Você Voltou. escrita por Juliet Hope


Capítulo 1
Espero que lembre de mim.




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"Hoje faz 26 anos que lhe deixei. E espero que se lembre de mim, assim como eu me lembro de você. Sempre lhe chamei de Rosie, não sei se esse é seu nome, mas seu pai havia me prometido que lhe daria esse nome.

Então, pequena (não mais tão pequena) Rosie, não sei se você é loira, como eu, ou ruiva, como seu pai. Se tem olhos azuis ou verdes. A única coisa que eu sei, é que há 26 anos, você nasceu.

Você pode ter toda a razão para ficar com raiva de mim, pois eu lhe abandonei e, nessa carta, irei contar toda a verdade.

Eu e seu pai nos conhecemos na empresa, que ele havia herdado do pai. Ele era meu chefe e, na primeira vez que o vi, me apaixonei. Tudo aconteceu rápido, namorávamos cinco meses depois de nos conhecermos, mas eu não ligava, estava cega pelo amor.

Quando fizemos sete meses de namoro, uma surpresa veio junto, você. Não queria contar a ninguém, exatamente porque seu pai havia me dito nunca querer ter filhos, mas eu não tinha escolha e, para a surpresa de todos, ele aceitou bem.

Mais sete meses depois, recebi a notícia que eu menos queria na minha vida. Eu estava doente e você tinha que nascer naquele momento, foi quando eu comecei a pensar em como eu, uma mulher doente iria cuidar de um bebê, tão pequeno e frágil.

Você nasceu numa tarde em que a chuva de verão de NY atacava, no dia 22 de Julho. Tão pequena e frágil, mas ao mesmo tempo, tão forte, como deveria ser. Meu plano era ir embora logo que eu recebesse alta, mas eu não tive coragem, não poderia ir embora sabendo que você corria risco de vida.

Quase três semanas depois, você conseguia respirar sozinha. Esperei até o momento em que não haveria ninguém além de nós duas no seu quarto. Naquele dia eu chorei, mas eu prometi voltar.

Nos anos que se passaram, sempre lhe enviava presentes, no seu aniversário, natal ou qualquer fosse à data, mas não sei se você chegou a recebê-los. Os presentes foram melhorando a cada ano, pois minha vida foi melhorando. Consegui ser escritora e meus livros ficaram entre os mais vendidos por muito tempo.

Nunca consegui lhe encontrar, nem seu pai, mas eu juro, com todas as minhas forças que eu lhe procurei, como eu havia prometido. Depois de 24 anos, minha doença voltou mais forte do que nunca e eu fiz quimioterapia, mas parei de responder ao tratamento. Digamos que, eu estou morrendo. Tenho meses de vida sobrando e não tenho ninguém. Não tenho mais família, a única que eu tenho é você, minha Rosie e, eu quero encontrá-la.

Com amor, Elizabeth. Sua mãe."

Minha carta havia sido enviada. Eu estava na minha cama de hospital, deitada, pensando em como minha filha era, o que eu havia tido feito se não tivesse a abandonado, mas voltei à realidade quando alguém bateu à porta, era Grace, a enfermeira que mais entendia a minha vida. Grace disse: -Tem alguém aqui, e ela quer te ver- fiquei surpresa, não conhecia ninguém e ninguém me conhecia, mas mandei (quem quer que fosse) entrar. Era uma mulher, ruiva e alta, de olhos claros que eu não sabia se eram azuis ou verdes, ela era linda. Logo ouvi sua voz, me perguntando: - Sra. Elizabeth?- assenti- Sou Rosalie Grace, sou sua filha. - Rosalie, minha Rosie, minha filha, na minha frente. Rosie chorou, eu chorei, nós choramos e nos abraçamos e no final ela disse não ter raiva de mim. Descobri não ter perdido só seus aniversários e datas especiais, mas também seu casamento e o nascimento de meu neto, Logan. Senti-me ainda mais culpada quando ela me disse que tinha outra mãe, Miranda.

Rosalie vinha todos os dias, com o filho ou com o marido e, em um dia desses, dois meses depois de reencontrá-la, eu fechei os olhos, para nunca mais abri-los de novo.





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