Back to Us escrita por The Sweet B


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Obrigada Rhana Monaliza, Panda e beatrizbrdgs pelas recomendações! Vocês são incríveis!



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Justin, Thomas e nos sentamos na bancada da cozinha e eu expliquei tudo a ele. Por um momento, achei que o sentimento indiferente que Thomas teve por mim durante dois anos fosse vencer e ele ligasse para a polícia, mas, inacreditavelmente, Thomas compreendeu. Ele também não parece gostar de Adam e gostou muito da minha avó para ver uma injustiça dessas.

- Mas aqui vocês não vão achar esse tal cofre. – Ele falou. – Eu conheço essa casa mais do que conheço a minha própria e a Madame nunca quis apoiou cofres dentro de casa. Ela guardava objetos de valor no sótão, mas tudo lá que não foi dado no testamento, Adam já pegou.

Eu suspirei porque, sinceramente, se não há cofre, então não sei o que fazer. Justin esfregou meu ombro.

- Porém... – Thomas continuou e eu levantei a cabeça. – Vocês já pensaram em procurar um porta-joias de verdade?

E então, quase meia hora depois, estávamos longe da mansão, para alívio de Justin. Thomas abriu a porta do seu apartamento e o local era incrivelmente organizado e limpo para um solteiro. Mas é claro, ele faz jus ao trabalho que leva.

- Querem chá? Vocês pegaram uma chuva e tanto lá atrás.

Eu espirrei e Justin me abraçou, tentando me aquecer.

- Acho que isso foi um sim – Justin disse e eu ri. Depois o telefone de Justin começou a tocar e ele o tirou do bolso. – Eu vou atender, já volto.

Eu sorri e, com Thomas na cozinha e Justin na varanda, fiquei sozinha na sala, dando outra olhada em volta. Me aproximei de uma cômoda com porta retratos. Thomas com a família,Thomas com uma mulher que parecia tanto com ele que imaginei ser sua irmã. Thomas com um cara alto e moreno. E Thomas com a minha avó. Eu tomei a liberdade de pegar o porta retrato, sorrindo.

- Eu esqueci de perguntar se ele gosta com mel ou sem. – Thomas disse para mim e me pegou vendo a foto. Eu não me movi, ainda observando a imagem maravilhada. Como ela estava feliz aqui. – Foi há cinco anos, em Chicago, minha cidade natal – Thomas falou perto de mim, também sorrindo para a foto.

- Você é de Chicago, Thomas? – Perguntei surpresa. Eu nunca parei para pensar sobre a vida dele.

- Sim. Me mudei para São Francisco um pouco antes de ir trabalhar para a Madame. Antes, eu fazia faculdade de direito.

- Serio? – Eu olhei para ele. – Mas por que largou?

Thomas deu de ombros.

- Não era o que eu queria fazer da vida. Esse sempre foi o sonho do meu pai. Na verdade, por muito tempo eu deixei de ser eu mesmo. – Thomas olhou para o porta retrato com a foto do homem moreno e, gentilmente, sorriu.

- Quem é ele?

- Um amigo... – observou Thomas, mas depois ele balançou a cabeça. – Não, mais que isso. Um dos grandes benefícios de ter trabalhado para à Madame.

- A minha avó apresentou vocês dois?

- Ele trabalhava como o cara que entrega as cartas do escritório da sua avó. Eu, certas vezes, costumava a levar o almoço da sua avó para o escritório, quando ela estava cansada de comida de restaurante e não tinha tempo de voltar para casa. Todo a minha família me deu as costas depois disso. Se já era demais eu largar a faculdade de direito para ser mordomo, imagina quando descobriram que eu estava apaixonado por um... cara. Mas a sua avó, não. Ela deu mesmo um grande empurrão no meu relacionamento com Dexter.

Thomas colocou a foto com Dexter cuidadosamente de volta ao cômodo e eu entreguei a foto com a minha avó para ele, que fez a mesma coisa.

- Quando tiramos essa foto, meu pai tinha ido atrás de mim para me obrigar a voltar para casa e terminar a faculdade. Eu fui forçado e sua avó sabia disso, então ela foi até Chicago e fez um acordo com o meu pai... – Eu olhei para Thomas, interessada na história. Thomas deu de ombros. – Ela prometeu pagar uma faculdade para mim em São Francisco se meu pai parasse de dar palpites na minha vida.

Abri a boca, surpresa. Depois acabei rindo, porque não podia acreditar que a minha avó tinha sido capaz disso. Thomas riu também.

- Me formei em administração, mas, mesmo formado, eu nunca pensei em deixa-la. Nada me trazia mais alegria do que ficar ao lado de sua avó.

Eu tombei a cabeça para o lado e sorri para Thomas. Depois de dois anos de implicância, estávamos realmente conversando de verdade e ele estava se abrindo para mim. Mais do que isso, ele estava me revelando um lado da minha avó que não pensei que existia. Eu sabia que ela, apesar da aparência de rígida, tinha um enorme coração, mas com Thomas... Ela realmente agiu como uma mãe para ele, talvez ela quisesse compensar com ele o que ela deixou de fazer ao meu pai. E isso, de certa forma, me levou à entender porque Thomas não gostava de mim. Era claro, ele tinha ciúmes. Por anos ele considerou a minha avó como uma mãe e, quando eu apareci, a atenção dela obviamente foi para mim, não que em qualquer momento ela tenha começado a agir diferente com Thomas.

- Mas você está formado – falei. – Pode ter uma carreira, então porque trabalhar para Adam?

Thomas balançou a cabeça.

- Aquela mansão é quase como a minha casa, se me permite dizer. Eu sinto a presença da sua avó lá e eu não poderia deixar Adam destruir a memória dela, então pode contar comigo do seu lado, Alicia.

Fiquei emocionada por um lado e abracei Thomas, sentindo os olhos lacrimejarem.

- Muito obrigada, Thomas. Muito obrigada mesmo.

- Eu sei o que você fez para ela – Thomas falou, me abraçando mais forte. – Sua dedicação e paciência na enfermidade dela foram tocantes. Eu sei o quanto você a amava e o quanto ela amava você.

Não deu para segurar as lágrimas depois disso e o mesmo serviu para Thomas. Quando Justin reapareceu ele olhou para gente confuso e Thomas e eu rimos.

- Chá com ou sem mel, Sr. Bieber? – Thomas perguntou, voltando para a cozinha.

- Sem, e pode me chamar só de Justin – Justin disse, pegando minha cintura e, comigo, seguindo Thomas. Nós nos sentamos à mesa da pequena cozinha e Thomas encheu três xícaras.

- Chá sem mel – ele falou, dando uma xícara a Justin. – Alicia, com mel, e não está tão quente, assim como você prefere – Ele me deu a outra xícara e eu agradeci. Por fim, ele deu um gole na sua própria xícara de chá e se preparou para falar. – Alguns anos atrás, antes de você aparecer, Alicia, sua avó me contou a história de certa caixinha de musica que seu avô deu para ela, quando se casaram. Ela disse que a caixinha de música havia sido comprada em um quiosque de Londres, na lua de mel deles. Depois que seu avô morreu, ela colocava a caixinha de música para tocar para o seu pai, que ainda era pequeno quando perdeu o pai dele. Era a canção de ninar favorita do seu pai.

Thomas deu uma pausa e outro gole em seu chá. Eu, que estava quase babando de tão impressionada com a história, me lembrei do meu chá e dei o primeiro gole, sentindo o gosto forte da erva, o doce do mel e a mão de Justin alisando meu ombro esquerdo, enquanto o braço dele estava apoiado no topo da minha cadeira.

- Eu ainda não trabalhava na mansão, mas Maria, a cozinheira, me contou que depois que seu pai foi embora para se casar com a sua mãe, a sua avó escondeu a caixinha, provavelmente no sótão com as outras coisas antigas de valor. Apenas anos depois, quando ela me pediu que limpasse o sótão e encontrasse a caixinha, ela a reviu e disse para mim, com pesar, que se tinha algo de que se arrependia na vida era de ter renegado o seu pai. Que o sonho dela era vê-lo repassar a caixinha para os filhos e assim seria por diante, como um pedaço do amor que seu avô e avó sentiram um pelo outro sendo passado para frente, pela família.

Eu precisei de um tempo para respirar, ainda absorta com a história. Talvez fosse muito para eu raciocinar. Talvez fosse muita coisa sobre a minha família vindo de uma vez só. Thomas esperou que eu o deixasse continuar e eu, respirando fundo, concordei.

- Ela nunca mais falou sobre a caixinha de novo. Mesmo depois que você apareceu, ela não comentou sobre isso, o que me fez esquecer da caixinha... até agora.

- E onde está essa caixinha? – Perguntei agoniada.

- Eu não sei.

Justin olhou para mim como quem diz “essa história toda para nada?”.

- Mas eu posso imaginar onde esteja.

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- Deixa eu ver se entendi – Disse Justin dando a volta no carro até o lado do motorista. Eu fiquei tão cansada depois da história sobre minha família que não me senti mais em condições para dirigir e passei a chave para ele. – Então, para desvendarmos o enigma que a sua avó lhe deixou, estamos em busca de um porta-joias antigo inglês que toca música que provavelmente está na casa de uma ex-atriz, em West Hollywood?

Do jeito que Justin falou pareceu até insanidade.

- É... Basicamente isso.

Justin colocou o cinto e a chave na ignição, depois, ainda inclinado para mim, abriu a boca em um sorriso de canto.

- Você sabe como isso soa, não é?

- Para de fazer piada – Eu bati no ombro dele e ele riu, ligando o carro. – É a minha única esperança, Justin. A minha avó sabia do que ia acontecer. Ela provavelmente sabia quem Adam é de verdade, por isso me contou do porta-joias.

- Ela não te disse o que tinha dentro do porta-joias. Pode ser apenas brincos.

Eu balancei a cabeça, cruzando os braços.

- Você não entende.

- É que vocês americanos são tão complicados – Eu levantei a sobrancelha para ele, pronta para dizer que não sou americana, mas ele se corrigiu antes. – E alguns brasileiros também, principalmente uma bonitinha com sorriso mais lindo que já vi na vida. – Ele apertou minha bochecha. – Mas, sabe, se ela sabia que o assistente do mal duas-caras dela ia dar o golpe em você e roubar toda a sua fortuna, por que ela não foi mais direta? Tipo “Alicia, no mundo terás aflições... Mas caso eu morrer e não te incluírem no meu testamento, procure por uma caixinha velha de música na casa da minha amiga Lucy”.

Eu fechei a cara para ele.

- Se tá achando ruim, eu posso fazer isso sozinha.

- Perdeu a cabeça? – Ele colocou a mão no meu joelho, sério agora. – Eu não te deixaria envolvida nisso sozinha. Na verdade, eu posso te ajudar a acelerar um pouco as coisas. Podemos ir para Los Angeles amanhã mesmo.

Eu olhei para ele, que agora estava concentrado em fazer uma curva, e mordi os lábios.

- Mesmo?

- É, você pode ficar na minha casa. Quer dizer, não tem problema né, já que não tem mais que ir para a escola e tal?

- Não, não, só acho que precisaria falar com a minha mãe primeiro. Mas iríamos de carro?

- Você sabe o quanto é cansativo a viagem até LA de carro? – Ele fez careta. Eu sabia que alguns meses atrás ele tinha feito essa viagem por mim, logo depois de terminar com Selena, quando esperava me encontrar e não uma foto minha beijando outro cara. – Nós vamos de avião, eu pago.

- Não. – Eu me alterei. – É sério, eu não me sinto bem vendo você gastar tanto comigo.

Justin me olhou com cara feia.

- Alicia, pelo amor de Deus, dá pra parar de se importar com isso? Eu gosto de lhe comprar coisas. Eu gosto quando a conta vem para mim e não você. Eu sei que o cavalheirismo morreu, mas isso é uma coisa que nenhum homem de verdade deixou de fazer nesse século.

- Então – eu analisei. – você está me dizendo que gosta de pagar as coisas para mim porque te deixa mais... macho?

Justin sorriu.

- Por parte, é.

Eu ri e baguncei o cabelo dele.

- Depois é só os brasileiros e americanos que tem problema, não é? Os canadenses estão na mesma barca.

Nós ficamos em silêncio por um tempo, depois eu bati na testa, me lembrando de algo.

- O que foi?

- Eu esqueci completamente que marquei de jantar com Sam amanhã à noite. Ela ia me contar como foi a volta para casa com Kevin.

- Achei que eles tinham terminado – Justin disse.

- Eu sei, mas talvez eles possam voltar. – Eu pareci muito animada quando disse isso.

Imagina só, Justin e eu, Sam e Kevin, como era antigamente. Isso não soa ruim.

- Eu ligo para ela e digo que amanhã não dá – falei.

- É, diz que você vai está muito ocupada comigo. – Ele disse e afofou minha nuca, sem tirar os olhos da estrada.

Sinceramente, não sei se ele falou sobre a busca do porta-joias ou sobre eu e ele dormindo na mesma casa. Senti o sangue fugir quanto pensei na segunda hipótese. Eu, dormindo na casa do meu namorado. Ele separaria os quartos? Ah, é claro que não! Mas será que ele sabe que eu ainda sou...? Porque definitivamente ele não é, Selena deve ter ensinado a ele uma coisa ou outra – e pensar nisso me deu náuseas.

- Você está bem? – Justin perguntou preocupado.

- É, sim, eu... – Respirei fundo. – Estou ótima.

Ele estacionou na frente da casa de tia Sarah e sorriu para mim, logo depois vindo em cima para um beijo. Eu me afastei.

- Eu acho melhor ir entrando. – Falei quando ele já estava bem perto. Justin parou a menos de um centímetro de mim e eu sorri amarelo. – Sabe, contar para a minha mãe, arrumar as malas...

- Claro. – Ele se afastou, ainda com o braço na minha cadeira. – Pode chamar um taxi para mim?

- Leva meu carro – Ofereci. – Amanhã você devolve. Só tenta não ouvir todo o CD da Adele

Ele riu de deboche.

- Eu vou tentar.

Eu sorri e depois o beijei na bochecha.

- Obrigada por hoje. Te vejo amanhã.

- Eu ligo para dizer a hora do voo. – Ele falou quando eu já estava saindo do carro e assenti, mandando um último beijo.

Ele me esperou entrar em casa para ir embora com o meu carro e, mais tarde, naquela noite, imaginei Justin sozinho no quarto do hotel e como eu gostaria de lhe fazer uma surpresa, mesmo que me sentisse nervosa só de pensar. Tudo bem, teríamos muito tempo, eu acho.

Eu falei com Sam e ela disse que tudo bem remarcarmos nosso encontro. Falei com a minha mãe e, obviamente, omiti o motivo real de está indo – ela me mataria se soubesse que ainda estou indo adiante com a implicância com Adam. Eu falei, e repito, que “Justin e eu estamos tão felizes de estar juntos de novo que gostaríamos de dizer isso pessoalmente à Pattie”. Ela concordou, para a minha surpresa. Acho que está tentando me soltar aos poucos, já que tem um tempo que fiz 18 anos, porque ela até me ajudou a arrumar as malas.

- Leve um biquíni, quem sabe. – Ela recomendou. – Sabe como é L.A.

Eu concordei e coloquei o meu melhor biquíni na mala.

- E um vestido de festa, já que Justin está frequentemente indo a enventos.

Coloquei um vestido que achei que seria perfeito para qualquer ocasião.

- Agora, Alicia – Ela se sentou na minha cama e deu batidinhas do seu lado, me pedindo para sentar. Eu assim fiz. – Você já está grandinha, pela lei você já é adulta – ela riu. –, mas você ainda é a minha garotinha e, como sua mãe, é meu trabalho lhe dar conselhos. E eu sei que tivemos essa conversa dez anos atrás, mas... – Ela tirou algo do bolso. – Isso é de Kevin, eu encontrei enquanto ajudava tia Sarah a arrumar o quarto dele e acho que ele não irá se importar.

Mamãe me entregou dois pacotinhos de plástico que, quando abri a mão para ver, abri a boca também, surpresa.

- Ah, mãe...

- É muito importante que você sempre usar proteção, entendeu?

Eu podia morrer agora.

- Mãe...

- Nunca se esqueça disso, pelo amor de Deus. E claro, nunca faça nada que não esteja à vontade...

- Mamãe...

- ... você não é obrigada a nada. Justin é um menino bom, mas ainda sim é homem.

- Mãe! – Eu disse e ela finalmente parou. – Eu, ahn... – Ri de nervoso. – Bem, obrigada. Sério. Pode deixar, eu não faria nada contra à minha vontade. E Justin me respeita, ele é mesmo uma boa pessoa.

- Ótimo. Eu só precisava saber.

Eu a abracei e assim ficamos por bons minutos.

- Eu mal posso acreditar que você esteja crescendo tão rápido.

- Ok – eu ri de novo nervosa e me sentindo muito constrangida. – Tá bom, eu acho melhor eu ir para cama agora, Justin ligou avisando que o voo é às 7h.

- Ah, claro, claro – Ela me deu um beijo na testa. – Eu vou deixar você dormir. Boa noite, querida.

- Boa noite.

E quando a minha mãe saiu, eu estava vermelha escarlate.

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- Sejam bem-vindos a Los Angeles. A hora local é 8:15h e o clima é de 25ºC.

Justin me deu um beijinho no rosto quando o avião pousou e eu sorri, ainda segurando forte os braços da cadeira. Pousos sempre me apavoram. Bom, apavora Justin também, que se sente vulnerável andando de avião, mas ele sabe fingir bem. Pegamos nossas malas e Kenny foi nos buscar no aeroporto. Passamos o caminho até Hollywood Hills fazendo piada de Justin.

- É isso aí, chegamos – Justin disse trazendo as malas para dentro junto com Kenny.

Eu olhei em volta da casa, surpresa de está de volta, dessa vez ao lado de Justin de verdade. Aquela viagem que eu e minha mãe fizemos para Los Angeles parece que foi há tanto tempo, não ano passado.

Justin dispensou Kevin e finalmente ficamos sozinhos. Eu juro que achei que ia lidar bem com isso, mas realmente comecei a ficar bem nervosa. Quero dizer, Justin estava beijando meu pescoço e segurando meu cabelo e, pelo amor de Deus, onde está Pattie? Não estou dizendo que não gostei, na verdade, eu amei cada beijo que ele me deu, mas eu me sentia extremamente insegura.

Sam podia ter me dado algumas dicas, não é mesmo? A primeira vez dela com Kevin foi em 2011 e, logo depois, eles passaram por uma fase em que ficavam juntos o tempo todo e não se largavam nunca. Juro, digno de vômitos. Eu era uma virgem de 17 anos em uma escola cheia de adolescentes com hormônios à flor da pele e, não vou mentir, envergonhada por isso. Eu não tive namorados depois de Justin, só uns pegas com Dean, mas não chegamos nem perto já que eu estava ocupada demais pensando no próprio Justin. Já o Bieber... Bem, ele provavelmente estava se divertindo muito com Selena Gomez, se eu levar em consideração àquelas fotos deles na praia. Justin Bieber descobriu o admirável mundo novo e eu ainda estou vivendo a base de pensamentos do tipo “como seria o momento perfeito?”.

- Eu acho que devemos resolver primeiro aquilo que tínhamos para resolver. – Falei quando ele tirou o meu cardigã. Justin fez a mesma cara que fez no carro e eu, novamente, sorri amarelo.

- É, certo – ele disse ainda exaltado com o nosso pequeno “momento”. – Eu vou pegar as chaves do carro.

Na sua Ferrari branca, nós vamos até West Hollywood, até uma casa rústica de janelas de mogno e paredes brancas no melhor estilo Itália Renascentista. Realmente de tirar o fôlego.

Eu toquei a campainha e um som que pareceu sinos de igreja ecoou dentro da casa. Justin e eu nos entreolhamos antes de a porta, magicamente, se abrir. Sim, magicamente, porque ninguém a abriu por nós, e eu fiquei assustada.

- Olá. – Nós ouvimos e gritamos quando, de cima de nós, Lucy Maroon acenava de uma sacada.

Ela realmente nos pegou de surpresa, eu até precisei apertar a mão contra o peito para ver se meu coração acalmava. Ela tirou a mão da cabecinha de um anjo e a porta se fechou, aí estava explicado.

- Alicia, minha querida, não achei que fosse a encontrar ainda este ano. E Justin Bieber? Ah, eu ainda estou chateada de não ter conseguido falar com você na festa de Natal da Miley Cyrus, dois anos atrás... Na verdade, ela nem ao menos me convidou. Adolescentes... Mas consegui entrar... Bem, eu não vou contar como. – Lucy sorriu maliciosa.

- Hm... – Justin não sabia muito bem como responder essa. – Me desculpa, eu acho.

- Está tudo bem – Ela riu. – Eu pelo menos consegui pegar seu boné, seu cabelo estava um pouco curto na época, mas você ainda podia fazer aquele hair flip.

- Então foi você? – Justin disse chocado. – Era meu boné favorito!

- Ah, me desculpe, docinho, você o quer de volta?

- Não, tudo bem. – Justin cruzou os braços.

- Ótimo, porque eu não tinha nenhuma intenção de entrega-lo mesmo. – Ela riu. – É meu plano B, querido, se eu precisar de dinheiro no futuro vendo isso no e-Bay. Esperem um minuto, eu estou descendo.

Ela desapareceu e Justin olhou para mim desesperado, como quem diz “eu já tive o bastante, vamos embora antes que ela começasse a cantar que nem a Megan Mullally” e tudo o que eu pude fazer foi encolher os ombros.

- Ah, sim, agora eu posso ver vocês por inteiro... Por mais que eu goste de está em cima de todos – Lucy gargalhou. – Brincadeirinha. Alicia, venha cá. – Ela me abraçou forte. – Como você está?

- Estou bem. – Respondi, certa do que ela se referia. Ela estava me perguntando como eu estava lidando com o luto da minha avó.

- Fico feliz, muito feliz por isso. E Justin... – Ela abriu os braços e o quimono que ela usava pareceu dar a ela asas. Ela o apertou e o chacoalhou como se ele fosse o seu próprio boneco Ken. Justin me olhou pedindo ajuda.

- Ok, ok – Eu forcei uma risada, puxando Justin para mim. – Acho que já chega, não é?

- Bobinha, ela está com ciúmes – Lucy cochichou para Justin. – Ah, vamos entrando. Eu estava dando uma festa com limonadas na piscina.

Nós seguimos Lucy até a piscina e sua “festa” que se resumia a um a um chihuahua vestido de Garota Hula Hula e uma bandeja com uma jarra de limonada e limões sicilianos. Havia exatamente três taças na bandeja, até parecia que ela sabia que vínhamos.

- Awn, Beyoncé – Ela arrulhou para o cachorrinho. – Dê oi para os nossos convidados.

- O nome dela é Beyoncé? – Justin levantou uma sobrancelha e esfregou o pescoço do cachorrinho. – Legal...

Eu não pude deixar de rir. Nós nos sentamos e Lucy serviu nossos copos com limonada, depois a tigela de Beyoncé. Também não deixar de reparar em Sway de Dean Martin tocando no fundo. Lucy comentou sobre isso:

- Dean, aquele rato. Você se derrete toda se tem Dino catando canções de amor no seu ouvido, ele até mesmo dedicou essa música para mim. É claro, me prometeu outras coisas também – Lucy bufou. – Quando morreu eu disse “já vai tarde”, mas o que eu posso fazer? Eu gostei do canalha. E ele tinha ciúmes de mim com o Frank (Sinatra)... – Ela balançou a cabeça presa nas próprias memórias, depois pareceu se lembrar que estávamos ali. – Oh, sim, mas o que te trouxe aqui, Alicia?

- Eu...

- Justin, beba mais! – Lucy me interrompeu, repondo o líquido no copo do meu namorado. Justin agradeceu. – Sabe, eu estava me perguntando se você não poderia me ensinar aqueles passos de dança que você faz no palco. – Lucy se levantou e começou a se mexer, tentando imitar o que Justin faz. – É giro aqui, e chute lá, então você mexe os braços assim e termina com um Whooa! E então, tudo de novo. Estou dizendo garoto, uma vez eu  encontrei o Michael Jackson – ela apontou um dedo para ele. – E Michael, que Deus o tenha, ficaria bem impressionado.

Justin sorriu tímido.

- Obrigado.

- Ah, talvez você me ensine a fazer o hair flip! Você ainda se lembra, não é? – Ela começou a balança os cabelos vermelhos e eu a tentei parar.

- Lucy, é sério!

- Oh, sim! – Ela exclamou. – Tudo bem, sou toda ouvidos.

Eu contei sobre a história do caixinha, fazendo um pequeno resumo de tudo o que Thomas me disse. Contei da situação com Adam e, no final, Lucy estava abismada.

- Eu me lembro de porta-joias sim... – Ela falou pensativa. – Mas só vagamente. Não tenho certeza que esteja aqui.

- Ah não – Eu lamentei.

- Mas eu posso checar. Por que vocês não voltam amanhã?

Bom, era a minha única esperança, então marcamos de voltar no dia seguinte.

- Parece que eu estou tão perto, mesmo assim tão longe! – Falei quando nós voltamos para o carro. Justin beijou a minha mão.

- Vai dá tudo certo, ok? Onde você quer almoçar?

Eu dei de ombros.

- Não sei, você que conhece a área.

Ele ligou o carro – e o rádio - e deu a partida. Eu comecei a cantar as músicas do álbum This Is It de Michael Jackson que Justin tinha no carro e ele se divertiu com isso, parando para olhar para mim sempre que podia. Parou o carro em algum restaurante sofisticado de LA. Se ele fosse um adolescente normal e nós fossemos um casal normal, parecia até errado entrar nesse restaurante cheio de gente rica e bem vestida. Quero dizer, nós estamos vestidos como se fossemos pintar a casa de alguém! Mas é claro, ele é Justin Bieber, ninguém liga. Porque Justin pode fazer tudo.

- Mesa para dois – ele disse ao maitre.

Nos direcionaram à melhor mesa do restaurante e, assim que nos sentamos, Justin pegou as minhas mãos sobre a mesa, ignorando o garçom ou o cardápio.

- Eu estou feliz de está aqui com você.

Eu fiz beicinho, depois me inclinei sobre a mesa e dei um selinho nele.

- E eu mais ainda.

Justin pegou o cardápio e pediu a sugestão do chefe. Eu pedi a mesma coisa, acompanhado de chá gelado. Tentei não olhar para os preços no cardápio se não ia ter um piripaque. Nosso carré de cordeiro com molho de laranja e hortelã não demorou muito para chegar, mas até lá, Justin e eu já tínhamos trocado vários beijos e elogios.

Ele elogiou meu cabelo hoje. Eu nem ao menos me produzi, acordei cedo demais e não liguei para aparência graças ao voo que enfrentei hoje de manhã, mas ele disse que gostava de mim ao natural. Bom, por que eu não posso aprender com ele? Só me sinto bonita depois da segunda camada de base.

Mas também, se eu não o conhecesse bem, acharia que ele estava tentando me seduzir. Eu puxei todo o meu cabelo cacheado e volumoso do jeito que estava hoje para um só lado e o torci, mordendo o lábio, ainda nervosa porque, quanto mais o tempo passava, mais a noite se aproximava. Meu Deus, parece até que é a minha noite de núpcias. Por que eu não consigo controlar o buraco no estômago? Eu fazer que nem ele, que tá tão calmo comendo a carne de cordeiro tão... sensualmente.

Ai meu Deus, Alicia, para com essas coisas! Estou surtando agora.

- Você quer fazer alguma coisa hoje a tarde? – Ele perguntou quando nossa sobremesa – petit gateau e sorvete de creme – chegou. A calda de chocolate caiu da colher e desceu pelo queixo firme dele e isso pareceu tão obsceno. Eu senti algo entre as pernas quando ele lambeu os lábios e os dedos, se limpando.

- Ahn... Nós, nós... – Eu precisava de alguns minutos para voltar a raciocinar, então só dei de ombros.

Justin fez cara de pensativo.

- Você quer fazer compras?

- Compras?

- Eu preciso de um terno para o Grammy. – Ele fez careta. – Geralmente quem cuida disso é o meu estilista... ou a minha mãe. Mas eu já tenho um encomendado em uma loja e pensei que você pudesse me ajudar dando uma opinião.

- Ah... Sim, claro, eu adoraria. – Eu sorri e ele retribui.

Justin pagou a conta – algo com dois zeros antes da virgula – e nós fomos para Beverly Hills. A última vez que estive aqui com ele foi há uns três anos, mas parece que foi em outra vida. Ele deixou o carro chamativo na frente de uma loja cara de roupas de homem e o homem da loja o cumprimentou com um “Bem-vindo de volta, Sr. Bieber”. Justin deu um beijinho em mim antes de ir provar o terno que encomendou sob medida e o atendente da loja me direcionou para um sofá pequeno de couro, bem em frente aos provadores. Eu fiquei batucando meus dedos enquanto o esperava e, quando se passou cinco minutos, eu o apressei.

- Vamos logo, Bieber, nem mesmo eu!

- Já tentou vestir um terno por si só? – Ele falou de dentro da cabine. – É complicado!

Eu ri e, logo depois, ele afastou a cortina que nos separava. O cabelo de Justin estava meio bagunçado. Usava uma camisa de linho branca por debaixo de um terno preto e as calças caiam perfeitamente nele. Ainda estava apenas com as meias e a gravata estava apenas pendurada sobre os ombros, desatada. Eu abri a boca, incapaz de expressar o que senti quando o vi assim?

- E então? – Ele levantou uma sobrancelha.

Abri e fechei a boca algumas vezes, sem saber muito bem o que falar.

- Ah, está ótimo, Sr. Bieber – o atendente disse em meu lugar, aparecendo de repente. – Acho que não precisaremos fazer nenhuma alteração.

- Não – Justin virou de volta para o provador e se olhou no espelho, testando as barras das mangas. – Acho que não.

- As abotoaduras, é claro, fica ao seu critério se quer usa-las ou não. Mas se não se importa que eu sugira algumas – Ele saiu e voltou com uma caixa de madeira nobre a mostrando para Justin.

- Wow, olha essa - Bieber riu, levantando uma abotoadura de caveira para mim. Eu sorri, ainda meio abalada. – É, essas são legais.

- E adicionam um toque sofisticado ao conjunto, se me permite dizer.

- Será que vou criar moda? – Justin continuava a rir.

Eu me levantei e fui até o meu namorado, sem prestar mais atenção na conversa dele com o atendente. Quando eu vi, já estava do lado dele.

- E então, o que acha? – Insistiu Justin de novo.

Acho que o homem da loja percebeu o meu olhar, eu não sei, mas ele pediu licença e disse que nos deixaria sozinhos um pouco. Eu toquei a camisa de Justin na altura do tórax e o acariciei. Justin observou cada movimento meu bem atento. Confuso, mais atento.

- Você está bonito – Eu disse enfim. Justin sorriu, se livrando das minhas mãos, olhou de volta no espelho.

- É só que essa gravata... – Ele começou a brigar com a gravata cinza. – É isso aí, eu vou sem isso! – Falou desistindo e eu peguei a gravata e o puxei para mim, fazendo Justin cair em meus braços. Eu o beijei da forma mais terna e apaixonada que já o beijei antes. Eu podia sentir a confusão nos lábios dele, provavelmente porque eu o peguei de surpresa com todo o meu entusiasmo, mas Justin relaxou depois e pousou suas mãos na parte mais baixa das minhas costas, me puxando para mais perto depois. Eu ainda segurava a gravata quando a língua dele me forçou a abrir a boca, que foi invadida.

Confesso, estava ficando um pouco quente ali.

- Wow – Justin sussurrou, ainda de olhos fechados, quando eu terminei nosso beijo.

- Podemos ir para casa agora? – Eu pedi, porque depois disso, depois de ter o visto sair da cabine, depois de ter o beijado, eu não consegui mais entender o porquê de ter andado tão insegura o dia inteiro. Todo o meu nervosismo anterior foi dissipado e não havia mais nada que eu queria no mundo além dele.

Justin sorriu de canto e entrou no provador para trocar logo de roupa. Eu respirei fundo, puxando o folego que perdi durante o beijo, e passei as mãos no cabelo. Depois apenas senti o enorme sorriso bobo crescer em meu rosto.

- Enviaremos para a sua casa no final da semana, Sr. Bieber. – Javier, como se chamava o atendente, sorriu e acenou para nós quando saímos da loja. Justin só desgrudou de mim para abri minha porta e depois contornar o carro até o seu lado do motorista.

Ele pisou no acelerador e eu ri.

- Vai com calma aí, Bieber.

Justin apenas puxou a minha mão, entrelaçou nossos dedos e deu um beijo carinhoso, como fez mais cedo. Quando a casa de Justin finalmente apareceu em nosso campo de visão, dois carros estavam estacionados na frente.

- Mas o que... ? – Disse Justin contrariado.

Ele parou o carro e eu pulei para fora. Sean estava com os braços aberto para um abraço, como sempre faz quando me vê.

- Little Ali!

- Sean? – Eu estava rindo, surpresa. – O que faz aqui?

- É – Justin emburrou a cara. – O que faz aqui?

- Ouvimos que Alicia estava na área e quisemos fazer uma surpresa – Falou Sean me abraçando e tirando do chão.

- Nem posso imaginar que contou. – Justin cruzou os braços e olhou para Kenny, que sorriu amarelo.

- Alicia, lembra de mim? – Alfredo Flores apertou minha mão.

- É claro! Você foi o responsável pelo meu vídeo clipe com Justin. – Eu sorri e Alfredo, que eu achei que ia apenas aperta minha mão, desferiu um beijo no dorso.

- É, ok, ok – Justin me puxou para ele. – Legal a visita, caras, mas...

- Trouxemos pizza de mussarela! – Sean levantou no ar uma caixa de pizza.

- E Dance 2 The Beat. – Acrescentou Alfredo.

- Ah, eu gosto de pizza!

Olhamos todos para Justin, ainda de braços cruzados, nem um pouco satisfeito.

- Tá, vão entrando. – Ele disse por fim e os meninos comemoraram e invadiram a casa de Justin.

Eu sorri para ele, sem capacidade de falar mais nada. Tínhamos outros planos, mas o que fazer? Expulsar Alfredo e Sean? Além do mais, eu comecei a ficar com vergonha de Justin porque ele sabia muito bem o que estávamos prestes a fazer e isso me fez corar.

Eu entrei logo atrás de Sean e os meninos ficaram extremamente a vontade na casa do meu namorado, tirando os sapatos, ligando o vídeo game, agindo como se estivessem em casa.

- Aí, JB, traz alguma coisa pra lavar o peritônio.

Justin pegou uma almofada e tacou na cabeça de Sean.

- Onde você pensa que está?

Alfredo e eu começamos a rir.

- Deixa, eu pego. – Falei com um sorriso e dei um beijo na bochecha de Justin antes, ignorando a outra almofada que Justin acertou em Sean de novo.

Eu fui até a cozinha e abri a geladeira lotada. Havia algumas latas de Coca-Cola e eu coloquei todas elas em cima do balcão, sendo pega de surpresa com duas mãos na minha barriga.

- Oi – Justin disse me abraçando por trás, colocando o queixo na divisão do meu ombro e pescoço.

- Oi – Eu sorri. – Me desculpe por isso.

Justin balançou a cabeça e depois me deu um beijo extremamente delicado no ombro. Eu podia ver que ele estava decepcionado. Eu também estava, um pouquinho.

- Ei – Eu me virei para ficar em frente a ele e Justin me imprensou contra a bancada, com os braços me prendendo. Eu segurei o rosto dele com ambas as minhas mãos. – Tudo bem?

Ele forçou um sorriso e assentiu com a cabeça como se tivesse ainda 16 anos.

- Mesmo? – Eu levantei uma sobrancelha e ele repetiu o movimento anterior. – Eles vão embora logo. E então... – Eu desenhei uma linha do pescoço ao tórax dele. – Eu serei toda sua.

Nem acredito que disse isso. Serio, experiência pra essas coisas não é comigo, mas acho que mandei bem, já que ele sorriu e me beijou. Justin me ajudou a levar as bebidas para a sala e comecei a sentir o nervosismo que havia se dissipado novamente, no topo do estômago.

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- AHA! Ganhei de novo! Ninguém pode me vencer nisso! – Alfredo comemorou.

Na verdade, Justin até podia, mas ele desistiu de jogar para acabar logo com o jogo. Depois de Dance 2 The Beat, os meninos decidiram jogar jogos mais de meninos. Eu fiquei empolgada no começo, mas depois comecei a mês estressar com todo o sangue, sem contar que eu sempre matava o meu parceiro sem querer. A pizza acabou e roubaram da geladeira de Justin o sorvete de creme. Enfim, deixaram a sala uma verdadeira bagunça.

- É isso aí, você é invencível – Justin disse desanimado do meu lado, massageando um nó em sua testa. – Já ta bom de provar ou quer mais?

- Deixa de ser chato, falou? – Alfredo jogou o controle do vídeo game na mesinha de centro. – E aí, o que vamos fazer agora?

- Ah, nós podemos nadar na piscina! O verão esse ano está muito quente! – Sugeriu Sean animado.

Alfredo também se animou e Justin suspirou do meu lado, na forma que só eu pude ouvir. Até que tive uma ideia.

- Ah, na verdade, meninos – Eu falei, interrompendo. – Eu estou muito cansada da viagem, eu agradeceria se pudéssemos fazer isto uma outra hora.

Os meninos olharam para mim, toda a animação anterior se desvairando, no entanto o meu namorado ficou feliz.

- Ok.

- É, tudo bem. – Eles deram de ombros. – Vamos nessa então.

- É, valeu pelo rango, Bieber. – Alfredo bagunçou o cabelo de Justin quando passou por ele e Justin fez cara de bravo, ameaçando a se levantar e retribuir, então Alfredo riu e correu.

- A gente se vê depois, né não? Não vai deixar L.A. sem me avisar, certo Ali?

- É claro. – Eu sorri reconfortando Sean e lhe dei um rápido abraço. – Tchau, meninos. Foi bom ver vocês. – Acenei e, quando eles entraram em seus carros, eu fechei a porta.

Justin já estava atrás de mim, me pegando de surpresa.

- Finalmente. – Ele disse no meu pescoço, cheirando meu cabelo, passando suas mãos pelo meu corpo.

A ansiedade e insegurança voltaram de uma vez só.

- Justin... – Eu comecei, mas ele não parecia me ouvir, me girando para ficar de frente a ele, beijando meu queixo e bochecha. – Justin, eu...

Ele estava determinado a isso. Suas mãos, concentradas nas minhas costas, invadiram minha camiseta, chegando até a altura do fecho do meu sutiã e voltando para baixo, repetindo o movimento tudo de novo. Eu senti um arrepio quando ele fez isso e minha cabeça girou, a única coisa que eu tinha para provar que ainda estava na Terra era as minhas mãos segurando os braços dele.

- Justin, espera! – Eu disse mais alto desta vez – gritei? - e ele parou, confuso. Seus olhos ficaram seguindo todos os pontos do meu rosto, sem entender. Eu respirei fundo e ajeitei a minha camisa no lugar. – Eu...

- Entendi. – Justin me interrompeu. – Caminhar antes de correr, não é? Foi cedo demais? – Ele levantou as sobrancelhas para mim e se afastou, claramente mostrando que sentia respeito por mim. Eu achei isso tão fofo que quis abraça-lo.

- Não. Bem, sim... – Eu chacoalhei a cabeça. – Eu não sei, eu só...

- O que?

Olhei para baixo, fitando os pés. Ok, falar com ele sobre isso, tá aí uma coisa difícil de fazer.

- Ali? – Ele tocou meu braço e pegou minha mão. – Sabe que pode me contar tudo, não é?

Meu coração começou a acelerar e as palmas da minha mão a suar.

- É que eu... Eu... – Levantei uma sobrancelha, lutando para não parecer patética. – Bem, é que você namorou por dois anos... Eu nesses dois anos não tive muito contanto com... outros garotos. – Já podia sentir as bochechas queimarem. Sinceramente, não acredito que estou falando isso. – Eu nunca fiz isso antes.

Justin, de início, pareceu surpreso. Eu senti uma inquietação interna: por que ele está surpreso? Pelo amor de Deus, até parece que eu sou o tipo de garota popular entre os meninos! Ele não me conhece? Mas depois Justin fechou a boca e balançou a cabeça, assentindo.

- Tudo bem. – Ele deu de ombros. Eu franzi as sobrancelhas.

- Tudo bem?

- É, que problema tem nisso?

- Eu não sei, eu... – Mas eu mal sabia o que pensar, quanto mais falar. Então fiz como ele, dei de ombros.

- Olha, se você não quiser fazer isso, eu vou entender.

Mas antes que ele terminasse de falar, eu já estava balançando a cabeça.

- Não, não, eu quero! Quero mesmo. É só que... – Por falta de palavras, bufei.

Justin se aproximou tão paulatinamente de mim que só fui perceber que ele estava perto quando pegou meu pulso e colocou por cima de seu ombro, começando a abraçar minha cintura.

- Não tem que ficar nervosa – Ele sussurrou perto de mim. – Tá tudo bem. Sou só eu.

É exatamente isso, seu idiota! É você! E tem como não ficar nervosa ao seu lado?

Dessa vez hesitante, ele voltou a me beijar. Com calma, como se fosse para eu me acostumar com isso. Primeiro beijou meu lábio inferior delicadamente, ainda olhando nos meus olhos, esperando reprovação. Como, claro, eu não dei, ele me beijou de verdade. Com o tempo, “a coisa pegou fogo”.

Eu acho que fiquei mais aliviada em ter contato para ele. Claro, me senti extremamente embaraçada, mas é como ele disse: que problema tem nisso? Eu posso nunca ter transado com ninguém, mas estou feliz que a minha primeira vez será com ele. Além do mais, só agora me sinto pronta.

E à medida que eu relaxava nos braços dele, Justin caminhava comigo pela sala, até que tombamos no braço do sofá e ele caiu sobre mim. Quebramos o beijo para rir, mas depois ele voltou com tudo, dessa vez mais intensamente. Ainda sem quebrar o beijo, ele puxou o meu corpo embaixo dele, procurando uma posição confortável no sofá. Minha cabeça foi à mil. Será aqui, então? O que ele pretende fazer agora?

Os dedos dele passeavam por toda a extensão do meu braço, provocando arrepios, e eu quis arrancar a blusa dele, de fato as minhas mãos seguraram a barra da sua camisa e tentaram puxar para cima, mas eu tremia tanto que estava incapaz até disso. A mão dele brincou com as minhas vestes também, chegando a enfiar a mão no meu jeans. Acho que eu gemi aí, porque eu não sabia até onde ele seria capaz de levar essa mão, mas senti os lábios dele sorrirem entre o beijo.

Era tudo um jogo. Um dos jogos mais divertidos que já brinquei na minha vida, com certeza. Eu atacava, ele atacava em dobro, tudo para proporcionar prazer ao outro. E, aos poucos, fui aprendendo como jogar também.

Eu queria isso mais que tudo agora. Eu nem mais me importava com as minhas inseguranças, porque tudo pareceu extremamente certo agora. Isso não é bom? Sentir que está fazendo alguma coisa certa porque está fazendo isso com o cara que ama?

Justin já havia desabotoado as calças. Eu já estava a meio caminho de tirar a minha blusa. Tudo estava indo bem, quando...

O terrível e frustrante som da campainha tocou e ecoou e Justin e eu ficamos paralisados da forma que estávamos, isso até ele soltar um muxoxo e sussurrar “merda”.

Eu arrumei a minha blusa e meu cabelo enquanto ele - também tentando disfarçar a aparência de... bem, você sabe – abria a porta.

- Ah... Wow! – Justin disse, obviamente surpreso.

Eu me inclinei para o lado procurando ver alguma coisa, mas ele tapava meu campo de visão. Até que uma garotinha de cabelo castanho claro passou por ele saltitando e parou, chocada, assim que me viu.

- Pai – Justin disse, ainda surpreso. – E Jaxon... E Jazmyn.

- Surpreso? – Jeremy falou.

Meu queixo caiu, claro. Mas eu fechei a boca logo, para não parecer rude.

- Muito. Olha, Alicia – Disse Justin assim que ele pegou Jaxon no colo. Ele estava tão surpreso quanto eu. – Meu pai está aqui.

Justin mal parecia acreditar na nossa tremenda sorte. Eu também não, para ser sincera. Jazmyn ainda me olhava como se eu fosse um alien e o pai de Justin, tão surpreso de me ver ali quanto eu, ficou embaraçado.

- Ah, eu, eu... – Ele gaguejou. Eu me levantei do sofá, o contornei e fui até ele, apertando sua mão.

- Olá, Sr. Bieber. – Sorri. – É bom ver o senhor de novo.

- Alicia! – Ele levantou as sobrancelhas. Ai meu Deus, Justin não teve mesmo tempo de contar a ninguém da família? – É bom ver você também.

Justin colocou Jaxon no chão e passou a mão na minha cintura. Isso foi o bastante para dizer, sem palavras, que, sim, estamos juntos de novo. Jeremy Bieber assentiu.

- Booboo, booboo – Jazmyn cantarolou puxando a blusa do irmão para chamar atenção e ele olhou para ela, sorrindo de imediato.

- Oi, princesa – Ele se abaixou e apertou forte. Jazmyn o abraçou e olhou para mim, mas não feliz. Ela parecia... com raiva de mim?

Balancei a cabeça. Devo está vendo coisas.

- Oi, Jazmy – Eu me abaixei e acenei para ela.

Jazmyn não me respondeu ou sorriu, apenas olhou para mim com os olhos claros e depois escondeu o rosto no ombro do irmão.

- Como você não foi para Stratford, Stratford veio até você – O pai de Justin disse, fechando a porta para nós.

- É, me desculpem – Justin falou coçando a nuca. – Eu tinha algumas coisas para resolver depois da turnê.

Era claro que essas coisas era eu.

- Como está todo mundo lá?

- Eles estão bem. – Jeremy falou, trocando a mala de uma mão para outra. – Com saudades. Seus avôs lhe mandaram um beijo.

Justin sorriu e pegou uma das malas, ajudando o pai.

- Eu vou levar vocês para o quarto de hóspedes.

Jazmyn pegou sua malinha de carrinho rosa com flores amarelas, Jaxon cambaleou ao lado dela e Justin e Jeremy levaram as outras malas para cima. Eu me senti uma intrusa observando a família Bieber se reencontrarem. Não sabia onde meter as mãos ou os pés, mas segui Justin.

A casa dele é tão grande que teria quartos para cada um de nós e sobrava, mas Jeremy preferiu ficar no mesmo quarto que os filhos pequenos, claro, caso acontecesse qualquer coisa. Mas o quarto que ficaram parecia já preparado para eles, como se Justin pedisse que separasse especialmente para o pai e os irmãos. A cama do canto era rosa e tinha uma barra de proteção para que a pequena Jazmyn não caísse. Tinha um berço tom pastel, tão grande que, se não tivesse as barras, poderia ser uma cama para o pequeno Jaxon e uma cama de casal para Jeremy.

- Eu não sabia que vocês vinham então não pedi que arrumassem o quarto eu fizessem jantar – Justin se desculpou.

- Não, está tudo bem, filho, e as crianças e eu paramos para comer a caminho daqui. Eu pensei que encontraria sua mãe aqui.

- Não, a minha mãe se mudou. – Explicou Justin. – Mas não mora longe daqui.

Ah... Isso foi explicativo para mim e para Jeremy.

- Booboo – Jazmyn chamou e entregou a Justin um ursinho de pelúcia. – Olha!

- Ei, eu me lembro dele – Justin se abaixou e pegou o ursinho da mão dela. - O Teddy.

- Podemos brincar?

- Claro, Jazzy. – Justin respondeu. – Depois nós brincamos, certo?

Jazmyn pareceu decepcionada e logo depois olhou para mim. Eu sorri para ela, mas ela não fez o mesmo.

- Quer ajuda para desarrumar as malas, pai?

- Não, eu não trouxe muito. – Jeremy Bieber tirou seu boné. – Ficaremos só três dias. As crianças só estavam sentindo falta do irmão mais velho.

- Eu também estava. - Justin sorriu.

- Podem continuar o que estavam fazendo – De repente Jeremy disse e eu arregalei meus olhos, sentindo as bochechas corarem. Ai meu Deus, se ele ao menos soubessem o que estávamos fazendo. – Não queremos atrapalhar.

- Não, tudo bem. – Eu forcei um sorriso para Jeremy. – Vocês nunca atrapalhariam.

- Pois é, pai – Justin foi para o meu lado e deslizou sua mão na minha cinturar. Por mais que eu queria gritar “Justin, seu pai está aqui!”, eu gosto da forma que ele não se importar e mostrar que somos um casal agora. E faz a gente parecer mais maduro. – Fiquem quanto tempo quiserem, três dias é pouco demais.

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- Tem certeza que não acha melhor eu ir para um hotel? – Perguntei novamente. – Eu qualquer outro lugar? Eu posso ficar na casa de Lucy ou Kyle.

- Alicia, é sério – Justin bufou. – Pela milésima vez, eu prefiro que você fique aqui comigo.

Estávamos no quarto dele e eu estava tirando algumas roupas da mala, com medo de amassar. Já passava das 23h e Jeremy e os irmãos de Justin já haviam ido dormir, cansados do voo do Canadá até aqui, e Justin e eu fizemos macarrão com queijo para eles antes que, mesmo falando que não estavam com fome, comeram tudo. Deixamos a louça para a empregada limpar amanhã e viemos direto para o quarto dele, mas eu ainda me sentia extremamente desconfortável.

- É só que é tão estranho. Pelo menos me deixa dormir em algum outro quarto.

- Por que? – Justin levantou a sobrancelha e alisou os lençóis da cama, ao lado dele. – Você não quer dormir comigo?

Jogo sujo, Bieber. Eu tombei a cabeça de lado e mordi o lábio. É claro que era uma proposta atrativa – até porque Justin estava sem camisa e com o cabelo bagunçado, do jeito que eu gosto -, mas eu não poderia simplesmente ignorar as leis de ética e moral: o pai dele e irmãos pequenos estão logo aqui do lado!

- Eu só achei que você fosse preferir ficar aqui do que sozinha em outro quarto.

- Eu prefiro, acredite. – Me sentei do lado dele e puxei seu rosto para um beijo. – Só que a sua família...

- E daí? Meu pai é homem, Alicia, ele entende que eu já sou bem grandinho e tenho uma namorada. Não é como se estivéssemos fazendo nada de errado.

- É – eu fiz beicinho. – Mas eu me sinto assim.

Justin suspirou depois levantou o meu queixo com os dedos, me forçando a olhar para ele.

- Nós só vamos dormir. Se você ainda assim não se sente bem fazendo isso... Bom, que pena, mas eu posso te mostrar o quarto de hóspedes.

Eu olhei para a cama gigante, branca, confortável e quentinha embaixo de nós. De repente, um pequeno sorriso maroto cresceu no meu rosto.

- Tudo bem – Eu disse finalmente. – Mas sem gracinhas!

Justin riu e levantou as mãos para cima. Eu me levantei da cama e peguei lingerie, escova de dente e pijama da mala.

- O que está fazendo? – Justin perguntou.

- Eu vou tomar um banho, é claro. Pode me dizer onde posso conseguir uma toalha?

Justin sorriu, mas tinha algo mais sombrio no seu sorriso, algo malicioso.

- É claro, madame.

Ele pulou da cama e foi em direção ao banheiro do seu quarto. Eu fui o seguindo e o observei tirar de uma prateleira só de toalhas uma toalha branca, a entregando para mim.

- Sinta-se a vontade para pegar qualquer coisa. Pode usar minha pasta de dente também. – Ele me deu um beijinho rápido e sorriu do mesmo jeito que antes. – Bom banho.

Justin fez como se fosse fechar a porta, mas só a deixou entreaberta. Eu fui fechar a porta de verdade, mas ele apareceu e me impediu.

- Ei, não faça isso.

- E por que não?

- Você nunca ouviu falar que faz mal se o vapor da água quente ficar condicionado em um lugar fechado? Eu estou salvando a sua vida.

Eu rolei os olhos.

- Justin, eu avisei, sem gracinhas.

- Não é gracinha – ele deu de ombros. – É química.

- Ok, então eu prometo que não vou tomar banho quente, tá bom? – Eu puxei a maçaneta da porta. – Até mais.

Quando eu fechei a porta – e tranquei, porque não poderia confiar em Justin Drew Bieber -, não pude segurar o sorriso. Tomei um banho relaxante, ignorando a banheira e partindo para o chuveiro, depois me vesti no banheiro mesmo e escovei meus dentes. Tirei o cabelo do coque desleixado que fiz para não molha-lo e procurei dar um jeito nos fios, fazer parecer mais sexy, só que ao mesmo tempo casual. Depois apertei as maças do rosto procurando ver algum rosadinho nelas. Ah, olha eu aqui. No banheiro dele procurando ficar bonita para ir dormir, só porque ele me deixa nervosa desse jeito. Quando eu achei que não poderia melhorar, abri a porta, esperando encontrar Justin fazendo qualquer coisa, menos... dormindo.

Será que eu demorei tanto assim? Não importa, porque eu vi que ele parecia cansado, por conta da viagem e o dia cheio, e eu também me sentia bem cansada, como se tivesse andado por milhas, então eu o deixei descansar – depois de ter admirado o jeito sereno que ele respirava-, puxando o lençol para ele e, cuidadosamente, me deitando ao seu lado e imediatamente caindo no sono.

Acordei durante a madrugada, com a testa molhada de suor – o ar condicionado deve ter parado de funcionar e esse é um dos verões mais quentes de LA – e sozinha. Eu olhei para o imenso vazio que a falta de Justin deixou e me perguntei onde estaria o meu namorado. Ainda grogue, eu me arrisquei a sair da cama e ir atrás dele.

O sol nasceria logo, eu podia ver a cor do céu mudando pelas janelas da casa. Desci as escadas sentindo o chão frio de madeira e, na sala, comecei a ouvir vozes.

- E é assim que se coloca leite no copo. – Justin disse.

Jazmyn estava sentada em cima da bancada da cozinha, segurando um copo com as duas mãos enquanto o irmão dela despejava o leite. Eu me encostei na moldura da porta e cruzei os braços, sem querer fazer barulho e anunciar a minha presença.

- “Brigada”, Justin – Jazzy disse, mas mais parece que ela cantarola, de tão fofa e pequena que é.

- Não foi nada. Pronta para ir para cama agora?

Ela parou de beber o leite e, quando estavas prestes a responder, Justin me viu.

- Ali, oi. – Ele sorriu.

Jazmyn virou para mim, mostrando seu bigodinho de leite. Eu sorri e me aproximei.

- O que estão fazendo? – Falei colocando os antebraços e me apoiando na bancada.

- A garotinha aqui precisou de um copo de leite durante a noite – Ele bagunçou o cabelo liso dela. – Mas já estamos voltando para a cama, certo, Minnie?

Jazmyn assentiu e voltou a beber seu leite. Justin também se apoiou na bancada, aproximando seu rosto de mim para dizer em tom baixo:

- O que foi? Sentiu minha falta?

Eu levantei uma sobrancelha, pensando no jeito que ele era convencido... e como eu adorava isso. Justin deve ter tomado um banho enquanto eu dormia, porque ele usava calças de moletom e uma blusa preta gola V de algodão e cheirava a sabonete. Eu sorri.

- Você não faz ideia.

Jazmyn colocou o copo na bancada e o barulho nos chamou atenção.

- Terminou? – Justin disse e a pegou no braço, tirando-a da bancada. – Então vamos voltar a dormir, certo? Acordar o Booboo no meio da noite é sacanagem.

Eu ri, ainda mais porque Jazmyn não se importou com ele, apenas foi cambaleando com seu pijama rosa até as escadas. Eu esperei Justin contornar a bancada e me agarrei à cintura dele, o sentindo passar o braço ao redor de mim. Assistimos Jazmyn subi as escadas e depois a seguimos, mas ela parou na frente do quarto dela e olhou para nós.

- Isso aí – Justin se afastou de mim e encorajou a irmã. – Entre.

Jazmyn olhou para a porta de novo e, depois de muito pensar, entrou no quarto. Justin suspirou.

- E agora é a sua vez de ir pra cama – Justin simplesmente me tirou do chão e me carregou pelo corredor até seu quarto, e eu tive que colocar a mão na boca para cessar os gritinhos e risadinhas.

Ele me colocou na cama dele e eu fechei os olhos, rindo. Depois apenas o senti em cima de mim e, quando abri os olhos, seu rosto estava muito perto do meu.

- Você é louco. – Eu falei para ele.

- Você é linda.

Justin me beijou e o mundo inteiro desapareceu, mas o som de batidinhas na porta me fez voltar para a órbita.

- Booboo? – Jazmyn chamou e Justin pulou para longe de mim.

- Oi – Ele se ajeitou. – Oi, Jazmyn.

- Não consigo dormir. – Ela coçou os olhinhos e foi até ele.

- Não?

- Deixa eu dormir com você, Booboo?

- Ah... – Justin olhou para mim e eu não sabia o que fazer, além de lhe manda um olhar que dizia “não olha para mim, o que eu poderia fazer?”. – Por que você não ficou com o papai?

- Porque eu quero você, Booboo – A voz dela ficou chorosa e eu achei que ela fosse começar a chorar.

- Ok, ok. – Justin a pegou no colo e a abraçou, obviamente também não queria que ela chorasse. – Você pode ficar aqui. Não pode, Ali?

- Ah... – Eu nem tinha palavras. – Claro. Claro que pode, lindinha.

Eu sorri para ela, mas Jazmyn só escondeu o rosto de mim, como fez antes. Justin puxou o coberto e ela se encaixou exatamente no meio, entre Justin e eu. A cama pareceu pequena de repente; Justin, eu Jazmyn... e Teddy. Jazmyn tomou todo o coberto para ela, depois colocando a perna sobre o irmão e o abraçando. Eu não consegui mais dormir, porque depois que Jazmyn caiu no sono, eu comecei a receber chutes e pontapés enquanto ela sonhava.

Então eu me levantei cedo, deixando Jazmyn e Justin dormirem. O sol já havia nascido e o céu tinha aquela cor rosa e laranja que adoro. Eu fui até a área da piscina e me deitei em uma das espreguiçadeiras. Era desconfortável, mas bem mais confortável que na cama lotada.

- Alicia? – Eu senti um empurrãozinho, mas ignorei. – Alicia?

Quando abri meus olhos, o sol estava mais alto. Demorou uns segundos para entender que eu havia caído no sono. Justin estava sorrindo e me estendendo uma caneca.

- Tudo bem com você? – Ele parecia divertido com a minha situação. Eu me sentei na espreguiçadeira e assenti, ainda meio grogue. – Fiz café.

Eu torci o nariz, mas aceitei o café de qualquer forma, olhando para o líquido preto enquanto balançava a caneca e vendo-o criar um redemoinho.

- Que horas são? – Minha voz saiu rouca.

- 9:30h. Foi difícil te manter dormindo até essa hora, Jazmyn e Jaxon estavam se coçando para acordar você, mas meu pai e eu os mantemos afastados. Eles saíram agora para passear e eu pensei em acordar você antes que tivesse um torcicolo.

Eu exercitei o pescoço, sentindo uma clara tensão no musculo.

- Como veio parar aqui?

- Eu não consegui mais pegar no sono e só vim dar uma olhada na vista. – Eu tentei clarear minha mente sonolenta. – Devo ter caído no sono.

Eu me sentia mais cansada do que quando fui dormir ontem à noite e com o corpo tão dolorido que me perguntei se nenhum caminhão não passou por cima de mim algumas horas antes. Justin se sentou ao meu lado e me encorajou com o café.

- Eu sei que você não gosta, mas vai te fazer sentir melhor.

Eu fiz careta de novo, sentindo o cheiro forte dos grãos. Lentamente levei a caneca para a boca e senti o sabor quente e forte demais para o meu paladar não acostumado. O líquido desceu e tombou na minha barriga em jejum e eu não vi como isso poderia me fazer sentir melhor.

- Tá pronta para mais um dia?

- O que vamos fazer hoje? – Perguntei.

- Falar com Lucy. Ou já esqueceu?

- Ah, é. – Eu bati na testa. – É, vamos acabar logo com isso.

Eu entreguei minha caneca ainda cheia para Justin e fui para um banho, me arrumando rápido porque mal podia me aguentar para saber das novidade com Lucy. Quando eu desci as escadas, Justin havia acabado de terminar alguma conversa no telefone.

- O que foi? – Perguntei a ele.

- Eu esqueci completamente – Justin respondeu. – Eu havia combinado com Scooter de ir até a casa do diretor do filme que eu vou participar.

Eu abri a boca.

- Você vai participar de um filme?!

- É... Sobre basquete. Não tem muita coisa certa ainda, mas...

A essa hora eu já havia terminado de descer as escadas e pulei nos braços dele.

- Isso é incrível. – Sussurrei antes de lhe dar um beijo.

- É, pode ser, mas o problema é que está marcado para essa manhã. Daqui a 15 minutos, na verdade.

- Oh... – Eu me afastei dele.

- Foi mal, eu nem tinha me lembrado.

- Não, tudo bem. – Eu balancei a cabeça e sorri.

- Sério? Você não se importa.

- Claro que não! Vá resolver as coisas da sua carreira, eu cuido disso.

Ele ainda ficou analisando meu rosto para ver se estava tudo bem mesmo, mas eu comecei a rir para acalma-lo. Quer dizer, é claro que eu prefiro ir com ele, mas acho que isso é uma das consequências de namorara um popstar, você nunca sabe quando ele vai ser tomado de você. Contanto que ele volte...

- Eu posso pegar um taxi ou ônibus.

- Não, não. –Justin estava balançando a cabeça antes mesmo de eu terminar. – Eu te deixo lá.

- Não vai te atrasar?

- Eles não se importam se eu atrasar cinco minutos.

Então Justin me levou até a casa de Lucy e disse que me buscaria assim que sua reunião terminasse. E foi embora. E me deixou sozinha em frente as portas gigantes de madeira da casa rústica de Lucy Maroon.

Eu toquei a campainha, mas ninguém atendeu, o que é estranho porque se Lucy fosse sair ela teria avisado, certo? Eu bati na porta e, de repente, ela se abriu. Assim que entrei olhei para cima, para aquela sacada dentro da casa dela, pensando encontrar Lucy, mas a porta só se abriu porque eu a empurrei. Onde ela está?

- Lucy? – Eu gritei chamando por ela. – Lucy, sou eu, Alicia.

Beyoncé, a cachorrinha dela, veio correndo até mim e eu alisei a cabeça dela.

- Oi, fofinha. Você viu sua dona?

E é claro que o cachorro não me responderia, mas estava torcendo para Beyoncé ser uma garota esperta e me levasse até Lucy. Só que no lugar disso ela apenas me rondou e depois desapareceu. Eu apostei nas escadas e fui, pela primeira vez, até o primeiro andar da casa de Lucy.

O corredor era longo, estava deduzindo uns sete quartos na casa. Depois imaginei porque Lucy gostaria de morar em um lugar tão grande. Quero dizer, é lindo, mas eu me sentiria solitária.

- Lucy? – Eu chamei quando ouvi barulhos vindos do último quarto do corredor, o com a porta aberta. Ouvi um murmuro e depois uma coisa foi tacada para longe e bateu na parede do corredor, me assustando e me fazendo parar.

Oh Deus, que seja a Lucy.

Eu então, mesmo que assustada, corri até o quarto e o encontrei vazio, nada além de uma completa bagunça: cama desfeita, papeis no chão, coisas para todos os lados.

- Aqui! – Uma cabeça vermelha surgiu atrás da cama e eu gritei, tapando a boca na mesma hora. – Finalmente encontrei você, seu danadinho... Ah, Alicia!

- Oi – Eu ainda tentava recuperar o fôlego.

- Que engraçado você aparecer por aqui, logo quando eu acabei de encontrar...

- O porta-joias? – Perguntei esperançosa.

- Oh, não, não, querida. – Ela torceu o nariz, dando a volta na cama e ficando bem de frente para mim. – Eu achei meu batom.

Ela sorriu e estendeu para mim uma embalagem de batom.

- Lucy! Eu pensei que fosse me ajudar a encontrar o porta-joias da minha avó.

Ela não pareceu me ouvir enquanto ia até o espelho da sua penteadeira e passava o batom nos lábios. Eu suspirei e esperei.

- Agora sim. – Ela virou para mim, agora com os lábios pintados de vermelho, e tampou o batom. – Do que estava falando?

- Ahn... Do porta-joias.

- Ah, sim, claro. Falando em joias, já teve outras oportunidades de usar os brincos de diamante que sua avó lhe deu?

Eu balancei a cabeça negativamente. Um grande e estranho sorriso cresceu no rosto de Lucy.

- Você terá. Hoje.

- Hoje?

- Hoje.

- Lucy...

- É a festa de aniversário da minha amiga, Meredith. Pode levar Justin também.

- Ok, eu agradeço muito – Eu disse. – Mas e quanto ao porta-joias?

- Quer dizer a caixinha de música?

Eu sinceramente não tinha mais títulos para essa bendita caixa.

- Sim.

- Ah...

- E então? – Insisti.

- E então o que? – Ela me olhou confusa. Eu respirei fundo.

- Lucy, a caixinha de música da minha avó. Você disse que ia procurar.

- Ah, claro! Sim, sim, eu procurei.

- Você a achou? Por favor, me diga que a achou. – Eu juntei as mãos implorando.

- Eu achei.

- Jura?! – Eu mal podia acreditar.

- É, ela estava na minha estante o tempo todo! – Lucy riu. – Venha, venha, eu irei lhe mostrar.

Ela me puxou até o andar de baixo e depois me colocou na frente de uma estante que chegava até o teto.

- Vê? Está lá em cima. – Lucy apontou para a última prateleira e eu arregalei os olhos.

Era no mínimo uns dois metros de altura.

- Wow... Como vamos tirar?

Lucy colocou um dedo no queixo.

- Não faço ideia. – Por fim disse. – Aceita chá?

Eu bufei e olhei para cima de novo. Talvez com uma escada...

- Você tem alguma escada por aqui?

- Não... Oh, mas meu jardineiro tem! Pena que ele está de folga.

- Algum vizinho, ninguém?

- Eu tenho vizinhos? – Ela fez uma cara de surpresa.

Desisto, falar com Lucy é impossível. Como ela e minha avó puderam ser amigas? São tão diferentes...

- Acredite, querida, tudo fica melhor depois de um chá.

- Obrigada – Eu disse gentilmente. – Mas eu não gosto muito de chá, só de água quente com limão.

- Engraçado – Ela observou sorrindo. – Igual sua avó... Venha, eu posso fazer isso também.

Eu acabei aceitando e a segui até a cozinha. Tudo era de madeira na cozinha, além dos utensílios eletrônicos. Me encostei na bancada enquanto ela esquentava a água.

- Eu me lembro de um dia... Década de 70, para ser mais exata. Eu estava no auge da minha carreira e a sua avó, acabado de casar. Lembro que não nos vínhamos muito já que ela havia deixado LA e se mudado para São Francisco.

- A minha avó morou aqui? – Eu disse surpresa.

- Ah, sim, sim. Ela por pouco não virou atriz. As pessoas diziam que ela era tão bonita quanto a Grace Kelly. Seria modelo, no mínimo.

- E o que aconteceu?

- Bem, ela não queria atuar – Lucy de ombros. – Esse sempre foi o meu sonho, não o dela. Ela queria ser estilista. Assinar os vestidos das maiores celebridades do mundo.

- Mas... – Eu falei pensativa. Minha avó não foi estilista, ela foi empresária. – Ela não chegou a fazer isso, chegou?

- Não. – Lucy disse triste. – Veja, nós éramos jovens, deixando a cidade que tínhamos vivido a vida inteira, buscando nossos sonhos... Ninguém disse que seria tão difícil. Eu passei por muito até conseguir meu primeiro teste. Teste, não filme. Já Abby... Na verdade, as coisas para Abby chegavam mais fáceis. Ela recebeu uma grande proposta de um estilista francês para ir trabalhar com ele em Paris.

- Nossa – Eu arfei. – Ela não aceitou?

Lucy olhou para mim com um sorriso fraco no rosto. Não triste, apenas fraco.

- Ela escolheu ficar e se casar com seu avô.

A chaleira apitou e Lucy deu as costas para mim, me deixando a pensar na história que me contou. Então a minha avó – que colocava sempre o trabalho em primeiro lugar – desistiu de tudo para se casar? Desistiu do seu sonho de toda uma vida pelo meu avô?

Lucy colocou a água quente nas xícaras de porcelana e, em uma, um sachê de chá. Em outra, uma rodela de limão. Ela me estregou essa e sentamos-nos à mesa da cozinha.

- Há quanto tempo conhece a minha avó?

- Deus... – Lucy riu e passou as mãos nervosamente nos cabelos vermelhos. – A vida toda.

Depois o olhar que eu vi em Lucy foi um olhar já conhecido. É o mesmo que eu via em Thomas, o mesmo que eu via em mim mesma quando falava dela. Eu nunca tinha pensado que Lucy pudesse sentir tanta falta assim da minha avó, mas ela sente. Eu não sou a única sofrendo.

- Venha, querida. Vamos arranjar uma maneira de tirar aquela caixinha de lá de cima.

Acabou que Lucy tinha me enganado: ela tinha sim uma escada em casa. Não perguntei porque ela mentiu. Eu mesma tirei a caixinha de lá de cima, ela era uma peça grande, eu diria que seu comprimento equivalia a uma mão e meia minha. Era com detalhes interessantes, antigo, e tinha uma cor bronze escuro, quase preto. Mas definitivamente não tinha um lugar para colocar nenhuma senha. Eu tirei o papel no bolso e, segurando a senha e o porta-joias, mas mesmo assim sem resposta alguma. Como eu abriria a caixa? Como eu usaria a senha?

- Deixe-me ver. – Lucy pegou a senha de mim e depois subiu as escadas novamente, eu a segui.

Ela foi até um quarto de hóspedes, abriu o guarda-roupa vazio e colocou a senha em um cofre de metal que tinha dentro. Eu fiquei impressionada como todas as respostas para o mistério se encontrava nas mãos de Lucy. Minha avó devia mesmo ter confiado nela.

E, no final, o enigma se tratava de um porta-joias e um cofre. Dentro do cofre, uma chave pequena e alguns pergaminhos. Lucy me entregou tudo e eu me sentei na cama, abrindo logo a caixa. Uma melodia suave e melodramática começou a tocar vindo da caixinha que, por dentro, era toda em vermelho veludo.

- O que tem aí dentro? – Lucy perguntou curiosa.

Eu tirei do porta-joias um pingente, envolvido no veludo.

- Ah, que bonito. – Lucy sorriu. – Para a sua pulseira.

Era demais. Uma pequena e perfeita pedrinha de diamante. Como eu poderia aceitar isso? Mas eu devia aceitar. É da minha família.

Coloquei o pingente de volta na caixa e comecei a desembrulhar os pergaminhos, mas não eram pergaminhos. Eram cartas e anotações em papeis amarelados pelo tempo. Eu abri o primeiro que estava escrito em um papel impresso de um hotel, com a marca d’água. E estava escrito:

8 de outubro de 1960 – Charing Cross Hotel, Lodon - England

Querida Abby,

Que essa caixinha de música marque o início da nossa nova vida. Só Deus sabe o quanto sou feliz do seu lado.

Para sempre seu,

Tony

- Ai, meu Deus! – Eu tapei a boca. – É... é...

- Seu avô deve ter escrito para ela na lua de mel. – Lucy concluiu o que eu não conseguiria. – Eles se casaram novos demais, com 18 anos... Ah, era uma época diferente. Hoje em dia, se você se casa com 18, você está grávida. – Lucy e eu rimos. - Todo o casamento e lua-de-mel foram bancados pelos pais de Tony, mas depois daí eles estavam por conta própria.

Sem mais delongas, eu abri a outra carta, escrita cinco anos depois da primeira.

21 de janeiro de 1965

Querida Abby,

Com os infelizes acontecimentos recentes, posso ver que você anda triste. Deus levou nosso filho para que ele possa ser mais um anjo ao lado do Senhor. Por favor, fique bem.

Para sempre seu,

Tony

Eu pisquei algumas vezes procurando ligar os pontos.

- Lucy... A minha avó já...

- Era o segundo mês de gravidez. – Lucy explicou. – Abby e Tony estavam tão felizes, esse sempre foi o sonho dela. Ah, e Abby... Ela estava estonteante! ... Uma vez, simplesmente, ela começou a sangrar. Não puderam salvar o feto.

Isso apertou meu coração de uma forma que achei que não poderia ler mais as cartas, mas eu continuei.

7 de maio de 1969

Querida Abby,

Esta tarde eu fiquei do lado de fora da sua mais nova boutique de roupas observando de longe seu entusiasmo e o belo sorriso que manteve no rosto durante todo o dia. Diferente dos outros maridos, eu estou feliz por seu sucesso, minha esposa, e orgulhoso. Parabéns.

Para sempre seu,

Tony

Ps.: O jantar estava maravilhoso, você sabe que torta de pêssego é a minha favorita.

10 de abril de 1970

Querida Abby,

Eu podia ver a tristeza em seus olhos quando o médico disse que tínhamos a probabilidade de nunca ter filhos. Eu discordo completamente. Você seria a melhor mãe do mundo, assim como é a melhor esposa. Eu nunca desistiria da nossa família. Pense nisso.

Para sempre seu,

Tony

31 de dezembro de 1972

Querida Abby,

Meu ano novo não é o mesmo sem você. Vejo meus companheiros de trabalho se divertirem longe da família, mas meu coração é unicamente seu e eu deixei ele com você, antes de partir. Mas volto para casa em breve, apenas espere o congresso acabar.

Para sempre seu,

Tony

18 de julho de 1976

Querida Abby,

Hoje você encheu meu coração ao dar a luz a um menino. Um menino! Meu próprio primogênito. Viu? Eu disse que não devíamos dar atenção ao que os médicos falam. Por incrível que pareça, você está ainda mais linda para mim hoje. Prometo cuidar da nossa família assim como tenho cuidado de você durante esses 16 anos de casados.

Para sempre seu,

Tony

Eu sorri lendo o antepenúltimo papel, quase sentindo as lágrimas pestanejarem em descer. Lucy me abraçou de lado.

- Era um menino lindo, sabia? Quando seu pai nasceu, eu pensei “Jesus, alguém ajude o Tony. Acho que o coração dele não vai aguentar de alegria”. Eles já estavam casados há 16 anos e, finalmente, o primeiro filho. Depois disso o médico disse que Abby não seria mais capaz de ter filhos e isso a chateou muito, mas eu acho que Tony já estava satisfeito. Era um perfeito e saudável menininho de cabelos loiros e olhos azuis cujo os cabelos escureceram depois dos sete anos. À medida que crescia, eu achei que ele fosse levar sua avó a loucura. Ben era muito agitado e extrovertido. Mas era um garoto tão bom... Eu me lembro que uma vez, depois do seu pai morrer, Ben voltou faminto para casa. Sua avó perguntou “você não comeu no almoço hoje?” e ele respondeu “eu tive que dar o meu dinheiro do lanche”. Sua avó ficou irritadíssima. Ela achou que alguém havia ameaçado Ben e ele não tinha sido homem o suficiente para se defender. Veja, ela era uma viúva educando um menino para ser um homem. Ela até pensou em ir até a escola! Mas ninguém havia ameaçado Ben. Ele entregou seu dinheiro por vontade própria.

- E por que ele fez isso? – Eu perguntei.

- Era uma menina do mesmo ano que ele e ela estava passando por problemas em casa, até que chegou uma hora que ela não tinha dinheiro nem para pagar o lanche da escola. E ele deu.

Meu Deus, meu pai foi um herói. Eu nunca havia sentido tanto orgulho dele. Ama-lo? Sim, mesmo que eu mal me lembre dele. Mas conhecer mais uma parte dele? Inexplicável.

- Ele tinha apenas 13 anos e foi mais homem do que muitos que conheci. – Lucy disse e eu concordei. – Veja a última carta, querida.

Eu precisei respirar fundo antes de ler essa. Era a maior e a última das com papel amarelado.

5 de outubro de 1983

Querida Abby,

Hoje completamos 23 anos de casados, mas você está ocupada demais tentando fazer nosso menino parar de chorar e eu estou doente demais para celebrarmos. Seria clichê falar que foram os melhores anos de minha vida? Eu ainda me lembro daquele verão de 1958 em que vi você pela primeira vez. Você estava usando um vestido preto de bolinhas brancas e as suas amigas cochichavam toda vez que eu me aproximava, mas você apenas sorria para mim. Ainda consigo me lembrar do nervosismo quando peguei na sua mão pela primeira vez e me apresentei para você. Desde então, você tem me feito o homem mais feliz do mundo. Durante o longo desses 23 anos, eu posso ter feito algumas coisas estúpidas, como ter largado à marinha (que antecedeu aquele inverno horroroso de 62 do qual não pude nos comprar um aquecedor), ou ter sofrido de ciúmes todas as vezes que um homem tentava se aproximar de você, mesmo se tivesse as mais puras das intenções. Mas poder acordar todos os dias desses 23 anos e saber que eu teria você? Esse foi o ponto alto de minha vida.

Mesmo que eu saiba que temos muito que falar e tão pouco tempo, eu não gostaria de trazer nossos problemas a tona. Então vamos apenas nos lembrar dos momentos bons, certo? Como aquele verão de 58 em que nos apaixonamos. Eu ainda estou aqui, querida. E sempre estarei.

Para sempre seu,

Tony

Eu tive que respirar um pouco e reza para os soluços pararem, porque eu estava chorando tanto que talvez até assustei Lucy. Ela me abraçou e eu simplesmente me desmontei em lágrimas. Por que a minha avó queria que eu visse isso? Por que Lucy deixou acontecer? Era claro que ela sabia de tudo isso, de todas as cartas e de todos os segredos. Claro que a minha avó deve ter bolado tudo isso com ela antes de morrer. Então por que elas fizeram isso comigo? Me mostrar toda a história desse jeito e parti meu coração não é nada justo.

O inacreditável é pensar que eles eram meus avôs. Por anos eu sobrevivi com as dúvidas: quem era a minha avó? Como teria sido a família do meu pai? Qual seria a história dele e sua infância? Eu teria tios? Eu teria primos? Eu teria um casal de velhinhos bondosos esperando por mim para me contar histórias sobre o nome da família? Eu, por acaso, me sentiria como da família? Era como se alguém tivesse passado o mata-borrão por cima e eu não poderia ter um futuro sem um passado. Eu não poderia ter a minha história se uma história necessita particularmente de um começo, meio e fim, certo?

E ela sabia que eu me sentiria assim, ela sabia que eu ficaria triste se soubesse do conteúdo dessas cartas, porque ela sabia o quanto eu esperava por finais felizes. Mas, ainda assim, eu me sinto tão agradecida dela ter me revelado tudo isso.

- O que tem na última carta? – Perguntei à Lucy depois que os soluços passaram e levantei a única do papel branco, novo.

- Eu não sei. – Lucy falou. – É a única que ela nunca me contou sobre.

Eu abri o envelope branco e li às linhas rapidamente. Era um testamento. O mais novo e atualizado testamento da minha avó. O válido, onde ela deixava tudo para mim.

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- Alicia, você está aí? Eu recebi sua mensagem.

Eu podia ouvir Justin me procurando, mas eu estava entretida demais com os efeitos de luz que os raios de sol, refletidos no meu mais novo pingente de diamantes, faziam no quarto. Havia triângulos de luz por todos os lados no quarto e, quando Justin abriu a porta do quarto, ele ficou em um deles.

- O que aconteceu? – Ela parecia bem confuso e preocupado. – Eu achei que fosse buscar você na casa de Lucy. Achei que tínhamos combinado isso.

- Eu sei, me desculpe. – Eu disse para ele. – Eu só precisei caminhar um pouco depois disso.

Justin se aproximou de mim, ainda cauteloso com o meu estado.

- Está tudo bem?

Eu sorri e escondi o sorriso dele.

- Está tudo ótimo.

- Mesmo? – Ele se animou. – Então conseguiu o porta-joias?

- Eu consegui bem mais que isso.

Ele me olhou curioso.

- Bom, não me deixei esperando. – Ele pediu.

Eu me virei para ele e sorri.

- Eu sabia que estavam errados. Eu sabia que minha avó nunca faria aquilo comigo, Justin. Ela deixou tudo para mim. Não para Adam, para mim.

- Do que está falando?

- O testamento. – Eu expliquei. – Aquele testamento não é o verdadeiro, esse é o verdadeiro.

Eu puxei o papel do bolso e entreguei para ele. Justin leu tudo atentamente e, quando terminou, olhou para mim sorrindo.

- É isso? Terminou?

- Sim – Eu ri. Justin também riu, me abraçou, me tirando do chão, e me beijou.

As coisas hoje iam tão bem que eu pensei que poderia explodir de felicidade. Eu até conseguia ouvir Lucy dizer “Jesus, alguém ajude Alicia. Acho que o coração dela não vai aguentar de alegria”.

Justin me carregou até a cama e nela nós caímos. Eu comecei a rir, mas fiz força para sair debaixo dele.

- Ei, vamos, nós temos que sair.

- O que? – Justin disse nada feliz. – Para onde?

- Uma festa de uma amiga de Lucy. Traje a rigor.

Justin fez careta.

- Eu prefiro fazer algo que não inclua roupas.

Não pude segurar o riso.

- Talvez depois, engraçadinho.

Agradeci a minha mãe por ter me encorajado a colocar um vestido na mala. Não era um longo, mas era alguma coisa. Eu também não tinha os brincos de diamantes comigo, mas tinha o pingente. Eu me arrumei em outro quarto e deixei Justin se arrumar no dele. Prendi o cabelo de lado assim não teria que lidar com ele e, de quebra, deixava a mostra o decote nas costas do meu vestido. Também não trouxe muita maquiagem, mas no fim eu parecia bem.

Dei a Justin o endereço do local e, por mais que eu tivesse o chamado de última hora e tal, ele não reclamou. Nós também paramos para comprar um grande buquê de flores para aniversariante; era o máximo que podíamos fazer já que não a conhecíamos.

- Wow – Eu disse assim que chegamos.

Era gigante. Magnífico. Provavelmente custou mais do que a casa de tia Sarah.

- Quem mora aqui? – Até Justin estava impressionado.

- A amiga de Lucy, eu acho. Meredith alguma coisa.

Será que ela é atriz também?

Ele estacionou a Ferrari junto aos outros carros dos convidados e eu esperei ele dar a volta no carro para entrelaçar meu braço com o dele. Passamos pela porta da entrada e uma das empregadas nos direcionou até o jardim dos fundos, onde a música e barulho vinha.

Tinha uma fonte de mármore e, assim como no meu aniversário, uma escultura de gelo. Era um golfinho, por sinal. Os convidados estavam bem vestidos e os garçons de Black Tie  passeavam servindo bebidas e escargot. É o tipo de festa que te faz sentir da realeza.

- O que ele esta fazendo aqui? – Eu ouvi Justin dizer e, por um momento, não entendi. Mas aí eu segui o olhar dele até encontrar... Dean. De smoking.

Ok, ok, Alicia, fica calma. O que fazer em uma situação dessas onde você e seu namorado dão de cara com um ex em uma festa sofisticada? Manter a classe, claro! Nem surta, é proibido. Mas eu podia sentir Justin endurecer do meu lado e eu tive medo que ele surtasse. E eu? Não fiz nada! Acho que não estava tão calma assim.

Dean nos avistou e pediu licença ao pessoal, vindo até nós. Eu me forcei a sorrir.

- Dean! Que surpresa te encontrar aqui.

- Digo o mesmo. – Ele sorriu e depois olhou para Justin. Eu também olhei para Justin e ele não estava nem um pouco confortável, encarando Dean.

- Oi, eu sou Dean. – Dean estendeu sua mão para Justin e ele assentiu, nem sei como, mas apertando a mão de Dean.

- Justin. – Ele disse indiferente.

Eu decidir ignorar toda a hostilidade.

- Dean, serio, o que faz aqui?

- É o aniversário da minha avó. – Ele deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos da calça.

- Sua avó é Meredith?

- Sim. Meredith Forbes.

- A apresentadora? – Sim, até Justin se impressionou... de novo.

Dean assentiu.

- Ah, trouxemos isso para a sua avó. – Eu entreguei a Dean as flores.

- Obrigado. – Ele sorriu e de repente fui atingida com a memória dele me entregando aquela flor na peça do teatro da escola. Me perguntei se Dean também não pensou nisso. – Eu tenho certeza que ela irá adorar. Bem, fiquem a vontade.

E saiu. Eu ainda estava em choque total. A avó dele é a versão Malibu Plastificada da Barbara Walters, mas é um grande nome... e podre de rica, pelo que estou vendo.

- Ah, olha, alí está Lucy – Eu apontei e apertei mais minha mão em volta do braço dele, tentando dizer alguma coisa do tipo “Vamos esquecer o último um minuto? Eu amo você”.

- Alicia... Justin! – Lucy abriu os braços assim como sempre faz quando nos reencontra. Ela deu dois beijinhos em mim e três em Justin, depois deu um gole no Martini. – Que bom que vieram.

- Não perderia depois de ter me ajudado mais cedo. – Eu respondi a ela e Lucy sorriu e me mandou uma piscadela.

- Com licença? Posso ter a atenção de vocês por um momento? – A tal Meredith Forbes, ou melhor, a avó de Dean, estava no palco, vestida com algum vestido branco e os cabelos tão loiros quanto os da Paris Hilton. – Eu queria agradecer a todos vocês por terem vindo e me feito sentir tão querida. Sabe, não é qualquer dia que uma mulher faz... Ops.

Ela fez “Shhh” com o dedo e teve uma onda de risadas dos convidados, incluindo eu.

- De qualquer forma, divirtam-se! Paul? – Ela olhou para a banda e o pianista lhe mandou uma piscadela, dando início a uma música agitada.

Eu ainda estava sorrindo quando eu olhei para Justin e não vi nada além de uma cara emburrada.

- Ah, por favor, esqueça aquilo! – Eu falei cruzando os braços.

- É possível? – Ele murmurou.

- Justin. – Eu olhei nos olhos dele, séria. – Eu estou aqui com você. Com mais ninguém, entendeu? Só há você.

E fiz questão de deixar isso bem claro.

- Eu sei... – Ele disse. – Mas é que realmente me perturba que você e ele já tenham ficado.

- Ok, já chega. – Eu me levantei e Justin me olhou confuso ainda sentado na sua cadeira. Para não fazer uma cena nem chamar mais a atenção das outras pessoas sentadas na nossa mesa, eu me aproximei dele e sussurrei: - Você não tem o menor direito de ficar com raiva, entendeu? Eu é que tenho. Quando eu fiquei com Dean, você tinha uma namorada. E foi apenas um beijo! Já você e Selena fizeram algo bem pior e na época você sabia que eu estava esperando por você que nem uma idiota, assim como sempre faço.

Eu caminhei para bem longe dele, tentando não perder a cabeça. A mesa de bebidas pareceu atrativa.

- Ei, tudo bem? – Ouvi atrás e eu me virei, encontrando Dean.

- É. É, claro. – Eu gesticulei e puxei um copo para o ponche.

- Deixa que eu faço isso. – Ele tirou o copo de mim e encheu com a bebida.

- Obrigada. – Falei aceitando o ponche.

- Problemas no paraíso? – Ele perguntou depois de um tempo e eu hesitei em responder. – Ah, desculpe. Eu não devia ter...

- Tudo bem. – Eu dei de ombros. – É só que vocês homens, às vezes, tendem a ser uns idiotas. – Eu sorri para ele, brincando.

- Ouch – Dean colocou a mão no peito. – Obrigado pela parte que me toca.

- Disponha. – Eu ri e dei outro gole no ponche.

- Sabe, eu realmente fiquei surpreso em te ver aqui, Ali.

- E eu? – Eu exclamei. – Dean Maddox, neto de Meredith Forbes? Nossa!

Dean riu tímido.

- Por que nunca disse que era rico?

- Porque eu não sou rico, minha avó é.

Eu ri:

- Isso é o que gente rica diz.

- Ok. – Dean riu junto comigo, desviando o olhar.

- Mas você quase me enganou. – Eu apontei para ele. – Dirigindo aquela lata velha e tudo mais.

- Ei! – Ele tentou se fazer de ofendido. – É um bom carro. Mas tá, eu não sou exatamente um bom exemplo da família Forbes. Ela é a mãe da minha mãe e, pelo que parece, a minha mãe preferiu se casar com o meu pai do que... – Dean fez uma careta e olhou em volta, como se não gostasse muito do ambiente ou da extravagância. – Isso.

- Boa escolha. – Eu comentei depois e Dean sorriu para mim de um modo estranho.

E ele continuaria sorrindo assim se um bando de meninos correndo tivesse passado pelo nosso lado. Dean parou um segurando-o pela gola do smoking.

- Ei, ei, ei – Dean disse para o menino. – O que a vovó falou sobre ficar correndo por aí?

O menino fez careta e deu língua para ele. Dean o soltou e eu ri, vendo o menino voltar a correr atrás dos amigos.

- Legal. Bem maduro.

- São só crianças. – Eu falei. – Quem era?

- Meu irmão.

- Ah, sim! – Eu me lembrava de Dean me falando que tinha um irmão. – Ben, certo? Mesmo nome do meu pai.

- Minha avó escolheu esse nome. De início, eu é que devia me chamar Benjamin, mas todo mundo achou que eu seria uma menina, então me nomearam Diana.

- Não brinca! – Eu realmente não pude segurar as risadas. Dean colocou as mãos nos bolsos.

- É, vai em frente, ria de mim. É vergonhoso mesmo.

- Desculpa, eu... – Mas eu não podia parar de rir.

- O que é tão engraçado? – Justin perguntou e eu todas as risadas cessaram. Ficou um clima pesado demais, de repente.

- Ah, nada demais – Dean disse para ele, se forçando em ser amigável. – Eu estava contando a ela sobre...

- Estava procurando você. – Justin interrompeu Dean completamente e pegou minha mão. Eu me senti abrindo a boca chocada com a falta de educação dele.

- Dean, eu falo com você depois? – Pedi e ele entendeu, assentindo e nos deixando.

Uma vez que ele já tinha ido, eu poderia explodir com Justin.

- O que você tem hoje? – Eu disse entre os dentes.

- Do que tá falando? – Justin se fez de desentendido.

- Ok, nós já tivemos essa conversa. Eu sinto muito que esteja com ciúmes, mas eu gostaria que parasse de procurar problemas, principalmente comigo.

- Eu não estou procurando problemas! Eu só quero que você fique longe dele.

- Você não confia em mim?

- Claro que confio, eu só... – Ele não tinha mais o que falar. Eu balancei a cabeça.

- É... Você não confia mesmo em mim.

Eu dei as costas para ele e Justin pegou meu braço.

- Ali...

- Me solta. – Eu pedi e puxei meu braço dele.

-----

Já havia escurecido e, desde então, não voltei a me encontrar com o Justin Bieber enfurecido e ciumento por aí em algum lugar da festa. Não, na verdade eu me ocupei em beber e observar os convidados de canto. Agora tinha um casal de velhinhos dançando no meio da pista de dança sobre o som de At Last da Etta James. Eu balancei meu copo de champanhe e dei o último gole, invejando o casal. Ela pelo menos não deve quebrar a cabeça com os surtos de ciúmes dele e ele deve confiar nela, eu pensei.

- Você está aí. – Dean disse. Agora ele tinha desfeito a gravata borboleta e desabotoado alguns botões da camisa, claramente incomodado com a vestimenta.

- Estou aqui. – Eu disse nem um pouco animada, levantando minha taça.

Dean me examinou.

- Você não está bem.

- Ah, sério? – Eu me deixei ser sarcástica e me senti mal por isso. – Me desculpe.

Dean balançou a cabeça como se falasse “tudo bem” e se sentou do meu lado no degrau da varanda.

- É confiável eu sentar aqui? – Ele perguntou, se fingindo de assustado. – Sabe, seu namorado...

- Quem liga para o que Justin pensa? – Eu falei com raiva.

Dean riu, mas nós ficamos calados depois, ainda encarando o casal de velhinhos.

- O que anda fazendo desde a formatura?

Eu ponderei no que responder, mas não havia nada a falar. Faria uma semana desde que me formei no Ensino Médio e essa semana se resumia a Justin. Não houve um dia que fiquei longe dele, até mesmo concordei em vim até Los Angeles com ele. Eu também não poderia descartar o episódio que recuperei minha fortuna, mas não era isso o que Dean esperava ouvir. Ele esperava ouvir o que Sam teria a dizer: “Ah, claro, recebi a carta de aprovação da faculdade. Parto em algumas semanas. Sabe, me especializar e ter um diploma e um futuro?”. Só que eu não poderia dizer isso a ele. Eu não recebi minha carta. Com certeza não fui aprovada, é claro. Até Kevin foi! Mesmo com o histórico da suspensão e as notas, ele conseguiu. Mas e eu? Eu não tinha nada e estava adiando pensar nisso, talvez porque não quisesse pensar nisso nunca.

Eu dei de ombros como resposta e inverti logo o assunto para ele:

- E o que você irá fazer?

- Eu fui aceito na Brown. – Ele disse olhando para longe de mim, assim como ele faz quando agi tímido e modesto.

- Serio? Dean, parabéns!

Ele riu.

- É, acho que sim.

- O que? – Eu o empurrei com o meu ombro. – Você não quer ir para a Brown?

- Não, não, é claro que eu quero! É só que...

- Só que...? – Eu insisti.

- Eu não sei... Já teve essa sensação de não saber se está fazendo o certo na vida?

- Ah – Eu ri. – É, acredite em mim, eu sei bem como é isso.

- Eu quero ir para a faculdade, não quero perder essa oportunidade. Mas ao mesmo tempo eu sinto que indo para a faculdade eu vou perder outras oportunidades. Tipo, viajar pelo mundo só com uma mochila nas costas.

Eu ri com o entusiasmo dele.

- Eu te entendo. – Falei.

A música acabou e as pessoas ao redor bateram palmas para o casal, me fazendo perceber que não éramos os únicos os observando. New York, New York de Frank Sinatra começou a tocar e era o tal Paul que estava cantando. A avó de Dean se animou na pista de dança e eu tentei não rir.

- Você quer dançar? – Dean perguntou.

- Ah... Não, Dean, acho melhor não.

Não quando eu tenho quase certeza de que vou atiçar mais Justin.

- Ah qual é? – Dean se levantou e estendeu uma mão para mim. – Quem liga para o que Justin pensa, certo?

Chame de orgulho, acesso de raiva, qualquer coisa, mas eu me lembrei o quanto me senti irritada e ofendida com o que Justin fez e aceitei. Assim que peguei na mão de Dean e vi seu sorriso vitorioso, pensei que talvez não tenha sido uma boa ideia, mas já era. Ele me conduziu até a pista de dança e depois ficou na minha frente, colocando sua mão desajeitadamente nas minhas costas e, com a outra, segurando minha mão.

Eu não diria que estávamos dançando, estava mais para oscilando, porque claramente Dean não sabe dançar, mas mesmo assim ele me chamou. Sem querer, ele pisou no meu sapato e eu me contive para não fazer cara de dor.

- Desculpa, desculpa! – Ele se desesperou.

- Tudo bem. – Eu forcei um sorriso.

- Foi mal, eu sou... Eu sou péssimo nisso.

Eu dei uma risadinha.

- Tudo bem, sério.

Eu olhei ao redor, procurando para ver um par de olhos cor de mel fervendo de raiva, mas eu não conseguia encontrar ele. Cara, espero que ele esteja no banheiro e não por aqui para ver a boba da namorada dele agindo como criança.

- Eu acho que ele não está por aqui. – Dean falou me pegando em flagrante.

- Desculpa, eu... – Eu comecei a me desculpar porque com certeza deve ser rude aceitar a dança com alguém e passar toda a música procurando por outra pessoa, mas Dean riu.

- Tá tudo bem, Alicia...

Nós ficamos calados depois, a música já estava chegando ao seu final. Dean abriu e fechou a boca algumas vezes e eu sabia que ele queria falar alguma coisa, mas não parecia saber como.

- Posso te perguntar uma coisa? – Ele disse enfim. Eu assenti. – O que você viu nele, afinal?

Eu franzi o cenho adivinhando de quem ele falava.

- Quero dizer – Dean acrescentou. -, eu até entendo, ele é rico, famoso, todas as meninas querem ele e tal... Mas você deve ser diferente, Alicia. Ele te magoou, lembra?

- Dean – eu comecei. – Por muitos anos eu achei isso, mas nunca parei para pensar que talvez eu tenha o machucado primeiro.

Dean ainda não parecia me compreender, mas ele também não precisava.

- Quer saber o que eu vi nele? – Eu sorri e levantei uma sobrancelha, depois dei de ombros. – Ele me faz rir. E me faz sentir a... a pessoa mais especial do mundo. Eu não me importo se ele seja rico, famoso e todas as meninas o querem. Quando chega o fim da noite e eu vou para cama, é lá que eu sinto, no fundo do meu coração, que nenhum outro seria capaz de me fazer sentir daquele jeito.

Dean observou por alguns momentos o brilho nos meus olhos e depois abaixou a cabeça. Eu achei que ele estava chateado, mas quando Dean levantou a cabeça de novo ele estava sorrindo.

- Assegure-se de que ele abra alguma classe de Como Ser O Melhor Namorado do Mundo, ok? Eu vou me matricular.

Não pude conter a risada.

- E quando vai apresentar ela para a família? – A avó de Dean se aproximou de nós e apontou para mim com um gesto com a cabeça. Eu e Dean nos afastamos imediatamente.

- Ah, não, não! – Nós dois nos enrolamos para falar.

- Alicia e eu não...

- É, nós só somos amigos. – Eu falei, mas Meredith ainda não parecia acreditar.

- Ok, entendi! – Ela levantou as mãos para o alto.

- Vovó, sério...

- Dean! – Meredith o interrompeu com uma cara chateada. – Eu já disse, não me chame de vó em público. Quantos anos você acha que eu tenho?

Depois ela sorriu e deu uma piscadela para ele, se afastando de nós.

- Eu acho melhor pararmos por aqui. – Eu pedi a Dean e ele concordou.

- Então eu posso? – Ouvi a voz de Justin atrás de mim e me virei para ele. Não parecia com raiva nem nada, apenas sorriu e estendeu a palma para mim.

- É claro – Dean sorriu e me deixou para Justin.

Ele pegou minha mão e envolveu a outra na minha cintura, enquanto eu apenas sorria como uma boba.

- Foi mal o que eu fiz – Ele sussurrou para mim.

- Tudo bem. – Eu disse. – Me desculpe também. Fiquei com saudades.

- Eu também. – Justin me girou e, quando eu voltei para os braços dele, ele me recebeu com um beijo na bochecha. Eu sorri. - É claro que confio em você.

Eu olhei no fundo dos olhos dele e não vi mentira nisso.

- Eu te amo, sabia? – Acabei por falar. Engraçado porque não achei que depois de dois anos isso fosse sair tão solto e natural, e nem poderia adivinhar que depois disso ele me daria um dos mais fantásticos sorrisos e me beijaria.

- Eu também te amo. – Ele sussurrou no meu ouvido e me abraçou.

Depois disso, é claro que tínhamos pressa para chegar em casa. Fomos em silêncio pelas ruas noturnas de Los Angeles até a casa dele, com as mãos entrelaçadas e sorrindo um para o outro toda vez que nos entreolhávamos. Ele não levou a Ferrari para garagem, apenas o estacionou na frente da casa e, enquanto procurava minha bolsa no chão do carro, ele abriu a porta para mim. Quero dizer, ele realmente abriu a porta!

Eu segurei a mão dele e sai do carro, mas depois envolvi meus braços ao redor do pescoço dele e o beijei. Senti ele fechar a porta do carro e depois nos levar até a porta de casa, tateando os bolsos procurando a chave.

- Espera aí – Ele pediu quebrando o beijo procurando com mais atenção pelas chaves.

Então me lembrei que ele as deu para mim e eu havia guardado na minha bolsa. Busquei as chaves e as balancei na frente dele. Justin sorriu, pegou as chaves e me pegou.

- Espera – eu parei. – e a sua família?

Justin sorriu maroto.

- Meu pai levou as crianças para o cinema.

Tinha um dedo de Bieber aí, com certeza, mas quem se importa? Ele me tirou do chão e me carregou para o quarto no colo, como na outra noite. Dessa vez, eu poderia rir e fazer quanto barulho quisesse.

Quando ele empurrou a porta e me deitou na cama, eu sabia que agora não teria mais volta. Eu tinha total noção do que estava para acontecer e, surpreendentemente, me sentia madura para isso. Ele desfez a gravata borboleta e foi por ela que eu o puxei, fazendo ele cair em cima de mim. Fiz força para inverter a situação e ficar por cima dele, posicionando cada perna minha em cada lado dele. Eu parei de beija-lo e deixei que ele me visse, assim como eu pude vê-lo. Justin estava sorrindo, descontraído, ansioso, animado, mas com certeza mais calmo. Eu também sorria, também estava descontraída, também estava ansiosa e animada, mas não tão calma assim, só que, de alguma forma, isso parecia o certo. Como estrear uma peça de teatro. Você sabe que vai ficar bem, você sabe as falas e você sabe que é isso que quer, mas você ainda se sente nervosa e, no começo, o frio na barriga persiste, mas, a medida que a peça vai se desenrolando, você vai se soltando.

Justin mexeu com a boca as palavras “eu amo você” e eu dei um largo sorriso, me inclinando para beija-lo.

As mãos dele na minha coxa foram levantando o vestido enquanto eu desabotoava a camisa branca dele e, quando cheguei à altura do peito dele, ele se ergueu para sentar na cama comigo ainda em cima dele. Então eu estava em seu colo, com minhas pernas ao redor dele e tirando seu paletó. Ele me ajudou e jogou para bem longe, seguido com a gravata, depois puxou devagar meu vestido para passar por cima da minha cabeça. Eu levantei os braços para facilitar e, uma vez que ele tirou o vestido, eu estava mesmo apenas com as roupas de baixo ao lado dele.

A partir daí foram beijos do pescoço a boca até eu terminar de desabotoar aquela bendita camisa e deixar, enfim, o peito dele desnudo. Eu corri meus lábios pelo tórax e por cima da tatuagem da coroa, subindo à clavícula e embaixo da orelha, até que pude sentir a ereção.

Ele ficou agitado e ansioso, me deitando de volta para cama e arrancando a camisa do corpo, depois voou para o meu pescoço e eu soltei um gemido, agarrando nos fios do cabelo dele. Tateei a procura do fecho da calça e acabei tocando em algo que não devia. Eu talvez devia.

- Ops – eu murmurei inocentemente e vi Justin sorrir de canto antes de me beijar.

Continuei tentando tirar-lhe as calças, mas foi inútil porque, se eu não me distraia com o ele no meu pescoço, ele se movia demais e eu não conseguia pensar claramente, então ele tirou ele mesmo e agora estávamos quites.

Os dedos dele faziam caminhos na parte interna da minha coxa, o que deixava minhas pernas bambas e eu fechei os olhos sentindo ele perto demais. Depois ele foi das nádegas até minhas costelas batucando os dedos, como se eu fosse um piano e ele tocasse o teclado, só que não havia música além das nossas respirações agitadas e gemidos. Afastou a alça de um lado do sutiã e depois empurrou a outra, querendo abrir o fecho. Eu me ergui e fiz isso por ele para recompensar o que ele fez por mim e Justin parou por um segundo para me olhar. Eu senti as bochechas queimarem e me senti tímida, tentando controlar o instinto de cobrir os seios com os braços. Ele colocou as mãos nas minhas costas e me ergueu, o levanto para ele e beijando entre os seios.

- Você. É. Linda – Ele dizia pausadamente entre beijos que desferia no local e, de repente, não senti mais vergonha.

Porque era especial demais para sentir qualquer constrangimento, então ele se inclinou para a cômoda do lado da cama e puxou algo de dentro. Eu fechei os olhos, mas ouvi a pacote rasgar. Ele foi se afastando do meu rosto, indo para baixo, chegando ao fim da cama e, gentilmente, arrancando a calcinha. Prendi a respiração e mordi o lábio enquanto ele a puxava entre as minhas pernas e depois a tirava completamente de mim, depois voltou engatinhando por cima de mim, até que senti a ponta do nariz dele embaixo do meu umbigo e foi subindo, beijando cada centímetro, afastando minhas pernas com o joelho dele estrategicamente.

- Olha pra mim – Ele sussurrou quando já estava perto da minha boca.

Eu abri e dei de cara com imensidão cor de mel até que, devagar, eu pude senti-lo entre as minhas pernas.

Eu mordi a boca para controlar o gemido alto que veio a partir daí. Ele entrava e saia para eu me acostumar com o desconhecido. Quando recuava, eu senti o desconforto, quando penetrava, eu mordia o lábio por conta da dor. Com isso não percebi que estava arranhando as costas dele com as minhas unhas, então Justin pegou minhas mãos e as elevou acima da minha cabeça, entrelaçando nossos dedos e apertando as minhas mãos a cada investida.

- Olha para mim – Ele pediu de novo e eu nem tinha notado que havia fechado os olhos.

Minhas pernas se apertaram ao redor do quadril dele e ele me beijou de novo, depois gritei quando ele fez pressão dentro de mim e eu realmente gostei da sensação daquilo, assim como ele também parecia gostar.

Um milhão de coisas passavam pela minha cabeça, coisas como cada emoção e toque estava sentindo, como o amava, como isso me fazia sentir, como eu havia chegado aqui... Ao mesmo tempo era também como se a cabeça estivesse vazia, assim como todo o mundo, se você quer saber. Não importava mais nada. Não importava o dia, não importava nem mesmo os raios do sol ou por que o céu é azul, tudo o que me importava agora era eu e ele.

Eu já tive essa sensação de está sozinha na Terra com ele antes, no palco do My World Tour, quando ele se declarou. Eram milhares de pessoas na plateia, mas eu as esqueci completamente. Dessa vez era mais fácil esquecer o mundo, mas não se comparava o que senti naquela noite com o que senti agora. O agora era bem, bem melhor.

- Eu sempre te amei, Alicia – Ele falava enquanto o movimento ficava mais ritmado. – Mesmo quando eu estava longe de você, eu ainda te amava.

Eu não conseguiria falar nada agora, não mesmo, mas eu podia ouvir e eu podia sentir o coração encher de alegria com as palavras. Ele me beijou e gemeu ainda pressionando meus lábios, depois me agarrou e me ergueu contra o peito dele apoiando o cotovelo no colchão, como se quisesse mais e mais.

Eu acabei por falar o nome dele e ele gemeu. Estava chegando lá, eu podia sentir, e os ruídos vindos da garganta dele ficaram mais alto assim como a minha respiração ficava mais cortada. Cravei as unhas nele de novo enquanto a mão dele apertava a minha coxa.

Eu nunca o amei mais do que o amei agora e, quando entramos em completo êxtase, eu pude ter certeza disso.

------

Eu mexia com a colher de pau calmamente o conteúdo da panela e observava como o chocolate criava um redemoinho no meio.

- Como se chama isso mesmo? – Jazmyn perguntou de novo torcendo o pequeno nariz e eu ri.

- Brigadeiro.

- Briga...

- Deiro. – Eu a ajudei, mas o sotaque canadense e a língua acostumada com o inglês tornava praticamente impossível dela pronunciar corretamente. – Eu tenho certeza que você vai gostar. É chocolate.

Jazmyn sorriu deixando à mostra os dentes de leite e eu sabia que tinha valido a pena ter ido atrás de leite condensado em três lojas que vende produtos brasileiros de diferentes pontos de Los Angeles. Não foi fácil, mas brigadeiro foi a única coisa que consegui pensar para finalmente conquistar a minha cunhada. Ela claramente sentia ciúmes de mim com Justin, afinal eu estava tomando dela seu irmão mais velho. Pelo menos era isso o que ela pensava. Quando o chocolate engrossou eu desliguei o forno e separei um prato, indo despejar o brigadeiro ao lado dela.

- Agora nós colocamos aqui e esperamos esfriar – Eu falei enquanto ela observava fascinada o brigadeiro cair da panela.

- Por que não agora? – Ele pediu.

Eu coloquei a panela de lado e fiz cosquinha na barriga dela.

- Porque vai te deixar com dor de barriga! – Eu falava e ela ria, tentando se esquivar das minhas cosquinhas.

- O que estão fazendo? – Justin perguntou divertido.

Jazmyn e eu olhamos para ele perto da porta da cozinha e eu pude ver o cabelo bagunçado e a cara de sono, tudo obra de ontem a noite.

- Estamos fazendo brigadeiro – Jazmyn pegou a colher de pau e estendeu para ele.

Justin franziu o cenho - obviamente ainda não sabia o que isso era – e eu tentei tirar o sorriso ridículo que percebi que tinha no rosto, tudo porque eu comecei me lembrar da noite passada.

Ele se aproximou de nós e passou a mão no cabelo.

- Caramba, por quanto tempo dormi?

- Já são 10:30h. – Eu falei e Justin se espantou. – Tudo bem, você estava cansado.

Claro, depois da terceira vez, nem eu tinha forças para mover um dedo.

Justin riu da nossa pequena piada interna e Jazmyn quis lamber a colher.

- Uh, calminha aí – Eu falei afastando a colher dela. – Está quente, mas ainda podemos lamber a panela.

Eu joguei a colher na pia e peguei três outras colheras do armário. Entreguei uma para Jazmyn e outra para Justin.

- Podem provar – Eu ofereci a panela para eles e os dois rasparam a colher no fundo.

Jazmyn arregalou os olhos e sorriu e Justin levantou as sobrancelhas.

- Isso é bom – Justin disse.

- Isso é muito booom! – Jazmyn gritou e nós dois rimos.

Nós três raspamos a panela – ou pelo menos um pouco dela, eu não queria deixar a família Bieber com dor de barriga – depois eu enchi a boca da panela de água e cobri o brigadeiro para que esfriasse. Justin finalmente arranjou tempo para brincar com Jazmyn enquanto eu lavava a louça e, logo depois, Jeremy e Jaxon voltaram da caminhada no parque, seguidos de Kenny e Pattie.

Eu cumprimentei Pattie e Kenny – que trouxeram ingredientes para o almoço – e depois decidi ajudar Pattie para preparar a refeição. Quando Justin voltou do banho (ele penteou os cabelos molhados para o lado o que deixava ele parecendo mais com um inglês do que canadense), o almoço estava pronto. Pattie se encarregou da preparação do frango ao curry e eu fiquei com os legumes.

Eu podia ver o quanto Justin estava feliz de ter toda a família reunida na mesma mesa. Acho que não é algo muito comum e não deve ser mesmo. Além disso tinha Kenny, que já é como se fosse da família e, talvez, eu completasse tudo isso. Não importa, desde que ele continuasse sorrindo desse jeito.

Depois eu enrolei os brigadeiros e os mergulhei no granulado. Se tornou a sobremesa preferida de Jazmyn e todos gostaram. Justin me agradeceu mais tarde.

------x------

No próximo capítulo:

O advogado baixinho e careca se levantou e apertou minha mão.

- Parabéns, Alicia, você agora é 957 mil reais e 87 centavos mais rica.

(...)

- Vem comigo pra Los Angeles hoje? – Ele pediu.

Eu sorri e mexi no cabelo.

- Não dá.

- Por que não?

- Eu já fui esse final de semana, lembra? E o passado... E o passado... E o passado.

- E daí?

- Eu não posso, sério – Eu disse meio triste.

Justin parecia chateado.

- Eu só queria poder te ver todos os dias.

(...)

Ele veio sem nem que eu percebesse, tirando as mãos do bolso e as pressionando na minha boca e braços. Eu deixei as chaves e sacola caírem no chão, completamente desnorteada, enquanto ele me puxava.

Eu estava sendo sequestrada.

(...)

- Alicia desapareceu. – Justin anunciou. – Ninguém a ver desde ontem, eu preciso voltar para São Francisco.

Justin tentou contornar Scooter.

- Espera! Como assim ela...? E a policia?

- Eles não vão fazer nada até amanhã – Justin disse com raiva. – Eu preciso voltar e ajudar nas buscas por ela.

- Justin – Scooter o pegou pelos ombros. – Você não pode.

(...)

- Eles querem dois milhões de dólares pelo meu resgate às 16h de amanhã na conta cujo número veio junto desse vídeo...

(...)

Eu havia conseguido fugir e saí correndo o mais rápido que pude pela casa e, quando passei pela porta, encontrei a van da qual me trouxeram. Eu procurei desesperada pelas chaves do carro, o que não foi difícil de encontrar, e abri a porta. Um carro vermelho se aproximava.

(...)

Tudo foi ficando preto e turvo, então apaguei.


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Notas finais do capítulo

Sorry a demora, próximo capítulo ainda esta semana, promessa do dedinho. Vou entrar na semana da final, mas faço isso por vocês. Aliás, como estão? Tenham uma ótima semana!



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