Às vezes, quando menos se espera, tudo muda. 
  Quando eu fui para a escola, no primeiro dia de aula do meu ultimo ano, nunca imaginava que algo ia mudar minha vida para sempre. Ou melhor, alguém.
  No momento em que Emily e eu pegamos nossos diplomas e jogamos nossos chapéus de formatura para o alto, eu soube que, pela primeira vez na vida, eu me sentia realmente feliz.
  Na festa depois da cerimônia de formatura, Emily chorou. Eu não sabia ao certo se ela havia bebido demais, ou algo assim, mas quando ela me disse o motivo de suas lágrimas, eu não pude evitar sentir um aperto no coração.
  - Acabou, não é?
  Eu olhei para ela e, naquela garota que estava sentada no sofá, em um vestido preto que usava por baixo da beca de formatura, eu vi uma pessoa com quem eu sabia que eu queria passar o resto da vida. O único jeito que eu imaginava meu futuro era ao lado de Emily.
  Eu não respondi. Porque as coisas nem sempre são como queremos. E, por mais que eu queria que nós durássemos para sempre, eu sabia que para sempre era muito tempo.
  - Eu vou me mudar, Melanie - ela dissera alguns dias antes da nossa formatura. - Meu pai conseguiu um emprego em Los Angeles. Vamos nos mudar depois da nossa formatura.
  Eu me lembro de ter ficado brava com Emily aquele dia. Chateada, confusa, perdida. Eu briguei com ela por não ter me contado antes, ouvindo como desculpa que ela estava esperando a hora certa para me contar, que ela não queria estragar tudo.
  - Eu sabia que eu passaria apenas um ano aqui. - Ela dissera - Mas quando eu te conheci... Era tarde demais. Eu já estava muito envolvida.
  Ela enxugou uma lagrima e pegou minha mão.
  - Eu tentei convencer meu pai a não sairmos daqui. Eu juro que tentei. Mas eu sabia que nos despedirmos um dia era inevitável.
  Eu olhei para ela, que, aos meus olhos, estava deslumbrante debaixo das luzes coloridas da festa. E apenas concordei com a cabeça.
  - Sim. Acabou.

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  Eu acordei com Emily ao meu lado. O sol entrava pela janela apesar das finas cortinas que a cobriam totalmente.
  Eu olhei para a garota ao meu lado. Ela respirava lentamente. Eu presumi que nada cobria sua pele além dos lençóis azuis da minha cama.
  Afinal, eu estava na mesma situação.
  - Emily - eu sussurrei. - São quase dez horas.
  O vôo de Emily partia às duas horas da tarde.
  Emily murmurou alguma coisa que eu não entendi. Alguns segundos depois, abriu os olhos e olhou para mim. Eu pude ver um um pouco de tristeza em seu olhar. Ela apoiou a cabeça com o cotovelo e sorriu, o que eu não esperava que ela fizesse.
  - Só temos mais algumas horas juntas. Isso não te apavora? - Ela perguntou.
  Eu suspirei.
  - Eu vou sempre me lembrar de você. Você sabe disso, não é? Você foi o meu primeiro amor.
  Ela sorriu e, com a outra mão, pegou a minha e entrelaçou seus dedos nos meus.
  - Eu vou me lembrar de você também, Melanie. Você não é uma pessoa que eu esqueceria facilmente. E, apesar de termos passado pouco tempo juntas, esse foi o melhor ano da minha vida. Porque eu estava com você. E, para mim, isso é o que realmente importa.
  Eu suspirei e abri um sorriso.
  - Você vai me fazer chorar - Eu disse, me sentando na cama e enrolando o cobertor ao meu redor. Levantei-me e peguei as roupas de Emily, que estavam em cima da minha cadeira, e joguei-as em cima da cama.
  - Se troque logo. Senão você vai perder o vôo.
  Ela sorriu.
  - Quem me dera.

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  - Última chamada para embarque no vôo 419 para Los Angeles! - Eu ouvi uma voz dizer pelo auto-falante.
  Eu estava chorando. Chorando de verdade, como quando um parente seu morre e você se recusa a aceitar, ou quando você é criança e rala o joelho ao cair no chão.
  Eu abracei Emily pela última vez. Senti o cheiro de seu cabelo, tão familiar para mim. E apertei meus braços ao seu redor.
  - Vamos nos falar ainda. Telefone, skype, email. Não perderemos contato. - Ela disse para me tranqüilizar, mas ela sabia tanto quanto eu que isso não era verdade.
  Eu sabia que um dia estaríamos tão distantes uma da outra, que não ligaríamos se perdêssemos contato. Íamos demorar para nos lembrarmos de tudo o que aconteceu nesse ano juntas. Logo, pensaríamos que éramos idiotas por tudo o que um dia sentimos.
  Depois de um tempo, nos separamos. Eu a beijei pela ultima vez, e ela andou até o portão de embarque com seus pais. Eles acenaram para mim, e eu acenei de volta. Emily parava a cada segundo para virar a cabeça e olhar para mim. Como se não conseguisse acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
  Eu fiquei alguns minutos parada em frente ao portão de embarque. Minutos que mais pareciam horas naquele momento. Até que finalmente decidi ir para casa.
  Dirigi quinze minutos até minha casa, e fiquei surpresa por não ter causado um acidente de trânsito, pois minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia segurar o volante.
  Não pude evitar a surpresa quando parei em frente à minha casa e avistei Ethan sentado no degrau que leva à porta da frente. Quando ele me viu saindo do carro, levantou-se e andou até mim.
  Eu havia começado a chorar de novo, não sabia explicar o motivo. Ethan apenas me abraçou. Eu o abracei.
  - Me desculpe. - Ele disse.
  - Foi culpa minha. - Eu disse.
  Nos separamos após algum tempo e ele sorriu para mim. Eu sorri de volta.
  - Ela vai ficar bem. Tudo vai ficar bem.
  Eu suspirei e Ethan colocou o braço em volta de meus ombros, enquanto caminhávamos para dentro de casa.
  - Eu sei.