

“Oi Selena. Como você está? Espero que bem. Sabe... Não sei nem por onde começar. Eu tenho tantas coisas para te falar, mas todas elas fugiram da minha mente, justo agora que estou escrevendo essa carta para você. Você deve estar se perguntando que droga de carta é essa, né? Já até imagino você revirando os olhos e bufando. Eu adoro quando você faz isso. Você deve estar se perguntando quem é, não está? Então, sou eu. O idiota, fútil, irritante, idiota mais uma vez – para reforçar –, sim, sou o Justin. Você já deve ter reconhecido pela minha letra, afinal você sempre estava fuxicando meus cadernos quando a gente namorava e criticando minha letra. Mas não é sobre isso que quero falar. É sobre eu. Sobre nós.

Eu tenho sido um idiota desde que nasci. Mas acho que toda essa minha idiotice aumentou quando eu te conheci. Eu queria parecer o mais legal possível para agradar você, mas ao mesmo tempo nunca quis estragar minha imagem. Isso não só soa idiota como é. E eu estou repetindo a palavra idiota muitas vezes, não ligue, você sabe que sou péssimo em redação.

Voltando ao que importa: Quando conheci você, tive vontade de mudar. Você é a única pessoa do mundo que me faz vontade de ser eu mesmo. Você é a única pessoa do mundo que consegue me alegrar. Todos momentos que passei com você foram únicos e estarão guardados na minha memória para sempre. Assim como meu amor por você vai ser eterno.

E eu joguei tudo fora. Tudo por garotas fúteis, tudo por imagem, tudo por... Nada. Nada disso era importante o suficiente para eu deixar você. E eu não sei mais de que jeito posso te pedir desculpas. Eu só sei que não consigo mais ficar sem você. Só não digo que não viveria sem você porque eu viveria com oxigênio, mas eu seria um cara vazio e sem amor por nada nem ninguém.

Desde quanto te conheci na casa de Maddie eu soube que você era diferente. Você sempre foi uma garota com personalidade, que não se importa com a opinião alheia. Eu lembro quando você desmaiou na aula de educação física e eu te levei para a enfermaria e nós ficamos presos lá. Você lembra? Lembro também quando seu pai faleceu. Aquilo doeu demais em mim. Ver você chorar é mais triste do que qualquer coisa que eu já tenha visto. E ontem, quando vi você se afogar, por um segundo pensei que nunca mais teria você. Mas então você abriu os olhos e eu fiquei mais feliz do que nunca.

E é isso, Selena. Mesmo que você não me perdoe, mesmo que nunca volte para mim, saiba que eu te amo. E qualquer cara que ficar com você vai ser o mais sortudo do mundo. E eu espero que você seja muito feliz, você merece isso mais do que ninguém.

Eu te amo.

J.B”

Eu estava chorando oceanos. Toda aquela minha pose de revoltada havia sumido de mim por um momento. Eu só queria Justin agora, apenas ele. Eu não queria mais me enganar, eu amava ele e, se ele estava disposto a mudar, por que não dar uma chance? Não seria uma chance apenas para ele, mas sim também para mim. Como ele disse, eu mereço ser feliz.

O elevador estava demorando demais, então fui correndo pelas escadas. Ao chegar no refeitório descobri com uns garotos que Justin estava no pátio jogando futebol. Fui o mais rápido possível para lá.

Ao ver Justin rindo com outros garotos eu paralisei. Ele estava tão lindo.

Até que ele me olhou. Sorriu para mim e veio em minha direção.

Corri em direção a Justin e assim que cheguei mais perto ele me pegou no colo e eu o beijei.

Eu não via, não escutava e nem sentia nada em volta de nós dois. Tudo que eu pensava naquele momento era em Justin e em como eu amava ele.

Assim que paramos o beijo ele olhou para mim.

– Você leu a carta? – Ele perguntou.

– Li. – Sorri. – Eu te amo, Bieber.

– Eu também te amo, Gomez. – Ele sorriu e voltou a me beijar.

E foi isso. Eu estava finalmente completa. Eu finalmente estava com quem eu amava, e assim seria para sempre. Nada era maior do que minha felicidade no momento.

Depois disso, tudo pareceu se encaixar. Rebecca continuou a fazer trabalho voluntário mesmo depois de não precisar mais, Heather saiu da escola ao ver que até suas amiguinhas haviam parado de gostar dela, Demi finalmente se sentiu aceita pela sociedade e já estava até namorando, Chace havia criado um aplicativo para celular e estava milionário, minha mãe e meu padrasto estavam mais felizes do que nunca e Maddie havia ganhado uma bolsa para estudar numa faculdade de moda na França.

E eu? Bom, eu estava... Incrivelmente feliz. Eu finalmente consegui me conformar com a morte de meu pai, porque eu sabia que agora ele estaria cuidando de mim seja lá onde estivesse. Eu ainda mantinha contado com todos no Texas, mas agora minha vida era em Nova York. Eu e Justin estávamos finalmente assumindo que, apesar de todas nossas brigas, nós fomos feitos um para o outro.

E nada nem ninguém poderia mudar isso.

Não mais.