Back to Us escrita por The Sweet B


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Obrigada ma pela recomendação! Aliás, eu já tenho falado isso nos comentários e vou falar aqui: eu não sei porque, mas acontece que várias recomendações não tem chegado pra mim. Então, se você recomendou a fic e, por alguma razão, ela não chegou para mim, me manda um MP e eu resolvo, tudo bem? Eu não acho que vocês vão querer perder, já que dia 24 de manhã cedinho eu estarei postando um ESPECIAL NATAL ALICIA E JUSTIN na minha outra conta. Será uma one-short contando o Natal deles, cheio de surpresas! Enfim, espero que gostem desse capítulo aqui agora.



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Adam chutou a porta do escritório de advocacia e de lá saiu marchando exalando fúria. Eu não pude evitar de sorrir e minha mãe me abraço de lado.

– Você conseguiu! – Ela disse.

O advogado baixinho e careca se levantou e apertou minha mão.

– Parabéns, Alicia, você agora é 957 mil reais e 87 centavos mais rica.

Tá, talvez 957 mil seja muito para mim e minha mãe, mas poderíamos comprar uma casa e eu poderia pagar uma faculdade – que eu tentaria entrar ano que vem, talvez. E o resto, poderíamos guardar ou investir. Talvez eu siga os passos da minha avó. Talvez eu me torne empresária, por mais que isso seja difícil de imaginar.

Tia Sarah e Joe estavam do lado de fora do escritório, nos esperando.

– Pela cara do engomadinho, eu suponho que vocês conseguiram. – Joe me abraçou enquanto tia Sarah abraçava e chacoalhava mamãe.

– Eu sabia! Eu sabia! A justiça sempre vem. – Ela dizia.

– O que vão fazer agora com o dinheiro? – Joe perguntou.

Minha mãe deu de ombros e pôs um braço sobre meu ombro.

– Ela que decide.

Eu tive um pouco de medo com toda essa responsabilidade e de sentir tanto poder.

– Abrir uma conta, eu acho. – Eu disse e eles riram.

– Eu vim o mais rápido que pude – Mr. Wilson apareceu e ele tinha a testa molhada de suor, provavelmente correu do carro até aqui. – Achei que você já tinha ido.

Minha mãe abraçou ele e sorriu.

– Ela conseguiu. – Ela disse e ele levantou as sobrancelhas.

– É isso aí, Alicia! – Ele disse e levantou uma mão, esperando que eu batesse.

Eu dei um sorrisinho e bati na mão dele, mesmo que quisesse rir dele.

– Vamos para casa, eu fiz minha especial torta de maçã. – Tia Sarah disse e o pessoal se animou. É a única coisa boa que tia Sarah sabe fazer de verdade.

– Ah, eu tenho que fazer uma coisa! – Eu falei me lembrando. – Podem ir, eu vou com o meu carro logo atrás.

Me abraçaram e parabenizaram pela última vez e pegaram o elevador para o térreo. Eu peguei meu celular e disquei o número de Justin ansiosa em poder contar tudo para ele.

Eu tinha o visto ontem mesmo, antes de entrar em um avião de volta para São Francisco. Foi difícil porque ele não queria sair de perto de mim, ainda mais depois do que aconteceu entre nós dois, e muito menos eu, mas eu precisava resolver isso e ele não podia deixar a cidade. Não com um filme para acertar.

Então eu estava morrendo de saudades e prestes a apertar o botão verde, quando eu ouço dizer:

– Você deve está muito feliz.

Eu levantei o olhar e encontrei Adam. Dei um passo para trás, mas não me senti intimidada. Não mais.

– Parabéns, Alicia – Ele bateu palmas, mas tinha um rosto desanimado. Quase catatônico. – Você conseguiu. Venceu! Quem diria que você não é tão bobinha quanto parece, hein?

– Minha avó sabia de tudo. – Eu avisei a ele. – Ela sabia do que você seria capaz. E mesmo que não tenha como provar que você falsificou aquele último testamento – eu me aproximei dele e disse em tom mais baixo. -, eu também sei do que você é capaz, por isso nunca confiei em você. Mas você tem razão, Adam. Eu venci. E você vai voltar para o buraco de onde veio para aprender a não mexer com o patrimônio da minha família.

Eu dei as costas para ele e fui em direção do elevador. Um homem dentro segurou o elevador para mim.

– Mas de uma coisa você não tem razão, Alicia – Adam falou atrás de mim e eu parei. Ele passou por mim e disse: - Você e a puta da sua avó não sabem do que eu sou realmente capaz.

E entrou no elevador e foi embora.

–---

– Aqui! “7 Sinais De Que Ele Está A Fim De Você” – Disse Sam depois de folhear as páginas da Cosmopolitan e finalmente parar em uma. – “1. Ele sempre tenta puxar assunto com você, seja pelo chat do Facebook ou pessoalmente. Ele também tentará estender o assunto. Isso serve para mostrar que ele a quer por perto e descobrir as coisas que tem em comum”... Bem, ele pediu a minha caneta, uma vez.

Eu tentei disfarçar o riso, ajeitando os meus óculos de sol no rosto. Estávamos na beira da piscina da mansão. A minha mansão. Havia um pouco mais de um mês desde que recebi a fortuna e me mudei de volta para a mansão e muitas outras coisas mudaram. Sam, por exemplo, estava prestes a começar as aulas na faculdade do Arizona. Era disso que ela estava falando, aliás. Para ser mais exata, do “Deus Grego Musculoso Com o Boné dos Lakers”, assim como ela descreveu. Ela o viu quando visitou a faculdade por um fim de semana para conhecer a colega de quarto e arrumar algumas coisas no novo dormitório e já ficou ansiosa para o início das aulas, mas a questão é que ela não sabia se ele corresponderia os sentimentos.

– “2” – ela continuou. – “Ele faz convites com frequência. Se ele te chamou para a festa do aniversário do amigo dele ou para aquele barzinho com a galera, então ele está na sua, garota! Mas não se empolgue, ele pode está apenas sendo gentil”.

O rosto de Sam se iluminou e ela se sentou na espreguiçadeira.

– Ele me chamou para a festa da irmandade dele! É claro que ele estava chamando todo mundo, mas já é alguma coisa, não é?

Dessa vez eu não me esforcei para esconder a risada.

– Sam, você tem que se acalmar.

– Como eu posso me acalmar?! – Ela surtou. – O cara é muito gato, Alicia!

O que eu poderia fazer? Ela finalmente havia superado Kevin e estava indo muito bem nisso, coisa que não fui. Mas foi como ela disse quando me contou do dia em que Kevin a levou para casa: “Nós conversamos o caminho todo e pareceu que ainda estávamos juntos, como antigamente. Mas no final, quando ele foi me beijar, não pareceu mais certo. Certas coisas chegam ao fim, Ali”.

– Ok. – Eu me sentei também e levantei os óculos. – Para onde ele direciona os pés quando está falando com você?

– O que? – Ela fez cara de confusa.

– Os pés dele apontam para você? – Eu tornei mais simples. – Procure reparar na próxima vez que vocês se virem. Se apontarem para você, então ele gosta de você.

Eu coloquei os óculos e me deitei novamente.

– Você tem certeza? – Ela perguntou depois de um minuto ou dois.

– Eu não sei se funciona em todos os casos – eu ri. -, mas você não tem com o que se preocupar, Sam. Você é a garota mais linda e divertida que conheço, qualquer cara seria muito burro se não gostasse de você.

Sam abriu um sorriso e me abraçou ligeiramente.

– Eu amo você, sabia?

– E eu amo você! O que eu vou fazer com você no Arizona? – Fiz beicinho.

Sam fez carinha de triste, mas a resposta era simples: nenhuma. Os dias se passavam e a hora dela ir para a faculdade se aproximava muito rapidamente. Era temeroso porque, além de perceber que estava perdendo a minha melhor amiga, eu via que os tempos haviam mudado. Não estávamos mais no colégio e o mundo agora esperava respostas de você. Sam teria o que responder, Kevin (que estava indo para a Universidade do Alabama) teria o que responder. E tudo o que eu conseguia pensar era daqui a dez anos, no reencontro dos alunos da escola, todo mundo falando em como teve uma vida de sucessos conquistados e tal. Eu sou uma garota de 18 anos que ficou rica da noite para o dia sem quase nenhum esforço, além disso, namoro o adolescente mais rico do mundo. Coisas que vem fácil vai fácil, certo? E isso também me dá muito medo.

– Tudo bem – Sam disse. – São 10 horas de viagem do Arizona até a Universidade da California. Parece muito, mas vamos conseguir.

– Sam – Eu comecei, mas ela já foi me interrompendo.

– O que, Alicia? – Sim, ela já sabia o que eu ia falar.

– Eu não me decidi ainda, ok?

– É a Universidade da California! Você passou por muito para conseguir isso no nosso último ano e, não minta, eu sei que ficou desesperada porque sua carta de aprovação demorou a chegar.

Sim, era verdade. Mas o que fazer em uma faculdade se você não tem ideia do que fazer na vida? Pensei em Ciências Políticas ou até mesmo Design, mas ainda não me sentia fazendo nada disso.

– E alguma hora você vai ter que contar para eles. – Sam apontou com a cabeça em direção para a casa.

Só ela sabia. Nem Justin, nem minha mãe, nem mais ninguém. Eu queria dar uma resposta certa para eles. Era claro que eu iria para a faculdade, mas talvez não esse ano. Como é que eu vou dizer que eu prefiro o que estou vivendo agora? Eu acordo a hora que quero e tenho a casa só para mim. Posso sair e fazer o que quiser. Encontro com Justin sempre que pudemos – ele anda ocupado em LA, eu ando sem fazer nada por aqui, então as vezes eu topo em encarar algumas horas de carro até Los Angeles se é para manter nosso relacionamento forte e ficar nos braços dele.

Tá, talvez Sam tem razão. Ok, ela sempre tem razão. Mas isso não é algo que eu queira pensar agora.

– E fiquem agora com Justin Bieber em As Long As You Love Me. – O locutor da rádio disse e eu dei um sorrisinho enquanto batia a massa para o brownie.

Me peguei cantando a música enquanto enfornava e, claro, não podia parar de sentir orgulho dele.

A música acabou e Whatever You Like de Anya Marina começou logo depois. No mesmo minuto, a campainha tocou. Eu corri para atender e ele estava na porta.

– Estava com saudades – Ele entrou e me pegou nos braços enquanto eu ainda processava que era ele mesmo.

Eu ri e ele me beijou intensamente.

– Espera – eu pedi. – Você simplesmente veio até aqui?

– É... – Ele disse, provavelmente perguntando-se se isso era algum problema.

Eu sorri.

– Eu te amo. – Falei e me joguei nos braços dele.

Justin foi me levando à qualquer lugar qualquer perguntando coisas como “cadê sua mãe?” e eu respondi que ela ainda não tinha voltado da viagem para a gravadora Atlanta. Ela estava trabalhando em músicas novas e acabou descobrindo que era compositora também. Scooter não poderia ser o empresário dela, já que Justin ocupa muito de seu tempo, mas apresentou um amigo dele que poderia trabalhar com a minha mãe. Já faz uma semana que ela se foi e liga duas vezes por dia.

Justin perguntou por Thomas e eu disse que ele estava de folga, estávamos sozinhos em casa. Dito isso, ele tirou a camisa e sorriu maroto para mim. Eu dei uma risadinha e tirei minha blusa também. Ele me pegou e eu pulei em seu colo, pondo as pernas ao redor dele, sentindo as mãos firmes no fecho do sutiã.

– Eu senti muitas saudades mesmo – Ele enfatizou enquanto se sentava no sofá, comigo ainda em seu colo.

Eu também senti. Beijei e mordi de leve o lábio dele, depois fui descendo pelo maxilar dele, depois pelo pescoço até chegar na orelha, percebendo a respiração dele mais acelerada. Eu beijei, mordisquei e lambi o contorno da orelha, depois enquanto ainda úmido, eu assoprei de leve. Justin se arrepiou e gemeu, apertando mais as mãos nas minhas costas, depois ele abriu os olhos e as pupilas estavam dilatadas, então se inclinou por cima de mim me fazendo deitar no sofá embaixo dele.

– Vai com calma aí, Bieber – Eu ri enquanto ele parecia desesperado em beijar meus seios.

Justin parou e olhou para mim, levantando uma sobrancelha.

– Quer mesmo que eu vá com calma?

– Não – Sorri. – Não mesmo.

Ele beijou delicadamente meus seios e desceu até a barriga. Quando chegou no botão da calça, desabotoou e se sentou no sofá, para tirar as calças de mim. O movimento me puxou com força para baixo e eu mordi os lábios. Justin beijou meu pé e foi subindo até minha coxa, chegando perto demais. Ele deslizou um dedo pela coxa até entrar debaixo do tecido da calcinha, depois tirou. Aí puxou o elástico e assim ficou me atiçando.

– Justin – Eu arfei e arqueei as costas quando ele me beijou dez centímetros abaixo do umbigo. Ele não disse nada, mesmo que soubesse da minha necessidade, apenas continuou me provocando.

Era até errado ele brincar comigo desse jeito. Quase me levou a loucura, literalmente. Até que ele puxou a calcinha de vez e fez o que ninguém tinha feito antes.

Eu me agarrei as almofadas embaixo de mim tentando bloquear o pensamento que aquele era o sofá de 15 mil dólares da minha avó e aquelas almofadas foram bordadas a mão no Oriente.

Era uma sensação completamente diferente tê-lo em mim de outra maneira. Era mais suave... Mais prazeroso e egoísta. Quando senti que ia gozar, eu implorei que ele parasse. Ele continuou até que eu estivesse na beira do abismo, aí tirou as calças e me penetrou.

Beijava meu pescoço e ombro com amor. Eu segurei os cabelos dele procurando ter algo com o que me segurar, porque dessa vez eu achei mesmo que ia explodir de prazer. Puxei ele para a minha boca e o beijei, gemendo contra os lábios dele.

Ele colocou a mão do lado do meu rosto, no sofá, para apoio, e a outra mão segurou o braço do sofá enquanto adotava um ritmo mais rápido e intenso. Minhas coxas apertaram a cintura dele e ele gemeu alto.

E só de pensar que uns vinte minutos mais cedo eu estava inocentemente fazendo brownie...

Ai meu Deus! O brownie vai queimar!

Eu mordi o lábio porque sem chances de dizer isso para ele agora, nesse momento. Eu não queria apressa-lo de maneira alguma.

Quando terminou, tombou suado e cansado, mas satisfeito, em cima de mim. Depois de dois ou três minutos recuperando o fôlego, eu fiz o possível para inverter e ficar em cima dele no sofá, então beijei o queixo dele e fui descendo.

O brownie ia esperar. Eu ainda tinha que retribuir o que ele fez comigo no começo.

–---

– É só um filme, Alicia, escolha qualquer um e venha cá.

Eu rolei os olhos. Como assim “escolha qualquer um”? A escolha de um bom filme é extremamente importante para todo o momento! Por isso que demorei tanto na página do Netflix. E eu acabei escolhendo Curtindo A Vida Adoidado, porque eu sempre rio nesse filme, não importa quantas vezes eu assista. Depois eu voltei engatinhando para ele que me esperava com os braços abertos.

Estávamos sentados no chão da sala em frente à TV e comendo o brownie – que por pouco não queimou - com sorvete de creme. Ele estava com o cabelo molhado e outro par de calças que tinha colocado em uma pequena mala que trouxe para passar a noite aqui. Meu cabelo também estava molhado, porque ele me arrastou para debaixo do chuveiro com ele e eu tentei ficar com raiva porque definitivamente estragou todo o trabalho da noite anterior que tive em escovar o cabelo, mas simplesmente não pude. Não com o corpo molhado dele contra o meu. Também só usava a camisa que ele usava quando chegou aqui, porque era bem melhor do que as minhas próprias roupas.

E apesar de todo meu trabalho em escolher um bom filme, ele nem quis saber de olhar para a tela! Se não ficava olhando para mim e mexendo no meu cabelo, se ocupava em não olhar para mim, mas aí brincava de beijar meu pescoço. Então o jeito foi parar o filme, enquanto continuávamos deitados no chão e ele cantava Love Me Like You Do no meu ouvido.

Todo o resto do dia foi assim. Eu pensei em sair para o cinema ou boliche, mas acabou que preferimos ficar em casa, só que, mesmo não tendo saído para lugar nenhum, ficamos bem ocupados em casa e, quando a noite chegou, a gente só deitou na minha cama e foi dormir. E até quando apenas dormíamos era bom, eu me sentia completa.

Eu, como sempre, acordei mais cedo que ele. Ainda usava a camiseta dele e, descalça, fui até a cozinha e enchi um copo de suco de laranja, pensando no que fazer para o café da manhã. Decidi procurar alguma receita na internet, então fui até o antigo escritório da minha avó e liguei o computador dela.

Era meio estranho entrar aqui, mesmo quando ela estava viva eu não entrava aqui com muita frequência, muito menos depois que ela morreu. Sei lá, parecia que eu não devia entrar, mas eu estava com preguiça de voltar lá para cima e buscar meu notebook, ainda mais correndo o risco de acordar Justin.

Busquei alguma receita e encontrei essa perfeita de panqueca de ricota. Bem, Justin gosta de panqueca e eu gosto de queijo. Perfeito, pensei. Antes de fechar a página, notei uma daquelas noticias de celebridades que ficam nos cantos da tela em alguns sites. Era Justin. Eu cliquei no link e foi parar em um site de fofoca que dizia “Justin Bieber anda com a namorada em sua Ducati” e uma foto minha com Justin em cima da moto, mesmo que não pudesse ver nossos rostos graças ao capacete.

Bem, eles estão atrasados, isso aconteceu semana passada.

Eu rolei a página para baixo e tinha alguns tantos de comentários. O primeiro dizia “Ducati é italiano que nem eu lol”, mas já o segundo...

Arregalei os olhos ao ler o xingamento ao meu respeito e, se eu rolasse para mais baixo, encontraria outros. É claro, eu passei por isso em 2010. Por parte, foi por isso que exclui a conta no Twitter. Depois que Justin e eu terminamos, eu continuei “famosa”. Algumas Beliebers começaram a me seguir e me fazer elogios, dizerem que me preferiam ao invés da Selena, mas depois eu fui me afastando completamente do mundo dele, inclusive das Beliebers, até que finalmente consegui: cai no esquecimento. E aí todo ódio e raiva foram direcionados para Selena, mas é claro que tudo voltaria para mim de novo, porque já sabiam que estávamos juntos. Justin não disse, mas em uma entrevista mês passado perguntaram por mim e ele ficou completamente vermelho.

Eu fechei a página na primeira ameaça de morte e decide que devia apenas focar na panqueca.

Tocava Your Body da Christina Aguilera no rádio e foi bom a música e o ritmo terem entrado na minha cabeça tão rápido que não deu mais espaço para aqueles comentários. Justin veio de mansinho e me pegou de surpresa me abraçando por trás. Eu sorri e não deixei de dançar, fazendo com que ele acabasse dançando comigo. Ele me girou e me beijou na hora do refrão.

– Bom dia – Ele disse depois.

– Bom dia – Eu falei e abaixei o som do rádio enquanto ele ia se sentar na mesa da cozinha.

– O que tá fazendo?

– Panquecas.

– Oba!

Eu fiz as últimas panquecas e coloquei tudo em um prato. Ele pegou o prato e levou para a mesa por mim enquanto eu pegava o Maple Syrup e leite. Quando eu fui me sentar na minha cadeira, ele puxou minha mão e me fez sentar no colo dele.

– Vem comigo pra Los Angeles hoje? – Ele pediu.

Eu sorri e mexi no cabelo.

– Não dá.

– Por que não?

– Eu já fui esse final de semana, lembra? E o passado... E o passado... E o passado.

– E daí?

– Eu não posso, sério – Eu disse meio triste. – Minha mãe chega amanhã e, além do mais, é o último fim de semana que terei com a Sam antes dela ir para a faculdade.

Justin parecia chateado.

– Eu só queria poder te ver todos os dias.

– Eu sei – Eu toquei o queixo dele e o fiz olhar para mim. – Eu também. Mas estamos juntos aqui e agora.

Eu o beijei sutilmente e ele abraçou minha cintura e me puxou para mais perto, como se não quisesse me ver partir. Depois disso eu preferi trocar de assunto antes que estragasse nosso café-da-manhã. Aliás, Justin elogiou as panquecas.

Depois do café, nós decidimos sair um pouco enfim. Talvez almoçar fora já que ele partiria depois do almoço. Eu sugeri irmos até o píer porque a praia é calma e romântica, e ele topou.

(n/a: em algum momento eu criei uma roupa pra isso, se quiserem checar, tá aqui)

Estava tudo as mil maravilhas. Eu e ele cantávamos – gritávamos – a letra de Why Can’t We Be Friends de War rindo um do outro no carro. Passeamos pelo píer de mãos dadas, até mesmo quando avistei um paparazzi tirando fotos de longe. Tomamos sorvete e, na hora do almoço, comemos lagosta um restaurante a beira mar. Estava tudo perfeito, ou melhor do que isso. Era como se o mundo tivesse parado e voltado a girar no sentido contrário, dando novos sentidos e rumos as coisas. Bem, tecnicamente se isso acontecesse mesmo, todos os vulcões da Terra se ativariam, ocorreria terremotos e tsunamis e destruiria pelo menos 90% da população. Mas não no meu mundo. Não, no meu mundo eu conto história para as flores e os passarinhos tem um milhão de ninhos.

Mas o velho e estranho sentimento de melancolia começou a surgir quando estávamos voltando para casa. Toda nossa animação no começo de Lucky Strike de Maroon 5 sumiu quando eu apertei o botão para abrir os portões de casa e entrei com o carro. Eu parei do lado da Ferrari e desliguei o rádio. Só depois de certo tempo olhei para ele.

– Eu acho que é isso.

Justin notou meu tom de voz e se aproximou, me dando um beijo.

– Ainda dá tempo de você vim comigo.

Eu sorri. Sabe, estava bem perto de acabar indo, mas não esse fim de semana com Sam partindo.

– Vai logo, Bieber. – Eu dei extremamente de leve um soco no peito dele e ele riu, abrindo a porta do carro.

Eu também sai do carro e o contornei para ficar mais perto dele. Justin abriu a porta da Ferrari; sua mochila que trouxe como mala já estava no carro. Com a porta do carro aberta, antes dele entrar, ele olhou para mim:

– Te vejo semana que vem?

Semana que vem pareceu muito longe. Eu mordi o lábio e assenti.

– Podemos ir ao cinema.

Eu fiz uma careta.

– Cinema? Achei que Justin Bieber tivesse uma grande festa ou evento para ir, não o cinema... tão entediante! - Eu brinquei e ele riu.

Justin ele foi até o carro e fez menção de entrar, depois voltou.

– Ops, esqueci de algo – Ele disse parecendo preocupado. Achei que fosse algo dentro de casa.

– O que foi?

Ele caminhou até mim e me pegou pela cintura de uma maneira que acabei até ficando de ponta de pá, aí ele me beijou ardente.

– Agora sim. – Ele disse e se afastou tão rápido quanto a maneira que chegou.

– Você não tem jeito – Eu acabei falando.

Justin piscou e entrou no carro. Quando ligou o carro, abaixou a janela e eu o observei dar a partida e marcha ré.

– Eu te amo – Ele disse enquanto ia saindo com o carro.

– Eu também te amo – Acenei e o vi partir.

Mesmo depois de já ter passado muitos segundos desde que o carro dele deixou minha propriedade, eu ainda fiquei parada observando. Depois eu me virei para entrar em casa, ouvi um barulho de folha amassando e me virei para o portão mediatamente, no susto.

Por mais um minuto tudo ficou quieto de novo e eu cerrei os olhos, pensando “que estranho”, mas então um gato preto e magrelo simplesmente saiu em meio aos arbustos, se espreguiçou e se esquivou entre as barras do portão para sair da propriedade.

Eu voltei para casa e tudo pareceu tão grande e vazio. Eu me senti completamente sozinha, desejando Justin de volta, ou pelo menos a minha mãe, porque as semanas longe dela passaram mais devagar do que devia e eu não imaginava que sentiria tanta falta assim.

Meu celular vibrou no meu bolso e eu atendi.

– Alô?

– Você não vai acreditar! De Repente 30 está passando no canal 9.

– Mentira! – Eu ri. – Vem pra cá, eu faço pipoca.

– Te vejo em dez minutos. – Ela disse e desligou.

Bom, pelo menos agora eu não ficaria sozinha. Até que bati a mão na testa me lembrando de algo. Droga, eu não tenho mais pipoca. Achei que daria tempo de ir até um mercado comprar e chegar em casa antes da Sam. Talvez se eu for de carro eu chego mais rápido.

E foi isso que fiz. Entrei de novo no carro e dirigi até um mercado, deixando dentro do carro celular, bolsa, tudo, menos o dinheiro para a pipoca e algumas guloseimas

– 15 dólares. – A atendente disse enquanto mastigava rudemente o chiclete.

Eu entreguei para ela o dinheiro e ela me devolveu o troco e as minhas compras em uma sacola plástica. Quando eu saí da loja, a porta fez o barulhinho do sino. Brinquei com as chaves na mão, casualmente, até chegar perto do meu carro, e foi aí que um homem me abordou.

Ele veio sem nem que eu percebesse, tirando as mãos do bolso e as pressionando na minha boca e braços. Eu deixei as chaves e sacola caírem no chão, completamente desnorteada, enquanto ele me puxava.

Eu estava sendo sequestrada.

Eu fiz força para o chão, tentei me livrar dele e tudo mais, mas o cara era bem mais forte do que eu e a única coisa que fiz foi arranhar o chão com os meus tênis. Nem fazer muito barulho eu conseguia, com a mão dele tapando minha boca. Até que ele me jogou para dentro de uma van e fechou a porta. Eu imediatamente tentei abrir a porta, mas já estava trancada e percebi que havia outro homem no banco do motorista.

– Anda logo! – O homem que me arrastou ordenou e o motorista deu a partida no carro já ligado, que só esperava por mim.

Eu já estava gritando e implorando para sair, ainda desacreditada de que isso estava acontecendo. Eu bati nas janelas e tentei com todas as minhas forças abrir a porta do carro, disposta a sair daquele carro de qualquer jeito, mesmo que estivesse em movimento.

– Cala a boca aí, patricinha – O primeiro sequestrador rosnou. Ele era bem mais raivoso e com certeza mais cruel, e eu podia ver isso mesmo que o rosto dele estivesse escondido nessa touca preta. – Dá pra dirigir mais rápido, porra?

O motorista, obviamente nervoso, pisou no acelerador e eu fui para trás, batendo minhas costas no banco do carro.

– Ok – Eu disse com voz trêmula. – O que vocês querem? O que querem de mim?

Ninguém me respondeu. O primeiro sequestrador fingiu que eu não existia, mas o segundo olhou pelo retrovisor do carro e, quando encontrou meu olhar, desviou imediatamente.

– Por favor, eu faço qualquer coisa, mas me deixem sair! Por favor – Eu pedia. – Não precisa ser desse jeito.

– Você quer saber o que eu realmente quero, bonitinha? – O primeiro virou-se para o banco de trás e eu podia ver os olhos negros dele brilharem de raiva. Isso me assustou mais ainda. – Eu quero que você cale a porra da sua boca, tá me ouvindo?

Eu sentia os lábios tremendo e todo o sangue me fugiu. Era isso, eu pensei. Eu vou morrer.

Passamos muito tempo dentro do carro. Em certo momento, o primeiro sequestrador pulou para trás e ficou do meu lado. Ele tirou algo do bolso que eu supus ser uma arma, como uma faca. Me encolhi contra a porta do carro.

– Por favor, eu dou tudo o que quiserem, mas não, por favor, não faça isso. – Eu implorei, chorando. – Eu dou o meu relógio, se quiserem!

Estendi para ele meu braço e ele o puxou, o que me fez deslizar no banco. Tão perto assim do sujeito eu sentia o mal cheiro do casaco dele, como se precisasse de um bom banho, o que me fez torcer o nariz.

– Seu relógio? Sério? – Ele riu de deboche. – Eu tenho outros planos para você, mas isso – Ele levou o que estava no seu bolso até meu rosto e eu fechei os olhos, amedrontada. Senti o envolver de algo nos meus olhos. Uma venda. – Tudo a seu tempo.

E então eu não podia mais ver nada. Senti ele amarrar meus braços bem forte que chegou a doer, senti o carro fazer uma curva 5km depois disso, senti as rodas passarem por um buraco, ouvi a barulho dos outros carros até que não pude ouvir mais nada disso. Era como se estivéssemos saindo da cidade ou algo assim, mas não ouvia buzina ou nenhum outro som urbano. Não sei quanto tempo ficamos no carro. Para mim foram eternidades, mas acho que se passou uma hora, uma hora e meia. Eu passei todo o tempo chorando, mesmo que silenciosamente, com medo de irritar o indivíduo perigoso do meu lado.

O carro foi perdendo velocidade então supus que tínhamos chegado, seja lá onde. Quando o carro parou, o bandido me puxou pela corta que amarrou a minha mão para fora do automóvel.

– Vai, anda – Ele me empurrou. – E nem adianta gritar. Ninguém vai te ouvir.

– Não estamos mais na cidade grande, princesa – O segundo sequestrador finalmente disse algo, revelando a voz grossa, mas ainda sim de uma criança.

– Cala a boca! – O outro reclamou.

Eu não queria apressar meus passos. Estava cercada de dois homens estranhos e perigosos, em algum lugar desconhecido, provavelmente no meio do nada, vendada e completamente vulnerável, e só Deus sabe o que eles fariam comigo depois. Me empurraram de novo e dessa vez ouvir o barulho de terra. Mas não uma terra mais úmida e fértil. Era seca, como o deserto da Califórnia. Eu já podia ter uma ideia de onde estava.

Tinha um degrau e eu ouvi a madeira ranger. Abriram a porta e, com a mão na minha nuca, me direcionaram para dentro. Abriram a porta de um quarto e me jogaram ali. Caí em cima de uma cama contra a parede.

– Esse é o seu novo aposento, princesa. Seja bem-vinda.

A porta fechou com força contra o batente e tudo dentro de mim congelou. Não podia tirar a venda de mãos atadas, mas não teria forças para isso, com medo de enxergar o ambiente. Também não teria forças para mais nada, então permaneci exatamente na mesma posição em que caí, livre para chorar a vontade contra o lençol áspero.

–----

A porta abriu tão forte que a maçaneta bateu na parede. Eu acordei assustada, tentando entender onde eu estava. Não conseguia ver, mesmo que acordada. Eu ainda estava no meio do nada, ainda estava de mãos atadas e ainda estava vendada, ou seja, eu ainda estava no inferno mesmo que tenha fugido dele por um certo tempo indeterminado porque caí no sono de tanto chorar.

– Hora do jantar – Eu ouvi a voz dele. Dessa vez não estava tão agitada e zangada quanto antes, mas ainda tinha uma pitada e irritação.

Eu não me movi, como se se eu continuasse imóvel, ele iria embora, mas só piorei.

– Hora do jantar, eu disse.

Ele veio até mim e, agressivamente, me pôs sentada na cama enquanto um grito assustado escapava da minha garganta. Ele resmungava enquanto desamarrava as minhas mãos, depois arrancou a venda do meu rosto. Meus olhos doeram já desacostumados com a luz da lâmpada depois de tanto tempo sem ver. Eu pisquei algumas vezes, tentando habituar a visão.

Paredes brancas, mas sujas, como se tivessem pintado há muito tempo e a tinta precisasse de retoque. O lençol pinicante da cama também era branco, e furado. A janela era muito alta e estava barrada por tábuas de madeira do lado de fora e, de resto, muito não havia no quarto além da cama. Apenas uma mobília do lado dela, onde estava minha refeição.

Eu, relutantemente, procurei pelo meu sequestrador e fiquei, de certo modo, aliviada em vê-lo ainda com o rosto coberto, mesmo que isso fosse por si só já muito aterrorizante, mas estava com um certo medo de descobrir quem ele era.

– Coma tudo – Ele mandou e depois saiu, batendo a porta forte como sempre.

A mesma foi trancada e eu ouvi barulho de uma televisão e alguém perguntar por mim. Nenhuma resposta veio em seguida.

Eu massageei meus pulsos queimados pela corda e descansei minha cabeça contra a parede, me sentindo cansada demais, mesmo que tenha acabado de acordar.

Eu fui ver o meu prato. A cara não estava boa, era alguma mistura de macarrão e arroz com alguns legumes e um pedaço de bife, tudo em volta de algo que deveria ser... molho de tomate? Fiz careta. Eu nunca comeria nada daqui, nada deles.

Por um bom tempo me concentrei em nada, mas minha respiração e como ela estava pesada. Também fiquei ouvindo a TV, estava passando A Roda da Fortuna e a palavra era Motivação. A roda girou e o participante acabou perdendo tudo. Logo depois, a TV desligou e tudo ficou em silêncio por alguns minutos.

– E o que você espera que eu faça com a garota? – Eu ouvi essa parte da conversa que denunciou que eles não estavam quietos, apenas falando baixo.

Eu ouvi o ranger de uma cadeira arrastando no chão.

– Você é tão engraçado – Essa veio em voz de sarcasmo. – Quer que eu faça?

Fazer o que? – eu comecei a ficar desesperada. Fazer o que?

Outro ranger de uma cadeira e depois passos pesados em direção do meu quarto. Aí ouvi o barulho das chaves e a porta se abriu. O segundo sequestrador, o que dirigia, entrou no quarto, mesmo que relutante com isso. Ele era grande, bem grande, e largo, mas com uma cabeça pequena. A camiseta cinza e larga dele estava manchada com o mesmo molho que tinha em meu prato e ele cobria o rosto com uma touca preta, deixando apenas os pequenos e azuis olhos visíveis.

Ele ficou sem saber por alguns segundos, depois levantou uma mão e acenou.

– Oi – ele surpreendentemente disse, depois parece ter se arrependido e coçou a nuca. – Ahn... Eu vou... – Ele apontou para o prato, meio que sem graça. Eu apenas encarava ele.

O homem pegou a bandeja e soltou uma risada sem humor.

– Não gostou, né? Bom, eu fiz o meu melhor.

Ele não era tão durão assim. Na verdade, até parecia sentir pena de mim... ou medo, porque ele tomava cuidado para não chegar perto demais. Mesmo assim, eu o odiava.

– É melhor você dormir agora, garota – Ele forçou uma voz mais rígida agora e vou andando para trás, para fora do quarto. – Dia cheio amanhã.

Ele fechou a porta e me deixou no escuro. O ar frio entrou por uma brecha na janela e eu me arrepiei, abraçando a mim mesma; o lençol barato e fino não ajudaria e algo me dizia que a noite seria longa.

–----

(POV ALICIA/OFF)


– Procure se acalmar, Judy.

– Como eu posso me acalmar, tia Sarah? – Judith interrompeu a constante caminhada que fazia ao redor da sala e, sem perceber, gritou. Não queria perder a cabeça, mas como não? – Algo ruim pode está acontecendo com ela, algo muito... – Ela nem podia concluir. – Eu só preciso dela aqui.

Ela esteve assim desde que o relógio bateu 22h e sua filha – quem esperava encontrar depois de voltar mais cedo da viagem para Atlanta – ainda não estava em casa. Tudo bem, adolescentes são assim mesmo, talvez ela esteja em alguma festa – Judy pensou, mas depois que falou com Sam e ela contou que devia se encontrar com Alicia mais cedo, mas ela não estava em casa e nem ao menos ligou para avisar, Judy sentiu que algo não estava certo. Ela ligou para os outros amigos de Alicia e mais ninguém sabia seu paradeiro. O telefone de Justin estava desligado, mas confirmou com Scooter que Alicia não estava com ele, já que o mesmo estava dormindo na própria casa. A essa altura, Judy já estava desesperada. Ela ligou para a tia Sarah e acabou acordando o pessoal, mas estava preocupada. E agora já passava das 2h da manhã. Era algo de mãe: ela tinha um mau pressentimento.

A porta da frente se abriu e Kevin e Joe entraram na sala de estar.

– E então? – Tia Sarah perguntou.

– Encontramos o carro de Alicia em frente aquele mercado perto da casa de vocês. Falamos com a caixa e ela confirmou que Alicia passou por lá mais cedo e comprou alguns doce e pacote de pipoca.

– Isso não ajuda muito – Judith disse.

Joe tinha uma expressão estranha no rosto, Judy sabia que tinha mais.

– Joe... O que foi?

Ele levantou um par de chaves e, no começo ela não entendeu, mas quando percebeu do que se tratava, deu passos para trás. Era a chave do carro de Alicia.

– A garota que trabalha lá achou no chão, perto ao carro, e guardou.

– Ai meu Deus – Judith passou as mãos trêmulas no cabelo. – Ai meu Deus.

– Calma, não vamos nos precipitar – Joe pediu, mas Judith ainda não entendia porque eles viviam pedindo calma. Como ter calma quando a sua filha está desaparecida?

– Tem algo errado, muito errado! Alicia não deixaria as chaves caírem no chão e depois desapareceria sem dizer nada, Joe! Ela não faria isso!

Judith estava gritando, mas ninguém tiraria a razão dela.

– Chamem a policia!

– Não adiantaria muito, eles não podem fazer nada até 48 horas. – Joe disse.

– Você só pode está brincando.

Joe encolheu os ombros, também triste por não ter muito o que fazer.

– Kevin e eu vamos continuar com as buscas.

– Eu também vou – Judith pegou a bolsa. – Posso procurar pela área norte da cidade.

Joe assentiu e assim eles partiram, com tia Sarah rezando por todos e por Alicia.

O sol levantou em Los Angeles e Justin Bieber se espreguiçou na cama, sonolento. Tinha um dia cheio com reuniões sobre o filme que faria e talvez uma entrevista mais tarde. Ele desceu até a cozinha e um copo de suco de laranja já estava o esperando.

– Dia cheio hoje, Bieber – Scooter entrou com papeladas na mão. – Já leu seu script?

– Já – Justin mentiu.

Scooter cerrou os olhos desconfiado e jogou o script para Justin.

– As gravações começam em menos de dois meses.

Justin analisou a série de páginas no script. Merda, isso era grande. Ele ia ter que memorizar tudo isso?

– Já decidiu como reconciliar as gravações com as datas do show?

– Nós damos um jeito – Scooter respondeu roubando o copo de suco de Justin. – Nem que eu peça para os produtores adiarem as gravações. O importante é cumprir os compromissos e tentar não te cansar tanto.

– Ok então – Justin disse e deixou Scooter, indo a caminho de um banho.

Ele foi de Ferrari até a reunião com os produtores do filme, depois foi até o estúdio e trabalhou em um novo álbum para o Natal, então a hora do almoço chegou e alguém trouxe sushi. Ele mandou uma mensagem para Alicia, mas ela não respondeu. Deve está com Sam e longe do celular, ele pensou. Ele, Alfredo, Scooter e mais alguns colegas de estúdio brincavam e faziam piada. Todos estavam impressionados com o bom humor de Justin Bieber e sabiam que, por parte, isso era porque ele estava namorando. Tudo ia bem, então o celular de Justin toca e ele vê o nome da sogra no visor.

Justin pediu licença ao pessoal, imaginando o que a mãe de Alicia queria falar com ele.

– Alô?

– Justin, oi.

– Oi! – Ele riu. – Tudo bem? Como foi em Atlanta?

– Foi bem, eu...

– Scooter ficou sabendo das novidades por lá. Mal podemos esperar para ver o resultado, tenho certeza que vai ser um sucesso.

– Obrigada, querido, mas eu...

– Quer falar com Scooter?

– Não. – Judith disse e pela primeira vez Justin ficou quieto. – É sobre a Alicia.

Os amigos de Justin ainda conversavam e brincavam, quando Alfredo olhou para Bieber e não viu mais nada além de uma expressão estranha no rosto dele.

– Bieber? – Alfredo perguntou preocupado. Todos os outros ficaram também.

– Quando isso aconteceu? – Justin disse sério, com a voz cortada. Houve um tempo para a resposta, então Justin novamente perguntou: - Ligaram para a policia? ... Então vamos ligar agora! ... Mas é a Alicia, Judy, eles tem que nos ajudar! ... Ok, eu vou ver o que posso fazer.

Ele encerrou a chamada e colocou o telefone no bolso, enquanto caminhava para fora da sala.

– Ei – Alfredo correu atrás dele. – Ei, ei, o que houve?

Mas Justin não respondeu. Scooter também foi atrás.

– Justin – Ele correu e tomou a frente dele. – Espera, cara, diz o que houve.

– Alicia desapareceu. – Justin anunciou. – Ninguém a ver desde ontem, eu preciso voltar para São Francisco.

Justin tentou contornar Scooter.

– Espera! Como assim ela...? E a policia?

– Eles não vão fazer nada até amanhã – Justin disse com raiva. – Eu preciso voltar e ajudar nas buscas por ela.

– Justin – Scooter o pegou pelos ombros. – Você não pode.

– O que? – Bieber falou desacreditado.

– Eu sei que você está preocupado, eu também estou. Mas você precisa ficar e terminar esse álbum hoje, se não, não entregaremos no prazo.

– Mas é a Alicia, Scooter – Justin nem percebeu que pegou Scooter pela camisa. – É a Alicia!

Scooter tirou as mãos de Justin dele.

– Eu sei. E ela vai ficar bem, eu prometo, mas você não pode ir agora.

Como Scooter poderia prometer isso? – Justin pensou. Só que ele voltou para a gravação e continuou o trabalho, mesmo com a cabeça avoada.

–----

(POV Alicia/ ON)


Eu estava xingando em todos os nomes o maldito que pregou essas tábuas na janela, porque passei o dia tentando retira-las e não consegui. Meus sequestradores haviam saído fazia algumas horas e eu estava aproveitando minha solidão para fazer o barulho preciso para escapar, mas já tinha algum tempo que eu percebi que seria inútil. Eu também tentei quebrar a porta, mas eu não tinha nenhum material que pudesse me ajudar na minha fuga. Tudo o que eu tinha era um cama nesse quarto.

Quando ouvi o barulho de um carro, eu voltei para a cama e tentei agir como se não tivesse feito nada o dia todo. Ouvi passos também e a conversa deles. Estavam rindo quando abriram a porta do quarto.

– Bom dia, princesa- O sequestrador mais assustador disse com um sorriso debaixo da máscara. – Dormiu bem? Porque vamos precisar de você agora.

Eles vieram para cima de mim e eu fiz escândalo. Gritei e chutei, com medo que me machucassem. Pedi, implorei, ordenei que me soltasse. Acertei um nas partes com um dos chutes desajeitados e ele caiu ajoelhado no chão. O outro se distraiu e foi fácil me livrar dele e sair correndo.

– Pega ela! – Eu ouvi o que eu chutei gritar.

O cara grandão veio atrás de mim, mas na adrenalina eu fui bem rápida. Passei pela casa – bem pequena, agora podia ver – e fui para a porta. Felizmente ela estava aberta e, quando a abri, o sol brilhava forte no pico ao redor de relevos e uma vegetação desértica, como supus. A julgar pelo tempo que passei no carro para vim até aqui, eu diria que estou entre São Francisco e São Jose.

Eu dei poucos passos na varanda da casa, então o grandão me alcançou. Não me vendi tão rápido e comecei a deferir-lhe tapas e pontapés, mas ele foi bem mais forte do que eu agarrando meus pulsos e me arrastando de volta para dentro. Eu comecei a choramingar quando ele conseguiu e eu estava voltando para o inferno depois de mal ter provado a liberdade. O outro, o mais intimidador, que eu chutei esperava na porta do quarto e ele não parecia nem um pouco feliz. Ele ainda estava encurvado de dor, mas seria capaz de qualquer coisa.

– Essa foi – Ele disse se aproximando com o dedo na minha cara. – a primeira e última vez que você fez isso.

Ele bateu forte na mesa ao lado e eu dei um pulo, assustada. Quando ele se aproximou de novo, me encolhi para o lado, com medo.

– Prenda ela na cadeira. E amarre a corda bem forte.

O grandão obedeceu e me forçou a sentar na cadeira, amarrando meus pés, mãos e corpo.

– O que vocês querem? – Eu perguntei pela milésima vez e já estava exausta. – Por favor, o que querem?

– Cala boca – O primeiro rosnou e foi até a minha frente com uma câmera.

Eu observei os dois ajeitarem a câmera em um tripé, focalizando a lente em mim.

– Prontinho – Ele disse, checando a câmera. – Agora sim, é a sua chance de brilhar.

Ele foi até mim e se abaixou na minha frente.

– Você quer ir embora daqui?

Balancei a cabeça assentindo com força.

– Então é o seguinte: vai dizer pra aquela câmera o quanto está desesperada. O quanto está com medo. Vai dizer o quanto quer ir para casa e o quanto somos maus com você. Então você vai olhar fixo para ali e pedir, com todos os números, dois milhões de dólares pelo resgate.

– O que? – Eu disse indignada. – Não!

– Você quer sair daqui, ou não, princesa?

– Eu não tenho dois milhões de dólares!

– Você tem sim – Ele riu. – Acabou de ganhar 950 mil.

– 950 mil – Respondi. – Não dois milhões.

– Ah, qual foi? – Ele se aproximou e pegou meu queixo com os dedos sujos saindo dos buracos da luva de couro. – Você sabe que eu sei do seu namoradinho. Imagina em quanta grana aquele garoto está sentado. – Ele deu uma risada repugnante. – Um milhão não deve ser nada para ele, se quer reencontrar esse rostinho de novo.

Eu puxei meu rosto, me livrando do toque dele.

– Eu nunca pediria isso – Disse séria e com raiva.

– Ah não? – Ele se levantou e dessa vez pareceu mais alto e assustador. – Tudo bem, então no final o seu namorado vai mesmo ver seu rostinho de novo... Só que todo cortado.

Ele foi até atrás da câmera.

– E talvez depois, quando ele estiver chorando em cima do seu corpo, nós possamos fazer o mesmo com ele também.

– Não! – Eu gritei e apertei os braços da cadeira com meus punhos. Minha raiva moveu a cadeira por poucos centímetros. – Justin não!

Os dois estavam rindo.

– Então é melhor fazer o que eu mando, princesa. E... ação.

–----


Mais outra noite nos lenços que pinicam e eu me perguntava até quando eu continuaria aqui? Quando minha família mandaria ajuda? Seria depois de ser entregue meu vídeo de resgate? E o que eles pretendiam fazer depois que tivessem o dinheiro? Me matar? Porque, mesmo que ainda não tenham encostado um dedo em mim, eu não os subestimo.

Olhei para a janela barrada com um olhar derrotado de novo, para encontra, por uma brecha, uma parte da lua minguante. Suspirei pesadamente, sentindo as lágrimas secas no meu rosto. Eu bocejei e me encolhi quando o vento soprou. Pela milésima vez no dia, orei a Deus e pedi para sair daqui com vida.

No entanto, outra coisa me incomodava. O primeiro sequestrador disse, mais cedo, assim que terminei o vídeo, “Viu? Não foi tão difícil, princesa. Você atuou na peça da escola e tudo mais”.

Como ele saberia disso, que foi há tanto tempo atrás?

Eu imaginei em várias razões disso está acontecendo. Imaginei que foi por causa de Justin – pessoas são loucas, outro dia mesmo li que um cara planejava sequestrar, castrar e matar ele, pode imaginar?! Imaginei que foi por minha causa mesmo – eu era a mulher mais rica da cidade. Saí no jornal com a manchete de “Adolescente acaba de herdar 900 mil reais”, foi parar até nas folhas nacionais e em sites de noticias pelo mundo todo. Qualquer um poderia ter visto e, se fosse desumano o suficiente, planejar isso. Mas era algo mais, ele sabia da minha vida, sabia do musical, o que mostrava que ele já vinha me acompanhando fazia certo tempo. Ou outro alguém.

Quando eles saíram de novo, eu continuei me esforçando em quebrar as tábuas na janela. Eu podia contar os pregos; haviam várias desnecessários e muitos pregados de forma desajeitada. Alguns mais velhos, já enferrujando e, com esses, eu tomava cuidado para não me cortar. Tenho certeza que eles não me dariam uma antitetânica.

–----

(POV ALICIA/ OFF)

– Quantas horas já se passaram? – Judy mexia a perna freneticamente, com os olhos abatidos e vermelhos, que denunciava uma noite a menos de sono.

Joe checou o relógio.

– 25 horas.

– Por que não ligamos para a policia agora?! – Ela choramingou. – Não podemos ficar aqui sem fazer nada!

A campainha tocou e ela foi correndo atender a porta, morrendo de esperanças.

– Por favor, me digam direito o que aconteceu – Justin foi entrando e perguntando, preocupado.

– Não sabemos. - Kevin deu de ombros.

Ele olhou para trás e viu a mãe de Alicia. Passaram uns segundos se encarando, depois se abraçaram. Ele, logo depois, começou a senti os soluços e a camisa molhar com as lágrimas dela.

– Eu vou acha-la – Ele prometeu, depois disse a todos: - Os meus seguranças estão aí fora, eles querem ajudar. Kenny vai liderar a busca, ele tem experiência com essas coisas.

– Acontece – Kevin deu um passo a frente. – que meu pai já está no comando.

– Certo, tudo bem, ele pode ajudar.

– Vocês podem ajudar – Kevin corrigiu e Justin, a essa altura, sentia a hostilidade.

– Não importa, tudo o que importa é achar Alicia.

– Talvez ela não teria se perdido, se não fosse você – Kevin disse tão baixo que, por pouco, Justin não ouviu.

– O que você quis dizer? – Ele começava a se sentir irritado.

– Nada... – Kevin balançou a cabeça e se calou, mas quando Justin estava virando as costas, acrescentou: – Só que, talvez, se você não fosse tão “chamativo”, ninguém ia querer descontar em Alicia qualquer coisa contra você.

– Já chega – Justin disse antes de partir para cima. A mãe de Alicia o segurou e Joe segurou Kevin. – Você está dizendo que a culpa é minha?

– Já viu quanta gente doida te odeia, cara?

– Se eles são doidos, a culpa não é minha!

– É sua sim! Se não ficasse chamando atenção por onde passa, você parece um chaveiro de brilhantes que alguém fica balançando na rua!

– Parem! – Judith gritou e os dois pararam. – Se vocês querem brigar, façam isso lá fora! Mas não interrompam no resgate da minha filha!

A sala se silenciou por muito tempo, com Justin e Kevin se sentindo envergonhados. A campainha tocou de novo e, novamente, Judith saiu correndo, só que agora com um grupo de quatro pessoas atrás. Havia um carteiro na porta, e ele entregou um pacote embrulhado em amarelo. Do lado de fora, Judy viu a quantidade de carros e os tais seguranças de Justin Bieber, que agora queriam falar com o carteiro.

Judy foi rasgando o pacote e jogando o embrulho no chão, até achar um DVD. Ela ligou a TV da sala e, imediatamente, colocou o DVD. Se sentou no chão da sala e esperou roendo as unhas o DVD ler o vídeo, enquanto isso, os outros se acomodavam na sala, também curiosos.

Na tela, ela viu a filha e, além dos sons de choque de todos os outros atrás dela, ela sentiu falta a respiração e o coração se apertar.

– Oi... – Alicia começou. Ela parecia cansada e sem cor no rosto, sem falar no fato que estava completamente amarrada em uma cadeira. – Sou eu. Eu fui sequestrada e não tenho ideia de onde estou... Eles estão dizendo... Eles estão dizendo...

Havia um silêncio mórbido na sala, parecia que todo mundo tinha prendido a própria respiração, enquanto observavam Alicia respirar fundo no DVD. Ela parecia hesitante em falar, quando ela olhou para algum lugar atrás da câmera e fez cara de choro, depois tentou recuperar uma postura.

– Eles querem dois milhões de dólares pelo meu resgate às 16h de amanhã na conta cujo número veio junto desse vídeo...

Judith procurou a capa do DVD e encontrou vários dígitos escritos em caneta azul.

– ... Ou então... Ou então...

Quando Alicia parecia hesitante novamente, a câmera virou e apareceu nada, além de um cara com o rosto coberto e a voz dele foi alterada na edição. Ele disse:

– Ou então nós acabamos com ela, minha senhora, é isso.

E houve um corte e tudo ficou preto na tela. O grupo na sala ainda estava calado, paralisado, em estado de choque. A primeira a quebrar o silêncio foi tia Sarah com seu choro baixo e agudo. Depois murmuros dos seguranças de Justin e Joe, então o gato de tia Sarah miou e Judith começou a ouvir um barulho maior ainda. Soluços e uma respiração tão alta e cortada, então gritos misturado com choro e, quando percebeu, o barulho vinha dela.

–---

(POV ALICIA/ ON)

– O que você fez aqui? – O segundo sequestrador, o grandão que me fazia comida, disse quando olhou pela janela e viu o vidro quebrado, além das tábuas claramente alteradas com as minhas tentativas de fuga. – Ah não. O chefe não vai gostar nada disso.

Eu não me sentia com medo dele, não mais, então não liguei se ele descobriu o que eu vinha fazendo porque ele, no fundo, me parecia mais nervoso do que eu com toda essa situação. Eu olhei para ele com um olhar entediado.

– Eu estou pouco me lixando para o que o “chefe” vai achar – Disse com uma voz arrastada. Eu não comi e mal dormir desde que fui sequestrada e estava realmente cansada. – E você também não devia ligar, ele é menor do que você, tenha vergonha na cara.

Ele, impressionantemente, riu.

– Bill não é meu chefe. Bill e eu trabalhamos juntos. Ele é mandão, sim, mas eu não preciso obedecer!

– Então vocês dois armaram tudo isso sozinhos... Porque queriam dois milhões.

Ele juntava os cacos de vidro no chão. Por um momento, me senti em uma oportunidade perfeita. Eu tinha guardado um caco de vidro eu mesma e ele estava escondido debaixo do travesseiro. A porta estava trancada e ele estava de costas, mas eu podia muito bem corta-lo e procurar a chave. Mas primeiro eu tinha que ouvir a história dele.

– Dois milhões – Ele suspirou. – É muito sabia? Eu nunca mais ia precisar fazer nada. Nada disso de ruim, como roubar. Seria ótimo... Eu não quero muito, só uma casinha e dinheiro o suficiente para ter uma família. Eu tenho uma namorada, sabia?

– E aposto que ela deve se sentir muito orgulhosa de você – Falei com sarcasmo.

Ele riu de novo, dessa vez mais triste.

– Ela acha que eu estou em casa, bebendo cerveja, esperando a hora de ir para o trabalho. Ela está viajando. É voluntária de um hospital e vai visitar crianças doentes por toda a Califórnia.

– Uma pessoa tão boa namorando um criminoso? Tenho pena dela.

– Eu não sou criminoso! – Ele se exaltou e eu levantei uma sobrancelha. – Tudo bem, talvez eu não seja um verdadeiro exemplo de cidadão americano... Mas o que você queria?! Eu não tive estudos, eu não fui para a faculdade. Trabalho digno que paga bem é difícil nas minhas conduções, ok?

– “Condições” – eu o corrigi e ele virou o rosto, voltando a limpar a bagunça. - E com o que você trabalha, então? – Perguntei depois de um tempo.

Ele demorou para responder.

– Eu trabalho com vendas.

– Que tipo de vendas?

– Todo tipo... Relógios, celulares, bolsas, CD’s, DVD’s...

– Você trabalha em alguma loja?

– Não... Na rua.

– Como assim? – Insisti.

Ele soltou um muxoxo.

– Na rua! Camelô! Entendeu agora?

– Ah, entendi... – Eu disse. – Você trabalha com produtos falsos, CD’s e DVD’s pirata...

– Não é bem assim...

– É outro crime.

– Cala a boca.

– Sua namorada sabe desse seu outro trabalho? Que você mexe com pirataria? Contrabando também, talvez? A fronteira do México não é tão longe.

– Já mandei calar a boca.

Mas eu continuei.

– É isso que você quer dar a ela? Uma vida de desonestidade e imoralidade? Bancar ela com esse dinheiro que vai ganhar comigo, com dinheiro sujo?

Ele se levantou e continuou de costas para mim, cerrando os punhos. Eu comecei a me levantar da cama, sentindo a ponta afiada do vidro no dedo.

– Você sabe que você não merece ela, não é? Você sabe que ela é boa demais para você e que merece coisa bem melhor da vida... Sabe que ela estaria bem melhor... sem você.

Ele se virou vermelho e gritou bem alto me mandando calar a boca novamente e, quando veio para cima de mim, tudo o que eu fiz foi apontar o caco de vidro para ele, que perfurou sua carne e se perdeu da minha mão. Ele parou e deu alguns passos para trás. A camisa preta foi criando certa cor ao redor do vidro e ele olhou para baixo, depois para mim. Eu o acertei na cintura, do lado esquerdo. Dei passos para trás também, esperando que ele caísse no chão logo, mas o cara era grande demais. Ele tentou puxar o caco e fez careta, depois desistiu e olhou para a mão ensanguentada. Depois, eu juro que ele olhou para mim e sua boca formou a palavra “Por que?”, aí ele caiu ajoelhado no chão e começou a chorar. Eu encontrei as chaves pendurada no cinto da calça e me aproximei para pegar. Prendi a respiração e toquei nele.

Ele podia muito bem ter pegado minhas mãos, me imobilizado e me prendido de novo, mas ele não fez. Me deixou pegar a chaves e, trêmula, eu abri a porta. Eu havia conseguido fugir e saí correndo o mais rápido que pude pela casa e, quando passei pela porta, encontrei a van da qual me trouxeram. Eu procurei desesperada pelas chaves do carro, o que não foi difícil de encontrar, e abri a porta. Um carro vermelho se aproximava.

Bill.

Pulei para dentro do carro e dei partida. Quando fiz isso, o rádio automaticamente ligou e começou a tocar Welcome To The Jungle, de Guns N’ Roses (n/a: recomendo ouvirem enquanto leem, vai ficar mais real, sei la, hahaha. Link aqui). Enquanto Bill chegava, eu saia e ele deu meia volta. Fui de ré e com tudo para trás, depois passei a marcha e fui para frente. Pisei no acelerador, que levantou fumaça de areia, enquanto eu procurava pela pista. Estávamos longe da alta estrada e eu não fazia ideia de onde ir, além de fugir.

Eu olhei no retrovisor e vi o Chevy vermelho se aproximar. Pisei com os dois pés no acelerador enquanto Axl Rose cantava “watch t bring you to your knees, oh I wanna watch you bleed”. E eu estava no ponto alto da adrenalina.

Era algum tipo de pega. A van não era tão rápida quanto o Chevy, talvez por ser maior, grande e feita para família, então eu estava em certa desvantagem, mas não deixaria ele me pegar. Nem que eu morresse tentando.

If you got a hunger for what you see

You'll take it eventually

You can have anything you want

But you better not take it from me


Eu ia conseguir. Eu podia ver a auto estrada, eu estava perto da liberdade. Eu dirigiria até a cidade mais próxima e procuraria a delegacia. Bill ou seja lá quem ele seja nunca iria me pegar. Eu estava salva.

Olhei novamente no retrovisor o Chevy vermelho havia desaparecido. Foi bem a tempo das rodas do carro encontrarem o cimento da pista e eu peguei a estrada, soltando uma gargalhada de vencedora. Eu poderia ir para casa, mas pelo meu campo de visão eu finalmente encontrei o Chevy, bem na frente, eu diria a uns 60km, e ele vinha a 120km/h... para mim.

And when you're high you never

Ever want to come down

So down, so down, so down

Yeah, down!

O que diabos ele está fazendo, vindo a toda velocidade em minha direção? Íamos bater! Mas se era um jogo que ele gostaria de jogar, eu não seria a primeira a desistir. Segurei forte no volante – as mãos suadas logo tirariam a tinta – e pisei no acelerador, indo a caminho dele. A caminho do nosso choque. De certa forma, esperava que ele desviasse o carro, que ele não fosse tão maluco assim, que ele desistisse e me deixasse ir, mas estávamos bem perto um do outro agora e o cara parecia querer morrer comigo. Senti uma gota de suor contornar minha testa e bochecha, mas eu me sentia mais gelada do que tudo, porque encarava a morte. Tudo explodiria e iria para os ares e esse pensamento me assustou de tão forma que foi eu quem desviou o carro e eu o joguei todo para a esquerda.

You know where you are?

You're in the jungle baby

You gonna die!

Eu não sei bem como aconteceu. Eu simplesmente virei o volante para o lado e, quando vi, estava girando de um lado para o outro, como aqueles frangos sendo cozinhados em espetos nas vitrines de restaurantes. Tudo o que me prendia era o cinto e ele machucava meu ombro e pescoço, mas me impedia de sair voando do carro. Só que eu queria sair voando! Eu queria não fazer parte daquele acidente, porque quando o carro girou e girou até finalmente parar, completamente capotado, eu senti todo o peso do carro em cima de mim e tudo estava de cabeça para baixo, enquanto o mundo, na minha visão, girava e a cabeça doía.

Ainda estava consciente, tentando me livrar do sinto, continuando com aquele instinto de fugir. Eu tossi e vi uma linha vermelha. Pus a mão na testa e senti a umidade do sangue, aí sim entrei em um desespero maior ainda. O cinto não largava de mim e eu precisava sair do carro antes que ele explodisse.

O Chevy vermelho dirigiu até perto do acidente e parou. Eu também parei, com medo de me mover, desejando está morta quando a porta do carro se abriu e eu vi os coturnos pretos de Bill caminharem tranquilamente na minha direção. Tudo foi ficando preto e turvo, então apaguei.

–-----x-----

Trecho do próximo capítulo:

Ping, ping, ping fazia o barulho que eu ouvia. No começo, não incomodava – parecia distante demais para eu ouvir ou me perturbar, mas agora eu não gostava mais dele. À medida que o barulho aumentava, eu sentia uma dor forte na cabeça. Era como um martelo batendo na minha cabeça, em som ritmado ao do barulho. De repente, eu estava de volta. Eu então eu nunca fui embora, não poderia dizer. Eu tinha a mente bagunçada demais para pensar, porque no início era apenas eu na escuridão, como se que tivesse ido dormir, mas não sonhava com nada, ou tivesse morrido, mas não tinha ido para o céu ou inferno.

Aí a escuridão virou branco e eu tive que abrir os olhos ou simplesmente acordar, porque a luz branca começou a me irritar também. Eu estava em algum lugar que ainda não sabia ao certo. A luz vinha do sol lá fora, que adentrava no quarto pela janela sem cortinas. Dava para ver o telhado pelo teto e estava incrivelmente quente e abafado, mesmo que a janela estivesse aberta.

Eu me esforcei para entender tudo o que estava acontecendo. Sequestrada, eu fui. Então eu tentei fugir... Sim, isso eu podia me lembrar. Um carro vermelho... A terra subindo... Então me lembrei do acidente e talvez seja por isso que sinto tanta dor pelo corpo todo. Mas e depois? Como vim parar aqui? Quem me trouxe até aqui? Eu consegui fugir?

O barulhinho irritante continuava e eu virei a cabeça de lado – isso impressionantemente doeu e me deixou mais tonta. Ela uma pia pingando e eu meio que reconheci isso. Olhei novamente para o teto e também o reconheci. Eu não consegui. Eu não consegui fugir, eu continuo no meu cativeiro.

A porta do Chevy vermelho se abrindo, as botas pretas de Bill vindo até mim...

– Você acordou. – Eu ouvi ele dizer e meu coração deu um pulo no meu peito, assim como meu estômago se esfriou. O pior de tudo é que não conseguia me mover. Eu não conseguia fugir.

Ouvi os passos dele se aproximando e a minha respiração ficar acelerada, depois ele ficou ao lado da cama/maca/mesa em que eu estava e ainda não podia identificar o que e olhou para mim. Para minha surpresa, não usava mais a touca cobrindo o rosto. Os cabelos dele chegavam ao ombro e caiam no rosto dele agora que ele olhava para baixo, para mim, e ele tentava coloca-lo atrás da orelha. Os olhos eram mais negros que tudo e brilhavam de maldade. As sobrancelhas apertavam os olhos para baixo e ele sorria igual ao Diabo. Mas era tudo muito familiar, principalmente a profunda cicatriz no queixo. Mas é claro, eu pensei. Tudo faz sentindo agora. Tudo se encaixa.

– Essa foi por pouco – Ele riu. – Você quase virou hambúrguer. O pior de tudo é que agora a sua família me deve uma van nova, o que eles achariam se eu aumentasse o dinheiro do resgate?

Ele desapareceu, depois voltou. Com as mãos sujas tocou minha testa e tirou dela uma gaze suja de sangue. Ele quis colocar algo em mim e eu tentei me esquivar, com medo.

– Calminha, princesa. Só está na hora de trocar o curativo.

Ele trocou a gaze e acho que havia algum remédio nisso, pois eu sentia uma certa ardência no machucado. Depois ele grudou com esparadrapo e deu batidinhas no local, fazendo doer muito.

– Ah, desculpe. Sabe, o cara bom era o outro, o que você furou com um pedaço de vidro.

Bill desapareceu, depois voltou e aproximou seu rosto de mim, me deixando completamente consciente do seu hálito de bebida e o cheiro de quem precisa de um banho.

– Eu sou o cara mal.



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Notas finais do capítulo

Dessa vez apenas postei as primeiras estrofes da fic, o resto é surpresa! Hehe. Aliás, ainda bem que o mundo não acabou! Eu precisava vim postar esse capitulo. Em caso não veja mais vocês por aqui no Nyah até o Natal... FELIZ NATAL! Espero, do fundo do meu coração, que estejam felizes. Se não tiverem nada para fazer, venham falar comigo no tumblr dia 24 (link no meu perfil). Vou ficar em casa comendo biscoitos de Natal e assistindo Esqueceram De Mim 2, já que a minha mãe é o próprio Grinch e simplesmente disse para mim dois dias atrás que "não gosta do Natal". Como ela pode?! O Natal é simplesmente a melhor comemoração do ano, não concordam? Enfim, chega de drama. Feliz Natal de novo. Amo vocês!



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