A Maldição Do Corvo E A Benção Do Tigre. escrita por rafasms


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Esse é apenas a introdução da estoria,aqui vou lhes apresentando o personagem principal das futuras aventuras e tramas,espero que gostem.



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“Você sacrificaria a pessoa que mais ama para destruir a quem mais odeia?”

O outono era o mesmo de sempre, um momento nostálgico que sempre tomava conta de todos. As folhas das árvores se secam e ficam variadas entre o pequeno verde que se destaca em seus ramos, ruas e os céus cobertos pelo manto acinzentado das nuvens, o vento frio corta as pessoas que vagam agasalhadas pelas ruas do Rio de Janeiro, a escola de ensino médio fundamental estadual adquiriu um tom melancólico, tanto pelo vento que soprava, como um espírito angustiado, quanto pela construção antiga que era usada para se ministrar as aulas. Grande e robusta, talvez com mais de cento e cinqüenta anos, lembrava um sanatório por seus inúmeros pavilhões e salas, mas ninguém sabia ao certo o que já foi um dia. O muros, assim como a escola, já estavam enegrecido, mas graças a inúmeras mãos de tinta agora um tom cinza se vinha por cima dele,em uma tentativa  vã de disfarce e sobre o mesmo, e claro que as pichações de vândalos infanto-juvenis não poderiam faltar e elas estavam a mostra em grande parte dos muros da escola.
Os alunos disciplinados esperavam ansiosamente pelo sinal que lhes daria a liberdade, alguns já se preparando tomavam suas mochilas, levando-as as costas com pressa, outros mais rebeldes já saiam pela porta pouco ligando para as regras ou sinal, mas infelizmente esse não era o caso de um jovem em especial.
-Senhora Takigawa- Falou a diretora - Me desculpe por incomodá-la novamente mas como sabe, seu filho se envolveu em mais uma briga...a sétima dessa semana.
A diretora já estava no auge de sua paciência. Seus cabelos grisalhos e encaracolados a faziam parecer uma “vovó” de algum seriado dos antigos anos 80, seus óculos de armação quadrada caiam pelo seu nariz ficando quase a dois centímetros de distancia de tocar suas maçãs faciais. Seus olhos pareciam maiores por causa de suas lentes, fazendo a mesma parecer um peixe pelos olhos esbugalhados. Uma mesa de escritório marrom estava a frente da velha senhora, onde ela por sua vez folhava uma série de documentos.
Do outro lado da mesa uma mulher de longos cabelos loiros e pele bronzeada, respondeu de maneira arrogante.
-Primeiramente é “Srta” Takigawa - Falou a mesma enquanto estalava as unhas vermelhas, que poderiam ser comparadas a garras de tão compridas, batendo-as contra a mesa do escritório.
– E em segundo lugar, ele também tem um pai, sabe? Poderiam ligar para ele para mandar buscar o filho delinqüente dele de vez enquanto. Eu tive que sair da academia correndo, apenas para saber que houve uma “briguinha de criança.”
A idosa atrás da mesa soltou um leve pigarro, mas aparou o mesmo recostando a lateral da mão fechada em punho a boca. Se recompôs, e voltou a dialogar com moça a sua frente.
-Não foi apenas uma “briguinha de criança”. Seu filho foi encontrado junto com cinco alunos, dois desmaiados. Acharam uma faca no bolso dele, que pela gloria de Deus não atingiu ninguém.
Ao termino do dito a velha senhora tossiu novamente.
- Onde estavam os inspetores nessa hora?! Vocês são uns incompetentes!- A loira se levantou empurrando a cadeira para trás e bateu com uma das mãos sobre a mesa, fazendo um pequeno abajur que enfeitava a mesa ir ao chão e se quebrar – Eu mesma vou corrigir ele, com licença!
A loira andou ate a porta. Ainda estava de com sua calça de lycra preta com listras brancas, como uma zebra, e a blusa branca larga, seu uniforme padrão para ir a academia.
–Mais uma briga e ele será expul...- Antes que a diretora conseguisse terminar seu dito, a loira já havia batido a porta com força, fazendo um estrondo dentro do gabinete da velha senhora.
A bolsa rosa da loira chacoalhava vindo e indo graças ao andar rápido da mulher. Kelly andava com passos largos, mas sem perder o gingado e um rebolado provocante, se não fosse pela idade avançada e o uso abusivo de maquiagem e botox talvez ganhasse algumas cantadas e assobios.
Abriu a porta de saída da escola bufando de raiva, praguejava e amaldiçoava aquele pivete delinqüente. Uma pedra no caminho de sua vida de princesa, ficava pensando e tentando entender como o pai dele, um homem bem sucedido, educado e completamente diferente daquela prole mal feita dividiam o mesmo DNA. Daria um jeito de se lhe livrar daquele incômodo cedo ou tarde. Já havia conversado sobre seu problema com uma amiga e ela havia lhe dado a idéia de enviar o garoto para a escola militar, ou internato. Era perfeito e simples. O garoto ficaria tempos fora de casa - e do seu caminho - e quando voltasse, seria como um pequeno robozinho, engoliria todas as suas ordens como uma marionete.
O frio cortava todo seu corpo, havia saído com tanta pressa da academia que apenas lembrou de pegar o pequeno casaquinho de moletom. O sopro do vento levantava levemente os cabelos da moça, sem perder tempo se dirigiu até o estacionamento.

Em frente ao Sedan negro, um rapaz esperava encostado na parte traseira do conversível. O jovem não parecia ter mais de 13 anos de idade, seus cabelos eram curtos e cinzentos quase como se fosse um velho. A blusa que um dia já foi seu uniforme, estava rasgada e coberta pela poeira e resquícios de outras sujeiras do chão, sua pele clara e ressaltada pelo frio estava marcada com inúmeros hematomas, variando desde roxo até o amarelo claro e obviamente, o vermelho.
O rapaz estava de cabeça baixa meditando sobre o ocorrido, mas ao mesmo tempo tentando evitar pensar sobre aquilo.
Todos os lugares em que seu corpo doíam. Sabia que o fato de sua madrasta estar ali significava um grande e monumental problema, mas teria que enfrentar aquela situação como um verdadeiro homem, pelo menos era como pensava.
O passos de sua inimiga foram ouvidos e estavam próximos dele, pesados e rápidos, ela com certeza estava contrariada, como todas as outras vezes que pisou no seu colégio. Esperou a mulher se aproximar, mantendo sua cabeça baixa todo o tempo, e quando conseguiu enxergar as listras de sua calça, contou até cinco e levantou sua cabeça para fitar a megera, e foi recebido com um bofetão. O tapa fez um leve estalo, fez a bochecha do jovem queimar. Virou a face de volta se pondo a encarar sua algoz, seus olhos claros refletiam o ódio e o desdém que sentia naquele momento. Um filete de sangue desceu dos seus lábios, o canto dos sua boca havia sido cortado naquele tapa pelas unhas dela ou provavelmente por um dos anéis que loira usava.
A mulher colocou o dedo indicador na altura do peito do jovem garoto, e iniciou os berros:
-Seu vagabundo, idiota! Por acaso ta se achando o fodão, por essa merda que arranjou?! Quando vai perder essa pose de rebelde?
Quieto e impotente, rangeu os dentes com raiva, soltando leves golfadas de ar pelas narinas, como um touro ensandecido.
Kelly já havia visto o jovem naquele estado antes e sabia que ele não tinha limites quando estava com raiva, tanto que o batizou de “macaco” por ele entrar nesse estado de frenesi momentâneo.
Recuou um pouco acuada, dando dois passos para trás, mas sua arrogância e prepotência se fizeram maiores, por isso voltou as injurias.
- Você não passa de um viadinho! Você vai para escola militar! De repente alguém consegue colocar algo na sua cabeça lá!
Pisando forte no chão, como uma criança que acabou de ser contrariada, andou em direção a porta de seu carro. Perdeu algum tempo procurando as chaves, o que foi motivo para mais xingamentos. Finalmente conseguindo adentrar ao veículo com força bateu a porta, saiu da vaga de maneira rápida, quase atropelando o jovem.
Enquanto saia pela portão ela gritou:
- Você vai andando para casa para se acostumar com o treinamento militar, macaco!
Depois do berro, a mulher enfiou o pé fundo no acelerador e saiu em alta velocidade.
O jovem ficou no mesmo lugar, observando o carro de sua odiosa madrasta se perder de vista, e quando aconteceu, relaxou os músculos e deixou que a gravidade o deitasse no chão de asfalto frio quase como se desmaiasse. Ficou deitado sobre a dura cama de pedra durante um tempo, digerindo o ocorrido.Tinha dores em lugares que nem sabia que podiam doer. O sutil gosto metálico do sangue na boca.
– Puta, me cortou.
Reclamou o jovem enquanto limpava o ferimento com o punho. Praguejou mais algumas palavras pois havia esquecido que todo seu corpo doía.
-Olha como fala de mim seu idiota, ou quer que eu te bata também?!
Uma voz feminina disparou aquelas palavras, fazendo o jovem se levantar de maneira rápida por uma reação de reflexo, ficando sentado sobre o asfalto gelado mas relaxou ao ver que não era sua madrasta.
Uma garota estava a frente do jovem, encarando-o com um olhar serio e julgador. Os longos cabelos lisos negros da garota eram soprados pelo vento do final de tarde, a pele branca jovial era pálida, quase lembrando marfim. Um sobretudo negro estava por cima do seu uniforme escolar e sua voz era delicada, mas ainda tinha o tom pesado de poder em suas palavras, como uma espécie de rainha, ou alguém de sangue nobre.
O rapaz ficou um tempo parado observando a jovem, ainda tentando entender o porque raios ela estava ali.
-Tá me ouvindo, ô idiota?!
Aquele dito foi o suficiente para retirar o leve momento de distração momentânea.
–Não enche Carla, tô todo quebrado, se você me bater que acho que eu morro!



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