- E o papel da Julieta vai para... Selena! – A professora disse feliz.

- Que? Mas nem que a vaca tussa. – Respondi.

- Isso vale nota, Selena. E pelo que eu saiba, a senhori...

- Já entendi. Tá certo. Sou a Julieta. – Fiz uma careta. – Só quero deixar claro que sou uma péssima atriz.

- Isso é o que vamos ver. – A professora disse. – E Romeu é...

Não seja Justin, não seja Justin...

- Matthew! – A professora disse.

Aleluia irmãos.

Matthew deu de ombros e sorriu para mim. A professora deu o resto dos papéis para os alunos até o período acabar. Depois tivemos umas aulas chatas em que eu fiquei dormindo.

De tarde enquanto Demi dormia para variar um pouquinho eu fiquei deitada na cama mexendo no notebook, até que alguém bateu na porta.

Fui com uma animação inexistente até a porta, e quando a abri me deparo com Maddie.

- Se-le-na! – Ela disse já entrando no meu quarto.

- Que foi? – Perguntei irritada.

- O seu Romeu não será mais Matthew. – Ela falou.

- Que? Como assim? – Perguntei. Nisso Demi já havia acordado e estava super interessada na conversa.

- Matt quebrou a perna, e o teatro é mês que vem e...

- Como ele quebrou a perna? – Interrompi ela.

- Sei lá, deve ter caído do muro ao tentar fugir com os meninos. – Maddie deu de ombros. – Mas você não sabe o melhor, ou o pior, aí fica a seu critério. O Romeu substituto será Justin.

- QUE? – Gritei. – Você só pode estar brincando comigo.

- Não estou! – Ela disse.

- Mas espera. Cadê o Matt? – Perguntei. Era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

- Deve estar zanzando pela escola em uma cadeira de rodas. Sei lá. – Ela falou indiferente. – Mas você tem que achar Justin para que vocês possam ensaiar as falas e...

- Cala a boca, por favor. – Botei a mão na boca de Maddie. – Não vou ser a Julieta se eu tiver que fazer par com esse garoto. Mas tenho coisas mais importantes para lidar agora. Com licença.

Saí pelos corredores atrás de Matthew, mas infelizmente Justin me encontrou antes disso.

- Já sabe da última? – Ele perguntou com aquele sorriso esnobe.

- Infelizmente sei sim. Agora com licença. – Empurrei ele.

- Calma. – Ele me segurou. – Alguma hora você vai ter que me suportar, porque temos que ensaiar e...

- Eu não vou ser Julieta, vou arrumar alguém para me por no meu lugar. Eu botaria Heather se ela não estivesse tão nojenta. – Bufei. – Agora é sério, licença.

- Que pressa toda é essa? Onde você quer ir? – Ele cruzou os braços e ficou me encarando.

- Quero achar Matt. Beijos. – Mandei um beijinho para ele.

- Ah, lá vai você atrás desse garoto. – Ele balançou a cabeça.

- Que foi? Melhor correr atrás dele do que atrás de você, né? – Perguntei.

- Tem certeza? – Ele perguntou, se aproximando de mim e me encarando com aquele olhar que só ele consegue fazer..

- T-tenho. – Hesitei um pouco, mas respondi.

Saí andando até achar Matt sendo empurrado por uns amigos pelo corredor na maior velocidade, gritando ainda por cima.

- Selena! – Ele falou animado. – Ei, parem. – Ele disse, olhando para os amigos dele.

- O que você aprontou? – Perguntei, rindo da situação.

- Então né, eu ia fugir e... Pimba. – Ele deu de ombros. – O que é uma pena, porque eu queria muito ser o seu Romeu. – Ele falou sorrindo e então os amigos dele começaram a gritar coisas do tipo “Garanhão” “Romeu” “Poderoso” e coisas super maduras do tipo.

- Tá certo. Se cuida. E outra, eu estou morrendo de raiva de você por ser tão abobado ao ponto de cair de um muro e me deixar fazendo par com Justin. – Fiz uma careta. – Só não bato em você porque você já está todo arrebentado. Com licença.

No dia seguinte os ensaios começaram. Nesse dia nós não ensaiaríamos as falas uns com os outros, e sim ficaríamos cada um em um canto decorando suas falas.

Quase dormi enquanto lia aquilo. Toda vez que via a palavra “Romeu” lembrava de Justin. Eu encarava ele e lembrava da mistura de ódio e amor que eu sentia por ele. Por que esse garoto é assim, em? Por que diabos ele tinha que aparecer na minha vida? Ele era insuportavelmente amável.

“Oh, meu único amor nascido de um ódio antigo! Tarde demais o conheci, por fim... Cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o. Que monstruoso amor nasceu em mim... Devo odiar a quem amo, ou amar a quem odeio.”, dizia uma das falas.