Nick e Sara estavam escondidos atrás das árvores em frente a casa de Catherine; quem olhasse pensaria que os dois iam assaltá-la. 

    - E agora? O que vamos fazer?

    - Você eu não sei - disse Nick e pegou os restos da sua bicicleta. - Eu vou embora. Combater os assassinos de Vegas é bem mais seguro do que enfrentar a Catherine. 

    - Você é o homem aqui. Se você for macho mesmo, vai lá falar com ela.

    - Eu sou homem, não burro - Nick olhou para a casa e passou a mão no cabelo. - Boa sorte, Sara. Eu sei que você consegue.

    - Covarde - murmurou ela. - Vai deixar uma mulher sozinha e em perigo? 

    - Eu chamo o Greg. Tchau.

    Sara acenou e balançou a cabeça, não acreditando que ia ficar sozinha. Ela sentou-se contra uma árvore e esperou até Greg chegar. Pelo menos agora teria um cobaia. 

    - Oi, Sara.

    - Ai meu Deus, Greg! Que susto!

    - Credo. Você 'tá ficando velha, Sara.

    A morena olhou brava para o jovem e ficou em pé.

    - Certo, calma! Desculpe!

    - Hum.

    - Então, Nick me disse que você precisava de mim aqui nos arbustos - ele piscou maliciosamente. 

    - Guarde seus hormônios, Greg. Tenho um trabalho para você. 

    - O que nós vamos fazer?

    - 'Você' vai entrar naquela casa e vai falar com a dona.

    Ele pensou por um momento.

    - E por que eu?

    - Porque... Ah, porque... Porque a Catherine te ama.

    - Aham. Quem fez besteira dessa vez?

    - Eu.

    - E ela está furiosa e por isso você quer me usar de cobaia.

    Sim!

    - Não - ela fingiu estar ofendida. - Eu só preciso que você fale com ela e diga que eu a amo muito. 

    - Hum. E eu vou sair vivo?

    Se tiver sorte, pensou ela.

    - Claro.

    - O que eu ganho com isso?

    Nada.

    - Meu agradecimento.

    - Quero um beijo.

    - Então vai lá, pede um pra Catherine. Ela não está estressada.

    - Se bem que...

    - Vai logo, Greg!

    O jovem investigador deu um pulo e foi até a casa.

    - Relaxa, Sara. O tigrão 'tá na área.

    Sara girou os olhos.

    O jeito com que Greg estava caminhando deixava claro que ele estava se divertindo com a situação. Mal sabia que poderia correr risco de vida. Apesar de tudo, ele entrou sem problemas na casa.

    Sara esperou. Um grito de susto, um grito de raiva, um barulho, gritos de dor.

    - Não, Catherine! Não! Isso não!

    - Fica quieto!

    A morena mordeu o lábio e torceu para que Greg saísse vivo dali. Dois minutos depois algo parecido com um homem saiu da casa e foi até Sara. 

    - Greg... Eu sinto muito.

    O coitado estava com a camisa rasgada, o cabelo bagunçado, um grande hematoma na cabeça, um corte na bochecha e estava coberto de farinha.

    - "Ela não está estressada" = disse ele ironicamente. - Eu quase morri. E o pior não é isso. - Ele ficou de costas e mostrou o que Catherine havia feito com seu cabelo. - Ela raspou metade do meu cabelo! Como eu vou sair assim?

    Sara segurou-se para não rir.

    - Eu vou embora. Você me paga, Sara.

    - Tchau, Greg. E obrigada. 

    Ainda meio tonto, Greg fez seu caminho para longe do perigo. Sara olhou apreensiva para a casa. Não tivera muito sucesso com sua primeira vítima e não tinha muita certeza se alguém mais iria se arriscar. Torcendo para que Grissom estivesse com sua humanidade em alta naquele dia, Sara ligou para ele.

    - Grissom? Você está em casa?

    - Sim... Por que? Está tudo bem?

    - Não... - choramingou ela. - Você pode vir me ajudar? Estou na casa de Cath.

    - Agora? Mas...

    - Por favor! Ou eu vou morrer!

    Sara agradeceu e recostou-se na árvore. Sabia que tinha exagerado um pouco com seu supervisor, mas estar segura era sua prioridade. Grissom não tardou a chegar e eles puseram-se a elaborar um plano.

    - É melhor se preparar - disse ele.

    - Ok - concordou Sara, nervosa. Ela tateou pela sua cintura até encontrar sua arma. Grissom arregalou os olhos.

    - Sara! Seja razoável!

    - É a Catherine - argumentou. Grissom continuou olhando, inexpressivo. Sara suspirou. - Tá bom. Razoável. Então, você vai pela esquerda e eu vou pela direita. Não, esquece. Você se abaixa e eu subo nas suas costas e entro pela janela. Ou a gente pode...

    - Sara...

    - Sim?

    - A porta está aberta.

    - Ah - disse ela, percebendo que a porta estava entreaberta. - Então vamos.

    Cuidadosamente, os dois investigadores estraram na casa, olhando em volta como se estivessem em uma cena de crime. 

    - Parece que não tem ninguém aq...

    - Shh! Eu ouvi alguma coisa. 

    - Ahhhhhh!

    - AAAAH! - Gritaram os dois em resposta. Catherine tinha aparecido do nada, com duas tortas nas mãos. Sara, prevendo o que ia acontecer, desviou para o lado quando a primeira torta voou pela sala. 

    - Sara, espere, eu acho que... 

    Grissom parou de falar quando o torta atingiu seu rosto. Sara começou a rir, acompanhada por Catherine. Quando ia tentar falar com a loira percebeu que esta tinha desaparecido. Dando de ombros, foi ver como Grissom estava. Ele tentava limpar seus olhos, sem fazer muita diferença. 

    - Uau, ela te acertou.

    - É, ela acertou.

    - Deixa eu ver isso aqui... - Sara retirou um pouco da massa do rosto de Grissom e levou seu dedo aos lábios, sorrindo ao apreciar o gosto da torta. - Está ótima...

    - Gostou? - Perguntou uma voz atrás de si.

    - Sim, na verdade...

    - Então pega mais um pouco - disse Catherine e quando Sara virou-se para ela, acertou a torta no rosto da morena.

    Grissom desatou a rir. Sara retirou o quanto foi possível da massa de seus olhos e encanrou seriamente o supervisor. Não conseguia ver graça na situação. Estava prestes a discutir quando seu nariz detectou um aroma diferente; um terrível cheiro de queimado.

    - Fogo!!!

    - Onde?

    - Não sei - respondeu ela e correu até o jardim onde uma enorme fogueira lançava alegremente suas chamas ao alto. Chocada, Sara observou lentamente suas roupas sendo queimadas. - Catherine Willows, você está louca???

    - Que foi? - Perguntou inocentemente.

    - Não faça isso...

    - O que?

    - Não queime minha blusa do AC/DC, tudo bem? Ela é muito especial para mim.

    - Mais do que eu?

    - Sim! Quer dizer, não! Amor, não! Eu te amo tanto...

    Sara enogliu em seco e soube que tudo estava perdido quando a fúria dominou os olhos de Catherine Willows. Sorrindo ironicamente, a loira jogou a blusa de Sara no fogo e assistiu atentamente as chamas fazerem seu trabalho.