Harry POV

Minha mente era apenas um lugar escuro onde eu e muitas outras pessoas estávamos vagando. Vi uma mulher, idosa, segurando a mão de uma menininha. Um homem, correndo, sem saber para onde ia. Uma moça, sentada no chão, como se estivesse meditando, mas seu olhar era totalmente vago, como se visse através de mim.

Eu também ouvia vozes. A maioria era desconhecida, mas algumas eu conseguia identificar. Uma delas era a de Louis, sem dúvida, conversando com Liam. Ambos pareciam preocupados, angustiados. Eu andava em direção a uma luz, e tentava parar ao lembrar das últimas palavras que eu ouvira antes de apagar “não entre na luz”. Mas eu simplesmente não conseguia controlar minhas pernas.

– E se ele não voltar? – ouvia Louis perguntar.

– Bom, teremos que arrumar outro melhor amigo para você, que possa substituí-lo na banda – Liam respondia, rindo.

– Liam, é sério – Louis o reprimia.

– Cara, só estou quebrando o gelo, você anda muito tenso – Liam falava. – Olha, eu vou atrás do Zayn e do Niall, já faz algum tempo que eles saíram.

– Ok – minha visão ainda estava turva, mas sem dúvida aquele era o meu melhor amigo sentado em um banco, com as mãos na cabeça. – Ah, Harry, o que vai ser de mim se você morrer?

– Que drama, BooBear – falei, com um sorriso fraco, e ele olhou surpreso para mim e correu até onde eu estava deitado.

– Hazza! – ele exclamou, feliz, sorrindo para mim com os olhos marejados de lágrimas. Sorri para ele, sem entender bem o que estava acontecendo. Olhei a minha volta. Estava em um quarto branco, cheio de aparelhos, e um único sofá branco, onde Louis estava sentado há pouco.

– O que aconteceu? – perguntei, tentando me levantar, mas Louis me segurou para eu continuar deitado. – Onde eu estou?

– Você sofreu um acidente, Hazza, e foi feio. Um cara tinha acabado de roubar um carro depois de assaltar um banco, e bem na hora que você atravessava a rua... bom, ele estava muito rápido, nunca teria conseguido frear – ele olhou para o meu braço, e em seguida para a minha perna, que estava imobilizada em gesso. – Ele te acertou em cheio na perna. E depois que você foi lançado no ar, bateu a cabeça em um carro e desmaiou, só que depois que veio para o hospital – ele começou a chorar -, os dias passavam e você não acordava.

– Eu entrei em coma? – perguntei, e ele assentiu, limpando o rosto, e depois apontou para a minha cabeça, que estava enrolada em ataduras. – Por quanto tempo?

– Duas semanas – ele respondeu, ajeitando meu braço em uma almofada. – Uma mulher chamou a ambulância, e eu vim com você para cá, e os meninos ficaram para trás.

– E o ladrão?

– Foi preso na hora. Quando ele te atropelou, ele saiu do carro e tentou fugir, mas os policiais o prenderam na hora. Era um fugitivo do presídio, que estava condenado a passar o resto da vida na cadeia por assassinatos ocorridos em algum lugar da Europa – Louis parou ao ver minha expressão pasma. – Mas o importante é que você acordou, e que você está bem.

– Não tão bem assim, não é mesmo? – falei, deixando uma lágrima de dor escorrer ao tentar mexer a perna.

– Mas você está vivo, é o que importa.

– Ei, eu não iria te deixar para trás, BooBear – falei, e ele sorriu para mim. Fitei seus olhos azuis, e comecei a imaginar o que ele teria passado nessas duas últimas semanas. Aliás, que todos teriam passado. - E as nossas fãs? – perguntei.

– Revoltadas, chateadas... nos mandavam mensagens de carinho em relação a você, sabe, no Twitter – ele respondeu. – Vão ficar felizes em saber que você acordou.

– Certo, e os nossos shows?

– Você tem que se recuperar, então cancelamos todos até o fim do mês e vamos permanecer aqui em Londres até você se recuperar.

– Vejo que acordou, Sr. Styles – um homem de cabelos grisalhos e um bigode entrou na sala, com um estetoscópio em volta do pescoço e uma prancheta na mão. – Minhas netas ficaram extremamente tristes com o seu acidente, assim como milhares de fãs pelo mundo.

– Harry, você está vivo! – Liam, Niall e Zayn comemoraram, assim que perceberam que eu estava de olhos abertos.

– Viu, Louis, não teremos mais que arranjar um substituto para ele – Zayn riu, e Louis lhe lançou um olhar reprovador.

– Parem com essas brincadeiras. Não tem a menor graça – ele choramingou. – Eu vou beber alguma coisa – e saiu da sala.

– O que deu nele? – perguntei.

– Ele está agindo estranho desse jeito desde o dia do acidente. Tentamos fazê-lo dar pelo menos um sorriso, e ele nos xinga, sabe, esse tipo de coisa – Niall respondeu.

– Quando ele vai poder deixar o hospital, Doutor? – Liam perguntou, encarando o médico.

– Eu posso dar alta amanhã pela manhã, se quiserem evitar as fãs malucas ali fora – ele respondeu, apontando pela janela. – Mas precisa de acompanhamento médico, ou de alguém que possa cuidar dele no próximo mês.

– Tenho certeza de que o Louis não vai se incomodar de cuidar dele, já que moram juntos – Zayn respondeu, e os quatro me fitaram, então assenti.