Ino se arrumou no banheiro da companhia mesmo, não queria ir para casa e encontrar Sakura, que faria qualquer coisa para que ela ficasse para baixo e não quisesse mais sair. Mas hoje ela tinha que comemorar. Havia realizado um de seus maiores sonhos e quem sabe, havia conseguido uma amiga.

Colocou uma saia preta e uma blusa de listras pretas e brancas. Como seu elástico havia quebrado, usaria os cabelos soltos mesmo. Dessa vez, arrumou a maquiagem e seu sorriso quase chegava aos olhos.

Naruto já a aguardava fora da companhia. Iriam juntos ao bar do amigo e ex-professor de história deles, Kakashi.

- Fiu-fiu. Tá gata, meu anjo. - Disse Naruto, indo de encontro a sua amiga. Ino sorriu com o cometário bobo do amigo e foram andando para o bar, que era a poucas quadras depois da companhia de dança.

Ao chegarem no bar, já repleto de amigos, foram recebidos com assovios e gritaria.

- Parabéns, Naruto-baka e Ino! - Comentou Kakashi, já servindo dois copinhos de vodka pura para os dois.

Ambos se olharam cúmplices, se lembrando da vez com que, naquele bar mesmo e provavelmente com aqueles copos mesmo, resolveram levar essa amizade para outro patamar… mais precisamente pra cima da cama dele. Ambos não tinham como ter as pessoas desejadas e como já haviam ficado algumas vezes sem estragar a amizade, por quê não perder a virgindade com um grande amigo?

Foi assim que ela perdera a virgindade. E até hoje, toda vez que queriam, acabavam indo para cama.

Viraram os copinhos, sorrindo um para o outro.

Logo ela viu Hinata entrando timidamente no bar e resolveu ajudar a amiga.
- Naruto… vá lá conversar com a Hinata.

- Mas, porque eu?

- Por quê você é elétrico. Ela é muito tímida. Vê se faça ela beber um pouco. Quem sabe ela se solta.

- Ok. Ah, um amigo meu vai vir aqui hoje… ele é ruivo. E te conhece. Vê se converse com ele também.

Droga. Era disso que ela precisava…? Gaara estava vindo ali e ela tinha que conversar com ele? Mas que droga!

- Ino?

Ino olhou para onde a voz vinha. Droga. Só de falar no diabo, lá estava ele.

- Olá, Gaara. Tudo bem? E a Sakura… não vem? - Que nõa venha, pensou Ino.

- Ah, não. Bem… o que é isso que você está bebendo?

- Vodka.

- Uhn, é. Vou beber também.

Ino queria sair de perto, o mais rápido possível. Ficar perto dele era uma tentação. Mas se sentia culpada. Gaara amava a irmã dela. Não era certo ela sentir aquilo pelo quase-cunhado.

Gaara, ao vê-la querer partir, a segurou pelo braço.

Ino não conseguiu segurar a careta de dor. Gaara retirou a mão do braço dela ao sentir algo viscoso e molhado na mão.

Ino saiu correndo para fora do bar, desviando de tudo e de todos. Novamente os pontos havia rompido e dessa vez estava doendo mais do que o normal.

- Ino! Espere!

Ino virou para ele e começou a chover fino.

- O que foi, Gaara?!

- O que você tem? Seu braço está sangrando! - Ele agarrou a mão da loira, arregaçando a manga e não acreditando no que via. Vários cortes profundos marcavam a pele alva da loira. - O que significa isso, Ino?

Gaara estava possesso. Como ela fazia isso com ela mesmo?

- Me deixe, Gaara. Vá para a Sakura. - O celular dele começo a tocar. Era o toque enjoado de Sakura, que a própria havia colocado no celular dele - Não disse? Não se preocupe, nõa sou importante.

Gaara olhou desolado para a loira a sua frente. É claro que ela era importante. Mas então, por que diabos não conseguia falar que a amava? Atendeu o celular, irritado.

- O que foi, Sakura? Ino, espere! - Gritou ele, ao vê-la sair de perto dele, entrando num taxi.

- Ino?! Você está com a porca da minha irmã? ERA POR ISSO QUE VOCÊ NÕA QUERIA IR AO CINEMA COMIGO, GAARA?- Perguntou irritada, Sakura.

- Não, Sakura. Eu acabei encontrando ela num bar. Ah, quer saber de uma coisa? Não te tolero mais.

- O que? como assim? Aonde você está….?

- Não vou te dizer, Sakura. Me deixe em paz. Eu nunca te amei. Você nunca vai ser a metade da pessoa que a sua irmã é. Eu me enganei esse tempo todo achando que assim você ficaria melhor e eu poderia sufocar o que eu sinto por ela ficando com você. Mas isso nõa vai acontecer.

- Você está terminando comigo por causa daquela idiota?

- Não fale assim dela. E sim, estamos terminados. Me deixe em paz.

Neste exato momento, Ino entrou em casa, encharcada de chuva e subiu as escadas correndo, nem vendo as malas do pai num canto da sala.

Sakura ouviu o barulho da porta dela sendo batida e espumando de raiva, teve uma ideia.

Ela não era louca por aquele cabelinho? Então… que tal tosa-lo? Essa seria uma boa vingança. Ela nunca esqueceria quem mandava naquela casa.

- Ninguém mandou você ser perfeita, Ino. - Disse, irritada, enquanto esperava tudo ficar silencioso para por seu plano em prática - Papai te ama muito mais do que a mim… todos te amam mais do que a mim. Você não merece tanto amor. Eu te odeio. E você vai pagar por isso.

Ino estava no banheiro, com a navalha na mão. Não era o bastante para acalmar a dor… os cortes nõa eram o suficiente.

Minutos depois, sentada no chão do banheiro, achou que já era o suficiente. Ao tentar se levantar, viu que sua visão estava turva demais.

Então era assim? Morreria dessa forma?

Não… não era mais importante.

Sakura esperou tudo ficar calmo no quarto ao lado. Saiu munida de sua tesoura e invadiu o quarto da irmã, a fim de acabar com seu belo cabelo loiro.

A porta do banheiro estava aberta e Ino nõa estava na cama, conforme Sakura achava. Foi até o banheiro, sentindo um cheiro de ferrugem. Não pode conter um grito de pavor ao ver a irmã jogada de qualquer jeito no chão, numa poça de sangue.

Inochi, que estava na cozinha e alheio a tudo que ocorria na sua casa, se assustou com o grito de Sakura. Correu para onde ele vinha, e entrou em pânico ao ver Sakura encolhida num canto, agarrada a uma tesoura e sua outra filha, Ino, desmaiada no chão, numa poça de sangue.

- Sakura! O que aconteceu aqui? - Perguntou em pânico

- Eu… eu nõa sei! Eu juro!

- E o que você está fazendo aqui? Ligue para a emergência, ou melhor, eu ligo. Você, faça algo. Faça valer sua faculdade de medicina!

Inochi pegou o celular do bolso e discou para a emergência, enquanto Sakura tentava fazer algo. Notou, algo aliviada, que Ino anda estava viva.

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Ino POV

Então, era assim morrer?

Não, nõa estava morta. Ela via várias luzes passando rapidamente pelo seus olhos. Ou era ela que estava em movimento?

Sentiu um repuxão, como se algo estava trazendo ela para o corpo dela novamente, mas logo tudo passou. Só ficou uma sensação de frio.

Um frio muito intenso.

A sensação de ir e voltar para o seu corpo veio e voltou várias vezes. Quanto tempo ficou assim? Não sabia…

Ela estava morrendo?

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- Doutor… como está a minha filha? - Perguntou Inochi, afoito. Um rapaz moreno era o médico de plantão no hospital e fora encarregado de cuidar da loira. Sakura estava do lado do pai, pensativa.

- Olhe, sr. Inochi… O caso da sua filha é sério. 

- Ela ainda está sangrando até morrer? É isso que vocês querem? Que minha filha sangre até morrer nesse hospital?

- Acalme-se, senhor. Não, ela não está mais sangrando até morrer. Mas é que foram feitos alguns exames nela e além do sangue dela ser extremamente raro, ela está com o nível de glóbulos brancos alterado. Fora que seu peso está muito abaixo do normal.

Inochi abaixou os olhos. Tudo isso era culpa dele. Se tivesse trabalhado menos e cuidado mais das filhas, tudo poderia ser diferente.

- Posso fazer algo para ajudar? - Perguntou Inochi.

- O senhor tem o mesmo tipo sanguineo que sua filha?

- Infelizmente não. Elas puxaram a mãe…

- Você é irmã dela? - Perguntou o médico, para Sakura.

Sakura se assustou com o olhar sério do moreno.

- Sim. Somos gêmeas.

- Ótimo. vou te levar para a sala de exames. Precisaremos testar você antes das transfusões e do possível transplante.

- Transplante? - Perguntaram os dois, atônitos.

- Tudo indica que sua filha tem leucemia.